14 de setembro de 2011

/maldita solange/

  1. São tesãozinhos e euforias repentinas. Mas quem se importa? Nem eu. Punhetinhas como luz no fim do túnel e essa mania de roer unhas que nunca passa.
  2. É simples: penso em mim. Egoísmo é a virtude ensinada pelos psicanalistas. Assim: o que é importante pra você é importante pra você. Achar que o que te importa deveria importar a todos é uma prática comum em pélas-sacos e chatos em geral.
  3. Façamos as contas por percentagem. Fica mais simples e o dinheiro compensa a irritação. É uma maneira prática de dizer: não pode, eu faço. E faço e recebo; usa-se o dinheiro como paliativo para chatices generalizadas. (ou alguém acha que algum padeiro adora trabalhar em um forno de 4:00 às 12:00, mesmo que adore fazer pão?).
  4. Meu amorzinho é limitado. Preciso de perspectiva, de sonhos, de desejos - coisas de bicha, a gente sabe. Sou uma boa bicha: quero apenas o que me alimenta. Macho, macho mesmo, é aquele que bate no peito e diz: não dependo das circunstâncias. Sou fraco, invejo os machos. Eu - uma pena, eu sei - dependo sempre das circunstâncias.
  5. O telefone apita e a torta está pronta e dourada. Há salada lavada e um ótimo enlatado de seleta. Poderia falar sobre saúde e cuidar do corpo, mas não é o caso. Sonhei que tinha problema de pressão alta e, o dia inteiro, lembrei do sonho. Devia me acalmar aos 30. Disse isso pro Miguel e ele me falou que casar é a solução. Falei: - e mulher que presta, onde arranja? E ele, sempre fatal, nem titubeou: - no interior do Ceará elas existem... foi lá que arranjei a minha. Nos despedimos e ele falou: - até amanhã.   

12 de setembro de 2011

blocos por conveniência.(s.r)

  • O Carlos Careqa me perturba. Parece-me um grande absurdo ele não ser um ovacionado, um cult aceito, um milagre realizado. Há tanta beleza e tristeza nas cantorias dele. Há algo de muito importante em suas músicas. E, em tese, o mundo devia o conhecer. Mas o mundo... ah, o mundo... o mundo tá mais pra floresta encantada da Disney, sei lá. E o Careqa solta sua voz meio ruim e é genial. E na capa do segundo caderno tá um imbecil que nem cócegas faz.
  • Foi o tempo. Acho. Tenho pensado em coisas importantes. Não estou falando de mim e do meu umbigo agora. Estou pensando sem saber onde chegar: Política Cultural, A Consequência do Investimento Público, a Arte para Além da Coqueluche, a Função Social do Artista, etc. É algo sério, bem sério e que deve ser pensado, bem pensado. Não sei se por mim, se pelo Careqa, pela Fontana ou pelo último bem intencionado que recebeu uma bela fatia do bolo. Insisto mesmo sem saber: deve ser pensado, deve ser muito bem pensado, deve, inclusive, ser profundo e trazer consequências.
  • Meu limite é pensar em mim. Falta-me a generosidade de pensar em todos porque não sou todos e porque não me acho verdadeiramente representativo. Estou velho talvez? Coisa de luta de classes talvez? Mas sou limitado e digo: meu 2011 é bem resolvido, preciso é de um bom 2012 - ou então o abismo, o desespero e todas essas mesquinharias do umbigo.
  • Jesus, na cruz, me dá uma piscadela.
  • Tenho tesão e interesse pelo deboche. Tem a ver com limitação, com campo de ação e com instinto de sobrevivência. Gosto, inclusive, do deboche como manifestação artística. Estou falando sério e Reinaldo Moraes me contempla. Assim como Bukowski, Evrainov, Rabelais, Oswald, etc. Questão de gosto, de preconceito cuidadosamente construído, etc. Erro seria gostar de TUDO. Só imbecis gostam de tudo - o que, todavia, não me impede de achar o Ratinho uma figura verdadeiramente significativa do imaginário nacional.
  • Culpa é como o algodão acumulado no umbigo. Arranca-se com o dedo indicador e o opositor. Dá tesão também. E tesão é diferente de prazer. Prazer é coçar a barriga.
  • Cervejinha e churrasco do Miguel. A vida é besta: nem boa nem ruim, besta: o morno cuspido. E assim as contas, o dia após o outro, as viagens que se programam, os milagres que parecem resolver tudo. Assim: vem cá/não vou, te amo/te odeio, agora/depois. Ah... essa coisinha... Ah... o álcool.... Ah... a moça bonita que se tornou mais bonita.... Ah, os versinhos que eu escrevia na adolescência... os versinhos, os versinhos.   

11 de setembro de 2011

F Faz Fita.

Vou ser agradável e falar sobre estrelas, sobre luas cheias, sobre ternuras perdidas e sobre a falta de "consciência global"(sic).
Vou ser legal, vou concordar sobre o gênio do Arnaldo Antunes, as músicas da Marisa Monte e a versatilidade do Carlinhos Brown.
Serei amável, serei calmo e ela me abrirá suas pernas com um sorriso que será bonito.
E, assim, entre uma falsidade e outra, a comerei por meses e talvez anos.
E falarei do Oriente, sobre não-ser, sobre meditações e estados de ausência.
Invocarei o Osho, o Castãneda e direi o clichê de sempre: o que importa nessa vida é ser feliz.
E será mentirá.
E ninguém ligará.
E o sexo será bom.
E concordarei que o Destino é mesmo uma coisa muita forte...

De cá.

O imbecil é sorridente e já comeu uma mulher que você achou bonita, muito bonita. E o imbecil te incomoda. E está na T.V e dá dicas e aparenta ser um cara mui-i-i-to legal. O imbecil causa suspeita em você: questão de estilo, de maneira de se vestir, de pousar pra fotos com boca aberta, etc. Meu último imbecil presencial usava camisa xadrez e calça jeans apertada. Eu o olhava e pensava: ele se preparou para estar aqui e por isso é um imbecil. Ele investe em sua aparência, tem uma voz calma e faz piadas com uma desenvoltura que prova o quão fake ele é. Em última instância o imbecil é um gênio: nesse caso ele é cínico. Em última instância o imbecil é só um imbecil: trata todos de maneira igual idêntica.

9 de setembro de 2011

Pizza lá.

  • O amorzinho é aquela beleza. A gente goza, quase trepa/tipo trepa e se sente bem de modo geral. Amor eterno como pau e buceta (ou pau e cu, vá lá). Mas tem mais, não tem? Aquela promessinha que a se mantêm em segredo: na próxima vez será bem melhor.
  • Afeto por crianças, por animais e árvores é fácil e pega bem. Quero mesmo é ver: adotar um pretinho, perdoar um canalha, casar com uma puta, fuder uma gorda, etc. Pega bem o afeto indiscriminado. Jesus, o próprio, brigava por putas.
  • Hoje acordei de um sonho que era como jogo de videogame. Fases, atalhos, mânhas de viciados que eu não tinha. Sonho bom da porra. Diverti-me com ele o dia inteiro, a pergunta de sempre: o que esse sonho quer me dizer que eu não entendi?
  • Como sempre: mais do que tenho e menos do que mereço. Sim, a vida não é justa. Mas e daí? Todo idiota no seu galho e um macaco festivo no centro da cidade. Quero dizer: acusar é prazeroso, mas limitado; bom mesmo é sofrer em paz, repetindo pra si mesmo "sou meu dono, sou meu dono, mesmo que o mundo não me obedeça."
  • Gosto do churrasquinho que como e dos cigarros que fumo. Que Deus, essa coisa que nem sei, seja bom comigo e me deixe assim: com cigarros, churrasquinho e algum humor. Porque tá tudo certo e o corpo aguenta: tragédia mesmo seria ser uma vítima que acusa os outros. Liberdade, pra mim, é ser dono das próprias merdas.   

8 de setembro de 2011

Troll

O Carlos Careqa toca seu disco e eu faço contas por pura diversão. Ou tédio. E tá tudo certo e tá tudo normal.
Sempre falta algo, sempre falta aquilo. E, bem, quem foi que inventou que o mundo era super interessante? Eu não, eu também.
"Ser gente é tão triste, né benzinho?", ela costumava me perguntar quando estava de TPM, mas achava que não estava de "TPM ainda".
Eu dizia sim porque a amava. Amar é dizer sim para perguntas idiotas - era o que devia estar escrito nos quadrinhos cristãos que traziam desenhos de um estranho casal peladinho.
Hoje mesmo: os vídeos fantásticos de sexo fake e a punheta que só serve mesmo para esvaziar. E a pergunta gracinha do mundo: o que será preenchido assim que esvaziado?
E há uma pornografia verdadeiramente vasta na rede. Deveria achar isso um mistério, mas não acho e lembro da minha santinha: "Ser gente é tão triste, né benzinho?"

5 de setembro de 2011

´<>`

A diversão é variada e estúpida. Eu me divirto de maneira geral. Há dias, inclusive, em que troco punhetas por vídeos verdadeiramente importantes que falam sobre teatro e sociedade.
Mas, agora, é assim:
  • O tesão passeia na minha cabeça. "Coisa de sêmem acumulado", diria meu amigo. Sonhei com uma desconhecida que, por dois erros, é minha amiga de Facebook. E era bem real e tesudo. "Detalhes tão pequenos de nós dois" e coisas do tipo.
  • A merda do tesão involuntário. Sonhei que contratava uma prostituta. E ela era boa pra mim e surpreendetemente generosa. Masturbava-me até que resolvia me dar. Eu dizia: não foi esse o combinado. Ela dizia: não importa, eu não vou cobrar mais. E vestia a maldita borracha em meu pau e dizia com uma calma que é muito rara em mulher: é que eu gostei de você. Ainda no sonho, durante a foda em si, eu temia: vou me apaixonar por uma puta... tô fudido.
  • Baixo um disco de desconhecido. É sobre amor, o disco. O amor está na moda. Como explicar? O amor virou um fenômeno pop. E isso é uma pena. É que amor não tem a ver com felicidade ou mundo perfeito. E o amor, esse da moda, tem esse registro. Esquecem que os crimes passionais ainda são os crimes mais cometidos e que amor tem mais a ver com loucura e excessos do que com um paraíso no qual as pessoas brincam com leões sem nunca serem devoradas.
  • Queria ter sentido tesão. Queria ter sentido tesão a ponto de dizer "vamos trepar, bayb". Mas não e nem. Uma pena. Essa ilusão que o tesão é espontâneo a limitar nossas fodas potenciais. Estou falando de praticidade e de sexo sem afeto. Foder, às vezes, é pura conveniência. Inevitável, né? Uma pena, né?
  • Eu e o mundo os velhos inimigos. Tenho me esforçado. Sorrio mais, minto mais e descubro que o mundo é menos exigente do que eu supunha. Aos meus amigos digo que tem a ver com o meu último aniversário. Mas gosto mesmo é de imaginar um duelo de faoreste: os passos contados, a virada e a precisão em sacar a pistola na hora exata.
  • Pensei em dizer, mas não disse: só não me apaixono por ela porque me controlo e porque só nos relacionamos virtualmente. E seria sincero e seria idiota como toda sinceridade. De qualquer maneira, estou falando uma verdade. Conheço-me minimamente e apaixonar-se por ela, pra mim, seria quase óbvio. 
  • Salaminhos e cerveja, a vida pode ser apenas isso. Não entendo quem não gosta de álcool, não entendo quem é vegetariano por pena de boizinhos ou por intolerância a morte. Saliminhos, cerveja, comer, foder e etcs. Que é isso e tem a ver com regalo. Poesia é regalo, arte é regalo, teatro é regalo. Precisa-se de muito pouco, é fato. Mas quem, em sã consciência, quer apenas o necessário? Leminskão e sua síntese são o próprio sentido da vida.
  • A profundidade dela é uma falsa questão. Porque é otária e acha ser esperta. Porque procura razões que não existem ou não precisam ser achadas. Gosta de ter "questões", mas esquece que "questões" exigem tanto perguntas bem formuladas quanto busca de respostas concretas. Mas a falsa questão é mais atraente, eu aprendi. Na falsa questão todos são interessantes e todas as possibilidades são reais. Somar ou diminuir pra essa gente é uma agressão. Qualquer certeza deve ser eliminada, eles dizem enquanto proclamam a dúvida como o deus mais cruel de todo panteão. Vai entender...
  • O bye, bye é uma mão esticada com cinco dedos. Toda despedida se supõe mais importante do que realmente é. É coisa de gente: esse bichinho triste que inventou as palavras e, consequentemente, os delírios todos. Saímos do esquema comer e cagar, viver e sobreviver, etc. Gente: esse bichinho que faria graça em seres extra-terrenos por ter inventado a eternidade da alma. Vejo ETs que diriam: não dá pra entender porque vocês cultivam tanto a ilusão. E nós, bichinhos pacíficos, chamaríamos os ETs pra um cinema, um teatro e uma cervejinha depois. E daí, o ET, já no fim da noite, confessaria: têm razão, a ilusão é muito prazerosa.         

3 de setembro de 2011

*

Fazia biquinho pra falar. Aquela coisa de arcada dentária em U.
Tesão.
Era também a última mulher da mesa e bebia com facilidade e estilo: o copo pego com firmeza, goles grandes e em etapas: cerveja na boca e depois engole.
Reparei no papo que ela tinha com os amigos. Parecia séria, inteligente e falava sobre educação.
Olhei pra ela até ser visto e ela me viu e se sentiu incomodada. Tesão enorme quase amor. Ela, bobinha, põe a mão na coxa do colega de mesa. Sinto-me desafiado e sorrio pra que ela me veja sorrindo. O colega é um tipo sem graça que não a acompanha no copo ou no papo, olha pra mim com cara de bunda.
Levanta. Passa perto, bem perto.Vai mijar, a bonitinha. Fala do Poderoso Chefão que está na TV. "Tesão é coisa de criança, te amo pra sempre".
Sai sorrindo. Leva a chave do banheiro que tem um pedaço de cabo de vassoura como chaveiro.
Ela ri. Eu rio.
Pago a conta e volto pra casa. Não quero que ela me encontre quando voltar do banheiro.
Tesão, amor, coisa de bar, biquinho em U, mistério de sexta-feira, o Poderoso Chefão, etc.
Deixo o bilhetinho: - santinha, santinha, volte dia 9, ok?

2 de setembro de 2011

@

Em clima de Twitter:
- Se ela soubesse que sendo trágica é engraçada eu a amava pra sempre.
Em clima de feed de Facebook:
- Devo dizer: só os chatos são curtidos.
Em clima de Blog:
- olhava pra cima e pensava: não me chamo André, não tenho família, mas acho reclamar uma arte.
Em clima de reunião de "coletivos":
- aqui eles me vêem e eu sou parte da turma. Tenho muitos amigos e sou simpático que só vendo. E claro que eu escolhi muito bem a roupa que vestiria hoje.
Em clima de bar:
- O Chico Buarque é um gênio.
Em clima de estudante de cinema:
- Tem a hierarquia, saca? A produção. A gente, nossa espécie, sabe dialogar com as massas e ser artístico. Filme independente é uma falácia: sonho mesmo mesmo é ser Tarantino.
Em clima de escritor respeitado:
- Gosto mesmo. Daquilo que. Enquanto reparo calmamente no azul do ceú.
Em clima de adeus:
- Essa saudade que eu sinto é o que eu entendo como amor. Se nunca mais te ver, te amo pra sempre.
(...)
(isso não tem fim)

31 de agosto de 2011

  • Não houve cartinha esse ano. Talvez não haja, talvez haja a última. Concluo que estou virando um homenzinho e, também, que tenho um bocado de humor.
  • Ontem: eles reclamam que o RJ é o RJ e não BH ou SP. Reclamam também que 2011 não é 1978 ou 1992. Há ainda a queixa contra a Globo - porque supõem que o ator do interior de Santa Catarina não ambiciona entrar para uma novela.
  • Do mesmo. Ou quase. Generosidade. Eu acredito em generosidade. Não estou falando em ser servil ou legal com todos. Generosidade é o mínimo que se espera de amigos, por exemplo. Não é nobre ou grandioso. É mesquinho e pequeno como: oferecer um drop's, um pedaço do sanduba, uma moeda que completa a conta, uma carona, uma caixinha pro cara que serve a cerveja, um cigarro pro bêbado, uma mochila emprestada, um papo com tia solteirona e chata, etc.
  • Meu dedo pra lua. Está tudo bem. Um dia de cada vez como mantra. Não é bonito nem divertido, mas é o que é. E lembro do meu humor e repito: estou mesmo virando hominho.  

29 de agosto de 2011

  • As lufadas de ternura / Um dia após o outro / É essa a tortura.
  • Ela me elogiava e eu achava bom, bem bom. Secretamente pensava: ela quer dar pra mim. Podia ser, ainda pode ser. Mas vi, pelas maldições do mundo em rede, que ela bate palmas pra idiotas com bastante desenvoltura. Fiquei triste. Pensei: ela pode até querer me dar, mas não será a mesma coisa.
  • A dor é minha e o problema sou eu. Essa frase é toda minha vaidade. Simples: ser vítima é generosidade demais, uma vez que pressupõe um algoz. Sofro sozinho. Não sofro nem mais nem menos, mas sofro sozinho. É vaidade, eu sei.
  • Saudades de brincar com os lábios que lentamente umedecem. Aquela bába fantástica que a vagina produz. Lembro de uma bába dessas que grudou em minha barba e que esticou sobremaneira. Fio longo e transparente que cintilava na luz indireta que há agora em minha casa. Olhei aquilo e pensei em dizer pra ela reparar também, mas não o fiz. Medo de ser mal interpretado, essas coisas. Uma pena.
  • Os planos, os projetos, as boas intenções. A coisa toda que é sincera, mas e daí? Sinceridade é super estimada, amor também. Há, de modo geral, um excesso de valorização dos bons sentimentos. O que é meio estúpido e tem a ver com o mundo de hoje: a ilusão da voz que a Internet dá e coisas do tipo. A individualidade como um tipo de virtude. E que Deus nos perdoe e ignore as bobagens que são escritas em rede. Porque a palavra escrita já teve força de lei, porque a palavra escrita já foi a palavra de Deus em pedras que versavam sobre a moralidade do planeta. E agora é o que? Um feed cheio de sacadinha, uma reclamação engajada que deseja ser curtida por muitos ou uma expressão de idiotas que se sentem únicos?
  • A originalidade é um fetiche que faz mais sentido para uma gôndola de supermercado do que para a expressão artística. Mas estou por fora e há muito a ser feito, eu aprendi. E o que é feito tem grande capacidade gregária e pouco mérito artístico. Aprendi, mas não concordo: se todos lhe disserem um gênio, um gênio será.
  • Arrancar caspas com as unhas é minha última mania. Além de tudo, que é: a farta barriga, a boca aberta, o sotaque confuso, os dedos amarelos, a raiva inevitável, o pouco interesse pelo desconhecido, os porres diários, os olhos arregalados, etc. É mais um nojinho na fita. Mais um problema que uma boa mulher tentará resolver e com quem implicarei por não me aceitar como eu sou. E sei que é um absurdo e que a boa mulher tem sempre razão e que, com a devida paciência, me convencerá a ser quem eu não sou e eu nem me importarei. Porque será a boa mulher. E irei a praia, e farei exercícios, e deixarei de fumar, e pararei de roncar, e verei filmes sem falar, etc. E direi eu te amo e será verdade. E ela dirá eu te amo e será verdade também. Morreremos velhinhos, bem velhinhos. Com diferença de dias entre uma morte e outra - que é como sempre teremos desejado.      

26 de agosto de 2011

a união faz a estratégia

Se pudesse
ser outro
que não eu,
seria aquele que,
sempre sorrindo,
se junta aos outros
que sorriem sempre também.

Que assim estaria
mais idiota
e mais alegre
e pensaria em mim
como um grande mobilizador
de boas intenções.

E não pensaria no inferno
e não falava mal de ninguém.

Ficava apenas esperando
o bem que vem
pra quem também
só faz o bem
e diz inveja branca
e, mesmo achando o contrário,
fala que a-d-o-r-o-u
o que fez 
o amigo de infância do
último mês.

Se fosse outro
que não eu
fazia tudo
que fazem
e mais um pouco:
comprava presentes pra todos
pagava contas de bar
repetia pro mundo
e ainda postava no facebook
pra registrar:
você merece m-u-i-t-o
as suas conquistas.

Fosse quem não sou
fazia um monte
e nem achava feio
essa mania de amor
que só ama
quando se equilibra
no meio.

22 de agosto de 2011

porque sim.

  • Mulheres que alimentam pombos. Já vi uma, já vi duas, já vi várias. Nunca vi um homem que alimenta pombos. Pode parecer machismo, mas não é. Onde estão os homens que alimentam pombos? Porque eles existem, mesmo que não os veja. E devem ser o coqueluche nessa turma de mulheres que alimentam pombos. É um ruído que percebo em bares.
  • Meu ódio é algo imenso. Deixe-me explicar: se estivesse em terapia, faria perguntas: - Por que sinto tanto ódio? Ódio é normal ou estou só? O que posso fazer pra conter esse ódio que sempre aparece e que nem sei se é assim mesmo ou se é só tristeza? Devo tentar ter pensamento positivo ou isso é estúpido como parece? E os otimistas que falam pelos cotevelos e sorriem pelos póros? Só eu desconfio deles?
  • Teve o dia genial. Eu me sentia bem. Era tudo simples, mesmo que doloroso. Quero dizer: eu dizia pra mim mesmo: tudo normal. Estava satisfeito. Era como se tudo fosse questão de tempo. Algo que mamãe sempre fala, por sinal. Mas, meu Deus, é só isso? Viver, morrer e lidar com os delírios? Queria mesmo era a outra coisa. O quê? Não sei. Talvez um dia.
  • Desaparecer é um tesão. Como idéia. Simples: sumo daqui e viro outro, ou nenhum. Tanto faz. A fodinha do mal é a sequencia: um dia após o outro, a aceitação de que é assim mesmo e a necessidade de ganhar a vida biblicamente.
  • Solidão tem a ver com piadas sem graça e com vontade de virar outra pessoa. Nada perdoa nada e, agora, os meus amigos são chatos e repetitivos. A palavra "amigos" é super-valorizada em nosso século. Queria mesmo era foder uma buceta como um cão fode uma cadela. Sente o cheiro e arrisca a cópula. Se grudar que Deus abençoe ou a água separe. É uma pena não ser apenas cão/cadela, não é?
  • Beijinho pra ti, minha paulista. Tesão secreto para o Kuati. Que Rj e Sp sejam as cidades do até logo. E que Deus, que deve ser o cara que cuida do mundo inteiro, seja velho, tenha perdão e seja bom de papo.   

19 de agosto de 2011

Éfinho vê teatro.

É uma peça chata em que ficam brincando de ser ou não ser teatro. Como se houvesse dúvida, como se - de fato e realmente - os atores em cena pudessem não estar em cena e, portanto, não estarem interpretando. Um flerte com essa ideia que anda por aí e que se convencionou chamar de não-interpretação.
A tal peça tem alguma inteligência que eu, infelizmente(ou seria felizmente?), não compreendo. É o teatro como sacada, como situação "atores-diante-do-público" levada ad infinitum. Eu não entendia porque riam. Quando ri, sorri e fui honesto. Quero dizer: o aparte (esse recurso ancestral e legítimo) é legal e tudo, mas, bem, há limites. Ainda mais um aparte que 'conversa' com a plateia - como se fosse natural e não artificio.
Olhando aquilo pensei em tudo que não quero e não me interessa. Teatro pra dentro, voltado pra uma ideia de inteligência de salão que faz com que os momentos engraçados sejam um desfrute para os que captaram a mensagem - ou melhor: a sacada.
É o teatro blasé e cheio de referências pós-dramáticas - esse termo/conceito que está aí e que explica o melhor e o pior do teatro contemporâneo.
Na peça chata havia champanhe e taças e belezas e tudo, tudo mesmo, era lindo. Os atores, a luz indireta, os movimentos de corpo que significavam alguma coisa que eu nunca entenderei... um mistério.
E o texto brincava uma única brincadeira: o ator dizendo sobre o personagem que ele representa: "- então ele resolve sair" (o ator que é o ele, o personagem, o performer consciente do aqui agora, etc ad infinitum) "e ele fala pra ela: te adoro". E então esse ator faz agora o 'ele' com mais 'verdade' e diz: "te adoro." E a cena continua. E muda para atriz: "- e ela sorriu", e a atriz sorri, "e disse: eu não te adoro", e a atriz, cheia de sacada diz: "eu não te adoro."
90 min. E não gosto de sair no meio Deus sabe porquê. Deve ter a ver com meu catolicismo e o lance da culpa...
Seja como for, estive lá, me aborreci e nem doeu. Ver teatro chato e afetado assim me dá uma puta vontade de montar a banca do meu teatrinho - que pode não contemplar a inteligência cheia de sacadas, mas que não te aluga e vai pra fora.
Não alugar, em se tratando de obras de arte, é, pra mim, um puta dum mérito.

*
Tem uma frase de uma música do R. Seixas que gosto muito e que, as vezes, me parece o próprio sentido da vida: "Só vou curtir meu roquezinho antigo/que não tem perigo de assustar ninguém".

17 de agosto de 2011

auto suficiência.

Só conseguia gozar
quando trepava por cima.
Explicava que assim
o clitóris encostava melhor.
Quando gozou por baixo
se revoltou,
disse ser opressivo
a mulher estar por baixo
e dedicou-se à paixões lésbicas.
Os orgasmos vinham da fricção
e lhe lembravam o travesseiro
que a fez gozar pela primeira vez.
Desistiu.
A solução veio da Internet:
um dedal com bateria mínima
que a satisfazia como ninguém
nunca a satisfez.
Descobriu:
essa coisa de trepar com gente é muito complicada.

16 de agosto de 2011

as loucas que me dão tesão.

  • perco a mão aqui ou ali, mas o que fazer? Sou sucetível e meu pinto, ele mesmo, o pau, anda todo errado. Quer entrar em carnes que nem sabe e nunca viu. Imagina massagistas que se apaixonam por ele, o pobrezinho.
  • vem da esquina. As mulheres mais lindas do Rio de Janeiro estão ali. Fico inflado e penso: casarei com uma dessas mulheres lindas. Porque são lindas. E porque casar com feia não rola, fico solteiro. Não sei se estou limitado, mas afirmo: as mais lindas desfilam na Rua da Passagem com a São Manuel.
  • o otimismo é uma praga e uma bênção. Assim: na mesma proporção. O empate mais escroto da terra. 3X3 no último minuto de jogo. OK, ta aí a emoção do jogo... mas, Meu Deus, quem, depois dos 30, acha que a emoção do jogo é tão emocionante assim?
  • Tinha essa magrela, de sobrancelhas finas demais e voz fina que eu realmente gostaria de ter comido. Comê-lá, no caso, seria a cereja do bolo. Não por nada, mas porque ela me dar seria um processo natural, mesmo que lento. Ela não me deu. Ela sumiu de um jeito meio idiota que super-valoriza o ato de sumir. Eu não comi a magrela e descobri que a cereja do bolo só é boa quando o bolo já foi devorado.
  • se fosse pra eu agir loucamente pela necessidade de mulher, eu iria até o Itaú. Que aquela gerente com cara de passarinha não me sai da cabeça e tá aqui do lado diariamente das 10:00 às 16:00. Além da linda cara de passarinha ela usa saias floridas que ressaltam sua bunda surpreendentemente empinada. Tem grandes chances, inclusive, dela não ser do RJ - o que é ótimo, pois logo estabelece um assunto simples e que pode render horas. Seja como for, ainda mando no meu pinto(pau, que é como macho fala) e sei que ele não é lá o meu órgão mais confiável.   

14 de agosto de 2011

(*_*)

Soltava peidinhos como quem marcava gols em partida empatada.
"Prisão de ventre é um problema tão solitário", ela dizia.
Cada pum, uma vitória. Cada ventinho, uma satisfação.
E, assim, caminhando pelas calçadas, levantava os braços em uma comemoração que quem visse jamais entenderia.

11 de agosto de 2011

Tesão tá tudo certo, ela diz.

*
- Parece tesão, mas não é.
- Como assim?
- É mais como um monte de luzinhas que piscam quando estou quase dormindo.
- ...
- Entende?
- Claro, claro
*
- Foi meio de repente. Eu disse não e ele insistiu e me beijou.
- E?
- Ah, querida, aquela coisa: tesão do caralho em ser contrariada, né?
*
- Fiquei olhando, olhando. Pela primeira vez achei um pau bonito.
- Sério?
- Claro, olha aqui.
- O quê?
- Aqui... meu pescoço...
- O que é isso?... Uma marca...?
- Um chupão!
- ...
- Achei o pau dele tão bonito que deixei me dar chupão.
- ...
- É amor, não é?
- É, é.
*
- Amiga, vou te pedir uma coisa...
- Pede!
- Não me chama de flor, tá?
- Mas...
- Essa coisa de pétalas acaba comigo!