16 de setembro de 2009

relatinho.

-
Tem que ter certo ritmo e certa elegância. Não posso exigir ternura, mas sei, e sei bem, que o quero, e desejo, é ternura. Mas mantenho meu desejo bem cuidado, nem sempre devemos por o desejo na jogada. Não por nada, mas porque já crescemos e temos lá nossa capacidade de observar. E desejo, Desejo maiúsculo, é coisa que se que cuida com ternura - não deve ser sacado a cada novo velho oeste.
-
Tenho ataques de pelanca, de mau humor e de amor. Tenho ataques, mesmo sendo discreto. Nem gente próxima saca qual ataque estou tendo. Acho que é o lance de Curitiba que me faz assim. Pode até não ser, mas é uma explicação que sempre me ajuda: sou Curitibano e espero ônibus em tubos, não tenho medo da chuva, mas prefiro não me molhar.
-
Vi esse casal alegre que andava de mãos dadas e falantes. Casal jovem e cheios de ideias. O mundo era deles e era bem bom ver aquela alegria infantil que um casal jovem têm. Tantos planos, tantas coisas. Quase só falavam porque nem ouvir o que o outro dizia precisavam. Ele devia ter 16 e ela 15. Os dois tavam de uniforme e se beijavam no meio daquela falação. Uma inocência fina e preciosa, dessas que um pai deve perceber num filho. Vontade de ser pai, concluí.
-
Ler é uma forma de organizar a loucura interna. É só disso que se trata. Claro que há merdas e pérolas pra se ler, mas, nesse caso, tanto faz. Quando fujo do que eu tenho que ler pra ler o que eu gosto de ler, sei do que to precisando.
-
Ter desconfiança é uma forma de bom senso, eu acho. Não dá pra engolir aquilo só porque fulano disse que disse. É como arrependimento. A gente se arrepende, oras. E isso não precisa, necessariamente, de explicação. O erro, nesses casos, pra mim, é achar que a desconfiança e/ou o arrependimento tem razão de ser. Porque eles não têm. Desconfiança e arrependimento é uma coisa instintiva, e não, e pelo amor de deus, produto de uma lógica racional.
-
Quando se quer escrever nem sempre dá certo. Mas, mesmo assim, a gente escreve. Insistência é virtude de monge. E monges não são pessoas boas pra noites de porre e papo. Ainda prefiro os porres e os papos.
-

15 de setembro de 2009

Eu não e não aqui.
-
Posso roer ossos incríveis, mas isso faz o que de mim? um forte? um cara com bons dentes?
Força é virtude de otário, tipo o bombadão da academia que realmente crê em seus músculos.
Músculo enorme e pau pastoso, a glória que diz: ah, sou tão verdadeiro...
Como quem acha que salvar com boas intenções justifica toda e qualquer crueldade. Hitler também queria tornar o mundo um lugar melhor, meu bem, é bom não esquecer.
(E que fique claro, bem claro, que ele, o Hitler, é apenas mais um bode expiatório entre outros.)
Que seja. Fecho minha porta com força e berro sozinho.
Paz é extravasar as loucuras e não ficar ouvindo músicas clássicas.

14 de setembro de 2009

nem todo dia deve ser santo e essa gente é chata.

ladainhas tão velhas e gastas que só mesmo com muita crença na própria imbecilidade pra suportar. e nessas de suportar se repete as perguntas imbecis que sempre se ouve por aí:
- devo resistir?
- isso é importante?
- até quando posso postar o projeto?
- as crianças tem sexo, não tem?
e vira-se noites perguntando isso como doidos burros e tristes. e todos nós dançamos juntos e em má companhia. há mais humor no mal humor, é minha regrinha de hoje.
e lá fora, bem longe, bem longe mesmo, há quem acredite que dance pra apenas se divertir.
tudo certo: eles lá e eu aqui.

13 de setembro de 2009

Aqueles olhos eram duas formigas. Grandes e perigosos.
Bunda enorme e de um marrom quase claro. Era insuportável os ver ali, boiando perto da minha cara e dizendo, assim com calma, que não havia nada pra me preocupar.
A bobinha achava que eu era um comedor de putas. Quando perguntei por que, ela respondeu a resposta das bobinhas: por causa do seu blogue.
Olhos de formiga, mas otária. Assim fica mais fácil. Qualquer farsa é aceita, qualquer extravagância é tolerada e tudo parece muito coerente e claro. Por causa do meu blogue...
De qualquer maneira as prostitutas são mais baratas e mais, muito mais, competentes.
Meu bom amigo me disse que tem um site aí, com mulheres semi decentes que é bem simples: 120 pratas pra duas horas, o local e o táxi são seus.
Mas porra, duas horas, pra esse caso, é um tempo bom demais. Acho que dá até pra fazer amor, pra se apaixonar e, por que não?, pra escolher os nomes dos rebentos.
O perigo é esse. E só os otários não acham o mundo um lugar perigoso.
E a dona dos olhos de formiga achava que o mundo era apenas um jardimzinho bem decorado onde eu, o comedor de putas, teria muitas histórias pra lhe contar.
É velho isso, mas eu repito: senta que eu conto. E bem, vamos lá, gosto de ter uma buceta pra me esfolar. Mesmo que ela seja bobinha e tenha olhos de formiga, mesmo que saia mais caro do que as semi decentes do site do meu bom amigo.
- e então?
- tenho cervejas em casa e moro perto.
- perfeito, não é?
- na verdade não, preferia que você não conhecesse minha casa.
- que absurdo.
- eu como putas, lembra?
- e daí?
- daí que quem come putas, come putas em motel, sacou?
- quer ir prum motel, é isso?
- na verdade não.
- o que quer então, poxa vida?
- quero ir pra casa e beber sozinho.
- sério?
- sério.
- que nojo. você é nojento, sabia?
- por que?
- porque é um comedor de putas, oras! já li sobre isso, homens que só conseguem comer putas!
- ...
- não vai falar nada?
- onde leu isso?
- na Claúdia, por que? sou fútil por causa disso?
- não disse isso.
- mas pensou, aposto! você é o comedor de putas mais escroto que eu já conheci...
- ...
- que cretino! fica em silêncio pra mostrar que é superior!
- não é nada disso...eu só quero...
- conheço bem o tipo. comedor de puta...
- você conhece vários comedores de puta, é isso?
- cara, você é nojento cara, nojento...
E sai com seus olhos de formiga e cheia de atitude. Na esquina ainda vi que sua boca balbuciava 'nojento'.
Preciso descobrir esse site e me arriscar menos.
O mundo é um lugar perigoso, eu repito.

12 de setembro de 2009

sobre os meus.

Cada ano mais esperto.
Fazer aniversário é isso, ver o tempo que passa é isso. Acho um desejo bem viável, e isso, sabemos, é raro em desejos.
Então seguro minha marcha e olho pros meus. Os meus são aqueles que elegi e se parecem mais entre si do que imaginava antes.
Olho pra eles e tenho certeza: estão mais espertos.
Claro que eles ainda não são gênios e que peidam sem mesmo notar. Mas eles são dos meus e eu os defendo sempre porque tenho lá minha ética.
E isso, pensar isso, viver isso e ver isso, me traz aquela calma doente de quem acredita que tá no caminho certo. E "caminho certo" não quer dizer nada, mas faz um sentido tremendo quando você fala isso na primeira pessoa.
E eu falo e os meus falam também. Com larga vantagem pra eles, que falam mais do que eu, o que nem chega a ser uma façanha.
E bebemos em boa companhia e voltamos pra casa dividindo o mesmo asfalto: um silêncio charmoso e cúmplice.
Um passo depois do outro e um sorriso que tem apenas meia boca, mas que é verdadeiramente sincero. É apenas isso, agora, que importa.
O resto é aquele estúpido escândalo do 'eu te amo' e do 'preciso de você' - com um sorriso insuportável e de boca inteira na cara.

11 de setembro de 2009

(desenho de Wolinski, do blogue do Solda Fodão)


Então havia esse idiota entre nós. Ele dizia idiotices e nós, naquelas de não rejeitar desconhecidos, ouvíamos absurdos. Idiota que se acha esperto é o pior tipo.
E ele dizia:
- mulher tem que ser limpa, mulher tem ser cheirosa, mulher tem que se depilar a cada quinze dias e ir toda semana na manicure, mulher tem que ter unhas fortes, mulher tem que ser carinhosa, mulher tem que depilar que eu não gosto de buceta peluda, mulher tem que ter orkut, mulher tem que ter msn...qual é a ID da sua irmã mesmo?
E os idiotas tem uma coisa incrível. Eles são capazes de monopolizar o papo, a cerveja, o cigarro e até o silêncio. E ele tava lá, virando assunto, mesmo que por negação:
- tem certeza que gosta de mulher?
- você é virgem, não é?
- buceta é buceta, gosta de buceta ou de depilação?
- teve alguma namorada que fazia isso?
- você acredita em felicidade e crediário, não é isso?
- assiste Faustão e a dança dos famosos?
Mas o idiota é um ser poderoso. É estranho e constrangedor. Ele vira o foco do papo mais tedioso que você já teve, e você, como carniça no sol do urubu, nem nota que já tá morto. E ele fala e fala e quando você nota, ele já foi embora, mas você ainda tá falando dele.
O idiota é um tipo inesquecível.
Éramos quatro e ele um. Perdemos feio e perdemos mal. Nem todo idiota tem irmãs e irmão, mas esse tinha. E o pobre do irmão e da irmã nem tinham culpa.
Coisa de sangue, sabe como é? Um problema.
Mas agora, com a devida distância e com alguma consciência, eu digo:
- Adorável idiota, dê esse rabo e depile ele antes do ato. Sua vaidade me diz que seu sexo é punheta e que você é burro a ponto de acreditar que uma buceta depilada é mais limpa do que uma buceta cabeluda.
- Buceta é buceta. Gosta-se ou não. E quando se gosta, gosta-se de tudo:
do cheiro, que é forte sim com a graça de Deus,
dos pêlos, que são apenas coisa pra se brincar,
da carne, que tem mais variedade de cor do que supomos pelos filmes pornográficos,
e da textura, que é o conjunto de cheiro e firmeza, e uma coisa muito difícil de explicar.
- Idiota (eu digo, e o blogue é meu) você não entende nada de buceta. E de amor, eu nem falo.
E vim pra casa num táxi, mas só hoje consigo falar sobre isso.
Idiota é um tipo que impressiona. Uma desgraça.

10 de setembro de 2009

Questão de crença e de pau duro.
-
o pau duro só faz sentido se se acredita nele e nas suas coisas. o de sempre, coisa de criança: pau grande, buceta apertada, ser bem resolvido, orgasmo como transformação, gênios inatos, sorrisos constantes e sinceros, etc.
(que nem vou aproveitar o prazer que tenho em criar listas.)
volto:
que é mais assim que a vida passa: um dia depois do outro, uma coisa aqui e outra alí, uma mentira que se sustenta, um fumar cigarros alheios, etc.
e agora, e por hora, o belo berro que só belo porque burro:
- sim e não e trezentos mil talvez. viver é não ter vez!
há quem acredite em mim, há quem acredite em fantasmas, há até quem acredite que, um dia após o outro, leve a perfeição. como se fosse uma questão de insistência e não de talento.
por mim, digo que acredito em talento e em sorte. e creio ser claro ao afirmar isso.
além disso, listas gigantes que nem faço agora.
apenas
porque
reconheço
o estúpido
prazer
do
auto-controle.

8 de setembro de 2009

Tomo um vinho branco trazido por pessoas da Nova Zelândia.
Vinho neozelandês (existe) e penso: a merda é que, sem cerveja, minha pança diminui rápida e à olhos vistos. Uma pena, uma grande pena.
Porque sou mais de cerveja e boteco. Hoje quase senti dor ao ver o Coimbra vazio e federonto. Gosto de tomar uma no balcão e outra(s) em casa. A do balcão meio que prepara o tipo de porre que terei: porre criativo, porre de ódio, porre de indiferença, porre de falar sozinho, porre de gravar minha própria voz, porre de amor, e por aí vai.
Poderia dividir minha vida em tipos de porre. Seria uma divisão que clarearia muita coisa.
Seja como for, tomo essa garrafa e me dou por satisfeito.
A pança diminui e o pau cresce. Melhor assim.

¨

Então é por aí.
Cada um com seu instinto ou seu jeito ou seu cheiro. Tanto faz.
Dar aquilo que lhe é pedido nem sempre dói. Querem carne, eu dou. Querem autoridade, eu dou. Querem minha simpatia, eu dou.
Porque dar isso é fácil e, bem, vamos lá, nesses últimos tempos tenho aprendido que nem dói dar essas coisas. É fácil. Sente-se quase bem depois. Como uma puta que trepou com um cara muito triste, muito triste mesmo, que depois da foda lhe agradece com um sorriso besta na cara.
Então era isso que eu deveria saber, não era? Há um ou dois anos atrás era isso que eu precisava saber. E se eu soubesse disso há 5 ou 6 anos atrás, meu Deus, seria terrível e eu seria um ser podre e arrogante. Arrogante mesmo, desses que maltratam garçons e socam putas. Desses que não entendem a arrogância como um sistema bem humorado pra suportar a vida.
Mas agora eu sei. E ponho minhas mangas sujas de fora e sorrio. E pergunto "como vai" e digo "que bem que tá bem" porque agora eu sei.
E aproveito, por que não?
Sou um cara de sorte, é fato. Família fina, papo reto, alma limpa e sem o medo que eu achava que eu tinha, mas não tinha. Então eu aproveito e me lambo, me lambo sim, com uma língua grande que é minha e que não quer lamber todo mundo. Lambo eu mesmo e calculo quem merece ser lambido. Sou um matemático.
Perceber os esquemas, as ondas de ódio ou de amor, olhar sem pressa, achar um pombo bonito, sorrir pra idiotas, dançar com mancos, conversar com cachorros, se comover com o mar agitado, e tudo o mais, agora eu sei.
Mas sempre, e ainda que discretamente, continuo esperando o milagre. Porque, enfim, eu sei que é ele, e só ele, que importa.

6 de setembro de 2009

apenas


um único


vexame.


achar que


a simples


presença da


abelha


rainha


causaria


enxame.

Aqui, aqui.

É uma questão de contas e não de fígado.
Mas nem sou um bom matemático
e sou dado à gracinhas:
um imbecil discreto e olhe lá.
E ainda invento que:
  • três ou dois, fica sempre pra depois.
  • sim ou não, é apenas opinião.
  • decisão é tão em baixo que nunca me encaixo.
  • sorriso bonito combina com eu acredito.
  • raiva do outro tem prazo de validade.
  • amor por si é por uma curta eternidade.
  • pra rir tem apenas que ter um dente.
  • pra ser feliz basta ser demente.
  • sofrer por prazer não é uma dor.
  • é só decidir acreditar no amor.
  • ganhar da Argentina não é placar de futebol.
  • é ter uma tarde de domingo com previsão de sol.

E ui e ai, publique agora ou nunca mais.

5 de setembro de 2009

Roendo o queijo caro que minha mãe comprou.

A vida não é uma maravilha, mas tá tudo certo. Queijo de 60 o kilo, cerveja gelada e whiskey e vinho à disposição. Nem reclamar eu posso. Uma desgraça.
Tenho um prazer imenso em reclamar, é fato. É puro prazer. E confesso que me envaideço, já que me acho esperto e capaz de reclamar através de letrinhas e peças de teatro e coisas do tipo.
E de um tempo pra cá estou nessa paixão louca pela minha solidão. Como se eu finalmente voltasse à velha forma: que é mais gorda, mas mais livre. Que traz um pensamento que é quase fetiche: não preciso de ninguém.
"Não preciso de ninguém" me soa como a ambição ideal, a liberdade objetiva e o controle possível.
(Minha mãe, inclusive, nessa breve temporada que passou aqui e comprou o queijo caro, disse se preocupar com isso, com a minha solidão. Mas mãe é mãe e se preocupa. É parte da jogada de ser mãe. Que seja.)
E olha que até tenho interagido bem. E talvez seja isso que me dê essa coisa de agora. Que é não ligar pra ninguém, não atender telefones e nem caçar fêmeas em noites de nuvem. Que essa coisa de gostar de buceta as vezes é um puta problema porque perco o critério e fico com o pinto no lixo. E, bem, como bom vaidoso que sou, não quero meu pinto na sujeira.
Então eu olho pra frente e nem me assusto. E quando olho pra trás, vejo minha vaidade gritona e minha capacidade de perder tempo em tarefas inúteis.
Por isso declaro que agora não, que agora a velha forma pançuda volta. Merda no ventilador deve ser espalhada, sorriso aberto é pra dentes quebrados e ter blogue, nessas horas, é o próprio sentido da vida.
Eu, apenas eu, sem forjar uma força estúpida que tem mais suor do que gênio.
Que ainda prefiro o gênio, mesmo que isso não esteja na liberdade ou no controle ou na ambição.
Participar do mundo é também ver as coisas. E eu vejo e, vendo, me adoro.
Melhor assim.











4 de setembro de 2009

De repente a luz aparece. Claro que ela não é como você imaginou quando estava no escuro. E esse é o lance bom de ficar mais esperto com o tempo. Ao longo dos anos você foi entendendo que as coisas não são assim, que não se modificam assim. A vida é, enfim, aquilo que vem acontecendo nos últimos anos. E, por mais triste que pareça, esse ficar mais esperto com o tempo também lhe tira aquelas coisas que pareciam ser o próprio sentido da vida: a vitalidade, a crença absurda, a tragédia sem fim, a velocidade, as atividades múltiplas, etc.
Claro que isso não quer dizer que essas coisas acabem. De vez em quando elas surgem e, bem, a gente se engana um pouquinho e revive a adolescência tardia que sempre teremos. É a obrigação mínima de quem tem sangue. E, olhe, ter sangue nem é tão simples quanto parece. Porque o sangue tem que correr e vazar. E não apenas ficar naquele círculo vicioso e monótono.
Seja como for, tudo isso porque tive esse sonho onde estava muito eufórico e surgia essa mulher do outro lado da janela que me dizia com um sorriso sincero no rosto: aproveita porque vai passar.

3 de setembro de 2009

Entrando na cabeça bem devagar uma nova idéia.

Oiés. Sim, sim. Tudo bem simples e lento.

A vida se arrastando e sendo boa.

2 de setembro de 2009

Então brinco de roda e, bem, vamos lá: devo dizer que até me divirto.
Volta e meia me pego pensando nisso: eu também me divirto nessa ciranda que sigo e que sei ser idiota.
É uma boate quando penso assim: somos vários, somos cínicos, gostamos de tudo e disfarçamos ao máximo.
Nem pecado há. E muito menos traição. Que disso eu fujo e continuarei fugindo.
Mas nesse caso é assim: quem mente anunciando que é mentiroso pode ser acusado de ter dito uma mentira?
E bem e hum e conclusão: não, nunca, jamais.
Mentir pode ser uma coisa bem honesta.
E esse era o caso: Eu tava lá compartilhando as mentiras alheias e a minha também.
Tudo certo e limpo: máscaras que se percebem a 5 m. de distância.
Fora que, e como sempre, deixar de dançar na hora certa é valorizar a dança.
A arte, e a decisão que ela implica, tem disso: saber a hora certa de sumir.

(E agora lembrei: viva o Belchior e sua elegância sincera que disse: não entendi isso, não sou uma celebridade.)
ESSAS GURIAS TODAS.

Com olhos de vidro e coração de pombo
elas passeiam por aí.
Com uma felicidade infantil,
uma bela vagina seca
e treze anos de vida sexual ativa.
E isso apenas aos 26,
elas fazem questão de dizer
lhe obrigando a fazer as contas.
*
Já moraram com 2 ou 3 caras,
mas não deu muito certo
porque, pra essas gurias,
sabe como é,
o amor sempre acaba.
*
Eternidade é um troço careta,
elas dizem.
Falar 'pra sempre' é oprimir,
elas berram
numa noite tristonha
em que você,
o gordo do bar,
foi fisgado
pra uma tarde
de fricção de carnes.
*
Mas você é você
e, bem, ser indiferente
nem é tão difícil assim.
*
Então:
roça -se as partes,
sorri -se na hora certa e
se faz um elogio vulgar
depois da ejaculação:
- você é maravilhosa.
*
De volta à vida
você lava o seu pau
com alguma vaidade
e assiste ao Fantástico
roendo uma pizza.
*
Duas tarefas pra fazer
e uma buceta que lhe dá.
Viver é simples
quando não
precisamos pensar.

31 de agosto de 2009

d.q.l.q.n.s.f.l.


É mais ou menos bom. E quando é bom é assim: fico meio vazio.
Escrever o quê? Sou limitado. E a desgraça, o ruim, me alimentam mais.
É um mundo estranho e cheio de gracinhas.
Quem sabe um dia eu consiga falar apenas de flores? Quem sabe.
Saber falar de flores sem ser babaca é difícil, difícil pacas. Nessas prefiro o outro lado, a merda generalizada que à qualquer cheiro bom, descobre o impossível.
É que sou uma criança e não lido lá muito bem com ambiguidades. Por isso prefiro os radicais. Eles me parecem mais sinceros em suas obsessões, o que, de forma alguma, quer dizer que realmente sejam.
É que os dias bestas são bons, mas são bestas. E bom, bom mesmo, é a tara profunda, o ódio explosivo ou o amor eterno.
Coisas radicais como eu disse. E elas me comovem que só.
Mas tenho lá os meus momentos e quase sempre lembro dela. Porque ontem foi o dia dela e andei com ela muito mais do que ela imagina. Porque ela achava importante o dia dela, porque ela tinha razão e tenho um prazer masoquista e saboroso de saber disso sozinho.
Pra terminar, eu penso e pergunto:
a babaquice é tão grande que mudo minha bebida pelo bem da minha pança.
e talvez caminhadas matutinas sejam mais simples do que aparentam.
e quem sabe eu comece a praticar esportes e ver menos pornografia?
e amanhã, que tal?, eu cante 'bwana, bwana' para uma nova fêmea?

27 de agosto de 2009

Então há esses dias de paz e indiferença. Dias com certa lentidão e quase tédio.
Como dormir sem sono.
E assim, nesses dias, chega um whisky novo e se vê, lá na putaquepariu, uma nova criança que habitará o mundo.
Dormir sem sono pode ser uma arte.

24 de agosto de 2009

*

A cabeça dentro e o corpo fora. Regular é a jogada. Bonita, bonitinha, mas nem tanto. A vantagem do desprezo é que nunca nos machucamos. E bem, com bastante desprezo, a gente torna todos iguais: ou muito importantes ou nada importantes.
Aquela radicalidade de fracos: o discurso bom e sem compromisso. Como quem jura amor eterno à uma puta durante a foda paga.
Eu também digo, eu também falo, eu também bato palmas quando se canta parabéns-pra-você. Somos macacos, não somos? E gostamos da tribo.
Gostamos da tribo mesmo que pra nega-lá. A jogada é a mesma, eu já disse.
Preto contra preto,
mulher contra mulher,
amores de pica e desprezo.
O mundo ainda é imenso e,
quem sabe, com alguma sorte,
junto ao suspiro final
eu solte um peido.
Ao mesmo tempo.
Em sincronia pura:
a família reunida,
a mão da mulher amada junto à minha
e o caçula com a mão no meu ombro.
Expiro e peido.
Faço a última piada
e vou direto pro ceú.



23 de agosto de 2009

Revirando as caixinhas.

Abro os arquivos, abro um livro e entorno uma cerveja. Tento ter controle sobre mim. Pra descobrir um lance aí, pra caçar a pérola no fundo do oceano. E quando eu tô nessas eu forjo um ritmo, eu me imponho um ritmo.
Gosto de toda essa cena que faço para mim mesmo. Gosto de caçar pérolas. Gosto de conversar sobre teatro com o livro da vez.
É meio que forjar pra si o próprio gênio. E não importa se ele existe ou não, se ele é mesmo genial ou apenas pretensioso. Isso não importa agora. Agora é encarar o mistério de frente, é dançar com os vampiros, é chafurdar numa merda aconchegante e inventada. Sem dor e sem medo.
Entra-se nessas porque quis. E não se entra nessas todos os dias.
É quase uma relação amorosa: você sabe que não dá pra amar o tempo inteiro e, então, nos dias de amor latente, você é todo dedicação e romance, o que é impossível de ocorrer todos os dias.
E sabemos que todos os dias não são os dias que importam.

21 de agosto de 2009

que o inverno me ajude.

A minha pança está enorme e sem controle. Devo diminuir a cervejinha e passar pra outras coisas, tipo vinho ou whisky. Minha mãe sempre me dá essa dica e, bem, mãe é mãe. E discutir com mãe é perda de tempo, embora inevitável.
O que me fode mesmo é cortar as unhas do pé. A pança lá, como uma bexiga dentro da camiseta, tornando a tarefa um milagre de torções incríveis. E pensar que já tive uma mulher que me cortava as unhas...
Vejo minha fotos e minha bela pança, mas só me incomodo mesmo pra cortar as unhas. Minha vaidade é de ser um cara inteligente que consegue enxergar o próprio pau.
Só quando não ver o meu próprio pau é que realmente ficarei preocupado. Até porque pra cortar as unhas tenho me virado.
Seja como for, devo cair dentro do whisky e do vinho, pois, mesmo só comendo salada e amendoins, a pança continua lá, retumbante e convicta, com aquele estufamento exagerado que só mesmo a divina cervejinha proporciona.

20 de agosto de 2009

mrl

Quanta deselegância naquele passinho torto. E, no entanto, tudo o que eu queria era abrir aquelas perninhas que de tão tortas raspam uma na outra quando anda. Os peitinhos, meu deus, uma coisa infantil e criminosa. Fetiche pra pedófilo. 19 anos e só os caroçinhos. Os olhos são grandões e malucos, a boca fina, bem fina e um maxilar que de tão pra frente ou é defeito ou é medo. Ou os dois.

E quando fala, meu deus, nunca fala olhando pra você. Os olhões malucos fogem do olho à olho enquanto as mãos, finas e pequenas, se torcem uma na outra. E tão frias que nem digo, que bem que fui maldoso e peguei suas mãozinhas crispadas pra dizer 'me liga'.

Mas agora, assim, e cá comigo, penso que não quero que ela ligue. É coisa de tarado aqueles peitinhos-caroços. E deus bem sabe que tarado não sou. Até porque tarado tem ejaculação precoce e deus sabe também que eu treinei muito, muito mesmo, e com garra, pra combater esse mal.

17 de agosto de 2009

b-e-z-e-l-a

Essas coisas bonitas que nos comovem. Ah, meu bom deus! a beleza existe também! Assim como existe a desgraça e a feiura. É só assim que o sentido pode aparecer: lento, implacável e real. Sem euforia de minutos e sem tristeza de séculos. Apenas o maldito pêndulo brincando conosco. Vai e vem, fase boa e fase ruim. Tudo certo.
Se eu conseguir serei um velhinho esperto que olha o pêndulo sem o levar tão à sério. Porque isso eu ainda não consigo. O pêndulo ainda manda um bocado em mim. E isso é loucura. Tristeza. Sei lá.
Não dá pra ser tão circunstancial assim. Há qualquer burrice em ser influenciado por tudo, assim como há burrice em ser influenciado por nada. O lance é a calma, é o tempo, é sacar que umas coisas valem mais a pena. E nessas coisas deixar-se levar. Só nelas. Só nelas e para elas. Quase que com um propósito secreto, quase que antevendo o milagre total ou o poço sem fundo.
A única homenagem: só pra elas, fiel à elas porque elas existem e, bem, assustam pacas. Mas é aquele susto de montanha russa, que mais faz bem do que mal.
Seja como for, o pêndulo tá no lado mais fácil e vou aproveitar a carona enquanto ainda não sou o velhinho esperto que quero ser. Desses que sorriem muito e falam pouco, desses que não tem medo da morte e que não se lastimam pela vida ter sido como foi.
-
Ainda acho que a paz é possível.
Mesmo que excesso de paz corra o risco do tédio.
Mas temer o tédio é burrice.
E o velho esperto que eu quero ser não pode ser burro.

16 de agosto de 2009

-

TOPEI A ROUBADA.

Tinha cara, cheiro e sangue de roubada, mas mesmo assim eu topei. To na pista e sei ser falso. Danço com idiotas que é pra aprender a não ser um.
Estratégia, burra ou inteligente é detalhe.
Estou lá e confirmo: é roubada.
Nem sai tão caro no contexto. Jogar sabendo da perda é jogo. Qualquer lucro é bom, mas tenho lá os meus limites.
Olho bem praquilo tudo. Gente em excesso, música ruim e predomínio absoluto das feias.
Seguro meu pau que segura meu ego. Quem precisa disso? Eu. Quem irá até as últimas consequências disso? Eu não.
Tenho lá minha vaidade e não sou macho. Macho no sentido que o Peréio diz, que é mais ou menos assim: Não sou macho porque não como mulher feia, só macho, macho mesmo, come mulher feia.
O.K. Tudo certo e volto pra casa.
Sem bye, bye, sem até logo, sem a gente se vê. "Não prometo o que não compromisso", foi a última frase que li e decorei.
Eu também me safo, ora bolas. E me safo assim, com os coleguinhas no bolso.
Eu disse coleguinhas e não amigos. Que fique claro.
Daí que eu paro aqui no blogue.
E hoje é domingo e tá tudo certo.
Aprecio a intensidade, mas apenas a que chega ao seu limite.
Não sou macho, eu repito.
É que ainda me adoro e me acho fantástico. Não preciso sentir culpa por isso, preciso?
Sou vaidoso, eu disse, não disse?

15 de agosto de 2009

Já havia visto e achado duca.
Posto agora pra lembrar:

1.
o umbigo é sujo,
mas faz melzinho.

2.
somos macacos
e gostamos da tribo.
Rá!


13 de agosto de 2009

2° Feira.

E no meio do Norte me aprece essa mulher que se oferece pra tirar uma foto minha já que me viu fazendo pose pra mim mesmo enquanto esticava o braço com a camêra na mão.
Ela tem uns quase 50 e fala mansa. Diz tiro uma sua e tira uma minha.
Tudo certo. A fala mansa dela é calma e triste. Só depois entendo porque.
Tava lá numa casa de umbanda que usa daime. Veio pra tentar entender melhor as coisas e, principalmente, o filho. É um rapaz de 26 anos e, ao que tudo indica, viciado em pó. Desses viciados que se destroem. Quando pergunto isso pra ela, eu digo: tem gente que cheira e não fica auto destrutivo. Ele não? É isso? Ele é auto destrutivo?
Ela diz que sim, que ele não consegue dormir e que toma bola pra baixar a ansiedade, essas coisas.
Daí, no papo, descobrimos que nós dois somos do Rio, que o filho trabalha na Parmê e que, nessas coincidências loucas que ocorrem, ela e sua família também já moraram em Curitiba.
E vejo toda aquela aflição materna. Aflição tão grande que vai tomar daime umbandista no Norte pra tentar entender as coisas. É um retiro espiritual, coisa de uma semana ou mais. Todos dias, trabalhos e daime. Pra entender, pra entender, pra viver melhor, pra entender.
E no pacote do papo, descubro que tem uma filha que morreu de leucemia e que o filho, o atual viciado, foi o doador de medula pra filha que, mesmo assim, não resistiu. E que foi depois da morte dela que ele se mudou pro Rio, e que foi no Rio que o vício piorou e que então, ela e o marido(não entendi se há outros filhos) resolveram se mudar pro Rio pra recomeçar. E que o marido, agora, é sócio de uma Parmê em Nova Iguaçu.
E senti uma puta vontade de chorar porque era um monte de coisa injusta e ela tava lá, no daime umbandista, tentando entender um sei lá o quê que me dava arrepios e medo da vida.
Então percebi uma culpa terrível naquela mulher de fala mansa e disse que o fato da filha dela ter morrido era errado, que nunca será certo uma mãe perder uma filha e que também o filho viciado e auto destrutivo não era culpa dela e que ela tentar achar uma razão pra isso era loucura, pois nada no mundo justificava a perda de uma filha. E repeti e bradei: é errado uma mãe perder uma filha, é errado!
E nós dois tivemos vontade de chorar, mas não choramos porque éramos desconhecidos, e porque era tudo tão estranho e cheio de coincidências que ficamos sem falar um tempo e nos despedimos assim, como os dois estranhos que éramos.
E penso nessa mulher desde então. E penso que deveria ter lhe dado meu telefone e ter dito que ela podia me telefonar sempre que quisesse pra reclamar das coisas. E lembrei da minha coisa messiânica, da minha vaidade de salvar gente e me senti bem e mal ao mesmo tempo porque isso me alimenta, mas tem cara de doença e quase nunca adianta.
E mais um monte de coisa que nem adianta escrever. Porque aquela mulher de fala mansa tem essas dores todas e ta aí, como todos, tentando achar explicação pra coisas que acontecem, mas que, na verdade, não deveriam acontecer.
E é triste, e é triste à beça, e é terrível também porque, por mais que se queira, não se pode fazer nada nem por ela e nem por ninguém. E aquela tristeza que ela sentia deveria ser raiva porque raiva é a única resposta pra uma mãe que perde uma filha.
E sei lá. E chega. E ufa.

12 de agosto de 2009

11 de agosto de 2009

Meu ai e meu ui. Assim: bem, bem, umas coisas bacanas e uma gente que se vê e que espanta o tédio. Porque as vezes a vida ganha sentido e até parece que, enfim, vai se chegar lá.
Seja lá onde lá for.
É bom não ter pressa e gastar os segundos lentos e fatais, sejam eles de angústia, sejam eles de euforia. Eu também quero tudo, todo mundo quer tudo, é estúpido e normal querer tudo. E as vezes a ilusão é grande e satisfatória. As vezes a ilusão é tão legítima que só sendo muito burro pra não embarcar.
E no vai-que-vai se passam os dias, os meses e os anos. E tudo muda, sem saltos ou milagres, mas com alguma consistência.
Ser um velho mais esperto me parece uma boa opção.

9 de agosto de 2009

aos domingos range os dentes e inventa novas fugas.


sabe como é: falar é fácil e fazer é difícil. não há de se julgar mal à ninguém por isso.
complacência e generosidade pra entender os buracos vazios que tentam ser preenchidos por areia.
é só que me dá vontade de falar também. e eu falo.
inventar e espalhar por aí: novas conquistas, novos amores, novas experiências, novas drogas, novas cidade, novas casas, novos amantes, novos vícios e, por que não?, novas mentiras.
viver sem mentir é insuportável. acreditar na própria mentira é burrice, loucura, fuga ou gênio. mas geralmente é burrice que se pretende genial.
eu disse: geralmente.
veja, repare: estou generoso e digo: isso passa, com a graça de deus. que essa generosidade toda é um sugar de sangue sem critério.
sugar sangue acontece, mas há que se sugar os sangues bons, mesmo que lhe envenenem com o tempo. e cuspir é sempre uma estratégia.
pra acabar e ser legal, que tô legal e generoso:

- essas flores, meu benzinho, cresceram rápido demais e são lindas, mas sem cheiro. repare, meu benzinho, seu gesto bonito de me trazer essas flores não as fazem cheirosas. são flores grandes, bonitas e sem cheiro. mas isso não é culpa de ninguém, meu benzinho. nem sua, nem minha.

8 de agosto de 2009

Assim, devagarzinho. Cérebro lento e funcionando à pistão. Um depois do outro até que o sol e o calor insuportável venham. Aí eu passeio. Olharei pros lados com interesse médio e não pensarei muito. Sou quase um monge as vezes. Quase um zen barrigudo que olha pro rio. As vezes e quase. Mentira.

6 de agosto de 2009

a bicha teatral diz:

Que seja e venha. Se é autoridade que eles querem, é autoridade que eu lhes ofereço.
Mesmo achando isso uma babaquice sem tamanho, mas bem, sabe como é, há quem só acredite nas coisas após ouvir um grito autoritário dizendo que as coisas existem. Que seja. A roda é grande e fazer uma farsa sabendo que é farsa eu também sei fazer, mesmo preferindo não usar esse recurso.
Mas isso não é o importante. O importante é outra coisa e é bem mais simples: os que importam estão lá, ficam lá e querem entender as coisas desconhecidas. Eles flertam com o mistério. Eles sentem prazer em se relacionar com o indizível.
É um processo instintivo e não uma matemática. A bicha chata apareceu no primeiro dia e depois sumiu. E meu Deus, isso tem tanto sentido, mas tanto sentido, que meus nervos se acalmam e até cogito emagrecer e fumar menos.
É por essas horas que a vida vale. 12 pessoas querendo descobrir um troço que não se sabe qual é, mas que se pressente.
O resto são discursos velhos e repetidos, que mudam de objeto, mas não de conteúdo. Otários esquecem o próprio padrão e reclamam por serem incompreendidos. Esquecem - se que se repetir e ser incompreendido é, e sempre será, parte da jogada.
Basta estar vivo.

4 de agosto de 2009

E hoje aconteceu.
E foi bom e eu tava lá e o fato de eu estar lá fez a diferença.
Empurra-se umas coisas, se salva outras e descobre, com algum medo de errar, que sim sim, é possível.
Nem sempre é possível, mas as vezes é. E quando é, é bom à beça e bato palminhas e digo é isso aí.
Depois um monte de coisas solitárias e preciosas. A vida calma, o desprezo no gatilho e a mira do revólver que nem quer mais lhe ameaçar.
-
Um risco ou outro,
a marca de bala na perna
e a chance do sim que é a mesma do não.

3 de agosto de 2009

Nem há queixas nem nada.
O calor é enorme, mas há ar condicionado e latas e coisas pra se resolver.
É pacífico e besta e bem fácil de se encantar.
Seja como for, durmo pelado e ando de moto quando preciso me locomover.
Amanhã valerá mais porque amanhã é sempre melhor do que hoje.
Que seja.

2 de agosto de 2009

Mais um ano na fita e vamos que vamos.
Ontem, conversando com uma menina que fez 28 recentemente, fui perguntado se era tranquilo pra mim se aproximar dos 30. E eu disse que sim e ela perguntou como é que faz.
Aí me lembrei que meu lance, desde muito cedo, é tentar ter a idade que tenho. Com 11 anos já era assim. Faço aniversário e fico meio que dizendo pra mim mesmo: agora tenho 28 e não 27, 28 é diferente de 27.
Acho que fico um mês nessas.
Claro que é estúpido, mas é um tipo de mania antiga. Lembro desse mesmo pensamento em várias idades: com 17 em São Paulo, com 19 sabendo que me mudaria pro Rio, com 21 ao lado da garota que mais me ensinou coisas no mundo, com 25 e um tipo de agonia porque a vida parecia não estar acontecendo. E por aí vai.
Nesse mesmo breve papo, ela comentou que os pais dela, nessa idade, já tinham família, emprego e etc. Meus pais também, mas até aí. 09 é diferente de 81.
Sei que meus próximos dias serão bons e que ficarei dizendo pra mim mesmo: agora é 28, agora é 28. Como se só isso já fosse uma mudança. Como eu disse, é estúpido.
Seja como for, 28 é mais que 27 e é possível ficar mais esperto ao longo do tempo.
Pra que na hora fatal, velho e bem humorado, eu diga pra Dona Morte: - você venceu, batata frita.

1 de agosto de 2009

-
Vermezinhos me roem na manhã de sábado. Mau humor como azia, e café e cigarro pra dentro. Realizar as pequenas tarefas e saber que o mau humor passará.
Gosto da coisa da cura com o veneno que causa a doença. A lógica da vacina. Um tiquinho de vírus que prepara o corpo pra quando o vírus vier.
É nessas que não me poupo de certas coisas: ter raiva, ficar puto, xingar desconhecidos, amar, delirar, querer mais, etc.
Há bons paliativos pra isso. Nem todo dia a gente tá com saco pra provar do próprio veneno.
Então, pra dias assim, se aplica as boas e belas técnicas: beber sucos naturais, olhar as bundas das adolescentes de botafogo, ler um livro que já leu, conversar com uma mosca de bar, etc.
-

30 de julho de 2009

não faz mais.

É que o excesso de confete lhe estragou, meu benzinho. Você não devia ter acreditado nas mentiras que se conta por aí.
Os mentirosos são tristes e sozinhos e precisam de gente.
Então eles elogiam tudo e todos.
Benzinho, você deve lembrar que lhe avisei. Eu segurei sua cabeça com minhas mãos e disse que ela era apenas uma garotinha triste que lhe queria como amiga, que ela precisava de você porque não tinha ninguém e não porque tinha achado você especial.
Eu disse que ela era má, benzinho, mas você achou que era só implicância e disse que eu não entendia nada porque eu era arrogante e solitário.
E eu lhe disse que eu não era solitário porque eu tinha você e que você, que me tinha, me conhecia bem e sabia que minha arrogância não era de nada e que só escondia meu medo do mundo.
E você deu uma risadinha, mas logo fez questão de bancar a brava de novo e me disse coisas feias que sei que você nem pensa.
Mas deixa pra lá, benzinho, eu nem sempre tenho razão mesmo querendo isso.
É que vejo você falar da sua nova amiguinha e acho tão errado isso. Porque você dá tudo pra ela, e ela, nem por mal, só lhe suga esse sanguinho doce que eu tanto adoro e que é só meu. Porque é só meu o seu sanguinho, meu benzinho. E é assim que deve ser porque o meu sanguinho também é só seu.
E nossos sanguinhos juntos, benzinho, você sabe, são uma coisa quentinha e boa de ver.

29 de julho de 2009

Olerêeolará.

Bem, bem,
é mais ou menos assim:
Aproveita-se o que pode e o que surge. Controla-se a ansiedade porque jogar bem nem sempre é marcar gol.
E o gol ainda é o grande momento do futebol.
E nem acompanho futebol, mas fui garoto bem educado e meu pai me levou pros jogos do Atlético Paranaense e isso, hoje vejo, foi vital pra mim e minhas coisas.
É parte daquelas coisas que meu pai fez comigo e que farei com meus filhos.
Meu pai também não acompanha futebol.
...
Mas nem importa, meu pau tá duro e vamos que vamos. Mesmo ainda faltando uma buceta com alma e quentinha pra eu meter ele lá dentro do melhor jeito que há.
É como eu disse pro meu bom amigo: cutuca-se a xota, mas sempre se deseja a alma.
Como se o pau fosse um caçador de almas.
As vezes acontece, mas nem sempre.
...
No mais, esse bem estar besta que se sente ao ter que fazer tarefas.
Ainda somos bichos, afinal.
Ainda achamos que ter o que fazer é estar vivo e blá-blá-blá.
...
A liberdade é saber que isso passa e que os demônios voltam e passam também.
No mais: aquele velho conhecido que surge e os milagres que talvez também surjam.
As chances são sempre as mesmas. Arrisca-se o que se pode ganhar, e não, e nunca!, o que se pode perder.
As apostas ainda são feitas pelas esperanças de vitória, não é?

28 de julho de 2009

adoráveis estúpidos

Não falo tudo o que eu penso. Parece-me uma coisa decente. Só um estúpido fala tudo o que pensa. E o estúpido, como tal, acha que é inteligente justamente por falar tudo o que pensa.
Meu Deus. O inferno é um lugar cheio de gente falando tudo o que pensa. E dizendo, com aquele riso bestial: - é que eu sou muiito sincero.
E nessas o inferno, que era apenas um lugar quentinho, se torna de fato O inferno.
Viver por aí é um grande risco. Estúpidos e cretinos são sempre solícitos e generosos. E, bem, mesmo que com tristeza, devo assumir que já fui engambelado algumas vezes por essa espécie.
É que eles são poderosos e tem o instinto de sobrevivência de um vírus: mutam-se com as vacinas.
Das coisas que desejo, reconhecer um estúpido à distância é o que ainda mais ambiciono.
Do mal da busca pela felicidade não sofro, já que ter paz ainda me parece mais palpável e útil. Com paz se encara as tristezas e espera passar.
Com felicidade se espera apenas.
Encarar me parece decente.
Ser feliz, e acreditar na felicidade como objetivo de vida, ainda me parece estúpido.
Ou inútil, tanto faz.

27 de julho de 2009

muito riso
e pouca boca,
diz a mais
maravilhosa louca.
Meu bom Jesus me afagando como um gato.
Não, que não gosto de gatos. Quer dizer, nada definitivo ou eterno, mas fui um cara educado com cachorros.
Minha família tem cachorros e não gatos. E, bem, claro está que sou um cara de família.
Não tenho vocação pra desgarrado e, dentro das minha implicâncias preconceituosas, acho essa gente dita desgarrada um tipo bem mal resolvido. Aquele lance de amar o inimigo ou de odiar quem lhe quer bem. Credo!
Seja como for, Jesus tem sido bacana e me afaga. Aquela mão esquelética e cheia de cicatrizes. É meio nojento e tudo o mais. Ainda há pus, mas até aí é uma mão que, mesmo com o pus sagrado, me afaga.
E, bem, gosto de ser afagado.
Agora é contar os dias e esperar o milagre possível.
Mesmo que os milagres impossíveis ainda me encantem mais.

26 de julho de 2009

"Estou aqui sentado no sol, bicando o ceú, fumando só..."

Cheiro de Chato.
Assim: entrando pelas narinas através de um bafo de hortelã que sai do super sorriso que solta ao dizer muiiitto prazer esticando as vogais.
Lembro de um outro chato que um dia me disse, na hora de dizer tchau, valeuuuu.
Acontece, agora, que esse chato da vez é muiiito simpático, artístico e criativo. Ele lhe obriga à ouvir músicas que só ele conhece e só ele canta. E na mesa de um bar. E claro que ele 'interpreta' as músicas que canta: cara de triste pra letra triste, gingadinho pro refrão e sorriso com bafo de hortelã pro gran finalle. É o chato que diz, antes de terminar, e agoraaa o grannn finallleee...
Tática de guerra ou de indiferença. Opto pela indiferença. Menos energia pra gastar e, bem, qual a vantagem de guerrear com um chato?
E o chato, como não poderia deixar de ser, tem muiiitooss amigos. E o pior, pra cada amigo que apresenta, tem uma pequena fala:

O José eu conheço desde criança, foi com a família dele que eu viajei pra praia pela primeira vez.

A Renata eu conheço tem só 6 meses, mas parece que faz anos. Se duvidar a gente se conheceu em outras vidas.

E por aí vai: 5 amigos, 5 prólogos e o bar inteiro cheira à hortelã.
O telefone toca e há a ameaça de um 6° chato chegar. Como o mundo é cheio de gracinhas, o 6° chato é justamente aquele que me disse valeuuu há quase um ano atrás. Fico imaginando como eles se conheceram e imagino uma grande confraria secreta de chatos.
Hora de ir embora. Muitos por que já vai?, fica mais um pouco e amanhã é domingo depois, me despeço com a promessa de nos adicionarmos no orkut.
Antes de subir pra casa, bebo uma no Coimbra e lembro da Bíblia: Diga com quem andas e te direi quem és.
E também do belo comentário do Millôr - ou seria do Max Nunes?: Jesus andava com Judas e Judas andava com Jesus.

25 de julho de 2009

23 de julho de 2009

eu mesmo e como não.

Os risinhos presos dentro da garganta.
Rir da própria desgraça é estúpido, mas faz bem. Ainda mais assim. Eu sabia e como. O óbvio que se afirma é uma beleza quando você já sabia que o óbvio era óbvio. E você diz pra si mesmo - com a pança enorme e radiante - eu sabia, eu sabia.
E ter certeza disso é mesmo uma coisa, um desejo, uma possibilidade que se torna real no discurso sincero que o óbvio, quando é bom, carrega.
Claro que tudo poderia ser diferente. Tudo sempre pode ser diferente. Mas ser diferente, nesse sentido, não quer dizer ser melhor.
E nessas o idiota se confunde: estarei eu me revirando na minha própria merda ou estarei eu me revirando numa merda que não é minha?
E o idiota, porque é idiota, não responde a sua pergunta, mas continua com a mesma pergunta ad eternum.
Tudo isso pra dizer:
meu caso é outro e idiota não sou e nunca fui.
Mas a verdade é que escrever é mentir com consciência da própria mentira, coisa que é impossível na vida real e sem graça.
Seja como for, a vida tá boa e sim sim a vida tem lá suas fases de bonança.
O que não deixa de ser um chafurdar na própria merda com convicção e estamos aí.
-
Claro que também pode ser o retorno de Saturno, mas, bem, essa não é lá a minha onda e/ou idiotia.

22 de julho de 2009

meu cré-cré, meu vai-que-vai. meu desejo é de conversar com duas pessoas. assim, com uma distância elegante, que aprecio e estimo. duas pessoas. só duas. nessas de falar o que não se fala ou fala pouco. nessas de tirar proveito da visão turva que a distância elegante produz. talvez pelo sonho estranho, talvez pela boa novidade, talvez apenas pra variar. escolher com quem se compartilha segredos é coisa que quero e importa. o resto, repetição dos vícios, da ressaca e dor no pulmão.
BRINCA QUE BRINCA
DANÇA QUE DANÇA
BALANÇAR A MINHA PANÇA
É A MAIOR DIVERSÃO.

dsbndnh.

Mais uma jogada e mais um prazer. A vantagem do escuro é o lance de que todos os gatos são pardos. Sem emoção e sem critério, mesmo que haja, por algumas horas, a velha sensação de estar vivo.
Mesmo que se esteja morto, mesmo que seja mentira.
Que seja: não é simples mentir pra si mesmo, mas, mesmo assim, é possível.
Então: cola que cola, diz que diz, viva que viva, curte que curte. Curtir? Curtir! Como o couro ensanguentado e estendido que virará uma calça belíssima enfiada numa bunda de gente realmente muito fina.
Ah! Que me comovo! Ah! Que te conto uns segredos legais e divertidos! Ah! Que o amor pode esperar enquanto brinco no vai e vem dessa buceta que não tem cara nem nome nem alma! Ah! Que pensar em alma é virtude dos fracos! Ah! Que meu pau tá dentro e com borracha! Ah! Que daqui a três horas tenho que acordar! Ah! Que acordo com ódio e desejo de assassinato! Ah! Que isso não são coisas pra se pensar nesse momento! Ah! Que café preto na cama é quase uma promessa de felicidade!
E tudo deixa pra depois. Conta-se mais uma história e se ri sozinho ao lembrar que as desgraças são as mesmas e vêm à cavalo. Como a tristeza disfarçada em riso que não cola, como o 'eu te adoro' que marca um território desconhecido, como o desejo de sumir numa multidão que é alegre, burra e íntima. Como o despertar do prazer dentro da solidão.
Porque ontem vi um filme com a minha turma e a minha turma é a mesma de sempre. E lá entendi o que parece óbvio, mas nem sempre é: a esperança é a mesma e tristes somos todos nós. Porque o milagre anda perto do vislumbre. Porque o vislumbre é o desejo que não pensa no real. Porque o real é lavar roupa suja e não comprar um novo terno. Porque um novo terno é mentir pra si mesmo sabendo da própria mentira.
E
fora
gatos
cantam
a
música
do
Chico
como
se
o
Chico
fosse
o
único
compositor
do
oeste.





19 de julho de 2009

Era uma borboleta no meio da cara dela, batendo asas e mostrando aqueles dentes brancos e grandes que me agradavam. Os caninos não se destacavam, mas ao olhar com cuidado dava pra ver quer eram mais pontiagudos do que a média.
Eu gostava disso. Mulher carnívora que não se importava com o sofrimento da vaca ao ser abatida. Parecia uma coisa rara nesse mundo de teatro e fêmeas vegetarianas-engajadas.
Ela não. Adorava pernil e cupim. Comia em boteco, pedia miúdos ao molho e sempre colocava mais comida na boca do que sugere o bom gosto.
E comia como um peão, prato cheio e sem medo de perder sua feminilidade fina que se manifestava quando ela mexia as mãos e falava sobre suas preocupações.
E falava muito e com muito detalhes, como uma mulher deve falar.
A gente conversou 3 vezes apenas. Os mesmo papos, as mesma comidas, porções de torresmo e a cerveja abundante quase inofensiva pela ação da gordura. Ela que me explicou: - torresmo com cerveja é quase tão perfeito quanto whiskey e cocaína. É como se o óleo do torresmo estabilizasse o álcool.
No último dia houve um silêncio longo enquanto almoçávamos comida nordestina barata e farta. Estávamos tristes, mas não falamos sobre isso.
Quando nos despedimos, eu disse: - nôs falamos.
Ela me mostrou pela última vez a borboleta branca do meio da sua cara e disse: - não, não nôs falamos.
Virou-se e foi andando. Fiquei olhando pra ela até que entrasse no prédio de sua amiga. Usava uma bermuda até o joelho e uma camisa xadrez com um nó na frente e, mesmo assim, era linda.
Ela sabia das coisas.

17 de julho de 2009

Fazendo os deveres de casa de novo. Na escola há toda aquela coisa encantada e misteriosa que revivo ao ver o genial "Anos Incríveis". Estou baixando tudo e prepararei um dvd pra minha sobrinha. É o tipo de coisa que faz um bem danado de ver na época certa.
Mesmo agora, ao rever, acho fodão e vejo que é ainda mais fodão do que eu imaginava. Winnie Cooper é a única mulher que importa.
Agora, algumas missões de leitura e ter sorte. Porque sorte é real e faz mais diferença do que imagina o idiota que acha realmente que decide tudo que faz. O idiota quer ter controle e isso é normal. O anormal é achar que se controla TUDO ou que não se controla NADA.
Seja como for, a sensação estúpida de dever cumprido consola os bons animais que somos. Melhor assim. Um animal satisfeito não ameaça seus pares.

16 de julho de 2009

meu cu
rejubila
de baixo
pra cima.

os cabelos bonitos.

Meu bom caralho balança com convicção. Isso não é felicidade ou milagre, mas é bom. Faz sorrir porque sorrir é simples e fácil, e também porque...bem...porque gosto muito, muito mesmo, do meu caralho.
E meu caralho amado é meu! Só meu! Coisa muito relevante prum tipo possessivo como eu.
Daí que ando à passos largos e me saboreio solitário e impassível. Aquele tipo de desprezo e indiferença generosa que só sendo solitário e inconsequente pra sentir e perceber.
Que seja.
Em poucos dias formulo um desafio e ponho uma bela bagagem na mala. Vou sorrir e ser simpático e falso por aí. É conveniente e me dá prazer. É estúpido e simples...quase delicioso.
Depois uma punheta executada por mão alheia e infantil: um belo jorro de esperma amarelo que me dará as boas vindas.
Ao longo e ao longe pelos delírios que se inventa.
Que seja.

14 de julho de 2009

*


O cavalinho na chuva
e a bocazinha torta.
- Pra nunca esquecer
que a boa ternura
também arrota.

Ah, um dia após o outro até o fim.
E quem é que dá conta disso? Eu que não e eu que nunca.
Depois da raiva plena um coisa fantástica via e-mail e que nem caibo em mim. Como se só fosse aquilo, como se Deus fosse real e dissesse: é isso aí!
E vamo-que-vamo-no-vai-que-vai. É bom ter ódio quando o ódio pinta. É bom saber que o ódio pode acabar via e-mail.
Como se fosse simples assim.
Como se em si coubéssemos.
Que seja:
Minha ternura esparramada a partir de um e-mail:
O ódio se foi e nem se lembra de que porque motivo veio.
Com apenas 4 horas de diferença o mundo pode ser outro:
ter calma no momento ruim é sempre pra esperar o conforto.

13 de julho de 2009

Essa raiva que me consome e que não tem nenhum sentido. Porque eu poderia morder os canalhas e chutar os cretinos, mas não mudaria nada: os canalhas continuariam como são e os cretinos talvez até piorassem. Mas dar vazão ao ódio me parece saudável e precioso. Questão de estar vivo e de ser capaz de sentir as coisas. É nessas que não compreendo quem está sempre feliz ou sempre triste ou sempre mal humorado ou sempre sorridente. Falta ser atravessado, mas não atravessado assim, como quem quase cai, mas não cai, como quem quase voa, mas não voa. A derrota tem que ser total e profunda, assim como a glória quando a glória vier. Porque ela vem, e também vem a derrota, e ficar passando de uma pra outra com a mesma cara blasé e prendada é fazer de conta que você não tá no meio do turbilhão doente, louco e encantador que é a vida. A vida sim. Sempre a vida, só a vida, o único assunto. Então que seja o ódio e a raiva de agora, mesmo que sem sentido. Querer sentido é diferente de saber, e as vezes sofrer, pela falta de sentido que nos ataca quando temos da vida uma ideia de grandeza. Porque querer ser melhor não é ser louco, porque ser louco não é bonitinho, porque jogar dados só tem graça quando se aposta muito. É fácil perder ou ganhar quando se aposta pouco. Nem muito rico e nem muito pobre, a média morna e fedorenta que acha que o ser humano deve ser de ferro e/ou estável e/ou ponderado e/ou seguidor do caminho do meio. Só idiotas no caminho do meio, lutando contra as coisas que podem lhe abater. Esquecem-se que ser abatido é parte da aposta e pode ser um prazer imenso e fodão: nada desse roçar de grelos, nada dessa punheta auxiliada por sites pornográficos, nada desse riso causado por cócegas, nada desse mar sujo de copacabana, nada de fazer sua parte e se sentir bem. Nada dessas coisas que evitam a dor, mas que diminuem, na mesma proporção, a chance de prazer imenso. Desses que dissolvem o ego, desses que despertam a besta fera que carregamos dentro de si. Porque as explosões devem ser doloridas, mas são reais e criam universos carregados de potência infinita. E é para o infinito que se deve caminhar, mesmo sabendo que o abismo será inevitável.

12 de julho de 2009

uma forma de adeus.

Meu bom Jesus arrota com a graça de Deus Nosso Senhor.

Não espero milagres, mas quero ser capaz de reconhece-lôs. Como quem vê de longe e que, por isso, tem o privilegio de primeiro ver e depois pensar. É estúpido achar que o milagre, além de milagre, é surpreendente. O milagre não acontece de uma hora pra outra. O milagre-é-um-milagre-é-um-milagre pelo impossível que ele carrega e não pela sua velocidade de acontecimento.
O combinado me parece claro: o milagre é cultivado, mas quando surge é maior e mais inviável do que havíamos imaginado.
Só dessa maneira, pra mim, o milagre terá sentido.
Antecipar o milagre é fazer dele estratégia. E estratégia é coisa de guerra e não de amor.
(27/08/07)*
* texto antigo que gostei. título e sub-titulo inventei depois de reler.**
** é que agora sou uma pessoa séria e cronológica.

ONTEM UMA PEÇA RUIM E HOJE UMA PEÇA CHATA. SOU MAIS A DE ONTEM: PREFIRO UM RUIM AO CHATO. SEJA ALGO OU ALGUÉM. CHATOS ANDAM EM GRUPOS E SE PROLIFERAM. IDENTIFIQUE UM CHATO PELOS CHATOS QUE O RODEIAM. É UMA APLICAÇÃO LÓGICA, MAS NÃO IMPLACÁVEL.
SEJA COMO FOR, PRO RUIM HÁ ESPERANÇAS.
MELHORAR É POSSÍVEL AO LONGO DO TEMPO. JÁ O CHATO, NESSE SENTIDO, TEM ENORMES DESVANTAGENS. ATÉ PORQUE O CHATO, AO SER RODEADO POR GRANDES TURMAS DE CHATOS, RECEBE MUUIITTOSS ELOGIOS E SE SENTE MUITO-BEM-OBRIGADO.
O RUIM PODE MELHORAR, EU REPITO.
E ME PEGO PENSANDO QUE:

  1. - fazer força não é ser forte.
  2. - olhar pra frente não é ver as coisas.
  3. - saber de si não é uma solução.
  4. - chorar pelo leite derramado pode ser sinal de inteligência.
  5. - ter esperança é uma convicção possível e bela.
  6. - achar que convicções são ruins é não entender a imensidão do homem.
  7. - nunca mudar de convicções é estúpido.
  8. - ter boas lembranças de tragédias não melhora nem as lembranças e nem as tragédias.
  9. - sorrir pra desconhecidos é mostrar os dentes pra otários.
  10. - abraçar o mundo é achar que o mundo cabe no abraço.
  11. - resolver milhares de coisas por dia não é necessariamente viver.
E ISSO E AQUILO E MILHARES DE COISAS QUE ME DÃO PRAZER, MESMO QUE PELO LADO ERRADO: COMO VER UMA PEÇA RUIM OU CHATA.
GOSTO DE TEATRO, POR ASSIM DIZER. ASSIM COMO GOSTO DE GENTE, MESMO QUE ISSO NÃO INCLUA O MUNDO INTEIRO.
TEATRO BOM EXISTE E GENTE PRA SE GOSTAR TAMBÉM.
TODOS NÃO INTERESSAM E TEATRO NUNCA É A MELHOR GARANTIA DE DIVERSÃO.
POR ISSO, E PELO PRAZER, EU DIGO:

- O PEITO ABERTO E O PRECONCEITO NO GATILHO. MUDAR DE OPINIÃO NÃO É O GRANDE OBJETIVO, MAS FAZ PARTE DA JOGADA.

11 de julho de 2009

então digo:

  • me comovo facilmente e bato palminhas. é bom isso: a fase, o pode ser. a esperança berrando porque é o que ela sabe fazer.
  • a esperança é limitada e sabe disso: logo será trocada e aproveita.
  • eu vejo sempre distante porque é esse meu estilo e, por que não?, minha desgraça. e digo pra mim mesmo: 'calma lá, rapazinho, desconfie sempre porque essa é sua regra'.
  • contrariar a regra é bonitinho, mas é estúpido, não é?
  • menos idiota que a média tem sido minha ambição. parece decente e palpável.
  • o que não quer dizer que meu tropeço não seja enorme e meu vómito nem se fale.
  • mas é assim: menos idiota ao longo do tempo. é bom e confortável. hum!
  • gracinhas variadas e pops. meu momento de adaptação e idiotia consciente.
  • berrar é um estilo que respeito e sigo. como se fosse só isso.
  • a vantagem de estar só é que os demônios são íntimos e velhos amigos de infância.
  • sempre eles: com ternura e chifres, entre pesadelos e delírios.
  • beleza enorme e sem sentido. me calo porque ainda tenho bom senso.
  • coisas belas e surpreendentes me fazem idiota e feliz.
  • é bom saber disso: idiota e feliz ao mesmo tempo.
  • chega chega e vamo que vamo. hum, eu repito.
  • ai, que agora vai, ei, que agora pode, ufa, que tudo acaba, eita, que a merda assusta menos do que antes.

10 de julho de 2009

é uma beleza
esse suor
que as vezes se faz:
seja pra melhorar a vida,
seja pra cagar em paz.

8 de julho de 2009

  • - pra mim mulher tem que ter pele bonita. Pode ser até feiazinha, mas a pele, ah...a pele tem que ser bonita.
  • - o bom não é ganhar muito, é gastar pouco com remédio.
  • - ela tava fora de si, dizia 'eu te amo, eu te amo, eu te amo'.
  • - eu não vou falar pra ele aquilo que eu sei que ele não gosta. É estúpido.

6 de julho de 2009

Tenho blogue há algum tempo. E gosto. Gosto mesmo. Fez com que eu escrevesse mais, fez com que tivesse pretensão literária e os cambau.
Ter blogue, nessa coisa de internet/orkut/msn, é parte da jogada. E mesmo que eu não jogue sempre, eu gosto de jogar.
A coisa blogue surgiu como princípio de diário virtual. E, mesmo tendo se expandido, pra mim, ainda hoje, um blogue bom mantém isso. O que não quer dizer que lá no meio, e de vez quando, o blogueiro não ponha suas asinhas de fora. Sejam grandes ou pequenas. Tanto faz.
Blogue, pra cagar uma regra, prova que tamanho não é documento.
E tudo isso porque hoje escrevi um textinho em papel e caneta que resolvi não transcrever aqui. Porque aqui, num blogue, poderia parecer uma coisa outra e que nem seria o caso. E isso é uma das peculiaridades brutais de um blogue: ele será lido, mesmo que apenas por sua mãe ou seu melhor amigo, ele será lido.
E nessas de saber que x ou y lerá, eu resolvi que hoje, apenas hoje, não era o caso de por esse textinho aqui.
Não que seja um texto grandioso ou coisa do tipo, mas apenas porque soará como recado pro meu pai ou pra minha mãe. E nem é esse o caso.
Então deixo esse textinho de papel pra depois e escrevo isso.
Porque tenho a coisa de diário e porque acho divertido.
É mais simples e evita constrangimentos. Ainda não estou na fase de mandar recados, afinal.
Beijos de orkut ou saudades de Msn é um apenas um jeito prático de encerrar a questão.
E praticidade nunca foi meu forte.

5 de julho de 2009

4 de julho de 2009

Os olhinhos pequenos e apertados dentro da cara gorda. As duas mãozinhas, gordas também, esticando os dedos pra pedir mais. Os bracinhos curtos e retraídos. Os olhinhos muito pretos, a pele muito branca e a boca vermelha-exagerada de batom com cheiro de morango. Uma porquinha à pururuca, deliciosa e bem assada.
Tudo isso servindo dois, e por apenas 60 Reais.

2 de julho de 2009

disso e dessa: a calma feliz.

Agora sim.
Devagarzinho: as bordas me comendo pelas beiradas.
Como deve ser, como acho bom, como acredito que proceda.
A euforia foi abanada sem pressa. Dia após dia com um abano insistente de uma única mão. Só a esquerda.
Apaguei e morri. Sentia-me ótimo e morto. Morto era ruim. Mas era e era mesmo. Morto sem esperança de ressuscitar.
Morto e livre: cirandas feitas em torno de um carrossel de cavalos de plástico.
Nunca imaginei cavalos de verdade. Eles eram de plástico e tinham aqueles olhos enormes e pintados de tinta vagabunda. Já estavam desbotados, mas, mesmo assim, me impressionavam.
Mas agora tem essa turma aí: juntando-se de novo pra tentar achar um milagre. A chance de dar certo é a mesma de dar errado. 50 a 50 avisados com antecedência. Sem enganos e enganações.
Mais uma vez um monte de coisa.
Talvez seja essa, talvez não.
O peito aberto não e uma virtude, mas ainda é tudo que posso ter.