31 de julho de 2008

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Deito pra ler. Leio e as imagens me fodem. Eu sabia que isso iria ocorrer. A sequência. A sensação de coisa conhecida. O maldito medo da morte. Em um átimo eu sinto a porra toda. É físico e nada abstrato. O corpo esquenta a partir do peito. Uma onda de calor que apavora. Arrepio de olhos fechados. A dissolução completa, a consciência se esvaindo até o zero. O zero, o zero. O fim puro e simples, sem piedade ou justiça. Todos ali no esquecimento de si mesmo. A merda sem fim. Uma imagem maior que os olhos e a incapacidade de apreender o que quer que seja. Não haverá nada. Será apenas dormir sem sonhos. Nada de confusão ou alegrias ou dores. Nada de nada. Penso nos meus, penso nela. Pavor mais forte. Sinto que posso me perder com esse medo. É claro que posso me perder com esse medo. Lembro que demorei muito pra dormir longe deles. Lembro que dormia no corredor. Meu medo repetido e gasto, a impaciência que ele gera. Sofro e digo "vou morrer". Primeiro um consolo, depois não, depois a repetição enfraquece e não comove ninguém. Ninguém é obrigado a ter saco pra isso. A voz sem paciência que diz "é, vai sim, todo mundo vai, chega de pensar nisso". Dormir no corredor. Vontade de ligar pra ela. Pra repetir pra ela. Não ligo. Minha cabeça vai mais, a dor aumenta, sinto que posso perder a mão e berro alto e ridículo PARA!. Como se eu falasse pra mim mesmo. Desiste do livro. Fecha o olho. Força que a calma vem. A calma sempre vem. Escreve um pouco. Vê umas merdas. Peida alto. Não pensa, não pensa.

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