- o imbecil cria sofrimentos para se sentir vivo,
- ao que sofre sente que a vida existe e,
- moto-continuo, se torna dependente da dor causada pelo sofrimento.
9 de maio de 2010
O sofrimento como bibelô
7 de maio de 2010
"é clichê. mas senti uma solidão fudida", ela escreveu.
6 de maio de 2010
pelo prazer, pelo prazer...
5 de maio de 2010
sem unhas roídas.

Capeta desses bem pequenos que se guardam em garrafa e que vira assunto nas novelas.
Meu capetinha dentro da garrafa de vidro e eu sussurrando pra ele: isso, isso mesmo.
Meu diabinho-camarada rindo com sua boca pequena e frágil.
Meu capetinha meu.
Depois dele sair, ele, tadinho, achou que ficaria grandão. Ele, capeta-coitado, achava que era pequeno por causa da garrafa.
E nem entendeu que o tamanho dele nada tinha a ver com o vidro e com a aparente prisão.
Meu diabinho do lado de fora escalando os aquários.
Meu capetinha meu: o rabinho, os chifrinhos e o corpo equilibrado em duas bolinhas gude.
Meu capetinha meu.
Depois que saiu da garrafa me disse: mó tristezinha, mas ainda queimo os dedos daqueles que me pegam.
Eu concordei e não toquei nele. O capetinha-diabinho tem lá suas razões.
Mas, de qualquer maneira, ele impressionava mais na garrafa.
Uma pena ele ter saído de lá.
4 de maio de 2010
culpe o whiskey
3 de maio de 2010
Eu não gosto das dancinhas que eles fazem.
2 de maio de 2010
o cretino com garras e esperança.
Mas não tem nada. E tem o cheiro de velho. O bolor idiotizante e repetido. A agonia de desejar muito e saber que desejar muito é se frustrar. O alimento vomitado e comido. O tempo fatal agindo e mostrando o quanto a liberdade é uma idéia estúpida e equivocada já que só nos repetimos. ( E Nelsão novamente me atinge ao mostrar sua consciência cruel e implacável: "Eu não existiria sem as minhas repetições.")
E, agora, com 28 anos, já não dá mais pra ficar culpando Deus e o mundo. Porque, agora, com 28 anos, eu nem acredito em Deus ou no mundo. Mas na culpa eu ainda acredito. Porque não sou burro e sei que a culpa existe. A culpa existe, criança. Negar a culpa é perfumar merda, é acreditar que a consciência - a consciência, sim!, te redime de alguma merda. E ta aí o erro: a consciência apenas te mostra a culpa e a falta de saída.
Mundo de merda e raves. Raves com drogas e ideias sublimes: raves-ecológicas, raves-classe média, raves-mundo melhor, raves-patrocinadas pela Petrobas, raves-um país de todos.
E eu? Eu nada. Eu discurso no meu blogue faminto. Eu vómito comido e dedo em riste. Eu apontando pro céu sem ter dedo ou direção. Eu só falando de mim, por mim, através de um blogue na Internet. A Internet que se pretende muito democrática e acessível, mas que nem é e nem sabe. A Internet que aponta em tantas direções que mostra que ter direção é uma bobagem porque tudo, absolutamente tudo, é uma bobagem.
E que sejam abençoados os idiotas - crendo no impossível e praticando sexo virtual. A liberdade de quatro e escancarada. As crianças tristes em companhias pedófilas.
E eu? Eu sou a bichinha que põe música clássica pra escrever. A bichinha que escreve. A bichinha a-pai-xo-na-da pela escrita. Cheio de ambições secretas, cheio de merda triste, cheio de sonhos infantis que são confrontados com os 28 anos de incapacidade e falta de senso prático.
Teatro ou escrita. Amor ou buceta de ouro. Mentiras alimentadas por mim para minha satisfação. O egoísmo articulado num blogue, em mais um blogue que é o seu próprio blogue. (Nada que se compare a realidade da velha que pediu pra cheirar minha garrafa vazia de cerveja porque não pode mais beber depois de ter ficado 15 dias na CTI.)
Mas é pelos gritos que eu vivo. E isso quer dizer incapacidade e não genialidade. Pelos gritos. Pelos milagres. Pelo desejo impossível. Pela falta de senso prático. Pelo idiota que se vira. Pela esperança tosca de Domingo ser melhor do que Sábado que, por sua vez, será melhor que antes. Desculpas de crianças tristes. Tristezas de crianças velhas. Velhice de quem espera novidades pelo telefone. E esse quem que espera - que sou eu - sabe que nada disso acontece ou acontecerá. A gracinha do mundo como a grande gag de Deus. Deus velho e gordo, já sem paciência pros detalhes ou sutilezas.
E claro que há esperança. Esperança sempre existirá. É da natureza da esperança o sempre. Ela não precisa acontecer pra ser o que é: Esperança.
Então estamos aqui e existe uma roda. Ou melhor, duas rodas. Uma é a ciranda com pretos e índios que seguem a música no bom e velho 1, 2, 3. Outra é o carrossel com cavalinhos pintados de branco e olhos fixos no nada girando em torno do próprio eixo. As opções são poucas, mas, mesmo assim, a gente ainda as considera: rodar eterno com os próprios pés e índios e pretos; girar em cima dos cavalinhos; ser um dos cavalinhos. Ou ainda: ver as duas rodas e achar que não tem nada a ver com isso. É uma escolha difícil e é como é: sim ou não ainda são as respostas que importam.
E, mesmo assim, a sabotagem ainda é uma grande forma de explicar tudo. E tudo, a gente sabe, é o que não importa. Minha ode e minha oração: sabotar apenas no blogue me parece um bom começo.
E claro está que competência não é o meu forte. Eu tenho gracinhas também, o que, enfim, só complica mais as coisas. Mas a gente se vira como pode - como a velha que cheira a cerveja. É legítimo, eu sei. O que não quer dizer que seja seu desejo para-a-vida-inteira.
De forma que chutar um gato morto ainda é empolgante. Assim como ter um blogue e delirar com o auxílio de drogas.
" - eu sonho, minha coisinha, eu sonho...e você?"
" - é...bem...eu ainda...não sei..."
" - eu entendo, minha coisinha, eu entendo."
" - haha...te amo agora..."
" - hahaha...te amo sempre..."
1 de maio de 2010
#
Meu delírio é uma buceta de ouro.
A única mulher
e as promessas de sol que ela traz.
A mulher e sua buceta de ouro,
a cura e meu delírio.
Apenas um porre.
Em noites frias ela me convida pra beber cachaça,
em dias longos ela me faz cafuné.
A mulher de ouro,
a buceta de diamante
e meu desejo de fazer uma mulher ser a única mulher.
Sem bundinhas pra ver na beira da praia,
sem jovens iogues e suas posições tântricas
sem adolescentes e peitos que levitam.
A mulher buceta-berço-e-caixão,
mulher dessas antigas
que não precisam provar que vivem no séc. XXI.
Mulher linda e calma.
Minha e só minha
a fazer promessinhas apenas pra me agradar.
Sem dizer não,
sem negar,
sem ter medo de me enganar.
“Mentirinha do bem”, ela diz.
Os dedinhos crispados dizendo
fumar menos,
sofrer menos.
Mulher buceta de ouro e diamante
minha só minha
porque eu a inventei
e ela acreditou.
29 de abril de 2010
benzinho.
Minha dica é: use o telefone. Mas se quiser mesmo ser eficiente, meu benzinho, eu digo: afaste as pernas devagar, ainda com a calcinha, olhe nos olhos dele e diga sem ser vulgar ou infantil: - me c-o-m-e.
E dê pra ele sem pressa, meu benzinho.
É claro que eu vou morrer de ciúmes. Eu sempre morro de ciúmes. Sou possessivo, benzinho. Meu pau só fica duro quando escuta: - sou sua.
Sabe, benzinho? Fiquei pensando nas coisas. Achei tanta resposta triste, benzinho. Até imaginei você mentindo pra mim, vê só. Absurdo, absurdo.
Mas, benzinho, entenda que hoje tá chovendo e que, por isso, senti uma saudades enorme. A chuva lá fora, benzinho, me fez lembrar de quando você, cheia de remelas nos olhos, dizia enquanto encaixava seu quadril no meu: - vamô fazê naninha, vamô?
veneninho
28 de abril de 2010
Sempre o mesmo registro estranho e sinistro: o tempo presente. Porque 'no tempo presente fica parecendo possível', disse a Fá. Minha punheta com sonhos faz eu querer que eles tenham sentido. Pergunto pra mim mesmo como carneiro bem treinado: - o que o seu subconsciênte quer dizer pra você?
E, sejamos francos, é impossível viver bem pensando esse tipo de merda. Então tomo uma dose antes do almoço e rezo pra não sonhar mais. Ou então pro sonho virar realidade. Ou ainda pra eu não me impressionar. E há também a possibilidade de não dormir.
whatever
Não houve fodas fantásticas,
não houve café na cama,
não houve beijos de boa noite.
não houve dedos no cu,
não houve olhos abertos.
foi joystick
e foi gamão.
Não houve jornal aos domingos,
não houve piquiniques no sol,
não houve sexo como cantos da morte.
Foi mi-mi-mi,
foi fuque-fuque,
foi tédio
e foi repetição.
27 de abril de 2010
2 cervejas.
26 de abril de 2010
de cá pra lá
- A gente inventa nossas fugas e por isso somos adultos. Sim, mentir pra si mesmo é decente e maduro. M-a-d-u-r-o, eu disse. E o grau de maturidade é definido por duas coisas: a elaboração da mentira e a consciência de quem mente. É isso: o adulto ideal é um mentiroso convicto. (Nota. Convicção: capacidade de elaborar uma crença, um modelo, um ideal.)
- A merda tá ali e é velha. Não dá pra não notar. A merda fede e é marrom. Você conhece a merda. Não há novidades, mas, mesmo assim, você fica puto quando pisa na merda. A merda melando seu sapato. A chatice de limpar a merda do próprio sapato. E o inevitável sempre e sempre: a merda fede.
- O erro da psicologia é a busca pela verdade. É em nome da verdade que as grandes cagadas são feitas. Aquele que diz "sou sincero" acha que "ser sincero" o legitima a dizer o que quer que seja. O Sincero esquece que nem todos querem ouvir o que ele diz. O Sincero é uma besta que se julga esperta, um egoísta que fala mal dos egoístas.
- Pra ser Sincero, eu digo: - queria ser o Mandrake. Fazer flexões pela manhã, desvendar casos, ganhar dinheiro, comer todas as sobrinhas-Mader e beber vinho toda à noite. Ter nome e pica enorme. Esquecer das fulanas com as quais se trepou por mais gostosas que sejam. Ser Mandrake e ser invenção: o mundo correto e preciso de um roteiro bem escrito.
- Os cretinos sempre sentem saudades. Sempre dizem: "muitas saudades". Os cretinos são os cretinos e também falam: "eu te amo" e " Deus te abençoe". Eles acreditam em Deus e no amor. Os cretinos são simpáticos e generosos. Eles são convincentes, os cretinos. Entendem tudo, são um poço de compreensão. Os cretinos são os melhores amigos de uma dúzia. São perigosos, os cretinos.
- Negar uma mulher bonita sempre será uma tristeza profunda. Só as feias não entendem o apelo que a beleza tem. Mas há as contas matemáticas: lindas e tristes, normais e radiantes, feias e sem jeito mesmo. A mulher ideal é bela e radiante. O homem ideal não existe: é, no máximo, lindo e burro. Mulheres são exigentes. Exigentes e tristes, eu insisto.
- Cagar regras é um prazer sem fim. Sentir o cuspe na cara não chega a ser uma surpresa. Meu engano e minha mentira: eu mesmo - com mais ou menos tolerância. Eu me acho, claro está.
- O telefone toca, mas eu não atendo. Vai que eu sei quem é que me liga. Eu me protejo e tenho as minhas fugas. O Aldir Blanc entende. Melhor o álcool do que o erro. Um versinho bem feito e o milagre tá na mesa. Só assim só. Eu mesmo até o fim.
24 de abril de 2010
relatinho.
É como se fosse possível fazer adivinhações. Não por milagres ou misticismos, mas por cálculos. Euforia velha. Em dois ou três minutos há o vislumbre enorme. Alimentar vislumbres é o cheiro do cachorro molhado.
23 de abril de 2010
Meu puta-merda é minha oração.
Rio de Janeiro do caralho. Por um lado a glória de ter um povo que tá se fudendo pra realidade e suas funções. Por outro, a merda de ver algo simples e rápido se tornar complicado e lento.
E quem explica? A outra opção é a eficiência Paulista...
Deus! Mundo de merda e meu ódio, graças, é real e palpável. Eu odeio. Eu não me sinto mal por odiar.
Então eu leio. Organizo a merda pela leitura. Mas, por ironia, me toco que to lendo o que tenho e não o que quero. Encomendei um livro pela net que não chegou. E ler obrigado é ler obrigado. E quase viro vítima de mim mesmo. Mas, graças again, me toco: tô com um mau humor ancestral e não devo me levar à sério.
Tudo certo. Eu bebo, mas o whiskey tá no fim. O idiota do Coimbra diz que "A Grande Família" é mau escrito. Eu protesto e digo "tá falando merda". To de mau humor e idiotices não passam impunes. O mau humor é a falta de tolerância, é meu caga-regra.
Então foda-se. Crianças sempre serão crianças independente da idade que tenham. Burros reclamaram da falta de sentido como se sentido houvesse. Mulheres serão sempre melhores no meu pensamento do que no mundo real. O whiskey sempre acaba na hora errada e Nova Iorque é uma cidade e não uma solução.
A merda do mau humor é isso. Nada de nada. Sem piedade pra mim ou pros outros. Somos tristes e falhos. Procuramos soluções que não existem e inventamos sofrimentos pra se sentir vivos. Circo bizarro e ódio.
E eu também. Eu existo, né não? E, por isso, eu reajo e causo reações. Circo bizarro e triste, melhor dizendo. Meu saco tá na lua e crianças idiotas querem que eu brinque de roda. Mas eu to de mau humor e sei que não sou minha melhor companhia.
"dia sim
dia não
idiotas com alma
e coração.
dia sim
dia não
topar tudo
é não ter culhão."
21 de abril de 2010
Perdi.
20 de abril de 2010
meses atrás
Queria uma estátua. Eu e minha pança feitos de bronze. Ficaria debaixo do sol e da chuva com a mesma indiferença impassível: o sorriso torto na boca e um copo cheio de mijo frio.
*
Lá fora minhas sobrinhas correm pra cá e pra lá. Elas sentem um tipo de desespero que já senti: fazer o que for, aproveitar ao máximo o tempo que existe. Sinto uma saudade tremenda desse desespero extravasado, dessa busca cega, dessa loucura inocente. Porque hoje eu não acredito em nada disso e desconfio da inocência e do desespero.
*
Suborne fracos, feios e pobres. Todos os solitários numa ciranda belíssima e inútil. Aquele coletivo de tristes cantando a música mais feliz do mundo. E todos sóbrios e cheios de si, dizendo que o nunca não existe e que o pra sempre acontece em todas esquinas para quem tem olhos pra ver e ouvidos pra ouvir. Como se pros homens existir bastasse.
18 de abril de 2010
Domingo de sol, casa vazia e solidão satisfeita.
Atriz de Infantil.
17 de abril de 2010
blogueiro, não escritor.
atualizo e subo meu blogue. coisas pra dizer, mas sem a coisa-verve que faz escrever parecer um milagre. mas teimo mesmo assim. tenho blogue. sou blogueiro. não tenho culhão de ser escritor. não tenho culhão de dizer: sou escritor. culhão e talento, fique claro. como o já citado e deixa de novo pra lá.
então digo. assim: a água bate na bunda. é assim. uma mulher esperta faz isso com ele. ele outro, não eu. ele sabe. a fêmea fatal lhe dá letra precisa e ele sente o arrepio inteiro: da fêmea, da novidade, do fim, do desafio, do risco, da possibilidade do mal, etc. essas coisas. ele sofre. do jeito dele que conheço e posso afirmar: ele sofre. sai rápido e sente o peso da vida. me abandona no meio da cerveja. ele tá certo. ele frita e deve fritar. que frite em paz, eu insisto.
outra: no dia seguinte vi que meu pau sangrou. isso mesmo: sangrou. após 28 anos de convivência duras e moles, ele sangrou pela primeira vez. notei depois. pela cueca manchada de marrom claro. pensei: essa moça me faz o pau sangrar. questionei: o que isso significa? quem é a fêmea que sangra teu pau pela primeira vez? é rainha? é diaba? é louca? é xota-rainha? é o quê? a mulher que sangra meu pau devia ser um título de um belo conto de um puta escritor da pesada. meu pau sangrando. a água do chuveiro causa uma ardência mais dolorida que as ardências passadas.
eu e meu amigo. roupas diferentes, danças diferentes e fêmeas diferentes. elas sempre. terríveis. cheias de coisas que nem eu nem ele ativamos. elas loucas. elas sempre loucas. loucas porque é difícil entender e fácil se encantar. elas lindas. choros e desesperos em peito seu. eu e meu amigo e nossas dores. não se fala sempre, mas nunca deixa de ser entendido. ternura, casamentos, filhos e outros troços.
a vida arreganhada e estranha. sem medo e cheio de medo. porque é o que é, porque reconhecemos as grandiosidades, porque somos dois e, mesmo sem falar, entendemos que há dores intranponiveis.
cada um na sua e um zelo comum e cristão: desejar o bem do próximo.
15 de abril de 2010
quando ela me deixou.
14 de abril de 2010
lamento
13 de abril de 2010
relatinho, afinal.

Em casa e com foie-gras. Whiskey também. Deus abençoe papai e mamãe. E as sobrinhas, a irmã e o cunhado. Os amigos também, como não? Afinal, Deus é Deus.
12 de abril de 2010
fosse ressaca.
11 de abril de 2010
apenas três.
- As crianças não param de correr. Têm pernas e correm. Aquela vitalidade que quando não irrita, encanta. Até os cachorros fogem delas. Energia excessiva e explosiva. Amor e ódio em segundos. Vitalidade, eu repito. Capacidade de reagir à tudo. Falta de filtro: infância. É uma pena não poder voltar à ser criança.
- O ar gelado de Curitiba entra mais compassado. A ponta do nariz, fora das cobertas, começa a gelar. Enfio o nariz dentro das cobertas. Lembro de uma coisa e meu pau endurece desafiando o frio. Mexo nele, mas não insisto. Melhor dormir.
- Sexta Feira de Sanduiches e Pizza. Eu, meu pai e as crianças. Elas de uniforme da escola. Elas falam, elas não param de falar. Crianças, shopping, fila e sanduiches. Todos dormem à tarde. É um tipo de paz. É um tipo de mistério.
8 de abril de 2010
ela disse mais ou menos assim:
- eu não quero ser feliz. felicidade é um saco, um tédio. eu não. feliz fico chata, sabe? achando que tudo é como deve ser. vê se pode? prefiro bem mais a tristeza. ah, a tristeza. ela sim, cheia de coisa que me faz pensar. fico triste e contemplativa, sabe? entro numas, faço anotações e até telefono pros meus parentes do sul. tristeza é mais divertido, não é? faz a gente andar e pensar. eu ando um bocado quando tô triste, sabia? dô um monte de voltas, vou na praia e até na lagoa. até de noite eu ando. mas isso só quando tô triste. porque feliz, ah, feliz, é um saco, eu fico só me amando e roendo as unhas, achando que tudo tá bom como tá. um absurdo, não acha?
7 de abril de 2010
aquela beleza toda.
Então existe um inferno onde é possível dormir. Torturas lentas e agonias profundas. Sem motivos para reclamar. O inferno às vezes é apenas o inferno. O desenho na parede é cheio de imagens e cores - como os azulejos do banheiro da casa da minha vó que formava rostos sinistros e íntimos.
O sangue também forma desenhos. Esparramado e facilmente confundido com sujeira por olhos mais desatentos. O sangue-ninho e colo. O sangue que esteve no primeiro e também no último dia. Coincidências infernais e delicadas, gracinhas do mundo e flores no asfalto.
O som começa a sair. Mais claro e mais próximo. Um som que quero conhecer e que é mais velho que o mundo. Um trovão que treme entre os lábios ainda fechados.
6 de abril de 2010
No maldito facebook pululam os clichês: "a culpa é do povo e dos lixos nas ruas", "galera, vamos refletir e assumir que somos co-responsáveis" e "isso que dá jogar lixo nas ruas". As explicações bestas e velhas. Automáticas. As pessoas falando a mesma coisa que o prefeito fala pra justificar sua omissão. É um circo. Uma bizarrice. Gente transmitindo consciência pelo facebook é quase um abraço na Lagoa: inútil, porém chamativo. E o que mais me impressiona é o como isso é repetido de boca cheia, como se fosse uma descoberta, uma eureca, uma verdade. Queria ter culhão pra responder à todos que escrevem essas baboseiras. Seria cínico: "olha que engraçado, o E. Paes falou a mesma coisa." ou "realmente, o único culpado é o lixo nas ruas. Sem lixo nas ruas o mundo seria perfeito e feliz."
Mas não tenho esse culhão e sou discreto.
Na cbn a merda velha e gente mandando 30 mil mensagens que dizem exatamente a mesma coisa. O inferno, mas o inferno conhecido e sem surpresas. O inferno flat, o inferno lounge. O diabo não existe e é apenas um boi vermelho de patas invertidas num desenho animado na TV Xuxa. Nem medo dá pra ter.
Blogue, é?
A fêmea ideal é a única que importa. Todo o resto é arremedo e tentativa de conserto. Ela não existe, mas quem precisa da realidade?
- Uma vez por semana ela te acorda com uma pequena xícara de café. Sem pão, sem frutas. Apenas ela sentada na beira da cama com uma xícara de café, dizendo: “- ta na hora, meu amor”.
- Pelo menos a cada 6 meses há um boquete do nada. Ela começa a te chupar sem explicação. Você pode estar dormindo, vendo o sagrado futebol ou apenas distraído. Quando você pergunta “Que isso?”, ela apenas diz “Aproveita”. Você goza e ela ri cínica e poderosa.
- Em uma noite fria e de chuva, ela lhe oferece uma sopa. Diz: “caprichei no bacon que sei que você adora”.
- De manhã, você cheio de mal humor nota que ela quer falar ALGUMA COISA. Você pergunta “o quê?” e ela apenas fala “Depois te conto”.
- Após uma briga triste e destrutiva, ela confessa: “ Eu tava de TPM, desculpa.”
- Ela manda uma mensagem por celular. Escreve “saudades”, você não responde e ela nunca mais comenta sobre isso.
- A cada 3 meses ela elogia seu pau. Fala que ele é o do tamanho ideal. Nem grande nem pequeno. Perfeito pra vagina dela. “ A curvatura perfeita”, ela ressalta.
- Depois do restaurante, ela diz que você tinha razão ao discutir com o garçom.
- Ela consegue te chamar de “meu homem” sem ser piegas.
- Acha que todas suas amigas lhe dariam apenas porque ela te dá.
- Ela diz “eu te amo” como quem conta um segredo.
- No meio da mais fantástica foda, ela te xinga e sente raiva. Você entende o elogio.
- Uma noite, depois de gozar muito alto e com muitos gritos, ela diz: “ ai, não sei o que aconteceu comigo”.
- Ela lê seu blogue e nunca comenta. Deixa você escrever o que quiser sem se sentir afetada.
- Ela fala em filhos e casamento antes da hora e nem nota que falou disso.
- À tarde ela te liga e pergunta se você ta ocupado. Conta um monte de coisa sem sentido e, antes de desligar, solta: “- que bom que eu posso desabafar com você”.
5 de abril de 2010
outro coelho.
4 de abril de 2010
Via Sacra - Sexta Feira da Paixão.
Então atacamos em dupla: noite quente, álcool no sangue e ela quer se mexer. Eu topo.
Sexta Feira Santa: da Figueiredo até à Prado Júnior.
1 de abril de 2010
O peito aberto pro infinito.
A organização do meu mundinho e da minha confusão na tela brilhante do computador.
Escreve-se para se salvar. Escreve-se para ser mais bonito, mais triste, mais doente, mais louco. Escreve-se para ser mais: para cometer pecadinhos infantis e para forjar controle nas coisas incontroláveis.
(Escrever, pra mim, é a tortinha de limão lambuzando sua boca e te deixando risonha.)
A escrita como fuga e salvação. É diferente do cara que diz cheio de culhão - como um Mirisola: eu sou um escritor.
Eu sou bundão pra isso. Me peguei emocionado, veja só, em ver virar papel 45 págs que eu tinha escrito. E fiquei tão feliz. E sabia que aquela felicidade era tão besta, mesquinha e infantil. E tava alí, orgulhoso de ver as 45 págs escritas transformadas em papel.
Olhei aquilo e disse pra mim mesmo: bonito!
E morri de medo ao pensar em dizer: eu sou escritor. Sou bundão, eu repito.
Ser blogueiro de alguma maneira me satisafaz. Vez em quando um comenta e penso: que ótimo, nem tinha essa intenção.
Talvez seja meu apego ao controle, talvez seja meu medo dos que leêm, talvez seja só mais uma pretensão que tenha receio de se arriscar.
Então, pelo sim pelo não, eu escrevo: cartas, arquivos secretos, contos e peças inacabadas. Tanto faz. Minha fuga-escrita e meu tédio ansioso. Eu sou minha merda sendo eu mesmo, Mirisola me ensina. Que seja.
Cada um tem a terapia que merece. Mais ou menos eficaz é apenas uma tentativa de se salvar.
Seja pela escrita, pela foda ou pelo especialista que te diz o que fazer. Desespero materializado em formas diversas: a mesma jogada.
Por isso rôo meu osso sem tentar me afobar. O mundo tá rodando e, pra minha infelicidade, eu tô nele.
Sou triste e sou feliz e sei que triste/feliz não é importante. A mesma moeda e o cara e coroa da mesma moeda: acho bom assim, aprendi assim e me sinto mais esperto por saber disso assim.
As palavrinhas escritas e brilhantes: minha satisfação secreta e minha ambição velada.
Sou discreto, eu insisto. Sou bundão, eu novamente repito.
"30 vezes em 1 dia e nenhuma comoção. 30 x 1 é 30 e 30 é o que será. Confundir 30 com 300 é tão idiota quanto ver 3 e pensar em 30. E que fique claro que ninguém falou de 1.000."
31 de março de 2010
"vem vem vem ver o circo de verdade"
( explico: no meio desse texto, quando saí, essa música voltou da minha infância com o quarteto em cy. não achei com esse grupo no youtube e nara é nara e é narinha. fez sentido, é o que quero dizer. em último caso, digo: leia o post e ouça a música. ou vice versa. uma coisa de cada vez. como, às vezes, deve ser.)
Quando você for me dá. Se você for me dá de novo, eu peço: abra as pernas com ternura como quem oferece uma preciosidade.
Eu sei. Teve muita gente que passou por aí e que passou batido, eu sei.
As camas sãos frias e tristes às vezes. Os porres e os excessos são as velhas desculpas.
A ressaca e o ôco no dia seguinte são, tantas vezes, inevitáveis. É uma pena, eu concordo.
As luzes que brilham tanto na night de orgia e libertação quase não resistem ao nascer do dia.
Entenda: não há julgamento. Todos nós passamos por isso e, de certa forma, é importante ter essas experiências. Inclusive para não confundir as coisas, achando que o giroflex da boate é um mini-sol preso dentro de uma caixa elétrica que roda em 110 v.
Só por isso eu peço: me dê com calma e generosidade. Sem pressa pra gozar ou pra mudar de posição. Deixe que as próprias carnes encontrem o seu ritmo. Talvez nem seja a melhor foda do mundo. Talvez seja péssimo. Talvez haja uma descarga profunda - dessas ancestrais que molham colchões e estouram borrachas.
Quem sabe? A chance de uma ou outra coisa acontecer é exatamente a mesma.
Eu confesso: gosto de sacralizar a buceta. Não sempre, mas às vezes gosto. E, de vez em quando, como no seu caso, faço questão: aquele amontoado de carnes sobrepostas em lábios grandes e pequenos se tornam a Xota-Rainha diante dos meus olhos. O milagre da transformação.
Não porque a água de fato virou vinho, mas porque todos os presentes acreditaram - e acordaram - que a água era vinho. Ou como a hóstia que ao invés de ser simples água e farinha se torna o corpo do Cristo.
Se for pra me dá, eu insisto: esqueça esses paus idiotas que a frequentaram. Por mim prometo o mesmo: deixarei de lado essas bucetas que são apenas carne.
Sexo é fácil. Sexo se faz por aí: pagando drinks ou sendo indiferente - tanto faz. Os drinks não são caros e a indiferença é só um exercício de flexão da própria personalidade.
(E lembro do velho Nelsão berrando: - sexo é para gatos vadios! Nelsão: seu gênio e suas fatalidades.)
Portanto: que as carnes se resolvam e que sejamos inteligentes. Sem jogadas, sem promessas de eternidade e sem o excesso de habilidade que apenas denuncia o auto-controle que teme (e deseja) se perder.
Foder todos fodem, gozar todos gozam, falar todos falam. A diferença, pra mim, é o que se cria já se sabendo criação: o acordo do vinho e o acordo da hóstia em outras medidas. "A interferência do bicho-homem quando levada às últimas consequências".
Sem medo, sem receios e sem dó: os milagres possíveis flertanto com o Impossível. A única saída. A única esperança.
30 de março de 2010
A verdade é que sou cristão.
E, pensando bem, não quero fazer novos amigos. Basta o orkut, o facebook e sua horda de solitários. Eu tô ativo lá e, portanto, também sou um solitário. Se não desejo novos amigos é apenas porque não quero e nem acredito.
Ah!, esses amigos intensos de meses. A intensidade cheia de carinhos infinitos porque tem prazo de validade e passagem de volta marcada. Assim é fácil. E fácil nem sempre é bom. Assim como o difícil não garante nada.
O mundo tem mais sutilezas do que o não e o sim - pra minha desgraça.
Seja como for, eu volto. Eu mesmo, meu terror e minha glória, o único que posso ser. O que, infelizmente, jamais me impediu de fazer merda ou de mentir. Eu mesmo - meu egoísmo sem se importar com fidelidades de conveniência.
Repito: é muita gente chata.
Quando decido por mim e meu umbigo é isso: chato por chato, sou mais eu. Convivo há 28 anos comigo e sei da minha própria chatice. Eu driblo, sou goleiro e artilheiro ao mesmo tempo. Bem melhor e bem menos desgastante. Nada de procurar sentido em frases ditas por outrem.
(Ah, a liberdade. A liberdade e sua ilusão. Discursos sobre liberdade que provam o contrário. Ah, o grito. Comovente e frágil como todo grito. A força do grito provando o contrário. O grito de verdade deveria ser mudo. Ah, o amor. O desejo dele e a confusão. Ama à alguém ou ama ao amor? A incapacidade de amar revelada em números 'eu te amo')
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Tô lendo M.M e acho que ele me faz mal. Entendo toda raiva e desilusão que M.M sente. Como se me soprasse verdades antigas.
A gente é um cuzinho muito medroso. Inventamos desculpas pra enfrentar o tédio, a morte e as dores em geral. Como se houvesse pau - ou buceta - capaz de trazer a redenção. Como se houvesse redenção.
(E vislumbro que os neo-modernos considerarão "redenção" uma simples invenção católica. Garanto que me acusarão de tacanho e moralista. O que os neo-modernos não entendem é que a "invenção católica" não inventou nada que não existia, apenas se aproveitou das loucuras e pavores que já rondavam nossa espécie. Assim como não entendem que, dentro do cérebro, a invenção e a realidade acionam as mesmas áreas.)
Então leio ainda mais o M.M e o acompanho. Seus caminhos tristes e sua falta de auto indulgência. Ele é um cara cruel, é óbvio. Mas também é cruel consigo próprio. Ele cospe na própria cara e sofre com/por seu próprio cuspe. Há qualquer coerência nisso que me encanta.
E sei que me engano aqui também, mas tanto faz. Melhor se enganar do que mudar quem você é por ter medo de se enganar. Que a enganação seja inteira e completa.
Mentira boa é longa e bem elaborada. Tende, inclusive, a ser confundida com a triste verdade.
29 de março de 2010
ausência de título evita confusões, acho.
28 de março de 2010
"Foi só quando a bola dourada caiu dentro do poço que Joãozinho viu como ela brilhava."
também
eu sei eu sei muitas coisas foram ditas mas quem se importa dizer os idiotas dizem ouvir os idiotas aplaudem eu não e eu nunca eu fico aqui eu estou só como sei estar não agarro guelras de peixes pre-históricos e não uso nenhuma maquiagem eu me acho eu me sinto bem eu cago regras via internet e eu declaro amor antes do amor ser real eu gosto eu falo sobre mim e não gosto das jogadas por isso invento eu mesmo e morro e mato por invenções que brinquedo por brinquedo eu brinco e se não brinco no esquema de lá é porque quero ser dono ser dono ser dono é normal desejar ser dono é ainda mais normal sou dono de mim porque sou arrogante e livre sou de mim porque não minto e porque abro o peito sem pensar que peito aberto é risco de assassínio e é e deve ser e quero que seja participar é bonitinho mas não comove prefiro um matemático que descobre o amor à um que berra sobre o amor sem nunca ter sentido a alma e a morte que o amor envolve gente que se proclama leve e tranquila e ignora o inferno minha vaidade é essa eu não ignoro o inferno eu meto essa eu grito eu erro eu deixo a bunda de fora pra provar que bunda de fora é o milagre que quero e evito ao mesmo tempo de fora os outros as histórias e os passados fazer todos fizeram caçar pérola é o meu barato e erro e peno pelos erros mas nem e daí as crianças se impressionam com passáros mortos e não sou criança mesmo que seja capaz de chorar com morte de coisas com asas eu quero asas sim e sempre mas eu não quero asas que sejam só desespero e tristeza irrustidos é pra ser muito que seja muito é pra ser nada que caia no esquecimento minhas gotas sou eu e meu delírio sou eu não quero provar e não quero cair no convencimento meu desafio é meu e não de quem quer ser desafiado dono de si milagre de encontros e jorros de esperma velocidade e potência é bonito e solitário e solitário é só o que é e não loucura os bois as cabras e as galinhas são mortos pra o natal jesus abençoa isso e tá tudo certo só me desesperarei por o que for realmente desesperador
27 de março de 2010
Escrevi numa carta e gostei.
Claro que generalizo.
26 de março de 2010
Bang-Soul-Bang

Enfiar o pau naquelas carnes e perder a cabeça. Perceber a taquicardia que aumenta e arriscar a morte precoce. A gente morre, você sabe. A maldita borrachinha separando as carnes.