24 de setembro de 2008

era pra ser outra coisa.

Mamãe me diz o que devo fazer.
Namorada idem.
Essas mulheres me incomodam.
É que sou antigo e me influencio
pelo o que as donas das bucetas dizem.
Por uma eu entro e saio
e quero ter filhos.
E pela outra
eu já saí.
É
que
é
sempre
complicado
se
decidir.

23 de setembro de 2008

1000 sacadinhas.

quem é que aguenta o milagre ocorrendo em cada esquina?


1 - sorriso demais não cola e ainda menos se o sorriso é sempre o mesmo.
2 - ter uma garota gostosa me olhando me encanta também, mas me encanta mais eu não me levar à sério.
3 - depois de tudo bem pensado eu berro pra mim mesmo: fernandinho, sua desgraça é quase charme.
4 - melhor ter 5 dedos do que ser presidente e ser o Lula.
5 - minha euforia é uma forma discreta de falsidade. pega bem se sentir muito bem e depois muito mal.


mas sou versátil e também conto histórinhas, ou melhor, micro-contos, que é bem sacadinha e pop:


ronaldo vivia bem com a mãe até conhecer lucina. ele tinha disposição física e trabalhava em dois turnos. era um homem feliz. um dia lucina, sempre muito sexy e ambiciosa, perguntou: - é só isso que você quer da sua vida?
depois desse dia ronaldo nunca mais foi mesmo. deu pra beber e morreu antes dos 30. sua mãe, chorando pelo filho preferido, não foi ouvida quando disse: - o mal dele foi a lucina.


e como nessa noite de 2° feira estou fodão e insuportável também faço diálogos:

(numa festa)
- a gente precisa se amar mais.
(ela dá um beijo estalado nele)
- meu deus! meu deus! você não entende nada mesmo!
- o quê?
- como o que?
- esse beijo? o que é isso? o que acha que seja isso?
- mais amor. mais beijo. eu te amo. eu te beijo.
- mas meu deus! que merda é essa?
- você é chato! parece uma mulher!
- mas é disso que eu tô falando, meu deus!
- disso? do quê? do beijo?
- não, não, não...
- olha aqui...eu só quero que você seja feliz, tá legal?
- feliz???
- é sim. feliz. qual o mal nisso, me diz? qual o mal em eu querer que você seja feliz? e não me venha com aquele papo velho de que ninguém é feliz...
- ah...então é assim? você diz que meu papo é velho e que nem devo falar nele? é isso? você acha que REALMENTE alguém é feliz???
- claro que é. tem um monte de gente que é...
- quem é feliz, me diz? me diz agora! quem é feliz?
- porra...sei lá...a roberta é feliz!
- a roberta?
- sim, a roberta!
- mas como ela é feliz! me diz! ela não é feliz. você mesmo disse que ela vive querendo achar o amor da vida dela, que ela é cheia de divida e que tem um filho que será viado. me diz: a roberta é feliz?
- pô. sei lá. a gente tá só numa festa, só isso. eu só te beijei porque a gente tá numa festa...que saco...que saco...eu tava só tentando relaxar, esquecer....
- ai, de novo isso. de novo você vai dizer pra eu relaxar...
- mas é claro. você nunca relaxa...
- ah...tá!....então tá...esse é o grande problema. eu nunca relaxar é o grande problema!!! pronto!! bem simples!!! como você gosta!!!
- ah!!! que saco!!! a gente tá numa festa! você disse pra eu te amar e eu te beijei! só isso, meu deus! só isso!!!
- é, é. você tá certa! como sempre! parabéns!!! você é mesmo muito feliz!!!!
- porra...eu não disse isso...eu só te beijei, SÓ isso...
- então tá! a gente encerra o assunto! simples! bem simples!
- é! melhor! a gente encerra o assunto!
(os dois ficam em silêncio. os dois tentam 'curtir' a festa. um casal dança na frente deles. os dois riem ao mesmo tempo. ela diz:)
- é, eles não são felizes...
- é...mas talvez sejam, né?
- talvez...mas acho que não.
(ele ri alto e ela olha pra ele. vêem o casal que dançam com a mesma atitude de antes. ela pega na mão dele e diz:)
- vamos embora?
- vamos.
(os dois saem e o casal ainda dança).

20 de setembro de 2008

1° comunhão.

Me sinto muito bem dentro de uma buceta. É algo que me acalma. Gosto de enfiar o dedo e lamber e tudo o mais. Gosto até do gosto meio azedo / meio acre. Mas estar ali dentro é algo que não tem explicação. Preferia perder o dedo e a língua sem dúvida alguma. Um pau e uma buceta, Deus e o Diabo, Céu e Inferno, sim e não, etc e ponto final. Um pau e uma buceta é o único mistério possível. O resto é desespero e vontade de ser o que não se é.
Não é importante saber se um homem acredita ou não em Deus. O importante é saber se ele acredita no paraíso.

19 de setembro de 2008

antes do almoço

Meu bom amigo sofre e não posso fazer nada.
Minha bela garota faz cara de dor toda vez que me diz eu te amo.
Minha mãe sente saudades loucas e me manda e-mails
e sempre vê meu blogue.
Lá fora a rapaziada da construção berra e canta enquanto trabalha.
E hoje está frio e lembro de Curitiba.
E meu ex amor vai casar e eu preciso, enfim, ganhar dinheiro.

18 de setembro de 2008

nem 5 min.

é bom conversar com a sua garota pelo telefone.

ter calma é algo que se conquista.

você vê a bunda, você flerta com ela,

mas não precisa seguir cada movimento.

a bunda lá e você aqui.

o mundo também pode ser bom assim.

17 de setembro de 2008

5678

Aquela garotinha me olhando. Piranha nova não me agrada, mas me envaidece. 23 no máximo. Não me agrada porque é óbvia e tem menos habilidade do que supõe ter. Sofre de excesso de presunção como toda recém adolescente. Mas me envaidece porque não sou o bonitinho com barriga de tanque. Até o contrário: tenho uma bela pança que quase me complica pra cortar as unhas dos pés. Imagino que ela deva gosta de ler e que tenha me visto lendo no bar.
Tem mulher pra tudo nesse mundo. Tem mulher que se impressiona com um bêbado que gosta de ler em bar. Graças a Deus, melhor assim.
E é claro que se ela me olha, eu a ignoro. É uma tática estúpida que funciona com todas as piranhas do mundo. Na verdade acho isso bem deprimente, mas faço o jogo porque funciona. Tudo certo. A merda tá espalhada e só temos uma colher.

Mensagem do Dia.


É uma beleza essa loucura. Solução pra tudo, migalhas pra alimentar a humanidade. A maldita humanidade. Eu fico aqui reclamando. Como sempre, afinal. Chega disso, acho que já deu. Não quero ser a mulherzinha triste nem o macho comedor. Não faço questão. Mas é que me coço pensando em certas coisas: reinos inventados, romances escritos, nichos de paz no meio do mundo mau. Ah, sim. O mundo é mau sim. Tem os seus encantos e as suas graças, mas é mau. Não importa. O mundo precisa menos de mim do que eu dele. E isso é sempre terrível.
Talvez por isso agora eu faça tanta questão do controle. Do bom e velho controle. Porque é ele, o controle, que me prova que não sou macaco. Parece simples, mas não é. Ser macaco é, sem dúvida, muito mais vital e pleno. É só imaginar: nada de dinheiro, nada de amor, nada de aluguel. Só os instintos primitivos: copular, comer, berrar em torno de uma árvore em dia de chuva. Ser macaco deve ser uma maravilha. Mas eu só poderia ser macaco se tivesse nascido macaco. É uma lógica tosca, mas de auto ajuda razoável.
Portanto vou me coçar lembrando que não sou um macaco. Em quem já viu um macaco se coçando sabe que se coçar como macaco é mesmo encantador.




15 de setembro de 2008

Relatinho.

1 - Então escuto a história de uma garota e fico comovido. Ela está perdida e pensa em voltar. É algo que entendo tão bem. A melancolia quase longa demais. E sempre gostei de dizer melancolia. É uma palavra onde o som passa a ideia da coisa: Melancolia. E nem se trata de uma onomatopeia. Melancolia é apenas uma bela palavra.
2 - Agora há no meu prédio uma moça deveras interessante. Suponho que ela seja moradora já que arregalou os olhos quando me viu. Era como se dissesse: nunca te vi aqui. É algo bom de se imaginar. Uma mocinha jeitosa lhe achando interessante - ainda que interessante seja a palavra mais ambígua do planeta. Uma anã é um ser interessante, mas, mesmo assim, nunca a penetraria com o meu humilde pau.
3 - De manhã num ônibus. Ela gosta de mim, eu penso. Eu deveria ir pra Ctba e virar hominho, eu penso. E penso no que falar sobre isso e me dá uma grande vontade de chorar: Eu sou um grande sonhador, papai. Eu sou uma criança, mamãe. Ela pega na minha mão e diz que me ama. Ser amado é terrível, eu penso. Talvez amor e liberdade sejam antônimos. Amar é não morrer e liberdade é não pensar na morte. Lembro agora que os 2 últimos eu te amo que ela me disse eu não respondi. Reflito que não sou tão honesto já que eu a amo também.
4 - Amanhã haverá uma grande conchinha. Uma conhinha da pesada e colorida. 30 pessoas que devem dizer sim. É claro que morro de medo dessas 30 gentes. Meu Deus, e eu que achava que poderia viver sem ser influenciado!
5 - Converso com o meu pai 2 cervejas acima. Falo pra ele eu te amo e ele fica sem graça. Eu também ficaria se fosse o inverso, tudo certo. Meu pai é um sonhador bem sucedido, algo realmente raro e bom de se acompanhar. Quando o parabenizo pelo seu novo sonho alcançado, ele me fala sobre um novo sonho. Meu pai sabe das coisas. Acho que ele herdou isso da mãe dele. Acho.
6 - O Ramon é um cara desses que sempre gostei de bater papo. Ele é bom de copo e isso pra mim é um mérito. Desde a 1° vez fui com a cara dele e, na média, sou um tipo implicante. Mas não importa. É que conversamos no msn e disse uma frase pra ele que eu realmente gostei e reproduzo: Sócio em buceta é coisa de bicha.
7 - Depois de reler chego a conclusão que realmente gosto dessa frase.
8 - Nossas diferenças são abismos. Somos discretos, mas são, de qualquer forma, abismos. Atravessar abismos é encantador. Eu acho. E acho que você acha também.
9 - Um amigo generoso é algo sem nome. O cara quer o teu bem e torce por você. As 22:07 ele telefona e pede desculpas por ser gentil. Você é meio travado e diz: Zé, você é a pérola - é que sua delicadeza se intimida com generosidades gratuítas e é mais fácil recorrer à máximas sinceras.

13 de setembro de 2008

.

Resisto ao telefone. Olho pra ele e olho pras horas. Inventei um hora boa e discreta: 21:00. É um horário bonito na minha cabeça.
É simples, pode ser simples, talvez realmente seja simples. Mas eu nunca acho nada simples e sempre desconfio quando ouço isso de 'ser simples'.
Meus critérios eu invento, minhas dores eu tomo conta e regulo minha loucura sempre que possível. A minha escola me educou bem quando me obrigou a vestir uniforme.
É uma maneira eficiente de se obrigar coisas aleatórias. Por que não posso usar calça jeans? Porque não faz parte do uniforme. Parece mesmo ter sentido.

12 de setembro de 2008

musiquinha de bêbado gravado no mp3 - e mais não digo. Ou: acho que o Roberto me entende.

eu me incomodo com essa loucura
de querer mais do que se tem
eu gostaria de me bastar
e poder ficar sozinho
por anos em paz.
eu gostaria de não saber
que além de mim
e do que eu conheço
existem mais.
cada pessoa no mundo
é um novo constrangimento
cada pessoa no mundo
te traz
uma coisa que você não entende,
cada pessoa no mundo te traz
uma novidade pra te deixar deslocado.
você não sabe se você é
um cara legal um bom namorado
um amigo astral.
você já
passou por poucas e boas:
já comeu algumas
moças generosas
já deixou alguma
com raiva de você.
adeus adeus adeus,
agora não dá mais
se você estiver perto
eu não tenho paz
porque com você aqui perto
eu só posso pensar em você
porque quando você está perto
eu só consigo dizer: vai, vai...
minha querida eu digo
eu digo:
continua, vai vai.
vai, vai.

10 de setembro de 2008

Relatinho

Perdi 10 paus prum verme. No grito, o que é pior. Claro que se pensar que tinha 40 e perdi 10 posso pensar em algum tipo de lucro. Mas é foda. A gente pressente, saca que a regra é clara: quando uma pessoa tem uma arma, ela mostra e não fala sobre a existência dela. Mas mesmo assim, sabendo de tudo, e já tendo formulado discursos maravilhosos sobre isso, perdi os 10 paus no grito.
- Tô com uma pistola aqui, me dá o dinheiro se não quiser levar tiro na cara.
É claro que esse frase impressiona. Eu tive algum tipo de calma, mas não tive presença de espírito. E presença de espírito é tudo que há. É só com presença de espírito que você acerta a hora exata de beijar aquela boca vermelha que se insinua.
Tive tempo durante a coisa. Olhei pros lados, conferi que era eu, o verme e um traveco que nem sei se notou a coisa.
Meio que conversei com o cara, o papo de sempre:
- não tenho dinheiro.
- eu te vi com a garota.
- tenho só o do ônibus, e dei a nota de 10. O que foi um tipo de sorte, pois haviam 4 notas no meio da minha carteira. Coloquei a mão no bolso e saquei lentamente uma nota. Menos mal, pensei quando vi que não era a de 20. Ele ainda insistiu:
- eu te vi com a garota.
Nessa hora eu tentei ver a mão dele que se escondia atrás da camisa. Ele notou e recuou. Falou "bóra, bóra" e ele mesmo foi saindo e fazendo a cena de quem muda a pistola de lugar. Porra.
Eu dividido entre agir ou não, mas sem presença de espírito é foda.
Podia ter me feito de surdo.
Podia ter tombado pra trás e feito de conta que era epilético.
Podia até ter me feito de sonso e dito "desculpas" e começado a chorar.
Sei lá. Faltou mesmo foi presença de espírito. Uma pena. Com presença de espírito essa histórinha seria bem mais interessante. Com certeza.

9 de setembro de 2008




MEU PRECONCEITO


PROCEDE.


É ISSO


QUE ME FODE.






é por aí.




Eu também tenho sacadinhas e sei contar um monte de histórias. É claro que eu não gosto de mim mesmo. Pega bem isso de auto degradação. É algo que as revistas masculinas me ensinaram quando eu me masturbava encantado com a espuma de depilação da Adriane Galisteu. Ela mesma, a ex do Ayrton e quase pop nas rodas de teatro, mas deixa pra lá. Nem estou aqui pra fazer fofocas.

É que, as vezes, eu sinto essa pulsão destrutiva. E penso em tudo com calma e caio no erro de ter certeza que eu tenho razão. Não sei explicar. Talvez seja apenas porque realmente me influencio por aquilo que eu leio: 1 - quando li Bukowski compreendi o álcool como modo de vida, 2 - com o Fante descobri que o desprezo pelos outros era necessário para o amor próprio, 3 - as teorias do sexo fizeram eu querer mais do que tinha.
E por aí vai.

Mas isso também não importa. Importa Dn. Terezinha me dizendo: você funciona melhor quando você tá confuso. É, pode ser, nunca se sabe. Dn Terezinha nem sempre emplaca, mas as vezes me provoca com estilo e sagacidade. E isso eu respeito.

No mais deixo a dica do site e um poema do Bukowski. As duas coisas são melhor do que ler esse blogue.
A auto degradação sempre funciona, não é? E as sacadinhas também, pois não?

*

Estilo.

(charles bukowski)

Estilo é a resposta de tudo.

É um jeito especial de fazer uma tolice ou algo perigoso.

Antes fazer uma tolice com estilo, do que algo perigoso sem estilo.

Fazer algo perigoso com estilo é o que eu chamo de arte.

Uma tourada pode ser arte.

O boxe pode ser arte.

Amar pode ser arte.

Abrir uma lata de sardinha pode ser arte.

Poucos têm estilo.

Poucos mantêm o estilo.

Já vi cães com mais estilo que os homens, apesar de que poucos cães têm estilo.

Gatos tem mais estilo.

Quando Hemingway estourou seus miolos, teve estilo.

Há pessoas que dão estilo.

Joana D’Arc tinha estilo.

João Batista, Jesus, Sócrates, César, Garcia Lorca.

Conheci homens na prisão com estilo.

Conheci mais homens na prisão com estilo do que fora.

Estilo faz a diferença.

O jeito de se fazer.

O jeito de ser feito.

Seis garças tranquilas na beira de um lago ou você,

saindo nua do banheiro sem me ver.

8 de setembro de 2008

pau e buceta

UM PUTAQUEPARIU BEM BAIXINHO. VONTADE DE TER UMA PICA DE TRÊS METROS E DESTROÇAR VIRGENS OU PROSTITUTAS PSÍQUICAS.
E DÓI A LOMBAR E QUEIMA A GARGANTA E TUSSO SECO E CUSPO MENOS DO QUE GOSTARIA. A REPETIÇÃO DE SI MESMO, DE NOVO. E DE NOVO E DE NOVO. OS MOVIMENTOS SUTÍS QUE ME FAZEM PERCEBER QUE O BURACO É MAIS FUNDO, MAIS FUNDO, MAIS FUNDO. VONTADE DE POSSE, NOSTALGIA DO PASSADO, ARREMEDO DE HOMEM. CRIANÇAS BRINCANDO DE CUTI.
TÉDIO E CHATICE.

4 de setembro de 2008

eu também tenho sacadinhas

Ela faz força pra ser má, mas tem o rosto delicado de um anjo sem sexo. Ela é bonitinha e faz caras e bocas e sorri sempre com ironia porque assim ela aparenta ser sincera. Eu gosto de falar mal dela porque gosto sempre de falar mal de qualquer um. Uma vez a encontrei vestida de saia, e quando sorri, ela disparou: - só estou de saia porque minhas 2 calças estão sujas.
E ela nem notou que eu ria do alface verde e velho que ela tinha entre os dentes.

2 de setembro de 2008

copia e cola - pág. 23 e 24


***
Foi nos bares que aprendi a viver. Não sei qual a vantagem disso, mas foi vendo essa gente que entendi meio mundo. Os rostos amarelos, os sorrisos bestiais, os ombros caídos e os pés suspensos. Nos primeiros bares logo aprendi que só interessa quem senta no balcão.
Lembro da preta que cantava uma música da Alcione enquanto fazia gestos e caras e bocas. Acho que foi com ela a minha primeira vez de
clareza-do-mundo-dentro-dum-bar.
Era uma preta de bunda boa e todo resto decadente: dentes grandes, peitos caídos, olhos mortos e nenhum resquício de alma. E ela dançava insistentemente, cada vez mais fraca e mais triste. Balançava a bunda boa pra lá e pra cá e balbuciava as músicas em inglês. Um inglês sem sentido que ganhava algum brilho quando ela tentava acompanhar. Um tipo de mistério.
Então veio a música da Alcione. Era uma música ruim e apelativa. Falava da mulher como loba e outras merdas do tipo. O velho discurso feminista de quem trepa mal. A música começou e os olhos da preta brilharam, uma alma tímida apareceu ali, um tipo de milagre que só eu percebi. O bar nunca mais foi o mesmo.
Ela começou a cantar com uma voz de preta, grave e séria e com alguma afinação. Ela virava o copo nos intervalos da letra e cantava olhando pra todos que estavam ali. Cantava séria e profunda, como se aquela merda de música fosse realmente algo. O sentido de tudo apareceu claro pra mim: o mundo era aquela preta cantando aquela música ruim como se essa fosse a única saída possível.
Ninguém reparava nela além de mim e isso também pareceu ser um sentido do mundo. Ela cantava e balançava a bunda boa como louca. Todos no balcão a olhavam com desinteresse e tédio. Era isso o milagre, era essa a compreensão. Aquela mulher cantava sozinha e não precisava de ninguém, ela era o único ser livre do planeta.
Quando ela notou que eu a olhava, ela se retraiu e começou a cantar baixinho e a balançar menos a bela bunda. Eu sorri pra ela e repeti o refrão da música que já tinha decorado. Ela sorriu pra mim com seus dentes enormes e voltou a balançar sua bunda com ainda mais vigor. Era esse o milagre. Eu tinha entendido o mundo. Meu caga-regra era uma lâmina pomposa e que brilhava na luz fria do bar:
o ser humano precisa de 1 grama de migalha pra 99 de desgraças, a felicidade é se alimentar apenas de 1 grama.
*
Depois dessa preta o mundo mudou é claro. Os bares também. Nem sempre eles causam esse impacto.
Eu ainda era um freqüentador amador de bar quando vi essa cena. Ainda não entendia que ali, no mesmo lugar em que surge uma preta milagrosa, também havia vermes que queriam apenas seu sangue. Vermes tristes e honestos, pros quais migalhas é sempre um pedaço da sua carne. Acontece em qualquer boa família, afinal.
Um primo ambicioso e mau caráter é algo comum e vulgar, afinal de novo.
Depois dessa preta louca freqüentei, e ainda freqüento bares sempre esperando um novo milagre. Eles acontecem às vezes, mas apenas às vezes. Dependem do meu nível alcoólico e da minha necessidade de vê-los.
É uma idiotice que sempre se repete por aí: as coisas estão nos olhos de quem vê. Têm umas idiotices que fazem sentido.
***

1 de setembro de 2008

Relatinho.

Eu lá diante das máquinas. Na ante sala as pessoas são simpáticas e agradáveis. E digo isso sem ironia. Atores bonitos com aquelas caras ótimas de gente bem resolvida. Parece tudo tão simples. Talvez seja, nunca se sabe. Eu garanto que eu não sei.
Fazer um teste é algo que nada tem a ver com desempenho. Eles não procuram um bom ator, um ator disponível ou versátil. Isso não é pra cinema ou vídeo. A valorização do desempenho só faz sentido no teatro. Alí eles testam milhares de pessoas até acharem quem mais se aproxima daquilo que eles idealizaram. Então todo teste é um mistério. Um bom teste não é o que você fez bem, mas sim aquele em que você era exatamente o que eles procuravam. Nem bom ator precisa ser. Claro que bom ator é sempre melhor, mas até aí.
O cinema ou video tem a arrogância e a capacidade de forjar isso, com cortes, efeitos, maquinagem, etc. E não há nenhum desmérito nisso. É uma linguagem que possui esses recursos e, portanto, não há porque não usá-los.
No mais é bom não precisar disso e não levar isso à sério. Prefiro que seja assim.

31 de agosto de 2008

A Filha da Chacrete diz Até Logo.

" e dando os trâmites por findo"...
último dia no Zimba.
E quem não for é mulher do padre.
Último Domingo do Mês é 1 real.


28 de agosto de 2008

<>

Não sei participar, não sei se quero participar. E quando explico isso pra alguém me sinto incompreendido. Sou velho e sou recalcado. E acho que isso é diferente daquilo e apenas isso e só. Então me tranco em mim mesmo e chego a conclusão que é melhor me trancar em mim mesmo do que tentar explicar algo que, afinal, só faz mesmo sentido pra mim.
E mim é aquele que tenta dizer e ser entendido e que morre lento porque, enfim, ser entendido é toda a dificuldade da vida. E como não sou entendido eu também morro lento. A culpa não é minha e também não é de quem me ouve. É apenas porque é assim que é e porque só na solidão é possível ter clareza. Foi o Dodô que me disse hoje que um soldado com esposa morre antes na batalha.
E isso faz sentido e é triste. Como quase tudo que faz sentido.

Carta aberta pra minha mãe e pra minha namorada.

Eu não me preocupo com as minha doenças ou com as minhas neuroses. Na média sempre vivi bem com elas. Assim como com os cigarros. É claro que há sempre o risco do câncer, mas não é em função do risco que vivo.
Sou mais óbvio nesse sentido, sou alimentado pelos prazeres imediatos. Como todo o resto da humanidade, enfim.
Claro que quando tusso muito eu me preocupo, assim como me incomodo quando minhas doenças interferem na minha vida. Na média tolero muito bem a minha tosse, assim como mantenho minhas neuroses sob controle.
Nunca tive pretensão real de perfeição, não nesse sentido pelo menos. Alguém disse que somos produto dos nossos vícios. Isso sempre fez sentido pra mim. Sempre me entendi melhor nas minhas doenças e neuroses.
Minhas coisas bonitinhas sempre me causaram espanto e desconfiança. É agradável ser bonitinho e usar o boné pra trás, por assim dizer.
De forma que quero apenas dizer o que sempre disse: a gente se cuida como pode e se protege como dá. Não posso exigir nada, além da crença em si, em nós e no milagre. A vida é mais próxima de um filme sem graça do que do Indiana Jones e suas façanhas.
A gente segue e o puro ato de seguir se torna o sentido da vida. O excesso de resistência ainda me comove. Sobreviver é sempre o máximo quando dura muito. Morrer com 100 anos nunca foi simples, afinal.

23 de agosto de 2008

ssññ

uma pena você não estar aqui
pra eu abraçar
seu corpo
quase morto
antes de dormir.
um pena essa necessidade de si
pra provar
o que não precisa
pra ser
quem não interessa.
pra imaginar
que ainda há
o que decidir.
-
depois de tudo
eu ainda
insisto:
o milagre
ainda depende
do quanto
eu resisto.

22 de agosto de 2008

Mensagem do Dia.


horóscopo do dia:


Depois de muitas contas matemáticas, decido que a janela deve ser quebrada num único e preciso lançamento. Será melhor assim, pois então, e só então, o vidro poderá ser trocado. Os riscos dos estilhaços são reais, mas é muito difícil que algum chegue a cortar uma artéria principal.

E todos sabemos que o sangue é vermelho e realmente encantador. Sangue é vida, Deus é Amor e Doe Sangue. Slogans que funcionam pra uma plena e longa ereção.

Um pau duro é um pau cheio de sangue, afinal.


(porque a beleza agrada os solitários)

20 de agosto de 2008

uiai

Mundo vasto e sem sentido no meio do turbilhão.

A merda é sempre parecida e você tenta fugir de si pra ter um tipo de paz. Fugir é mil coisas: sexo sem alma, loucura sem sentido, distração de televisão ligada sem volume, busca de felicidade, busca de sentido, porre pra curar dor, raiva pra manter algum tipo de vitalidade.
E mais outras coisas que outros falaram e falarão.
Então eu desço e busco a minha paz. Trata-se de um monte de idiotas cheios de trocadilhos e expectativas de se tornarem ricos. Um idiota, do tipo alegre, acha que a solução dele é uma máquina de polir carros. Tudo certo, eu também tenho meus planos. Tenho tantos planos que poderia até morrer agora. Eu e um monte de gente. Todos numa roda cheia de planos: vou ser autor de novelas, vou ser professor de pobre, vou ganhar na megasena. Planos e planos e planos. Malditos planos!!!
Solução pra tudo e, no fim de tudo, só sobra desespero e loucura.
Loucura de achar que você pode mudar a si mesmo, desespero de ter tudo e só acumular. Tem também também a ala da lua cheia, ala que acha que o cosmos é algo que se preocupa com cada individuo. Idiota 1 ou idiota 2. Gosto de pensar em mim mesmo como um idiota tipo 2. Questão de cisma mesmo.
E tem os eteceteras e a moça boa que lhe aquece as vezes, ou outra idiota que lhe acha especial, ou ainda uma família que lhe banca a miséria e a dor de artistazinho de merda.
Mas no bar a solução é bem claro e pronta: Dinheiro dentro do cu e uma buceta sem alma onde você se esfregue.
Simplificar a vida é sempre busca de felicidade.

18 de agosto de 2008

Do meio do mundo de merda têm algumas vantagens que gosto de contar:

Já frequentei lugares requintados e cheios de bom gosto e gente jovem, bonita e rica. Já me deslumbrei com esses lugares e achei que só eu havia visto todo o requinte do mundo. Contava vantagem para os meus amigos de Curitiba, dizia isso e aquilo e contava de bares que eles nunca imaginariam existir. Fumava maconha em carros ricos e grandes que tinham motoristas velozes e belos e ricos de novo. Fui a uma festa que tinha um buffet servido por anões e festas à fantasia que tinham mesas de frutas belíssimas e exóticas, com iguarias árabes e maconha de Marrocos. Fumei haxixe de Londres na casa de praia de outro amigo rico. Eu era um jovem esperto e promissor. Tinha frases decoradas de todos esses caras que impressionavam aquela gente tão rica e descolada que eu admirava.
Já comi uma negra dessas bem ruins e vulgares. Comi ela em lugares escrotos e imundos: tinha 17 anos e não entrava em motel. A gente fudeu em construções, na rua, no metrô da Praça da República. Até perdi ônibus pra trepar com essa negra feia e fedorenta. A buceta dela era alta e larga, os pêlos sempre mal cortados e encravados, o cu cheio de merda. Uma vez, na construção, cutuquei a merda dela com o meu dedo. Era uma bosta seca e dura. Eu tinha tesão nesse tipo de doença. Ela gemia sempre exagerada e adorava palavrões, berrava asneiras no meu ouvido que pareciam ter sentido. Um dia enfiei no cu dela sem que ela esperasse, ela berrou de dor e me deu um tapa na cara, ficou puta e me deixou na mão. Ela caiu fora do motel(meu cunhado havia feito uma identidade falsa pra mim) e me deixou lá, com o meu pau lambuzado de bosta. No motel tinha filmes de sacanagem, era um motel de 10 pratas na St. Cecília e a gente mudava de canal num botãozinho de girar que ficava grudado na cabeceira da cama. Toquei punheta vendo os piores filmes que já vi, deixei o volume baixo e gozei ouvindo os gemidos falsos e doentis que vinham dos outros quartos. Minha porra se juntou às outras porras secas que tinha no carpete cinza e sujo do motel.
Já participei de uma semi-suruba, já tentei beijar homem, já vi a merda na borda do cu da mulher amada. Também fiz amor com uma candura que nunca imaginei ser possível e senti que meu pau podia, enfim, ser um tipo de extensão da alma. Já passei uma tarde inteira decorando o que falar pruma mulher e já tomei um pé na bunda. Já cheirei cocaína num bar imundo e cheio de desconhecidos, já bolinei mulher em ônibus e já recebi uma boquete de um travesti. Já me masturbei no banheiro do ônibus da Itapemirim e já mostrei meu pau inchado pra crianças 4 anos mais novas que eu.
-
E acreditei em coisas que hoje eu desprezo e mordi minha língua mais de 100 vezes.
A vida é sempre uma bobagem possível.

16 de agosto de 2008

estamos aí.

Depois de todo delírio há um tipo de paz. A bunda na janela não se vende e fica lá em cima dos saltos. As belas pernas me surpreendem e saem à passos largos e corajosos. É uma possibilidade de redenção. E o sentido da coisa é outro quando se faz o que faz sem ser pelos flashs e glórias. Existe uma dança possível nessa loucura e nesse desespero. Meia dúzia de gatos pingados se tornam o sentido da vida. Essa gente aparece ali, sei lá pra que. Sei lá qual é a motivação real de quem resolver aparecer. Até pergunto e descubro: o solitário ruivo viu o cartaz durante um chop. Durante a minha função saio pra reparar nos gatos pingados: estão todos alí, simplesmente alí, vêem aquilo com uma atenção que me agrada.

É, tem razão, essa migalha alimenta mais que alguns banquetes.


14 de agosto de 2008

Nanma

Então você tem uma mulher fantástica e disposta a lhe entender. É algo terrível e doce. Você é chato, você reclama da vida, você sofre e sofre. Ela nem sempre concorda e nem sempre entende, mas fica ali, quase santa e quase louca, tentando ver sentido nos seus delírios. Você fica criando problemas e inventando desculpas. Você bebe demais e ela quase entende isso também. Depois do trabalho ela lhe olha com seus olhos belos e cinzas e você sente medo e frio. Parece mesmo a morte, você pensa.

12 de agosto de 2008

Vitalidades.

Depois de ver 3 vezes
a merda da mulher amada
boiando na privada,
eu faço rima sem força
e digo:
só a merda
dela
é sagrada.
.
Um trôço
diferente do outro
e, no entanto,
todos 3,
me causam espanto.
.
E me pergunto,
ainda encabulado,
como posso sintir prazer
em lamber aquele rabo?
.
Têm perguntas que não têm resposta
e 1 delas é essa:
Como posso amar uma mulher
de quem já vi a bosta?
.
Pras coisas sem solução
repito o que sempre dizem:
quem vê cara
não vê
coração,
e o resto todo é tolice.
.

DOMINGOS OLIVEIRA.

Ele é um desses caras que me desafiam. Já falei mal dele na época em que comecei a fazer teatro. Nessa época eu falava mal de tudo, até do velho Stanislavski. Quando se começa a fazer teatro a gente é realmente muito bobo e acha que pode descobrir a pólvora.
Mas o ponto é o Domingos Oliveira que me chocou profundamente depois que vi Todas Mulheres do Mundo, um dos filmes que mais assisti em minha vida de idiota profissional. E na média nem sou um tipo que revê filmes...
Seja como for, ele é dono de um pensamento fodão que me choca. Porque geralmente me identifico com uma gente negativa e sem esperança e ele é o oposto disso. É articulado pra caralho e acha a vida um troço fantástico. É ótimo que ele tenha um blogue. É genial ser antagonizado por um cara desse, que faz suas coisas e segue fazendo e que continua e continua. É como se ele abrisse outras possibilidades prum chato como eu.
O blogue dele só melhora a cada dia.
E isso é bem previsível.

-

Preciso apenas ler e me acalmar. Sentir a vida lenta agindo sobre mim. As vezes isso é tão difícil, tão difícil. Me pego pensando que não sou um tipo que nasceu para ter paz, e isso é um horror de se pensar porque eu queria uma vida plena e razoavelmente satisfeita. Mas sempre tem os chifres nos cavalos, os pêlos nos ovos, a repetição de si mesmo e de outras merdas velhas.

8 de agosto de 2008

Fernandinho Zen.

Mensagem do dia:



"Por tabela,

quem sabe das coisas

negocia sem barganhar.

Doutrina sem falar.

E tudo vai em frente,

acontece como vai acontecer,

de qualquer jeito,

a menos que você se esforce pra piorar"

(Tao - Lao Tse)


Mas o que importa é:




6 de agosto de 2008

saco na lua.

Os idiotas profissionais sorriem sempre da mesma maneira e contam sempre o mesmo papo: "porra, aquela mulher é gostosa pra caralho". E depois repetem pra outros idiotas que treparam com uma garota de 17 anos que até o cu dá. E riem pra caralho os idiotas profissionais. Sempre com aquela voz sufocada pelo riso, uma mistura horrorosa de brucutu e adolescência tardia.
p.s. os idiotas profissionais são sempre muito habilidosos ao telefone e sempre marcarão presença nas datas festivas.

3 de agosto de 2008

poppaulista

Não quero ser fodão,
não quero ser fodinha.
Quero apenas comer em paz
a minha mina.

31 de julho de 2008

{[<(0)>]}

Deito pra ler. Leio e as imagens me fodem. Eu sabia que isso iria ocorrer. A sequência. A sensação de coisa conhecida. O maldito medo da morte. Em um átimo eu sinto a porra toda. É físico e nada abstrato. O corpo esquenta a partir do peito. Uma onda de calor que apavora. Arrepio de olhos fechados. A dissolução completa, a consciência se esvaindo até o zero. O zero, o zero. O fim puro e simples, sem piedade ou justiça. Todos ali no esquecimento de si mesmo. A merda sem fim. Uma imagem maior que os olhos e a incapacidade de apreender o que quer que seja. Não haverá nada. Será apenas dormir sem sonhos. Nada de confusão ou alegrias ou dores. Nada de nada. Penso nos meus, penso nela. Pavor mais forte. Sinto que posso me perder com esse medo. É claro que posso me perder com esse medo. Lembro que demorei muito pra dormir longe deles. Lembro que dormia no corredor. Meu medo repetido e gasto, a impaciência que ele gera. Sofro e digo "vou morrer". Primeiro um consolo, depois não, depois a repetição enfraquece e não comove ninguém. Ninguém é obrigado a ter saco pra isso. A voz sem paciência que diz "é, vai sim, todo mundo vai, chega de pensar nisso". Dormir no corredor. Vontade de ligar pra ela. Pra repetir pra ela. Não ligo. Minha cabeça vai mais, a dor aumenta, sinto que posso perder a mão e berro alto e ridículo PARA!. Como se eu falasse pra mim mesmo. Desiste do livro. Fecha o olho. Força que a calma vem. A calma sempre vem. Escreve um pouco. Vê umas merdas. Peida alto. Não pensa, não pensa.

29 de julho de 2008

A.F.D.C - necessidades de uma punheta honesta.

(ESSE TEXTO É SOBRE UM PROCESSO DE CRIAÇÃO. MINHA PUNHETA FOI FAZER 3 COISAS AO MESMO TEMPO. CONSIDERO- ME BEM SUCEDIDO NESSA EMPREITADA MOMENTÂNEA. VAMOS QUE VAMOS E BLOGUE É PRA ISSO MESMO: PRA LAMBER O PRÓRPIO CU. MAIS NÃO DIGO.)

Não por nada, mas é que preciso desse tipo de coisa. Coisas pra serem resolvidas dentro da minha cabeça. Eu não me concentro pra pensar nelas, mas as deixo pairando. É uma estratégia. São pequenos demônios que flertam comigo. É como se eu criasse uma redoma onde, quase inesperado, o milagre pode surgir ou o dragão acordar, ou mesmo o anel espatifar em estilhaços finos e cortantes. Uma punheta que nem explico, mas que faz um sentido danado.
Então fico aqui como se eu pudesse descobrir algo. Leio meu livro, bebo minha cerveja e tento não ser eu mesmo. Eu mesmo não interessa agora, não AGORA. A cerveja gelada na goela, mais um cigarro na mão e bastante calma pra forjar que não estou esperando nada.
O arquivo está aberto e me seduz. Deixo ele lá, quero que ele se torne insuportável. Será melhor assim.
Tudo lento, bem lento. É melhor assim. Sinto a coisa se aproximando, o livro no fim, as possibilidades sendo trancadas. A liberdade só é possível em escolhas, as escolhas são quase sempre aleatórias, mas uma vez feita a escolha há que de se radicalizar. Sim sim sim, isso parece ter sentido. Não pense muito nisso, não agora, não AGORA. Sim sim sim. A insistência cria os sentidos. Devagar, gordo burro, devagar.
1° flerte com o arquivo e sai tudo em turbilhão. É merda conhecida e revirada. Imponho o prazer da coisa. A 1° impressão é a que fica. Minha cabeça é um martelo que repete: nesse momento todos devem gostar de tudo. Ui. Sexo com o tempo perfeito é a metáfora que parece ter sentido.
A coisa vai indo. Já escrevi 5 notas e rezo pra que a cerveja se multiplique. Sou grosso no telefone, mas apenas pelo motivo do 1° paragrafo. Ai que a coisa vai. Sigo que sigo. Tenho apenas que conseguir mais cervejas. Meu cérebro é um raio e posso chegar à algum lugar. Graças a Deus.
Bem calmo, bem calmo. Tenho que reestabelecer os contatos. Lentidão imposta e devo seguir. Embora a coisa exista o flerte ainda deve ser longo e irresistível. Loucura lenta criando sentido. Baixar a bola no próximo cigarro, sobreviver é um tipo de arte.
Sigo que sigo. Estoque refeito e vamos que vamos. Agora há música na casa verde.
Telefonema feito. E-mail enviado. Agora outro dia como esse pra um sossego completo. Reviro calmo em mim mesmo. Chapa no fogo e sanduiches a caminho. Minha garota me entende e o mundo é perfeito.
Sem declarações de amor que nem é esse o caso.

28 de julho de 2008

Photograph courtesy of the History Museum of Springfield-Greene County



Minha garota me avisa que vai pra sua Ioga.

- Eu também vou.

Descemos juntos.

Estamos nessa fase louca de grude sem fim. Difícil explicar isso. Logo eu, o idiota mais durão do oeste. Tudo certo, minha garota é gostosa e trepa como louca. Explico tudo. Sou um belo explicador.

Na calçada ela pega o ônibus e eu atravesso a rua. Maravilha. Diferenças pra um amor perfeito.

No bar os mesmos vermes de sempre. 1° cerveja e livro aberto. 2 venenos juntos, a cerveja e o Bukowski. Consumo os dois com bastante lentidão. A cerveja virando genialidade, o livrinho explicando os benefícios do álcool. Uh, vida boa.

Me concentro pra esquecer AFDC. Sou mais ou menos bem sucedido. As letrinhas do livro dando vontade de escrever. Aquela coisa que o velho diz de haver alguma chance.

Com o bar vazio peido à larga. É fácil inclinar o corpo quando se está com um livro na mão. Mundo bom, mundo bom. Peidos sonoros em lugar público é um tipo de glória.

Minha garota agora deve estar fazendo uma bela posição. Aula de ioga, sabe como é.

E lembro dela toda de preto com o corpinho de filet que ela tem. Toda miudinha ali, com a devida distância. Os mamilos que derretem na boca, a bundinha do século, a bela cara de criança assustada que ela faz quando berro. Jesus, tenho mais tesão por ela do que deveria. Essa vaca ainda me mata com sua buceta.

Em casa preparo toda a cena. Música de velho, copo cheio e uma bela cagada de porta aberta. Antes de dar a descarga reparo que minha merda tá preta demais. Até esboço uma preocupação, mas na 2° cerveja sou quase imortal.

Escreve, escreve e confere os números. Agora é ler mais um capítulo e esperar minha garota chegar. Combinamos dela me mandar uma mensagem pra que eu tome um banho. Melhor pra nós dois. Ela me disse que depois da ioga estará aberta e a filha da puta é gostosa pra caralho.

Sexo e pizza ou pizza e sexo. Tanto faz. Essa filha da puta ainda engole a minha alma.

Tiro as coisas da cama e confiro o horário. Uma aula de ioga deve durar pelo menos 3 cervejas. Certo, perfeito.

Tento me organizar: abrir a 3°, banho, abrir a janela pra tirar futum de cigarro, conferir descarga, panfleto de pizza em lugar acessível. Alguma música boa que ninguém é de ferro.

-

Tristemente reparo que a porra do papel higiênico acabou. Talvez peça pra ela trazer, mas há um q de ridículo nisso. Quero comer ela, afinal. E a preliminar não pode ser "traz papel, meu amor". Merda, o mundo é cheio de gracinhas. Raiva, raiva, raiva.




Ontem lembrei que esqueci até o seu rosto.

Não tenho saco. Vou coçar meu rabo com a ponta de unha que me resta. Eu poderia até fazer uma declaração de amor, mas minhas lembranças são fracas e limitadas.

24 de julho de 2008

Mordendo as unhas.

Eu gosto daquela peituca. Não adianta. Todo vez que eu olho pra ela, eu lembro disso. Peituca boa de morder e meter a mão. Já fiz o diabo ali. É um tipo de orgulho que eu carrego nessa vida triste. Quando estou pensando em suicídio eu lembro que já tive aquela peituca e me acalmo.
Eu sempre tirava pra gozar nas peitucas. Fazia voltinhas no mamilo com meu dedo lambuzado de porra. O sexo em si não era nada demais, mas fazer aqueles desenhos na peituca valiam até os gemidos grossos e exagerados que ela dava. Gemidos que me irritavam e me tiravam do prumo. Que entravam de tal forma na minha cabeça que, mesmo depois de dias, acordava ensopado de suor num pesadelo alucinante onde o final era sempre um despertador que reproduzia os tais gemidos.
Difícil descrever um gemido. É algo que não sei como fazer.
E vejo aquelas peitucas que hoje me ignoram. Ela até me sorri e me diz bom dia no elevador, mas nada mais faz sentido. Eu não toparia mais aquelas peitucas de qualquer maneira. Só de lembrar os gemidos me sinto mal. As coisas acabam e morrem. Eu também acho uma pena.

23 de julho de 2008

Puta Que La Merda.

obs. o site meter é uma ferramenta simples. ele mostra quem visita seu blogue, de onde vem, pra onde vai, quanto tempo fica, etc. e é grátis.

Domain Name veloxzone.com.br ? (Brazil)
IP Address 201.29.198.# (Telemar Norte Leste S.A.)
ISPTelemar Norte Leste S.A.

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22 de julho de 2008

´

Meu pai me telefona. Ele está graciosamente bêbado. É uma prática que nós temos. Eu também havia comprado cervejas. No meio da tarde tinha sacado que ele me ligaria. Circunstância conhecida. Pai e filho sempre têm um tipo de conexão, não é?
Minha namorada diz que sou muito parecido com ele. Não somos bom de telefone à não ser com nossas mães. Ele com a dele e eu com a minha. Minha namorada diz que nós dois ficamos observando tudo e que só depois é que falamos. Ela acha ele mais sorridente que eu, mas isso não vem ao caso. O curioso é que quando ela fala isso parece que ela tem a ilusão de que eu melhore.
Meu pai me conta suas notícias de bêbado e, infelizmente, estou no mínimo 3 cervejas atrás. Me conta um tipo de dor que só bêbado mesmo pra contar. Penso nisso e em tudo aquilo que nunca saberei. A solidão mora por aí, nesse lugar que a gente nunca sabe ou que, se sabe, sabe apenas porque foi revelado.
O papo é bom, mas ele se incomoda. Estou na 1° e ele na 4°. Lamento que eu não tenha começado a beber antes. As histórias são boas e meu pai vai fazer, até que se prove o contrário, um troço que deseja.
Fazer as coisas que se deseja é mesmo importante. É isso que forma uma pessoa. Somos frutos do que deu certo e não do que deu errado. Acho que ele concordaria comigo.
Ouço uma música depois do telefone. Bato um papo bom com a minha adorável garota. Lembro do meu pai fazendo ode à solidão.
É, a vida sempre tem seus momentos.

20 de julho de 2008

Sabe como é?


Essa gente se reúne aos sábados pra beber vinho e jogar cartas.
Eles se sentam em volta da mesa e tiram fotos.
Milhares de fotos onde todos sorriem.
Gente que tem abajures e sutilezas.
Gente que se interessa por arte e cultura.
Na foto que vejo todos aparentam estar muito à vontade e satisfeitos.
Eu sinto meu velho ódio e penso que devo escrever sobre isso.

1-
A luz indireta é onde começa toda a desgraça. Todos ficam bonitos porque não se pode ver direito. A mesa é grande o suficiente pra que não haja cabeceira. Mesa redonda da época do velho Arthur. Justiça derramada em coisas que se lê. Eu também li esses livros e tenho orgulho de os ter lido quando era jovem e afetado. As Brumas de Avalom, Sidharta, A Erva do Diabo. Coisas que parecem ser algo quando se tem 22 anos.
2-
Reparo melhor na foto e meu ego tem um tilte de tanta satisfação: a única lésbica presente na mesa-foto faz questão de não sorrir. Sorrir pra que, não é? Sorrir é coisa de fêmeazinha ou de otário. A lésbica carrancuda é que tá com a razão. Quem sorri em fotos é perdedor, quem sorri é apenas porque não sabe como é bom um belo dedo em sua buceta...
3-
Tudo certo. Tudo realmente muito perfeito.
Quem sou eu pra discordar de uma mulher que não têm pau apenas por acaso da maldita natureza? Quem sou eu pra dizer que um dedo na buceta é melhor que um pau? Quem sou eu que despreza as lésbicas apenas por acreditar que todas elas são mulheres maus comidas?
Eu sou o que tem dedos e o que tem pau. E que usa língua também com a graça do bom Deus. E viva minha vaidade sem fim.
4-
E ufa-lá-lá e vamos que vamos que não é agora que vou revelar toda minha revolta contra o mundo gay. Um mundo que leva à sério a aparência e que se acha muito ousado e moderninho. Um mundo que é tão preconceituoso quanto os pretos americanos. Um mundo que gosta de lounge e talheres e pratos bonitos e sem gosto. Um mundo que exige sua fatia de mercado.
4a-
E que fique claro que fatia de mercado é o termo mais escroto que existe. E também que esteja claro que toda regra tem exceção e que é a exceção que faz a regra ser uma regra. Há gente que é gay sem pertencer à esse mundo. Há esperança mesmo quando tudo é colorido e alegre demais.
5-
Volto à foto porque o preconceito é bom e rende na escrita: os quadros são de muito bom gosto, mas não têm alma. Sou antigo e acredito em alma. Eles posam pra foto com uma facilidade que me choca. Sou fresquinho o suficiente pra me chocar com coisas que eu mesmo faria, mas como não estou na tal foto fico aqui e falo mal de quem está lá.
(Conveniência de quem sonha nunca depender de nada ou de ninguém. Conveniência de quem crê que dá pra ser anjo nesse mundo mau. Eu não estou lá e tenho frieza e inteligência pra analisar essa gente da pior maneira possível. Gente que joga cartas aos sábados sem se quer apostar dinheiro. Gente que não entende que o barato do jogo é a vitória. Uma pena).
6-
Volto a mim mesmo e esqueço tudo. Meu barato é ter o meu blogue e lamber meu próprio cu. Ela tá distante e hoje dormirei sozinho, ela tá lá e eu poderia estar com ela. Poderia ser mais sensível, poderia ser mais esperto, mas não sou. Uma pena também. Mas a gente se adora e tá tudo certo, só reclamo por prazer ou por falta do que falar. É o caso agora.
O mundo é perfeito e nem me importo com nada. As 10:00 da manhã estarei preparado pra tudo.

18 de julho de 2008

Se eu soubesse o que dizer, eu diria.

E nem há nada a dizer além do nhém-nhém de sempre. E também há a dureza de admitir que você tem mais razão que eu. E fico quietinho. E me viro e reviro e faço força pra achar os problemas que nem existem. E, as vezes, e que fique claro que nem sempre, mas, as vezes, surge essa coisa que parece outra e que mesmo assim me agrada. Porque há sangue em mim. Porque há sangue em você. Porque a insistência ainda me parece um milagre. Porque eu não resisto à acreditar em milagres.
E nem ligo cré com cré. Nunca fui assim e agora sou. O 1° nem sempre é o mais importante. O milagre sempre surgiu em noites estreladas.
E é tudo bonito e fico sem graça. Só fujo do que me amedronta.
Os milagres são sempre milagres e dependem mais de nós do que nós gostaríamos.

17 de julho de 2008

Ele reclama. Ele sempre reclama.

- Ai, puta merda, os lambe cus estão soltos! Se reúnem diariamente e transitam por bares de música lounge. Dizem maravilhas um do outro e pregam o velho e eficiente a união faz a força. Claro que entre eles há os preferidos. Um que acha que o 2° é viado inrrustido, outro que acha a 5° recalcada demais, e também os que se odeiam de maneira silenciosa e limpa - esses são os mais admiráveis.

16 de julho de 2008

Não sonho mais.

3 tapas na cara. Desses bem ardidos e humilhantes. Raiva brotando e diante de mim 3 santos insuportáveis. 1 tapa de cada um. 1 fila de tapas. Eu apenas os recebia com raiva e resignação. Eu não podia revidar porque os 3 eram santos. 3 santos feios, mas santos. Me ajoelhei e fiz um belo risco no chão que se rompeu quase que imediatamente. Os 3 santos feios ao invés de caírem ficaram alí, flutuando, como se nada tivesse ocorrido. Me levantei e olhei pra eles com bastante calma. 1 não tinha boca, outro não tinha olhos e o 3° não tinha pés. Fiquei intrigado com aquilo e berrei:
- Puta que Pariu! Era o que me faltava! 3 Santos idiotas e deformados...!!!
Quando acordei olhei pra mulher que dormia comigo. Conferi e estava tudo lá: os olhos, a boca e os pés. Voltei a dormir aliviado.

14 de julho de 2008

Zumbi Sensual.

A cabeça daquela mulher parece estar descolada do pescoço. 3 centímetros que sobram num pescoço que é bem torto quando se repara bem. Os malditos olhos pretos bóiam numa paz conquistada com muito álcool e cinismo.
Ela chega e cumprimenta todo mundo. Tem um andar lento de elefante, embora seja magra. Senta na mesa e puxa papo com todos. Tem a voz triste e melancólica, mas sorri sem parar. Se ela tivesse apenas a voz triste e melancólica eu me apaixonaria por ela. Não é o caso, graças a Deus.
Ela fala sobre você com terceiros, mas você duvida de si mesmo e se esforça pra não se levar a sério. A melhor amiga dela lhe olha com raiva e pena e você acende outro cigarro. Não preciso gostar de todo mundo é o que você pensa. Você se sente calmo e tranqüilo, sua indiferença ainda é eficaz.

10 de julho de 2008

O " se - mágico " do velho Stanis.

Se eu morresse hoje
seria muito belo e trágico.
Morrer aos 26 é sempre uma tragédia bonita.
-
E todos lamentariam sobre todas as coisas que eu poderia ter feito,
e meus colegas falariam do meu talento
e as mulheres que comi falariam do meu pau tremendo e enorme.
Meus 2 amores diriam que sou inigualável e que jamais conseguirão amar alguém como me amaram.
E eu seria um espírito muito faceiro vendo essas pessoas dizerem essas maravilhas de mim.
e sorriria indiferente já que estaria morto.
A dor seria ver meus pais sofrendo,
minha irmã me enterrando
e minha avó de 80 anos deixando o neto no chinelo.
Ser mais uma morte para o meu benzinho também seria de uma dor sem fim que aqui nem conto.
E minhas sobrinhas guardariam minha imagem como se eu fosse um fantasma risonho e idiota
e todos meus primos lembrariam das minhas gracinhas com uma melancolia que nem eles prórpios conheciam.
E haveria a dor senil da minha Tia Rosa
e a desconfiança sem certeza de que alguém não voltou pra casa do meu cachorro amarelo.
-
Se eu morresse aos 26 anos
eu seria aquele que poderia ter sido
tudo aquilo que nunca saberíamos
se acaso eu realmente morresse.
-
O suor escoando no ralo
em um piripaque fatal durante o banho,
as lágrimas sinceras até de quem me odiava.

-

Se
eu
pudesse
ser
outro,
eu
seria.

Isso,
de
poder
ser
esse,
me
angustía.

7 de julho de 2008

Relatinho:

Sento no balcão e sorvo meu veneno. O prazer louco de uma solidão inventada. Tudo bem lento e agradável. Olho pros lados e vejo essa gente sem cara e sem alma que me agrada. Me sinto muito bem acompanhado.
Termino mais uma nova histórinha do meu escritor bêbado e lembro como é bom o ler assim: as palavras mal iluminadas pela luz fria, uma olhada ao redor a cada parágrafo, essa gente feia e suja que me agrada. Me pergunto porquê, mas sem realmente pensar numa resposta.
A história é boa e o veneno faz o meu sangue circular mais lento e constante. Lentidão e constância, uma trepada perfeita.
Penso em tudo que me aborrece e porquê, afinal, sinto tanta raiva. Minha vida é boa na média. Dinheiro que não é meu, mas que me facilita, algum reconhecimento aqui ou ali e uma buceta que você ama fuder como puta.
O veneno sempre facilita as coisas. É um preço que se paga. Os milagres mais bonitos sempre foram os mais inacreditáveis. Explicações que parecem brilhantes no meio da merda no fundo do rabo.
-
Quando atravesso a rua tem uma criança que está de mãos dadas com a mãe. A mãe a arrasta dois passos à frente, mas, mesmo assim, a criança parece muito feliz e satisfeita e fala o que só uma criança de três anos pode falar. A mãe não dá bola, pois está acostumada com isso.
E eu insisto em achar o mundo bonito e triste. Como deve ser.

6 de julho de 2008

vontade de casar.

muito cigarro e um ódio tremendo por conta da fome.
sua mulher não para de falar e você deseja que ela escoe pelo ralo junto com o esmalte vermelho.
a mulher amada é sempre a mais terrível.
um sorriso exagerado que você gosta e implica,
uma confusão que não é sua, mas da qual você acaba participando.
histórias que você ouve com sofreguidão.
-
e cheio de sacolas na rua vazia de horário de almoço de domingo
você descobre que, mesmo assim, você a ama.
ela de alguma maneira percebe sua irritação e lhe deixa em paz.
arruma a comida, não pede ajuda, diz fique à vontade...
-
você se repete e senta pra escrever,
o cigarro na mão e as pernas cruzadas.
da cozinha uma voz calma lhe anima:
bayb, quando você quiser vamos comer.