Só conseguia gozar
quando trepava por cima.
Explicava que assim
o clitóris encostava melhor.
Quando gozou por baixo
se revoltou,
disse ser opressivo
a mulher estar por baixo
e dedicou-se à paixões lésbicas.
Os orgasmos vinham da fricção
e lhe lembravam o travesseiro
que a fez gozar pela primeira vez.
Desistiu.
A solução veio da Internet:
um dedal com bateria mínima
que a satisfazia como ninguém
nunca a satisfez.
Descobriu:
essa coisa de trepar com gente é muito complicada.
17 de agosto de 2011
16 de agosto de 2011
as loucas que me dão tesão.
- perco a mão aqui ou ali, mas o que fazer? Sou sucetível e meu pinto, ele mesmo, o pau, anda todo errado. Quer entrar em carnes que nem sabe e nunca viu. Imagina massagistas que se apaixonam por ele, o pobrezinho.
- vem da esquina. As mulheres mais lindas do Rio de Janeiro estão ali. Fico inflado e penso: casarei com uma dessas mulheres lindas. Porque são lindas. E porque casar com feia não rola, fico solteiro. Não sei se estou limitado, mas afirmo: as mais lindas desfilam na Rua da Passagem com a São Manuel.
- o otimismo é uma praga e uma bênção. Assim: na mesma proporção. O empate mais escroto da terra. 3X3 no último minuto de jogo. OK, ta aí a emoção do jogo... mas, Meu Deus, quem, depois dos 30, acha que a emoção do jogo é tão emocionante assim?
- Tinha essa magrela, de sobrancelhas finas demais e voz fina que eu realmente gostaria de ter comido. Comê-lá, no caso, seria a cereja do bolo. Não por nada, mas porque ela me dar seria um processo natural, mesmo que lento. Ela não me deu. Ela sumiu de um jeito meio idiota que super-valoriza o ato de sumir. Eu não comi a magrela e descobri que a cereja do bolo só é boa quando o bolo já foi devorado.
- se fosse pra eu agir loucamente pela necessidade de mulher, eu iria até o Itaú. Que aquela gerente com cara de passarinha não me sai da cabeça e tá aqui do lado diariamente das 10:00 às 16:00. Além da linda cara de passarinha ela usa saias floridas que ressaltam sua bunda surpreendentemente empinada. Tem grandes chances, inclusive, dela não ser do RJ - o que é ótimo, pois logo estabelece um assunto simples e que pode render horas. Seja como for, ainda mando no meu pinto(pau, que é como macho fala) e sei que ele não é lá o meu órgão mais confiável.
14 de agosto de 2011
(*_*)
Soltava peidinhos como quem marcava gols em partida empatada.
"Prisão de ventre é um problema tão solitário", ela dizia.
Cada pum, uma vitória. Cada ventinho, uma satisfação.
E, assim, caminhando pelas calçadas, levantava os braços em uma comemoração que quem visse jamais entenderia.
11 de agosto de 2011
Tesão tá tudo certo, ela diz.
*
- Parece tesão, mas não é.
- Como assim?
- É mais como um monte de luzinhas que piscam quando estou quase dormindo.
- ...
- Entende?
- Claro, claro
*
- Foi meio de repente. Eu disse não e ele insistiu e me beijou.
- E?
- Ah, querida, aquela coisa: tesão do caralho em ser contrariada, né?
*
- Fiquei olhando, olhando. Pela primeira vez achei um pau bonito.
- Sério?
- Claro, olha aqui.
- O quê?
- Aqui... meu pescoço...
- O que é isso?... Uma marca...?
- Um chupão!
- ...
- Achei o pau dele tão bonito que deixei me dar chupão.
- ...
- É amor, não é?
- É, é.
*
- Amiga, vou te pedir uma coisa...
- Pede!
- Não me chama de flor, tá?
- Mas...
- Essa coisa de pétalas acaba comigo!
8 de agosto de 2011
Santinha, só você.
*
Estou triste,
Estou cansado.
*
Preciso de uma mulher boa,
Que me chupe o pau com ternura
e, eventaulmente, me chame de meu amor.
*
Que tenha os cabelos longos
e que acorde calma pela manhã.
Que me convença a comer frutas
porque o beta-caroteno das maçãs
é mais eficiente do que a cafeína.
*
Estou cansado
e preciso de uma boa mulher
que tudo me explica
e à tudo me convençe
porque tanto me ama.
*
Uma mulher boa
porque,
amado assim,
acredito em tudo
dos absurdos
que me dirá.
7 de agosto de 2011
Angeli -
Ele mesmo. O cara. O fino. O que só sai de casa pra se encontrar com o Laerte.
E também porque o "da pesada" merece voltar.
ao vento
- Ver as gentes, participar do mundo, tomar cuidado para não ser indiferente demais. Andar 20 min. por dia e, após a caminhadinha, acender um cigarro e encher e esvaziar o pulmão como um ato voluntário. Dormir 6 horas por noite, evitar a vasta pornografia da Internet e, a cada 15 dias, telefonar para a avó. Quem sabe perder uns quilinhos.
- Creio que a massagem finalizada com ejaculação é uma das melhores práticas sexuais já inventadas. Estou falando de modo geral e também de modo específico. Geral: o corpo massageado relaxa e se torna mais sensível. Específico: o preço é justo e mais importante do que beleza são boas mãos. E o risco de doenças contagiosas, em ambos os casos, é quase nulo: no máximo uma sarna adquirida de um lençol mal lavado. Coisa simples que qualquer pomada resolve.
- Leio Ana C. - que é um nome bem melhor do que Ana Cristina Cesar. É legal, mas não sei. Quero dizer: não entro numas com Ana C. Parece-me datado e super-estimado. Mas é que sou ignorante e poesia é um treco difícil pra chuchu. Li poesia na adolescência: Pessoa, que é quase um clichê; Leminskão por curitibanice e Vinícius, que é um poetinha muito do bacanudo mesmo. Depois disso teve M. Bandeira e o M. Quintana... e.... e... não lembro...Quer dizer: lembro, mas não vale. É que depois desses foi só na onda de ler aquilo que a gente acha que é importante ler. E, pra mim, isso da muito pouco certo. Sou um leitor limitado: não gosto de escritores que tenho que desvendar, a obscuridade não me atrai.
- As moscas estão voando por aqui. É uma pena, uma grande pena. Porque as moscas aparecem mesmo com a casa sendo limpa quase diariamente. Penso o que poderia fazer a respeito, mas nenhuma conclusão me agrada. Melhor me conformar com às moscas. Ou então partir para as fotos de nudez que tanto movimentam a Internet.
- Faço minhas contas. O plano ainda é o mesmo, mas evito o sofrimento. Sofrer não é importante, como achava uma ex-namorada. Sofrer é, no máximo, inevitável. Mas importante IMPORTANTE, não é. Meus planos, por ora, me bastam. Não são milagrosos, mas fazem parte do possível... Possível: as pedras que apenas pedras são.
5 de agosto de 2011
Mi Profeta Frustrado
- ESTILO seria me telefonar às 01:34 da madrugada, dizendo: "- Bora beber a saideira. Estou bêbada e eufórica e a culpa é sua. Não aceito um não."
- Desaparecer é mérito de mágico: exige treino e perícia. Desaparecer não é sumir. Estou falando sobre um ato bem ensaiado X um ato mal ensaiado. A idéia de que "simplesmente desaparecer" é um grande número é um erro que nenhum mágico comete. O mágico sabe que 40% do efeito da mágica está na antecipação do mistério, quando o bom mágico, canastrão como deve ser, anuncia: "- E agora vocês verão algo que seus olhos não podem acreditar..."
- A vingança de J é um bordão. J tem vinganças que sempre se manifestam - o que a torna uma pessoa bastante confiável. Mesmo que seu bordão, como não poderia deixar de ser, seja cheio de uma terrível maldade paulista - dessas que desconfiam de toda generosidade gratuíta. Mas, cá com meu umbigo, penso divertido: "- o que falta a J é a tolerância com os pecadinhos, a permissividade católica."
4 de agosto de 2011
Júlia Não é da Família.
4 -
- fim -
E foi isso. 3 dias geniais. Posso até dizer que me apaixonei. A Júlia foi a mulher da minha vida. Cheia de vitalidade e falante pra caralho. Uma coisa. Fodas sem fim e até café da manhã me trouxe na cama. Me disse, cheia de doçura: “- acredita que mesmo sendo dadeira (adoro essa palavra. Aprendi com o Caetano, sabia?) nunca tinha levado café na cama pra ninguém?”. Claro que não acreditei, mas que diferença faz? E depois que ela foi embora lembrei que tinha dito que sempre trepava em motel, pois ninguém que ela conhecia morava sozinho. Achei coerente. Acreditei nela: sou seu primeiro café na cama.
Júlia, Julinha, amiga irmã da minha prima preferida. Corpão absurdo e facilmente impressionável. Chegou até falar que, se viesse morar no Rio, ia me querer de vez quando. “Pode ser meu pau-amigo, né?” Descolada pacas, admito. Até fiquei com vergonha quando, em homenagem ao último dia, me ofereceu seu cuzinho. Descolada pacas. Será que minha prima é assim? Deus queira que não.
No último dia dela aqui era o dia da tal prova de resistência física. As provas eram sempre pela manhã. A Júlia voltava cedo, 14 no máximo. E, pra minha sorte, havia chuva e nenhuma chance de praia. Nesse último dia dei o melhor golpe da minha vida: comprei carne assada no bar e fiz arroz e salada. Requentei a carne assada com um tiquinho de rum e disse que eu que tinha feito em sua homenagem. Carne assada com rum importado nem pensar. Nem se fosse eu quem realmente tivesse feito carne assada. Mas colou e eu faturei seu cuzinho. Be-le-za, digo em sua homenagem.
A Julinha foi rápida. Descolada pacas, eu disse. Na hora de dormir se virou pro lado e lançou: não me encosta que eu não respondo por mim. Encostei e, bem, é como eu disse: Julinha a mulher da minha vida e quiçá minha futura buceta-amiga. 21 anos, meu Deus! Como pode? Quando contei pro Roberto ele achou que eu mentia. O Roberto, católico como eu, só acreditou quando jurei pela alma da minha mãe.
Minha prima me mandou um recado no Orkut: “Julinha te adorou, falou que você foi super gentil com ela. Brigadinha, primo”. Respondi: “que isso? conte comigo” e fiquei pensando se ela também é assim descolada. Deus queira que não.
- fim -
2 de agosto de 2011
be-ze-la ou be-le-za.
Entre as 21:34 e 23:47 me dediquei à mim (sic). Era uma bicha elocubrante diante da janela: olhava o Cristo e pensava, ouvia a música do Villa Lobos e pensava. Em outras palavras: eu pensava. E era isso que eu queria e foi isso que fiz. De modo que, mesmo seduzido, nem posso reclamar: era o que eu queria.
Não desejava encontros, papos de amigos, celebrações que nem cogitam a realidade do tempo. Porque o tempo é real, bem real. E dói e é bom e ruim e melhora também e tudo de tudo e etc - mas o tempo, ele mesmo, passa e, passando, fica. E a realidade do tempo é o que desejo pra mim e acho decente - porque, cá comigo, a merda seria achar que o tempo não existe ou é relativo, como uma fórmula matemática pop que se usa por aí quando se esquece que a tal fórmula foi formulada (sic) especificamente para reflexões matemáticas.
(Deus, em um sonho me disse, que perdoa e perdoará todos aqueles que um dia disseram "o tempo é relativo, Senhor." E à isso chamemos, sem pensar muito, de Coerência Divina. Porque Deus, se Deus existe, é só perdão.)
Fica assim: satisfação de experimentar uma ego-trip simbólica que só diz respeito à mim.
Como um tesão enrustido ou uma punheta secreta.
Fé, Fi, Fó, Fú(s.r)
- entrar naquelas carninhas que conheço bem. Lembrar dos lábios, levemente tortos, que você me acusava de ser responsável pela tortice. E à isso a gente chamava amor. E éramos felizes. Felizes de maneira geral; que feliz - FELIZ MESMO - só o Tom pegando o Jerry.
- os diminutivos eram o fetiche mais velado de todos. Só noto hoje: os anos passados, a vida pior, a generosidade promovida pelo tempo... poderia dizer SAUDADES, mas não seria preciso. SAUDADES é passional demais e, veja bem, éramos tão calmos em nossa agonia diária que SAUDADES seria fazer de conta que não prestávamos atenção naquilo que vivíamos... uma injustiça.
- posso tentar achar sua próstata?/ Pode./ Pensa bem, é meio viado isso./ Não é nada. / É sim./ Eu deixava até você usar uma dessas cintas. / Credo! / Como assim? / Imagina que escroto... eu com aquele troço... / Tem razão./ (...) / Mas é que eu te amo, entendeu? / Entendi, entendi... mas cinta não, né? / É... credo... cinta não. / Rá, eu te amo. / Eu sei... eu sei...
- tinham as férias. Tinha a certeza. Tinha o dia após o outro mais lento e pacífico do mundo. Uma briga pra foder melhor, um ciúme pra lembrar do amor e a vida... a vida era mesmo um grande plano, não era?
- não me chame de QUERIDÃO, não me chame de AMADO./ Você é intolerante, cara./ É, eu sou intolerante.
31 de julho de 2011
Domingo de quase verão no Rio de Janeiro.(s.r)
No bar da esquina não leio o jornal, mas estou com uma revista Piauí à tira colo - revista que é o melhor e o pior ao mesmo tempo: afetada, deslumbrada e metida à besta, mas ainda assim uma revista que traz coisas ótimas como as cartas do Cortázar(de quem nunca li livros) e matérias de cunho social nada suspeitos.
Seja como for, estou lá e faço planos. (Fazer planos... fazer planos é o "come chocolates" do F. Pessoa.) E, entre os planos e as carta do Cortázar, vejo as pessoas que passam e penso que meu tesão anda triste - já que se trata de um tesão sem direção e voltado pra qualquer par de pernas que use saias com rasgos laterais lindos e deslumbrantes.
Lembro, agora, da gerente do banco: linda. Cara de passarinha com asa quebrada, jaqueta jeans à lá anos 80 e um vestido que tinha o tal o rasgo tesudo. O vestido era, como uma "pérola no fundo do copo", estampado com flores. E, cá com meu umbigo, acho que a passarinha-gerente me olhava com generosidade - à ponto de eu, mesmo tímido, ter pensado seriamente em lhe deixar um bilhete esperto com meu telefone(o que não fiz porque pensei no ridículo e antecipei o ridículo; e também porque, ora pois!, sou tímido mesmo). E, mesmo tímido, tive a capacidade de fazer mil perguntas pra gerente que me atendia (que era outra: de terninho e sem estampas florais) de quem descobri coisas idiotas, mas divertidas: a) de Belém, mas na Tijuca há 2 anos, b) adora Tacacá, c) gosta de teatro, mas nunca viu, d) diz que comentará com as amigas que conheceu um diretor de teatro(sic), e) parou de fumar por conta de uma úlcera, f) adora o RJ, mas sente falta das amigas e g) me considera seu vizinho porque ela trabalha no Itaú aqui ao lado e exige que eu passe lá quando tiver uma peça no RJ(isso porque a conta que eu abria era pra apresentar minha peça em outras cidades).
Mas volto ao assunto: o tesão sem direção. Tem um puta texto ótimo que fala sobre sexo e que tem a ver com isso e que me fez pensar o óbvio que ulula pleno como sempre: mundo de merda. Esse texto, esse belo texto que poderia ter mais letras e frases, me faz desistir - com alegria - de escrever sobre isso.
E, mesmo tentando resistir, lembro do facebook e seus eternos feeds otimistas e falsos, nos quais o grau de desespero pode ser medido pelo grau de otimismo. (Como se otmismo tivesse a ver com alegria, como se otimismo fosse um "a vida pode ser boa, galera!" em uma atualização).
Fica o domingão e a revista metida à besta que é a Piauí.
Cortázar, amigo, confesso que tenho preconceito contigo por conta dos que tem lêem e que te evocam a cada vírgula e/ou micro conto. Mas é preconceito, eu sei. Quando eu te ler provavelmente mudo de idéia- assim espero. Ou então serei eu a vítima do preconceito, quando todos dirão: "que abusrdo você não gostar de Cortázar."
Mas, se for o caso, eu me consolarei: - "o que são esses feeds que não micro-contos mal resolvidos de um otmista fofoqueiro e auto-displicente?"
E dormirei em paz - porque paz pode vir em "horas descuidadas" quando o nosso preconceito, ternamente cultivado, se revela verdadeiro.
29 de julho de 2011
Talvez assim.
Sentindo a agonia de leve como quem tenta domesticar uma puta; como quem, em inocência forjada por telenovela, acha que é possível domesticar uma puta. Esquece-se da putisse da puta. Que tem a ver com sua sujeira, com excessos, com o curto prazo de validade, com os lugares sujos e as gentes degradantes que inevitavelmente aparecerão. Que não há luxo, nem cocaína pura, nem porres livres, nem erva boa, nem homens nem mulheres livres, nem nada, que liberdade é um ideia cheia de beleza e encanto, mas que é só isso, uma ideia - a não ser que você esteja preso e essa liberdade não seja uma punheta intelectual para filhos de hippies e de ex comunistas.
Sabendo que eventualmente vem o gozo, que a cara borrada tem charme, que Deus cospe uma gente morna, que assim, mesmo sem sentido, a puta tá na pista e aprendeu a apanhar - o que não é vantagem e, na maioria das vezes, apenas deixa a casca da puta dura, a pele amarela, o gozo histérico, essas coisas. Que apanhar só regenera idiotas, assassinos, pilantras e evangélicos.
Salvando as carnes com camisinha e lembrando, a cada nova investida do quadril, que foi a puta, sempre ela, quem nos pariu.
26 de julho de 2011
Júlia Não é da Família.
3 -
A coisa é estranha. Tem mais de 10 anos à menos e sou católico. Lembro da minha prima. Porra, será que minha prima é assim também? Mas prima é família e família é sagrado, o Papa falou e a gente sabe. Pecado antes dos 18 não conta. Eu 16 e ela 12. Quis ver meu pau e eu mostrei. Perguntei se ela queria encostar e ela topou. Esticou o dedo e tocou rapidamente. Não é pecado, né? Coisa de criança.
Mas a amiga. A amiga tem 21, veja só. Mais nova que minha prima – minha priminha que tocou meu pau com o dedo indicador. Mas ela não é família e, bem, o catolicismo é tolerante com os pecadinhos, a gente sabe. Deus abençoe os católicos.
Quando minha prima perguntou se ela podia ficar aqui eu perguntei: - mas ela é mesmo sua amiga? E ela disse: “sim, irmãzinha. Você vai gostar dela.” Confio na minha prima, confio na família. Sou um Corleone.
Eu tava meio com dedos com ela. Júlia o nome dela. Mas aí eu notei: to com dedos porque é novinha e amiga da minha prima. Família é sagrado, mas ela não é família. Pensava isso quando entrei no banheiro. Ela já tinha tomado banho. A casa é pequena e o banheiro é colado no quarto. Cagar é um problema. Os peidos sonoros atravessam a porta de plástico sanfonado. É constrangedor. Paciência. Fico sem cagar. Cago quando ela sair.
Mas quando tomava meu banho, eu vi: dermacity: sabonete íntimo para mulheres do séc. XXI. Vi e automaticamente fiquei livre. A Júlia não é família, afinal. É só amiga da minha prima. Da minha prima que, apenas por acaso e hormônios adolescentes, tocou no meu pau com o dedo indicador quando eu tinha 16 anos. E minha prima, até onde sei, não usa dermacity.
25 de julho de 2011
ea.
Nunca entendi as histórias que você conta e os amores que você perdeu. Sempre achei estranho isso tudo e sempre preferi o silêncio calmo e blasé.
É que tem esse ruído que você insiste. Algo estranho e chato. Como um que achando-se muito ocupado, não percebe que a vida não é, via de regra, tão interessante assim.
Estou sendo deliberadamente abstrato. Jorro minhas coisas e atualizo meu blogue. Mas o que quero dizer é idiota e mesquinho: sua arte de sumir, sua habilidade de ignorar não é charme ou tesão; é tédio e desejo de ficção... tão mais decente dizer NÃO, dizer NUNCA, dizer FODA-SE. O seu TALVEZ é a criatividade pela culatra...
Seja como for, fica a impressão que estou falando disso sendo que é daquilo que estou dizendo. A diferença não é muita, mas existe. É um corte fino e cruel que constrange todos nós: separa a idéia da ação.
É que tem esse ruído que você insiste. Algo estranho e chato. Como um que achando-se muito ocupado, não percebe que a vida não é, via de regra, tão interessante assim.
Estou sendo deliberadamente abstrato. Jorro minhas coisas e atualizo meu blogue. Mas o que quero dizer é idiota e mesquinho: sua arte de sumir, sua habilidade de ignorar não é charme ou tesão; é tédio e desejo de ficção... tão mais decente dizer NÃO, dizer NUNCA, dizer FODA-SE. O seu TALVEZ é a criatividade pela culatra...
Seja como for, fica a impressão que estou falando disso sendo que é daquilo que estou dizendo. A diferença não é muita, mas existe. É um corte fino e cruel que constrange todos nós: separa a idéia da ação.
23 de julho de 2011
Júlia Não é da Família.
2 -
Ela é mesmo serelepe. Quando viu minha casa deu risada. Falou “ih, só tem uma cama” e gargalhou. Finge que vai me dar. Sei não. Gratidão tem limites. E fingir que vai me dar é mais inteligente do que me dar. Mas, pensando bem, ela não é inteligente. Opa, sendo assim, eu como ela. “Vou te comer com muito amor, benzinho”.
Três dias. Até prova de resistência física tem. Vai correr 2 km em 20 min. Não faço idéia se isso é difícil ou não, mas solto um “Caramba”. Ela gosta e me pede um cigarrinho. Reclama do filtro branco, benzinho, reclama. Tem bebida sim, whiskey e rum. Rum pra temperar as carnes, eu minto. Ela me acha o máximo. Sei fazer carne de panela com rum e sou o máximo. Pena mesmo isso das provas serem de manhã. Quer dançar, vê só. Pergunta se toparia e eu desconverso.
22 de julho de 2011
Júlia Não é da Família:
1 -
Meu ódio é minha liberdade. Mas ela não entende isso e me acusa de piegas. Diz: “O lance é o amor, bonitão”. Meu cu, é o que eu penso e não falo. Amor sim é que é piegas. Até o cabeludo judeu falava isso em 00. Amor indiscriminado, Deus que me perdoe. Amar idiotas é pecado. Jesus, Judas e o Papa concordam.
Ela ainda me manda: “Quero ser feliz. Ser feliz é o que importa na vida”. Eu ouço e até sorrio, mas, por dentro meu ódio cresce e ganha um objeto. É você que eu odeio, benzinho. Mas ela nem desconfia. Tá serelepe porque acha que me deu uma letra. “Sacou a letra, né Bonitão?”.
Então eu falo pra ela sobre o amor. Ela acha lindo, diz “eu sabia que ai dentro morava um cristalzinho”. Falo bastante pra ver se ela cala a boca. Cristalzinho? O que vem depois? Na verdade eu to falando sobre o ódio, mas, por conveniência, troquei a palavra. Onde diria ódio, digo amor e ela se dá por satisfeita.
Amiga da minha prima. Gostosa e burra como a minha prima. Veio prestar concurso pra Marinha: assistente social. “Na Marinha tem vaga pra isso, é?” “Claro, TODO O MUNDO precisa de assistente social, ta ligado?” Claro que to, to super ligado. To tão ligado que penso que o mundo é mesmo uma bosta.
21 de julho de 2011
ngrm
Vivendo
apenas como quem
ganhando um tanto
adianta outros e imagina
belos dias quando,
unindo o útil ao agradável,
nem lembrará
daquela época em que
o mundo não era nada bom.
18 de julho de 2011
09082007.
(achei isso num desses arquivos que a gente tem e usei pra atualizar)
Os olhos cinzas dela não eram meus. Mas eu entendia a agonia e lembrava de mim mesmo e também das manhãs frias de Curitiba.
Levantava, sentia o frio na pele e limpava o rosto com as pontas dos dedos e um tíco de água fria. Escola, eu ía a escola. Tinha uniforme e, por conta do frio, eu usava ceroulas, toca e luvas. As manhãs de vento frio: mochila nas costas à caminho do ponto de ônibus. Eu estava vivo da maneira mais plena que se pode estar: não pensava em nada disso.
Era um desbravador, uma criança, um idiota que se sentia ousado por sair da vila. Mundo, vasto mundo, eu aprendia versinhos na aula de português e voltar de ônibus pra casa era um tipo de farra. Amigos andando no centro da cidade, pegando o ônibus pra vila no centro da cidade, sentando atrás, falando alto e as meninas que usavam calça jeans riam das nossas piadas. Tudo fantástico.
(...)17 de julho de 2011
nem Touradas, nem Boxe.
Sopro a fumaça do cigarro. A mesma que me da tosse e catarros incrivéis. Fumaça azul quando a luz é generosa e os olhos mais generosos ainda. Quem, sendo fumante, nunca se surpreendeu ao perceber que a fumaça do cigarro é verdadeiramente linda? E ainda tem os desenhos loucos que ela faz.
Telefono pra mamãe que pensa em mim e se preocupa comigo. É assim que é: ela se preocupa e eu digo que tudo tá bem. Há equilíbrio. Mamãe, eu sofrer é parte de estar vivo e paciência. Não volto ao seu útero porque não dá e porque Deus(seja quem for) não quis assim. Equilíbrio, lembra? Nada é perfeito e sofro por aí, mas, pense bem, o que você, como mãe, poderia fazer, já que colocar-me novamente no seu útero é impossível? Te acalma mulher, seu filho sofre como sofrem todos os filhos. E isso é uma benção: porque para sofrer é preciso estar vivo.
(Minha mãe se torna mais calma quando namoro. Acho que é uma lógica de bicho. Assim: há algum útero perto - mesmo que não seja o meu.)
Dou meus passeios e fico horas na cult livravria do pop cinema. Olhos preços, vejo títulos, tento me deixar levar, mas termino com um Hemingway Contos Volume 3. Gosto do tiro certo e do dinheiro bem gasto - o que é comprovado com o primeiro conto, no qual a história (ela mesma) é reta e boa e nem exige que você compre a idéia. Le-e-gal, sussuro enquanto lamento a derrota da Argentina.
No supermercado tinha carpaccio e rúcula. Invento que o mundo conspira a meu favor e vislumbro arrotos melhores dos que os já bons arrotos de sushi. Que, cá comigo, sei: o bom da comida japonesa é o arroto sabaroso que ela proporciona.
Então arroto: pelo passado e pelo futuro. Que o presente, vamos lá, é algo apenas valorizado por hippies decadentes e por jovens desesperados. Quem, vivendo bem, super-valoriza esse instante chamado presente?
Meu até logo e meu adeus. Na rádio UOL há música clássica na playlist e toda decência que a música clássica acarreta. Eu poderia falar mais, mas não é o caso.
Sofrer e gozar é muito parecido, eu aprendi.
Assim como a Elisa que, acima de nós, desempenha seu papel e conquista, sem saber, os homens mais idiotas da terra. A Elisa, no caso, é aquela que um dia redime a humanidade.
Como Maria, a virgem grávida e mãe de Deus. Ou seja: uma confusão dos diabos.
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