16 de janeiro de 2010

telhado de casa desconhecida.

De madrugada, quase amanhecendo, ela me procura como uma gata que ronda telhados que deseja conhecer melhor. Como que pra ter a garantia de correr por eles no escuro sem o risco da queda. Ela, como qualquer ser decente e adulto, quer segurança.
Eu vejo seus passos e as vezes formulo conexões estranhas entre ela e meus vícios. Penso nisso e naquilo, choro e sorrio baixinho enquanto digo pra mim mesmo: não se afobe e nem se apresse. Ter exatidão, nesse caso, é vencer do Tempo.
Imagino que ela perceba o mesmo que eu. A visão do abismo e a atração que exerce lento, enorme e profundo. Lançar-se no abismo pra sempre ou pra quebrar a cabeça. 1 possibilidade em 2 e o medo repentino que surge quando se percebe que a segurança, assim como a felicidade, é só um desejo; e não um algo palpável que se modela com o pensamento e as mãos.
Minha gata ronrona distante em terras quentes e chuvosas. Vislumbro ela dormindo de camiseta e calcinha e sinto um frisson ao notar que suas pernas, levemente abertas, estão voltadas em minha direção.

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