15 de fevereiro de 2010

Ouço Angela Ro Ro e bebo mate com limão. Os cigarrinhos parecem eternos e infinitos. Fumaça pra dentro e pra fora. Quantos cigarros resultam num câncer, eis a questão.
Avanço no meu arquivo e tomo porres diários. Mas sem excessos: porres de 2 cervejas, 3 whiskys e 1 ou 2 páginas escritas. Adoro beber pra escrever as histórinhas. Entorno umas no bar como preparação e depois subo pra minha casa azul e abro o arquivão.
Este arquivo da vez parece mais viável do que o outro que já terminei. Esse outro não sei, tenho dúvidas. É necessário algum enredo quando se escreve, não é? E esse outro é uma grande falação sem fim. Tem uns pedaços bonitos e tudo, mas não sei. A falta de trama meio que chapa a coisa. Porque a trama, percebo quando leio os que gosto, é apenas uma 'desculpa' pra falar sobre o que realmente importa. Mas, de qualquer maneira, essa trama-desculpa não pode ser babaca e muito menos aparentar aquilo que é: uma trama-desculpa.
Já o arquivo da obrigação vai mais lento. Sabe como é. Sou mimado e gosto de fazer apenas o que gosto, o que é péssimo e revela toda a minha incapacidade de viver no mundo prático e objetivo dos adultos.
Whatever, como diz a garota de quatro pálpebras.
-
Agora uma pequena volta para mexer as pernas e,
quem sabe,
comer arroz e feijão
como fazem os adultos.

14 de fevereiro de 2010

pra deixar de fora.

Meu bem,
estou tão breaco
que não prometo
sexo nem alegria.
No máximo
uma boa companhia
que de tão sincera
pode até dormir.

Meu bem,
não sou o tipo
que você espera,
mas te garanto
que nunca,
e nunca mesmo,
vou mentir.

Meu bem,
se quiser jantar
eu posso até
pedir uma pizza.
O telefone está ao lado
e,
com fome,
não se brinca.

Eu a alimento,
meu bem,
desde que você,
como uma santa,
seja boa e
nunca minta.

Meu bem,
não se engane comigo.
Eu gosto de falar
e de dizer,
mas eu não sou
o meu próprio
umbigo.

Tenho minhas diferenças
e rôo meu osso.
E se falo tanto
é porque eu acho,
na maioria da vezes,
o mundo
muito pouco.

Mas não se esqueça,
meu bem,
de vir me ver e
de me beijar
antes de dormir.

Eu não ligo
prum monte
de coisas,
mas pra você
eu tenho
que contar:
- pode parecer que sim
e pode parecer que não,
aquilo que se adivinha
é a única,
e impossível,
solução.

13 de fevereiro de 2010

Ouvindo voodoo blues e com vontade de escrever.

Deixo a obrigação de lado e caio dentro das minhas histórinhas. Me sinto em paz, apesar de tudo. Mesmo sabendo dos prazos, me sinto em paz.
Talvez seja a cerveja, talvez seja a histórinha. Quando rendo nas histórinhas preciso de pouco, pouco mesmo. O que é ruim de maneira geral, já que essas histórinhas são apenas arquivos no meu computador e não livros e mais livros escritos.
Paciência.
Meu delírio e meu tesão é isso. Precisar de pouco, não precisar de ninguém e ficar feliz com mais 2 págs. no arquivo.
E 2 págs. no arquivo duram horas do mais tesudo sexo. É isso mesmo. Há tesão em ficar ali, escrevendo e se bolindo em si. As benditasmalditas palavrinhas na tela brilhante.
A coisa é tão tesuda que cogito escrever uma carta. Mas desisito e escrevo no meu bom e velho e blogue. Pra ganhar do tempo, acho. E ganhar do tempo nesse caso não tem nada a ver com o cumprimento dos malditos prazos.
Então tô aqui e ouço as vozes dos negros americanos. São demônios dentro da minha cabeça. Demônios que falam coisas que eu não entendo, mas que me contemplam quando sentem as dores que as mulheres provocam.
Mulheres, a dor contida em um corpo tesudo e perigoso. Diabo, tua forma é mulher. Deus me livre e etc aos mil.
A 7° lata acabou de estalar e agora só há whisky na casa. Melhor parar por aqui. Ainda não conheço bem o tempo do whisky. E conhecer bem o tempo da sua droga é o que te difere de um amador. Desses que bebem apenas pra espanar (e não espantar) o tédio.
Acordo tarde e me chapo de café.
A culpa tenta bater, mas finjo que não é comigo e tudo certo.
Cada coisa ao seu tempo.
-
Cago com o meu primeiro cigarro do dia na boca. Não sem antes posicionar o ventilador pro banheiro. Os peidos, antes reprimidos, saem velozes e sonoros. A merda desliza pelo meu cu e me faz me sentir muito bem, obrigado.
Essa coisa de ter um corpo é um mistério. Os dejetos e a glória. As vezes ao mesmo tempo. Lembro de uma frase do Saramago que é mais ou menos assim: para inventar o céu e o inferno não seria necessário nada além de conhecer o corpo humano.
Puta frase, não? Eu acho.
-
Hoje devo tomar uma pequena dose de mundo com meu amigo Z. Será bom e tranquilo. Conversar com homem é completamente diferente de conversar com mulher. E isso não é machismo. É apenas um fato.
-
Agora ir pro arquivo
e escrever.
Não as palavrinhas que quero,
mas as que tenhoque.

12 de fevereiro de 2010

Por motivos que não conto fico na minha. Porque conheço meus delírios e pavores. Porque o pavor mora ao lado.
São coisas que rondam a minha cabeça e que finjo ignorar.
E finjo mal. E ignoro menos ainda.
(O diabo tem asas, a gente sabe.
Ele dança bem e sai, literalmente, voado.
Como só um ser com asas pode fazer.)
E nessas seguro meu rojão sem deixar de admirar as belas asas do capeta: um branco quase transparente, as penas bem distribuídas e uma envergadura que surpreende e encanta.
Seja como for há a minha casinha e minha doce solidão. Prefiro ver do que participar. E isso acho que desde criança. Porque minha mãe disse que eu sumia nas festinhas e que quando me procurava eu estava no meu quarto, brincando sozinho.
Faz sentido. Faz sentido até hoje, acho.
Brincar sozinho pode ser fuga ou auto conhecimento, tanto faz.
O fato é que não consigo confiar em quem sempre precisa de alguém pra brincar. É uma limitação que não quero ter.
O diabo sempre existe e é sempre os outros - como o inferno do vesgo.
Ter medo dele é um tipo de decência na minha cabeça.
Achá-lo bonito, também.

querer é pouco.

Queria ser exato e escrever as palavrinhas certas. Mas não tenho conseguido escrever. Não como gostaria, pelo menos. Talvez porque eu TENHA que escrever. Um trabalho chatinho assim que me dá nó nas tripas. É o desafio de exercitar o meu próprio cinismo. Coisa difícil pra um cara mimado, gordo e romântico como eu.
Queria falar do meu pau. Falar de como ele age por conta própria em horas inconvenientes.
Queria falar da guria de quatro pálpebras. Da guria que surgiu como um milagre de natal e que tem a boca pequena, bem desenhada e grossa. Da guria que quero e não quero desvendar.
Mas nem sempre dá certo. Então começo 30 posts e não acabo nenhum. Arranho 1 ou 2 paragrafos na minha obrigação e lembro das belas imagens que agora fazem parte da minha memória.
A vida voltando lenta a ser como é: no bafo do Rio, numa solidão introspectiva, numa noite de porre e ternura, na casa azul com belas marcas de sangue, no ler pra ter sono, no rádio ligado na cbn, nos cinzeiros entupidos, na piada machista do Coimbra, nos copos com muito gelo, no andar pelado pela casa, no Cristo solitário de braços abertos, nos banhos com o pau esfolado, na cama sem lençol, nos telefonemas da minha mãe e, finalmente, nos delírios de grandeza e no desejo de profundidade.
Como se tudo fosse menos.
Como se tudo pudesse ser mais.

11 de fevereiro de 2010

9 de fevereiro de 2010

ELA SÓ PRECISA DO PRÓPRIO CARRO E DE UMA CÂMERA FOTOGRÁFICA.
É IMPOSSÍVEL CONFIAR NELA.

8 de fevereiro de 2010

Veja você.

É uma dorzinha boa, dessas que fazem o sangue rodar mais lento pelo corpo. E sangue mais lento, a gente sabe, dá aquele friozinho que qualquer mantinha resolve. Apenas para dormir melhor.
Como saudades. Saudades do jeito que os portugueses falam e sentem: a boca que quase não abre, o rosto trágico e o som cheio de Ss que sai: sauldadis.
Ainda há o risco, a gente sabe. Mas nem todo risco é ruim, a gente sabe também. Um amorzinho assim, pra dormir assim e dar bom dia depois de uma noite de foda fantástica. Talvez com café preto e forte, talvez com maçãs cortadas sem casca e distribuídas num pires azul.
É quase um mistério se se pensar bem. Tanta coisa que pode acontecer: filhos, família, morte precoce, tristeza de fim de namoro, etc. O fim fatal e sua sombra eterna: dor e mais dor, machucar quem se ama, ser machucado por quem te ama, tardes de chuva, pipoca e filme, aquela preguiça que só mesmo muito bem acompanhado pra se ter sem ter culpa.
Tudo isso porque tem alguém assim, distante assim, estranha assim que sei que sente, em outros oceanos, a inevitável atração pelo abismo. Que nada mais é do que o tesão pela queda. Mesmo que com medo da queda.

7 de fevereiro de 2010

em baixo do ventilador.

As coisas acontecem lentas como deve ser. As novidades ocorrem e são parte da jogoda, mas as euforias devem ficar com as festas de criança onde há um enorme balão cheio de doces para ser estourado.
Não gosto de gente que fica muito eufórica com uma ou outra novidade. É algo que me soa velho e falso. Uma mania de se auto descrever como intenso/intensa. Como se intensidade fosse virtude. Como se a vida só tivesse sentido numa sucessão de surpresas.
(Quando eu era adolescente eu usava essa frase de efeito: me surpreenda, por favor. E impressionava as gurias que gostavam de mim apenas porque eu já tinha lido 1/2 dúzia de livros. Era um mundo mais simples.)
E a vida não tem nada a ver com isso. Ela acontece, ela é o que é e o que você consegue fazer dela. As vezes a gente emplaca e as vezes não. Os milagres são possíveis e podem acontecer, mas não estão aí para serem manipulados como moeda de troca.
Os que gritam sobre a própria intensidade não se bastam e, por isso, me causam uma tremenda desconfiança. Como alguém que te encontra e diz: estou tão feliz. A única coisa que não dá pra entender é porque alguém que tá tão feliz precisa falar disso.
Seja como for, minha velha punheta é esse blogue e uma ou outra carne que me aquece. Nem todo dia existe paz e coerência, mas quando penso é apenas disso que se trata: uma paz possível e a beleza inventada.

6 de fevereiro de 2010

A gente pode fazer aquelas dançinhas.

Vocêsabecomoé.
A gente cola os quadris, mexe pra frente pra trás e põe as mãozinhas pro alto.
Chacoalha e se debate um pouco.
Depois bebemos drinkscoloridos e falamos sobre os últimos livros e recente amores.
Mil amores, você me dirá e eu farei minha cara cínica que é a mais sincera que tenho.
Você me chamará de p-r-e-c-o-n-c-e-i-t-u-o-s-o e eu falarei da sua vulgaridade doentia que confunde foda com sexo. A gente achará graça da nossa piada e passará para drinks sem cor que, indubitavelmente, nos levarão pra uma cama suja perto da sua casa.
Porque t-r-e-p-a-r na própria casa é coisa de namoradinhos e namoradinhos não somos, meu bem.
E haverá alguma ternura naquele quarto pago e até dormiremos semi-abraçados e humanamente bêbados.
Você acorda antes e deixa seu bilhetinho. O mesmo de sempre. As mesmas palavras. Como quem tenta provar algo pela repetição. Eu entenderei sua graça e lhe mandarei um mensagem.
E ficaremos sem se falar até dia 8.
Porque dia 8 é dia 8, meu bem.

5 de fevereiro de 2010

Pra dizer a coisa certa,
para ser exato,
digo apenas que não sei
o que eu quero de fato.

4 de fevereiro de 2010

Segundas e Quintas.

Tem essa mulher que frequenta a minha casa. Ela carrega seus mortos e por isso sofre. Penso que tenho sorte por não ter mortos pra carregar. Mas ela tem e ela sofre. Por isso ela vai à igreja. E igreja a gente sabe como é. Na grande média não há gente boa. Há gente sofrida e desesperada. Gente que tenta tapar o sol com a peneira, que se entrega à Jesus pra não se entregar ao sofrimento. A merda é que quase nunca dá certo. Uma pena.
E quando eu digo tudo bem, ela resmunga algo inaudível e cheio de ódio mal disfarçado em sentimento religioso. As vezes ela para e sua cara pretolilás se contorce numa máscara estranha e irritante. Como quase sempre acontece porque, enfim, há muita vaidade em quem se sente triste e injustiçado. O velho lance de se apaixonar pela própria dor.
Não acredito em energia, mas acredito em vampiros. Vampiros em duas modalidades: um que quer que você fique feliz porque ele está feliz, e outro que quer que você fique triste porque ele está triste. A diferença entre eles é nenhuma. Todos se juntam numa única categoria matriz: O Chato.
E O Chato a gente conhece de outras vidas. Porque, sabemos, O Chato é eterno e tem muitos, mas muitos mesmo, amigos.
Inclusive você, à quem O Chato insistir chamar de amigão ou queridão.

2 de fevereiro de 2010

Ruminando em Curitiba.

A vida escorre lenta e insuportável. Seriados Americanos podem ser perigosos. Eles conseguem te envolver com qualquer coisa. Você pode comer merda e nem notar. Deus abençoe a América. Preciso de um livro novo, preciso de uma nova punheta, preciso descobrir um novo site de pornografia. Um que seja cheio de homemades com garotas burras e loiras e peitudas. Pornografia anti tédio. Venenos diferentes de cigarros e álcool.
Chega de sambinhas às terças e sorrisos para garotas que se chamam Raysa. Raysa com Y e número de telefone no papel amassado. Raysa branquela e dadeira querendo que você seja seu macho fodedor. Querendo lhe arrancar a alma pelo pau numa chupada sem vida e com excesso de salíva. As Raysas andam em bando e tanto faz o nome que tem. Raysas pretas, loiras, gringas e ruivas. Cheias de fetiche quando você diz tenho namorada apenas para ter sua alma sugada pelo pau.
A paisagem é cinza e todo dia chove pra caralho. Sempre alguém falando comigo, sempre alguém me contando uma história. Nenhuma solidão e nenhuma glória. A lembrança da menina bonita é um papel molhado pela chuva diária. A velha amiga não lhe deu a bela notícia de sua gravidez planejada como ato de amor.
Na internet mensagens positivas são escritas em profiles e feeds variados. Um otimismo mecânico e tacanho. O papinho de boas vibrações e adesivos ecológicos colados nos carros velozes dos jovens engajados.

1 de fevereiro de 2010

Entrar naquela carne e sentir a loucura de partilhar um corpo. Há mulheres que quando abrem as pernas fazem um tipo de oferenda. Prefiro elas. Mesmo que possam ser menos habilidosas. Não gosto de mulheres habilidosas na cama. Excesso de habilidade no sexo me soa como frieza, incapacidade de se deixar levar pelo delírio. Prefiro o delírio e a inevitável descoordenação que ele impõe.

29 de janeiro de 2010

28 de janeiro de 2010

Aquela mãozinha miúda que me masturbava.

(senta que lá vem história)


Eu tinha 15 anos. Era virgem ainda e começava a me dar bem com as menininhas. O nome dela era Júlia. Tinha 16 ou 17 e tinha acabado de sair de um namoro longo. De 3 anos, acho. Ela não era virgem.

A Júlia era amiga da Liane que era namorada do Thél, o melhor amigo dessa época. Foi a Liane que arranjou as coisas. Era como funcionava na época. Ela me disse que a Júlia tinha gostado de mim. Um dia, numa festa, a gente ficou. Era como se falava: fulano ficou com fulana.


A Júlia foi responsável pelos meus primeiros amassos. Amassos mesmo, com o pau duro se esfregando nas pernas. Lembro que na nossa primeira ficada estávamos na cozinha do salão de festas do prédio da Liane. E foi lá que eu dei o meu primeiro amasso sem sentir vergonha por estar com o pau duro.


(Quando tinha 12, 13, 14 anos, achava, junto com os meus amigos, que quem ficava de pau duro por estar beijando uma menina era inexperiente, tinha beijado pouco e só por isso ficava de pau duro. Então todos nós, nessa época, faziámos um esforço secreto. Ou pra não ficar de pau duro, ou pra esconder o pau duro: da menina, dos amigos e de si mesmo. Agora isso parece estúpido. E é. Mas com 13, 14 anos é difícil entender que pau duro pode ser uma sincera demonstração de afeto.)


A Júlia sentou na pia e eu fiquei em pé. Ela ficou com as pernas afastadas e eu me encaxei. Nôs beijamos sem parar e ficamos naquela esfregação que só com 15 anos é possível. Durou horas. Eis aí o meu primeiro amasso de verdade.


Lembro que a Liane entrou na cozinha, deu risada, disse eu sabia e saiu cheia de satisfação. A gente parou e decidiu voltar para a festa. Antes de descer da pia, ela fez uma coisa que nunca vou esquecer: esticou a gola da blusa, mostrou seu cólo e disse: olha só, olha como tá vermelho. Eu não entendi direito, mas entendi que era bom.


Nunca vou esquecer daquela imagem. Seu cólo era sardento e ossudo, e estava cheio de pequenas manchas vermelhas que pareciam neurônios: mais escuros no centro e perdendo intensidade nas pontas. Entendi, intuitivamente, que aqueles neurônios vermelhos na pele sardenta dela eram a aprovação do meu desempenho no meu primeiro amasso.


A Júlia era pequena, magra e tinha mãos finas e geladas. Foram essas mãos que me deram minha primeira punhetinha-de-mão-alheia. Isso, com 15 anos e virgem, é quase um milagre, um acontecimento. E a Júlia era dedicada e generosa. Em qualquer canto e em qualquer oportunidade lá estava ela com suas mãos finas e geladas me ensinando como viver melhor.


Não lembro quanto tempo nosso caso durou. Acredito que semanas. Também não sei porque paramos de ficar. Lembro que depois de um bom tempo a Liane comentou que a Júlia e o ex tinham reatado. Fazia sentido. Entre as punhetinhas eu havia entendido que eu era seu objeto de vingança. Era isso que fazia suas mãos trabalharem tanto e em todos os lugares: sofá da Liane, casa de máquinas do elevador, escadas do prédio, festas com mocós para adolescentes, cinema, etc.


O curioso é que ela me proibia todo e qualquer acesso à sua buceta. É uma coisa que até hoje não entendo. Talvez o lance da vingança explique. Talvez a idade. O fato é que tudo era permitido, menos sua buceta. Eu nunca conseguia por a mão ali, por mais que ela estivesse só de calcinha. Calcinha azul.


Mas o que mais me encanta quando me lembro da Júlia é que ela era (será que ainda é?) fascinada pelo produto da punheta. É isso mesmo. A Júlia adorava porra. Tinha uma relação com a porra que nunca mais vi em nenhuma outra mulher. Ela gostava daquilo, gostava de ver aquilo, ficava sorridente quando aquilo saia de mim. É a lembrança mais forte que eu guardo: ela e a minha porra.


E o incrível é que toda nossa relação era calcada nisso. Amassos, beijos longos, punhetinhas e, pra epifânia dela, minha porra. Minha abençoada porra. Assim como no primeiro dia ela havia me dito olha só, olha como tá vermelho, ela dizia: olha, olha - mas agora se referindo à sua mão melada que ostentava meus resíduos bem próxima do me rosto. Pra que não houvesse dúvidas sobre o que era pra ser olhado.


Nosso ápice aconteceu no sofá da sala da Liane. Ela de calcinha azul, peitos pequenos e pontudos e maravilhosas sardas espalhadas no cólo e nos ombros. Estávamos, como sempre, num amasso infinito. Eu em cima dela com aquela afobação dos 15 anos: dificuldade para abrir botões e soltar sutien, pressa constante e a típica cara de pau da adolescência - que permite você fazer isso no sofá branco e rico da sala da mãe da sua amiga porque sua amiga está no quarto com o namorado e disse fiquem à vontade.


Não sei como fui parar lá, mas lá estava eu: sentado em cima dela que estava deitada. O pau pra fora, as mãos frias e habilidosas que ela trabalhava com dedicação e os peitos sardentos e bicudos à um palmo de distância, esperando o jato fatal. O jato veio com um movimento muito habilidoso da Júlia. Enquanto uma das mãos trabalhava, a outra, prevendo o futuro, ia de um seio ao outro enquanto a dona das mãos e dos peitos dizia: goza aqui, goza aqui.


Eu tinha 15 anos e obedeci. Não imaginava que essas coisas existiam. Quer dizer, imaginava, mas não achava que aconteceriam comigo. Não naquela época pelo menos. Eu já me dava por satisfeito com beijo na boca e mão na bunda. Aquilo era mais do que eu podia esperar. Deus era bom pra mim. Eu tinha uma garota que me tocava punhetas. As vezes com uma rapidez que quase irritava. Era ir pro mocó e a punheta começava: veloz e infalível.


Nunca mais soube da Júlia ou da Liane. O Thél tá trabalhando na África e já não o vejo há 2 anos. As vezes, quando estou eu mesmo tocando minha própria punheta, me lembro da Júlia e da sua dedicação. É algo que até hoje me impressiona. Não deixa de ser uma nostalgia. É mais fácil viver quando uma simples gozada nos peitos lhe soa como um milagre.

Gozar com 15 anos é sempre mais simples.

27 de janeiro de 2010

26 de janeiro de 2010

morrem para nos salvar.

Essas loucas insatisfeitas jogam dados em cassinos clandestinos e arregalam os olhos e ficam lhe encarando de frente. Elas sabem de tudo e de todos e têm uma habilidade enorme para rebolar. E rebolam bem, as desgraçadas. As bundas anunciam os anjos que você vai ver e você começa a rezar.
Elas acham graça da sua reza e riem com os dentes enormes e brancos enquanto pedem pra que você lhes pague mais um drink. E você topa. Você tá no inferno, sente simpatia pelo demônio e quer ver os anjos que saem dos rêgos daquelas bundas.
Não há nenhuma ternura, mas elas falam o que você quer ouvir. É a contra parte da reza. É a hora que Deus ouve suas preces. Ele mesmo, lá de cima, também acha graça da sua falta de jeito com elas. Ele gosta delas. Ele também aprecia as bundas e os rebolados. Sabe que é apenas outra forma de reza.
É Ele, enfim, quem libera os anjinhos.

24 de janeiro de 2010

Escorrendo no sofá com o Faustão. Lento e idiota. O tempo crescendo cheio de unhas dentro do meu estômago. Um mau humor que atinge o fígado e o pâncreas. As velhas formas, as moças loucas e as crianças que choram pra chamar atenção. Nada de novo e nada de velho. O mesmo.

23 de janeiro de 2010

Antes do Boa Noite.

Eu lá mais ou menos como sempre:
Mas acontece que a guria cresceu e tem peitos enormes. Me pego impressionado com isso e também com o fato de eu reparar nisso. Não era o caso. É coisa antiga, amiga de infância, quase parente e bla-blá-blá.
Isso não tá certo.
Mas pior é ela me pegar sacando seus enormes peitos.
E pior ainda é eu, em tentativa frustrada de auto repressão, gostar dela ter me pego sacando seus enormes - e por que não? - deliciosos peitos.
Meu inferno seria uma casa cheia de gurias como ela. Que cresceram e ficaram gostosas e fartas. Elas já têm pêlos em seus corpos, é o que me digo para evitar a inevitável culpa.
Outro assunto:
Deveria ser mais decisiva e menos coluna do meio. Preciso de bunda de fora. Não gosto de convencer à mim mesmo. Prefiro fêmeas que confirmam o que penso. Sem deixar que eu note, esteja claro.
No mais aquele desejo que se mistura com curiosidade e que, portanto, é apenas um desejo infantil. Desses que crianças têm: como se o único mistério estivesse naquilo que não se conhece. E cá comigo prefiro o mistério próximo e intimo, que fica sempre à um átimo de ser revelado.
Em outras palavras e simplificando a coisa: gosto apenas do que posso realmente ter. E ter o que se gosta é o milagre que uns aí chamam de amor.
Coisa que não precisa ser abastecida por novidades para que tenha sentido.
Pra sair:
Meu gosto é estranho e sobre os meus hábitos eu nem comento. Sinto quase vergonha ao ver, como só eu posso ver, minhas manias sendo executadas por mim mesmo como um doente que conhece sua cura, mas que, mesmo assim, prefere a própria doença.
Estar vivo e pensar é um coisa perigosa as vezes.
Mas prefiro assim.
Estar apenas vivo é coisa de plantas e plantas,
graças à Deus,
não me bastam.

22 de janeiro de 2010

enfeite e auto controle. tudo certo.

Preparo posts prum futuro.
Porque não é o caso de aparentar o que não é o caso.
Sem jogos.
Eu sou discreto. Eu insisto: eu sou elegante.
Prefiro a coisa reta à linha curva. Ambiguidade, acho eu, só cola quando você menospreza seu interlocutor. Como acontece quando você fala palavras de dicionário pra crianças.
Mas não agora. E não por isso.
Prefiro imaginar ELA como uma rainha má, mas esperta. Dessas que falam, mas que só importam quando o silêncio é calmo e absoluto.
É como escolho e como invento.
E toda invenção é minha, afinal.

21 de janeiro de 2010

Pastos velhos para éguas novas.

(foto de Ernesto Matos)

Punheta do passado. É isso que ela gosta de fazer. Ama ter amado os amores que não deram certo. Adora sentir saudades de todos que a desprezaram. Seus olhos apertados e escuros fazendo sombra em seus enormes dentes brancos.

Fêmea com cara de cavalo. Potranca forte e de pata dura. Comendo pasto, procurando pasto, tentando galopar. Sem cela, sem arreio. Os olhos fixos como os olhos vidrados de um cavalinho de carrossel. A agonia petrificada e pintada de tinta preta.

O cavalinho do carrossel funciona assim: não para nunca, olha sempre pra frente e nem nota que gira em círculos. Ele se incomoda com as criancinhas que trepam nele e esquece que ele, como cavalinho de carrossel, foi feito justamente pra ser trepado por criancinhas ranhentas e desagradáveis.

Mas ela segue. E ela sofre e come pasto. Combate o tédio com grama verde. Lembra da sua enorme tristeza e se sente muito vital. Porque, em algum momento, ela entendeu a própria tristeza. E interpretou a própria tristeza como um lado poético de sua personalidade de mulher-cavala.

Nas noites sem lua ela relincha satisfeita e se vê em grandes parques de diversão, fazendo parte de um carrossel imenso, dourado e cheio de luzes que piscam frenéticas. Um carrossel de ouro que faz um giro belíssimo com 100 metros de diâmetro.

Ela cavalga veloz e sente o vento na cara. Ela se considera feliz, apesar de tudo. Ela não é boa, ela não é má. Ela é apenas o que pode ser. E isso, infelizmente, não é muita coisa.

19 de janeiro de 2010

Idiotas abrem caixinhas pra desvendar mistérios.

Falo sobre isso porque sou esse tipo de idiota. E a minha autoridade nesse assunto só procede por meu cu ser enorme e conter várias e múltiplas caixinhas. Mas sejamos francos: quem acredita que realmente pode mudar?
Imbecis crêem nisso. Apaixonados também. Loucos podem até serem visionários, mas sofrem mais com a própria loucura do que com a loucura alheia.
E é aí que a idiotez se revela: porque não é possível entender nada de nada que ocorra em outra pessoa que não em você mesmo. E mesmo você em você mesmo entende-se mal e porcamente.
Porque esse lance de siconhecermelhor é bonitinho, pega bem e tá na moda. Assim como é inútil e equivocado.
(Embora eu ainda prefira um cabeça dura à um topa tudo. Questão de gosto apenas.)
Seja como for insisto que:
  • berrar bem não é ter boa voz.
  • amor à primeira vista só é crível em bons filmes.
  • suor e talento são duas coisas distintas.
  • dizer 'eu tô feliz' é coisa de suicida.
  • pássaros na mão de maneta não chega a impressionar.
  • blogue é tédio por escrito.
  • vitória só serve pra humilhar inimigos.
  • comer mulher de amigo é prazer em dobro.
  • ser bipolar é condição de estar vivo.
  • arranhar sem unhas é uma coisa possível.
  • facebook é melhor que orkut.

No mais, um peido fedido

e uma cerveja gelada

atualizar o próprio blogue

é uma tremenda parada.

18 de janeiro de 2010

NÃO ESQUEÇA DE VER
O QUE EU NÃO MOSTRO.
É SÓ ISSO QUE PEÇO
E OFEREÇO.

16 de janeiro de 2010

telhado de casa desconhecida.

De madrugada, quase amanhecendo, ela me procura como uma gata que ronda telhados que deseja conhecer melhor. Como que pra ter a garantia de correr por eles no escuro sem o risco da queda. Ela, como qualquer ser decente e adulto, quer segurança.
Eu vejo seus passos e as vezes formulo conexões estranhas entre ela e meus vícios. Penso nisso e naquilo, choro e sorrio baixinho enquanto digo pra mim mesmo: não se afobe e nem se apresse. Ter exatidão, nesse caso, é vencer do Tempo.
Imagino que ela perceba o mesmo que eu. A visão do abismo e a atração que exerce lento, enorme e profundo. Lançar-se no abismo pra sempre ou pra quebrar a cabeça. 1 possibilidade em 2 e o medo repentino que surge quando se percebe que a segurança, assim como a felicidade, é só um desejo; e não um algo palpável que se modela com o pensamento e as mãos.
Minha gata ronrona distante em terras quentes e chuvosas. Vislumbro ela dormindo de camiseta e calcinha e sinto um frisson ao notar que suas pernas, levemente abertas, estão voltadas em minha direção.
Brasília
meu cu.
I do not
love you.

14 de janeiro de 2010

relatinho com os hollywods de mamãe.

Sendo descolado na night curitibana.
-

Vejam vocês: agora falo night e vou para a dita balada. É simples. Uma lógica que usei nas vezes em que me mudei de cidade. Quando você não conhece ninguém ou não sabe o que fazer, você topa tudo. Ou quase tudo.
E nessas vou pra balada e curto-a-night.
Tenho amigos daqui de quem me afastei um bocado. Não por nada, mas porque houve as namoradas, os quase casamentos, as drogas, as mudanças de turma, etc.
Mas agora, eu e um velho amigo, o grande Titones, saímos como nos velhos tempos e nos sentimos muito bem, obrigado. Meu limite é a balada country que ele me chama e eu não vou, mas, tirando isso, até em sambinha tô indo.
E sambinha em curitiba é ainda pior do que no rio de janeiro. Ou seria melhor, já que a farsa-sambinha fica mais escancarada?
Não importa.
O fato é que ainda me mantenho longe da muvuca que gosta de pipocar na beira do palco ou na pista e, pra manter um mínimo de integridade e elegância, bebo os chopes duplos de terça feira no balcão.
A novidade da vez é falar com as gurias. Com uma cara de pau que nem é minha e que nem chega à ser sincera. É o velho sistema que já disse: quando você não conhece ninguém ou não sabe o que fazer, você topa tudo.
E nessas fiquei de papo com duas gurias. Eu tava me exibindo é claro. Mostrando pros amigos de 12 anos atrás que agora eu abordo as loucas no meio do bar e que sou capaz de descolar telefones e coisas do tipo. Tudo certo. Tudo falso e prazeroso. Uma maravilha.
Mas o que eu quero contar é:

Uma guria, de nome Iane se não me engano, era de manaus e tinha um belo nariz grande com traços feminos do tipo que eu adoro. E eu conversando com ela e então ela me fala que tava com um namoradinho aí, que na verdade é da grécia, e que ela havia o conhecido no chile ano passado e que, desde então, eles mantém contato num romance meio virtual, e que agora ele tava aí e ficaria até abril e todo esse papinho que se têm com desconhecidos. E a gente conversando e o papo era bom e o grego aparece com camiseta do brasil e ele quer ser músico e é legal e bom de papo também, e fala do samba e eu pergunto dos gregos e ele é legal mesmo e tudo o mais. Mas é um gringo, um gringo grego, e eu, vendo os dois, noto que tem qualquer coisa de estranha alí e então ela, semi estúpida e afastando o grego que ficava a agarrando o tempo todo, manda ele ir pegar cerveja e o grego vai lá como o cara legal que realmente é. E daí o álcool causa a epifania que é o grande ponto dessa história.
Sou curto, sincero e grosso. Olho bem pra cara dela e solto:
- posso te falar uma coisa desagradável?
- claro.
- qualquer pessoa com o mínimo de sensibilidade nota que você não tá nem um pouco apaixonada por esse cara.
Ela fica séria, esconde os dentes com a boca imensa e sinto que meu pau se mexe dentro da cueca.
Daí o grego volta e a coisa fica flagrante. Ela o trata cada vez pior e cada vez mais ela me dá trela. O grego nota, eu noto que ele nota, mas que se foda. Ele é gringo é grego e é legal, legal demais eu diria. Meu pau não para de mudar de lado dentro da cueca e ela pede meus contatos e o grego gringo pergunta por que e ela diz da sua viagem à bahia e que deve passar pelo Rio e eu só vendo e ficando com uma puta vontade de que aquele gringo desapareça pra eu dar um bote semi-canalha, porém profundamente sincero. O que, infelizmente, não ocorreu. Mas num vacilo do gringo ela sentou e eu a pilhei, com a devida distância do gringo, pra ela me ligar aqui mesmo em curitiba e ela lançou que tava pensando seriamente naquilo que eu tinha dito e eu perguntei aquilooquê e ela repetiu exatamente a frase que eu havia dito e que tá escrita aí em cima e eu me senti um gênio.
Mas o gringo voltou e meus amigos queriam ir embora e o gringo queria a levar pra perto do palco para bancar a pipoca. Dei um abraço afetuoso no grego gringo que, apesar de tudo, era gente boa e bom de papo e na hora de me despedir dela, fiz uma manobra e fiquei de costas pro gringo e falei, bem colado no ouvido dela:
- me liga mesmo, porra. até abril vai ser foda.
- eu sei, eu sei.
- pensa no que eu te falei.
- to pensando.
E meus amigos chegaram e fomos andando até o carro comentando sobre o bela manaura e o bondoso gringo grego.

12 de janeiro de 2010

Para aparentar profundidade a gente faz citações. Antes isso era a praxe necessária: basta ler o D. Quixote e reparar como o Cervantes cita e cita.
Na época dele um romancista tinhaque mostrar erudição, como um tipo de aval para seu talento.
A ironia é que agora, dizendo isso, entro pra turma que aparenta profundidade fazendo citações.
Acontece que o D. Quixote é genial - uma puta obra de arte que nem eu e nem ninguém precisa defender. Ele está lá e existe. Basta ler 35 págs. pra sacar que citar é o que há de menos relevante na coisa.
O relevante é o gênio. E o gênio, quando fodão, é da ordem dos mistérios. Desvendar o gênio é matar o gênio. Assim como o amor. Ou como o Nelson Rodrigues explicando o por que de ser contra a Educação Sexual. É mais ou menos assim: "se você educa alguém sobre o sexo, você mata o mistério do sexo. e sexo sem mistério é coisa de gata vadia e não de ser humano, pra quem sexo pode ser amor."
Seja como for, falo isso porque vejo as citações dos canalhas. Os canalhas são uma gente pop, bem relacionada e capaz de fazer barulho. E os canalhas, como tais, usam e abusam das citações. Provando, como no séc. XV, que são eruditos por conhecer tal ou tal obra.
Daí me pego pensando no sucesso alheio e na minha capacidade de fazer barulho - que é nenhuma. E vejo que posso até citar, mas que, mesmo assim, nunca serei pop e bem relacionado. Simplesmente porque não tenho habilidade pra isso.
Confesso que até gostaria de ter, pois assim, sendo divertido e sociável, acho que minhas citações renderiam bem mais. Mas não é o caso e saber disso e daquilo é apenas confirmar uma merda velha e conhecida.
Acontece que eu leio umas coisas aí e que também faço mestrado - onde citações ainda provam que a erudição idiota é necessária para ser um um romancista pop ou um Doutor com voz anasalada e alma inexistente.
Nenhuma paixão porque a distância é necessária para a visão crítica. Artaud é só um visionário lunático e viciado - ainda que seja capaz de causar comoção entre phds metódicos e comedores de cus adolescentes.
Cá comigo ainda dispenso os cus e a erudição.
(Por pura falta de habilidade, esteja claro.)
Que se apenas citações
me rendesse os tais cus
já tava feito e regalado,
com direito à
dinheiro no bolso
e pau esfolado.
Mamicas douradas
em céu de Brigadeiro.
Penso em você
o tempo inteiro.

11 de janeiro de 2010

O mau humor é um rato no meu estômago. Dentes salientes e garras afiadas arranham meu esôfago quando o rato tenta escapar. Penso nos paliativos anti mau humor: punheta, cachaça, t.v., livro, internet, carícia na cachorra Frida, etc.
Mas escolho o blogue e deixo estar.
Livros chatos pra ler, trabalhos estúpidos pra cumprir e a repetição de um discurso falso e confuso que se pretende profundo e auto consciente. A puída noção da humildade como virtude.
(A vantagem do egoísta é que ele só se justifica em própria defesa. O egoísta pode até ser um cretino, mas é um cretino que mente apenas pros outros e não pra si próprio. O ego enorme gosta de comer e come sem culpa. É o devorador destrutivo que não se faz de rogado ou seletivo: qualquer carne é carne e toda carne alimenta.)
Seja como for, uma cerveja e uma blogada pra voltar pros livros chatos e pra farsa toda. Ninguém sai imune dessa merda. Ou melhor: só imbecis saem imunes dessa merda.

10 de janeiro de 2010

blábláblá.

Cabeça enorme e mãos pequenas. Queria dizer uns trecos bonitos aí. Pra você. Pra ver se você sabe que você é você. Porque eu, cá comigo, sempre desconfio que eu sou eu quando aquilo/isso é escrito pra ou por mim.
Minha alma de curitibano desconfiado mostra as manguinhas, sabe como é? Não sabe, mas te explico:

na minha cidade os pontos de ônibus são tubos. não são placas ou painéis. são tubos. redondos, enormes e pretos-transparentes. a gente espera os ônibus dentro dos tubos. a gente gosta dos tubos. a gente se identifica com os tubos.

E nessas eu sou eu aqui. E eu aqui, meu deus, sei lá quem é. Bebo pouco e vejo novela. Um-horror-uma-maravilha. 10 horas de televisão é uma coisa de outro mundo. Como a primeira vez que se trepa ou que se usa drogas. Fica-se achando que algo mudou dentro de você. É horrível, não é? É fatal, eu digo. Achar que algo mudou dentro de você é uma coisa com a qual tem que se preocupar.
Mas é que venho pra cá e fico com a minha mãe. E mãe é uma gente que não se pode fugir. E nem é o caso. Até porque moro longe dela e sei que, se tudo der certo, ela morrerá antes de mim.
Então ficamos no sofá competindo pra ver quem fuma mais. É um páreo duro e cheio de afeto. As vezes ela limpa os cinzeiros - no plural mesmo - e as vezes eu.
Ela, como mãe, pelo menos nos fins de semana, me alimenta.
Eu, como filho, pelo menos nos fins de semana, bebo vinho argentino.
E assim passam os dias e as horas e voltimeia me pego pensando em você.
E se: 1, você é você. 2, você sabe que você é você. 3, você existe ou é uma invenção minha.
Seja como for, agradeço à azia que me deixou beber quase 3 garrafas de vinho sem se manifestar.
E também ao vinho argentino (que mesmo sem me agradar porque prefiro cerveja ou whiskey) contribuiu pra mais um post no meu bomblogueamigoblogue.

"Beijos no coração
é a conclusão
pra minha
contribuição".

9 de janeiro de 2010

Estrelas
estalam
na minha
cabeça.
E eu aqui
sofrendo à beça
por não ter
entrado
na sua buça.

8 de janeiro de 2010

Dou dicas prum velho amigo meu.
Nem sou e nem nunca fui bom nisso.
Mulheres são coisas estranhas e misteriosas.
Mas mesmo assim eu falei:
- Quando voltar põe a mão nas coxas dela.
E ele achou que era o caso e fez.
Perdi a carona
por uma boa causa,
acho.

4 de janeiro de 2010

Fico te bolindo na minha imaginação.
3.
Veja só, ontem você ficou brava comigo porque falei obscenidades durante nosso sexo de bons sonhos. Você me disse que não era assim, que hoje não tava com esse clima e que eu devia ter notado. Me acusou de insensível e machista e dormiu brava e sem deixar eu te encoxar.
2.
Semana passada foi você que me procurou. Acho que foi a primeira vez que me ligou tão decidida. Vou praí, tá? Levo bebinha pra gente. Chegou com uma carinha triste, de moleton e chinelo de dedo. Achei tão engraçado. Disse que beberia vinho, mas que tinha me trazido uma cerveja importada, pois sabia que de vinho eu não era lá muito fã. Mas bebi vinho e foi sua vez de achar graça. Nunca imaginei. Depois fizemos sexo lento, longo e numa sincronia quase assustadora. Dormimos melados, como você diz. O som ligado, a janela aberta e os moletons engruvinhados na beira da cama.
1.
Você disse que não dava no primeiro encontro, mas que faria uma exceção. Abriu as pernas compridas e me deixou ficar alí, naquela pequena batalha contra a morte. Uma ou outra arrumação prum encaixe melhor e sua vergonha em manter os olhos abertos. O orgasmo fatal, o grito surpreendentemente agudo e a velha história de culpar o álcool pelos excessos.
Desencana.
Não tô encanada.
Dorme aqui?
Não.
Por que?
Você não merece duas exceções.
Mereço.
Mas mesmo assim nada feito, vou pra casa.
E foi se arrumar escondida no banheiro e demorou horas e horas e horas.
Quando acordei vi o bilhete na mesa: nos falamos.
Concordei baixinho e voltei à dormir.
A rebeldia de mostrar a bunda.
Como se mostrar a bunda fosse sinal de liberdade, como se liberdade fosse feita por atos e atitudes.
Nenhum piercing em nenhuma teta prova o que quer que seja.
Mas há algo que precisa ser provado por alguém que eu não conheço.
-
ou:
-
Ela anda de patins e usa uma sombra azul, e também dança com bichas e sapatões em festas eletrônicas que tentam imitar os sons que os índios faziam.
E ela dançando se sente bem e livre porque ela gosta de esquecer. Beija desconhecidos no meio das festas e pega em paus que nem duro ficam. E ela roda e roda e roda. E diz que todas mulheres querem dançar e que ninguém aproveita os momentos como ela.
Mantém todos os piercings lustrados e toma drogas que lhe deixam em pura-potência.
Sorri a toa e se sente bem.
De noite, bem tarde, seus fantasmas lhe visitam.
Mas ela não liga porque acreditar em fantasmas é antiquado e careta.

1 de janeiro de 2010

relatinho.

Daqui eu vejo o oceano. É bacana ficar olhando pra ele. Nos últimos dias tenho passado horas imerso ali. Vou até onde não dá pé e me deixo boiar. É um oceano calmo e idiota como são as coisas bestas e boas. Se minha família não fosse tão grande e invasiva eu tentaria tocar uma punhetinha lá dentro. Acho que daria certo. Deve ser bom ejacular na água salgada, misturar a porra e a espuma. Cada um no seu lugar.
Ontem dei uma bela cagada lá pelas 10 da noite. Limpei o dito ânus e fiquei olhando praquela merda toda e pensei: adeus merda velha, agora só merda nova. Puxei o cordão da privada e um pequeno troço resistiu à queda d'água. Fiquei pensando que troço era esse e tive quase uma visão mística. Esperei a caixa encher e puxei novamente o cordão. Agora sim só merda nova.
Eu tava bêbado porque eu acho importante ficar bêbado em eventos como o Ano Novo. O excesso nessas datas é uma coisa de bicho que a gente preserva e eu embarco.
No Ano Novo só como depois da meia noite. Ou não como. O que não faço é comer antes, tipo 10:30. Dá um azar tremendo na minha cabeça. Porque se se comer antes, você estará, justo na hora da virada, fabricando merda. E, bem, no Ano Novo a brincadeira é achar que tudo será melhor e mais fodão. E por essas prefiro deixar meu intestino em paz.
Mais um dia aqui e agora o oceano idiota deu pra ficar agitadinho - o que impede que eu boie com a minha adorável pança pra cima.
Não gosto de ficar brigando com as ondas, prefiro boiar.

28 de dezembro de 2009

No mar até ficar enrugado.

Mexendo
no pau
pela lateral
do calção
e pensando
se a água salgada
é benéfica pra ele.

26 de dezembro de 2009

Tias, tios, primas, pai, mãe, sobrinhas. O inferno mais quente que posso ter.

Não há nenhuma chance de silêncio. Estou entre os meus e eles falam e falam. Como que pra sempre.
Muitas vezes vejo, participo e falo mais do que eles. Outras não, fico de longe e me finjo de ocupado no computador.
Daqui a pouco todos acordamos e seguimos viagem. Euforia matutina, café coletivo e nenhuma chance de cagar. O mundo é duro quando não se caga.
Depois barco e mar e areia. Uma pequena caminhada no deserto e, com sorte, chegamos ao Paraíso. Vida besta e livro novo.
Nessa virada de ano meu banquete está garantido e será consumido apenas após à meia noite. É o jeito certo na minha cabeça. A promessa de fartura em uma única refeição.
O regalo e o excesso.
Acreditar na coisa é, acho, materializar a coisa.

23 de dezembro de 2009

em sampa.

Amanhã é natal e haverá a parentada. Hoje em dia são umas 40 pessoas, acho. Já foi mais, mas sabe como é: brigas entre primos, alas que viram evangélicos, richas por grana e etc. É gente demais. Antes acho que éramos uns 60.
A grande vantagem é que a maioria bebe. E álcool é azeite pra festas. De forma que bebo e fico falante. Engraçado que aqui não sou tímido. Abuso do rótulo primo do teatro e tudo certo. Com as cervejinhas e esse rótulo sou o mais simpático da festa.
Pra mim o que pega é que são pessoas que me relaciono pelo vínculo de sangue. Nem sempre existem afinidades ou ideias comuns. Existe sangue e sangue basta.
E como moro longe, fica ainda mais fácil.
Seja como for amanhã é dia.
E beberei e serei falante e simpático e mexerei no cabelo das minhas tias beatas.
Ficarei impressionado quando elas, as tias beatas, lembrarem que Jesus nasceu nesse dia pra morrer e nos salvar. Então elas pedirão uma roda e daremos as mãos e haverá o Pai Nosso.
Eu ficarei de olhos abertos e repararei no rosto de cada um da roda - como que tentando desvendar as culpas secretas.
O sangue é um treco que me impressiona.

22 de dezembro de 2009

Ela está lá tentando descobrir o motivo pra uma coisa que não têm motivos ou explicação. Esquece que o mundo não é justo e pensa em como se sentir melhor comparando sua vida com vidas piores. Como se desgraça alheia fosso consolo pra alguém.
Eu daqui a vejo e lhe mando recados. Ela não ouve e nem imagina.
Lembro das pernas imensas que gostaria de ver abertas
e penso que talvez exista a mulher perfeita.

21 de dezembro de 2009

Então vejo isso e aquilo.
Gente das antigas e outras nem tanto.
Carnes novas pra passear os olhos e línguas que falam em idiomas que eu não conheço e nem me interessam.
Na grande média o óbvio ulala satisfeito e implacável.
Tem um que virou carcereiro e é daimista. Tem o cana bombadão. A guria com olhos de prata. Os velhos de alma. O idiota eterno. As crianças que cresceram e têm mamicas e pêlos pelo corpo. Etc.
É quase um parque de diversão e falo com todos como se eu fosse um tipo descolado. E nem sou e nem quero ser.
É que aqui meus dentes aumentam e viro um coelho: como, cago e tenho família.

18 de dezembro de 2009

16 de dezembro de 2009

mulheres altas falam baixinho.

Ela apareceu mamando uma lata. Achei estiloso. Me perguntei se ela tinha comprado no caminho ou se trazia de casa. Ela virava a cabeça para mamar - um traço quase masculino.
Como eu esperava uma giganta fiquei surpreso. Ela era alta, mas só isso: alta. Na minha cabeça ela seria muito, muito alta e também seria forte e poderia me socar quando quisesse. Mas, por sorte, eu estava errado.
Então estávamos alí: dois desconhecidos bebendo e tentando descobrir coisas. Minha cisma foi a mão que não saía da coxa. E também reparei no laço que ela trazia na barriga. Uma mulher com laço é um treco que me faz pensar.
Seja como for, o álcool azeitava o papo e ela era boa de copo e fumante. Muitas perguntas e histórinhas, algumas repetições inevitáveis e uma puta vontade de puxar aquela boca pra mim.
E eu queria puxar pelo queixo porque ela tinha esse queixo empinadinho que me deu uma estranha vontade de morder.
Acho que mordi.

15 de dezembro de 2009

Aquelas carnes tremendo na minha frente. Mais do que tudo há precisão. Direita esquerda frente trás.
O rosto importa pouco numa situação dessas.
A minha conclusão é que as melhores dançarinas usam aparelho nos dentes. É uma coincidência que se repete. Um mistério.
Então, toda vez, entro com aquele papo de conhecer a casa e faço a média de quantas meninas com aparelho nos dentes estão por alí.
Porque gosto mesmo é das danças. O pagar drinks e o subir pro quarto me oprimem. Acho que é por conta do tempo marcado. Sou um tipo que precisa de um mínimo de romance, mesmo que seja apenas pra me enganar.
Por isso apenas bebo minha cota de cervejas e volto pra casa.
Lembro das caras e bocas e sorrio. As carnes tremendo na minha frente ainda me impressionam bastante.

14 de dezembro de 2009

Tem isso e aquilo.
A loucura é grande e eu é que não me meto.
-
Ela chorava e ficava satisfeita. Achava bonito chorar e sofrer. Ria depois. Mas o riso era bem mais oco do que o choro. O choro, as vezes, era sem som. Mas o choro mesmo, daqueles verdadeiros e inquestionáveis, era grosso e saia num gemido rouco e insano.
Ela tinha a mania de escrever em versos. Achava rimar uma proeza. Passava dias procurando a rima perfeita e depois me mostrava os versinhos. Eu geralmente não gostava, mas sorria e dizia legal. Não havia porque lhe dizer que achava, na grande média, versos rimados um saco. Deturpar a escrita por uma determinada sonoridade me soa como frieza. E se é pra ser frio que seja o João Cabral. Sem modismos e extremamente racional.
Apesar disso tudo ela era gentil. Fazia afagos no meu pau e, ocasionalmente, lambia meu rêgo. A língua molhada e lenta passeando nas minhas nádegas. Eu gostava disso. Da calma da coisa. Ela, ao contrário da maioria, não chupava pau pra mostrar que chupa pau. Até o contrário. Nem sempre chupava, mas quando fazia, fazia sem pressa e cheia de perfeccionismos: língua na glande, língua no freio, língua nas bolas e no períneo. Depois só boca. Depois boca e língua. E depois só dentes - como que brincando com a ameaça da situação. E sempre, sempre depois de chupar, ela vinha por cima. De alguma maneira eu entendia seu raciocínio: quando eu chupo, eu mando e estabeleço o ritmo. Era justo.
A coisa desandou por causa dos versos e do choro. A busca pelas rimas perfeitas era cada vez mais longa e mais chata. Queria achar rima pra mãe que não fosse champanhe.
Eu só observava sem falar nada e esperava o choro. Sem som, sem alma e sem nenhuma lágrima. Um choro chato que nem sabia porque chorava.
E eu lá: sem ter meu pau chupado ou meu rêgo lambido. Eu não chorava, mas, por dentro, sentia uma tristeza sem tamanho - como se eu pressentisse que mãe não tem outra rima além de champanhe.
E deu no que deu:
O fim de tudo,
a casa vazia e
a eterna lembrança de ter tido meu rêgo
lambido por sua língua.

13 de dezembro de 2009

Abro meu J.D e passeio os olhos por coisas velhas. É bom estar por aí e ver o mundo. Nada demais e nada de menos. Tudo lento e limpo. Sem euforia por novidades e sem necessidade de grandes viradas. A vida como é: implacável e terrível.
Hoje de manhã li uma cartinha de uma boa amiga. Chorei e lembrei de coisas tristes. Um tipo de injustiça que, infelizmente, é parte da jogada. O mundo é grande demais para ser bom. Ele não pode simplesmente ficar preocupado com essas coisas. Ele gira e faz força pra continuar. É o que é, o que pode ser.
No mais meu D. Quixote de lata me enviando mensagens secretas.
Talvez devesse reler o livro e entender mais a coisa.
Talvez devesse apenas dormir.
Olhos apertados para ver melhor.
-
Muitas bundinhas na paisagem e também reflexos na água. É tudo tão bonito que é quase chato. Mas nem é.
Estou parado e olho pra frente e pra trás. Os gatos são pardos e esta água é suja. Penso sobre isso e lamento.
Penso também:
  • as gurias bebem pra ficarem falantes e eu bebo pra ficar calado.
  • estar parado onde todos se movimentam e fazem contatos me parece uma boa contribuição.
  • a euforia é legítima. gosto de entrar e sair dela. eu disse, entrar e sair dela.
  • gente esperta tem uma habilidade imensa de falar com as mãos no barulho insuportável.
  • sempre lembro do poderoso chefão e do corleone/pacino virando o godfather: ele parado, pernas cruzadas e a câmera virando lenta e revelando seu rosto inchado.
  • o rio de janeiro causa um encantamento no início de tudo. lembro bem disso. acho que o imaginário de 'cidade maravilhosa' é levado à sério pelos cariocas.
  • é um desses traços bacanas dos cariocas: eles acreditam plenamente que moram na melhor cidade do mundo. acho isso bonito.
  • voltar caminhando pra casa é quase um milagre. os pés apertam o chão e te movem.

11 de dezembro de 2009

Sonho por culpa do maldito livrinho que to lendo e, bem, ler pode ser bem perigoso. As palavras virando garras no cérebro da gente e, de repente, se descobre que aquela memória não é sua, mas de um livro que você leu. O cérebro da gente ainda confunde muito as coisas. É fato. Tem até aquele experimento: mostrar uma pintura ou narrar sobre a pintura. Pro cérebro muda pouco. As mesmas áreas são ativadas numa ou noutra experiência - ver ou ouvir sobre.
Seja como for, enfio um pouco mais de nicotina no meu cérebro e volto.

nem.

olhando aqueles ombros e pensando se
pois aqueles ombros poderiam ser.
mas desisto e decido o que me agrada:
pressa, agora, é parte da jogada.

10 de dezembro de 2009

Meu gatilho na testa do estranho que passa e insiste em fazer de conta que me conhece. Porque prefiro os que conheço ou os que se parecem comigo. Não sou vasto, não quero ser vasto. Não gosto de quem se diz vasto: achando que tudo pode, que tem mil amigos, que deseja mil e uma mulheres, que diz ter tido 50 paixões fulminantes. Prefiro ser o otário da escola que apanha, mas que não arrega. Pra falar e pegar bem eu também sei. Mas prefiro é não participar. Gosto dos bares que só eu conheço. Não acredito na opinião do povo e não acho que se cada um fizer a sua parte o mundo vai melhorar. Não é porque duas coisas existem que elas são obrigadas a se relacionar...

9 de dezembro de 2009

Aquela boquinha minúscula de mulher vulgar. Tão vermelhinha, meu Deus.
Bem que queria ela passeando no meu mamilo e depois no meu pau.
Quem sabe uma línguinha no rêgo?
A boquinha perdendo o batom na minha péle e ficando branca, branquinha.
Jesus, lá de cima, até nôs abençoava, sabia?
Porque Jesus sabe das coisas e não duvida de mim
e do meu desejo por essa boquinha vermelha com formato de coração.

pnht

Alimento-me de sopas e sanduiches. Parece decente.
Hoje desejei seus dentinhos no meu pescoço.
Fiquei olhando horas pra você.
Reparei no queixo, nos olhos e na boca.
O fato é que me impressiono com o queixo e com a repetição das histórias.
Confesso que não gosto disso, mas...que fazer, né?
E você nem existe, né?
Mas meu blogue taí e não me deixa mentir: gosto dos meu delírios.
Daí que te invento e que crio conflitos terríveis: sua implicância com meu cigarro, minha intolerância com suas crenças, o sexo sem nenhum palavrão, etc.
Vou longe que só vendo.
Devia era cair dentro da mina de sampa. Meio estranha, mas fumante. Essa queixa não ouviria.
Mas, na verdade, tudo e todo o resto é só pra escrever no blogue porque, bem, acho bacana escrever aqui todo dia.
Que seja.

8 de dezembro de 2009

relatinho.

Comida pronta e cerveja estalando. Uma leve pressão nos pulmões por excesso de cigarro, mas nada que chegue a abalar.
A long neck tava mais barata e comprei. Acho o fino beber no gargalo. Goladas longas que combinam com o calor do Rio de Janeiro. O lance é segurar no neck da garrafinha e virar bem a cabeça pra trás. O risco é babar, mas minha barba também serve pra reter esse tipo de coisa.
Hoje fiz o circuito que faria no sábado: acordar, chapar de café, cigarro e merda sem pressa. Depois hortifruti com açai e mercado: sabão, kiboa, algum queijo e, claro, amendoins da elma chips que são enormes e inteiros.
-
(lembrei agora de você e digo: o hortifruti na segunda de tarde não tem um décimo do charme que tem no sábado. só haviam mulheres gordas e velhas e feias. todas com pressa e disputando batata baroa contigo. um horror. não recomendo.)
-
Em casa um naco de pizza na chapa e deitar com um livro novo em punho. O soninho chegando e o pau quase duro pelo relaxamento sanguíneo. Telefone toca e é mamis. Com mãe eu falo.
-
(Mãe é uma dor é uma falinha da peça da vez. Fico bem satisfeito quando as pessoas riem ao ouvir isso.)
-
Agora salada pronta e terceira long neck pega pelo neck e bebida no gargalo.
Não acredito em felicidade, mas a paz é possível.
Às vezes.

7 de dezembro de 2009

agora sim.

Vamos lá.
A satisfação de fazer teatro é estranha e encantadora. E isso ao mesmo tempo.
A bola da vez é o que podemos chamar de 'teatro alternativo': sem grana, sem estrutura, mas à base de desejo e vaquinha. É bonitinho, eu confesso.
Esse desejo todo que se enfia em roubadas alimenta, de certa forma, a alma. Mas a verdade é que o 'teatro alternativo' pra mim não é um ideal. É o possível, o que posso fazer, o que faço.
Na verdade queria ter condições de trabalho: grana, espaço, tempo pra pensar, contra regra... Não queria ser alternativo. Queria ter toda a estrutura que um Meyerhold tinha, por exemplo. Porque é justo, ora pois. Eu ralo, corro atrás, leio a porra toda. Se tudo fosse causal o mundo seria outro e eu não estaria limitado ao 'teatro alternativo'.
Mas é o que faço porque é o que posso. Não vou chorar por isso. Não é o caso.
Um dos meu baratos com teatro é que você lida com o possível. Em teatro a coisa é muito objetiva. Ou dá ou não dá. Essa coisa de que tudo é possível é estúpido de maneira geral e mais estúpido ainda no caso de teatro.
Seja como for, fizemos e estamos lá. Uma peça que é o que é. Que não pretende ser nada além de um teatro reto e simples. Um teatro que, como sempre tentamos, busca provar que teatro não precisa ser chato.
Porque, vamos lá, devemos admitir que há muito teatro chato por aí. E chato, principalmente, porque é um teatro que não se basta como teatro. É uma coisa de querer outras coisas através do teatro: provar que é bom ator/diretor/autor/cenógrafo/pensador, etc. Um porre.
Teatro não é importante, nunca foi e não precisa ser. O Brecht com a coisa do 'mostrar que pensar é divertido' fala sobre o lugar objetivo que o teatro pode ter. Um entretenimento que não é babaca, como telenovela por exemplo.
E agora que estreamos tenho certa paz. É isso que fazemos porque é isso que podemos fazer. E isso não quer dizer que não existam outras ambições.
Desejar é diferente de ter. Ficar satisfeito com o que se têm é achar que tudo deu certo, mesmo sem esquecer que as coisas sempre podem melhorar.
É da dinâmica da vida ou das coisas. Sei lá.
No mais, a alegria besta e solitária que não precisa ser explicada.
-
p.s. vá ver. me liga. me deseje merda.

6 de dezembro de 2009

Teatro Irresponsável. (d2)


(pra mim é 9194-1029 - e hoje é dia de framengo no Rio de Janete!)
se você não entende que
nem é isso que me pega,
eu digo, sem medo de errar:
meu bem, você é uma prega.

4 de dezembro de 2009

pra roer o osso é preciso osso.

ou tem ou não tem, ou é ou não é.
gentinha chata que põe as manguinhas de fora sem notar que o braço tá coberto.
elegância não é entender 30 línguas, elegância não é conhecer 66 países, elegância não é nunca deixar de falar.
por isso prefiro a alma discreta dentro do corpo. mesmo que o corpo seja imenso e a alma mínima. sou dos que preferem um passarinho na mão, embora saiba me divertir com corpos.
meu cu é mais escuro que todo o resto. é um cu normal e honesto. onde há luz há cor, onde não, escuridão.
simples, bem simples. matemática de soma apenas.
por isso me escondo aqui. no blogue, no teatro, nas escritas e na vida. é meu cu protegido, por assim dizer. já que pouca luz chega lá, sou eu, e apenas eu, quem decide a luz que o iluminará.
meu cu só brilha quando eu quero.
porque cu, me desculpem, não foi feito pra brilhar.