28 de maio de 2010

Há a satisfação.

Contra mim mesmo, devo repetir: há a satisfação.
É uma coisa bem classe média, bem tacanha e econômica: faz-se o que, supõe-se, deve ser feito. E, então, sente-se a satisfação.
Meu Deus!, é quase cretino de tão simples. Lógica de macaco. Macaco com banana = macaco feliz. Mas é o que é. Prova do mal que sussurra no meu frágil ouvidinho: - somos macacos, gordo panaca.
A culpa é minha, eu sei. (Essa é uma das vantagens da culpa: ela não pode ser transferida. Culpa transferida ou é falsidade ou é equivoco).
A boa culpa é um prato que o chef cozinhou e comeu, por assim dizer.
Então afirmo em maiúsculas: ESTOU SATISFEITO.
E entendo o quão patético é isso. Porque minha satisfação classe média não passa pelo uso do corpo. Assim: um trabalhador braçal tem uma satisfação verdadeiramente legítima. Foi o seu suor que construiu uma mesa, por exemplo. Eu não, eu gordinho e preguiçoso me satisfaço porque cumpri mais uma tarefa. E tanto faz que tarefa seja, pode ser até um desenrolo de banco.
A falta do suor é que causa a culpa, concluo.
Como explicar? Impossível explicar.
Estou satisfeito e acho que é isso. Meu umbigão é meu poço de porra auto-suficiente, é minha metáfora.
Apenas porque pus um ponto final e assinei uma nova petição. Porque recebi dinheirinho e me regozijei por ter feito o que deveria ser feito - e isso é besta e patético como toda felicidade programada.
Então berro minha SATISFAÇÃO e deixo o resto pra lá -
como se o dia a dia fosse o que importasse,
como se o 'como se' justificasse qualquer merda pensada ou dita.

2 comentários:

juliamarini disse...

Idiotas - suados ou não - são os que vivem por aí como se o dia a dia não fosse importante, Maatz.

bjs*

fmaatz disse...

eu sei, sou esse tipo de idiota...rá!
bjs