1 de fevereiro de 2009

loucura, liberdade e a cerveja de domingo.

A loucura é uma beleza e uma grande fantasia. Viver em outra ordem, de outra forma, com outros desejos. A loucura é um ideal. Ali onde D. Quixote existe, ali onde a linha que separa o pensamento do acontecimento é apenas uma prova de que a realidade, sem a ação do pensamento, é insuportável e, ainda pior, limitante.

No último ano pensei muito em liberdade. E liberdade, como um tipo de desejo profundo da nossa espécie é, sem dúvida alguma, um desses valores sagrados que sempre permeou a vida humana, já que essa é capaz de se pensar como vida humana.

Nas tragédias a liberdade é questão, nos grandes movimentos também. Os hippies falavam sobre a liberdade, os comunistas também. Ouso até dizer que mesmo o Sr. Hitler tenha falado disso, embora, de fato, nunca tenha lido algo que me prove isso.

A loucura, em sua plenitude de ideal, ou seja, naquilo que ela tem de melhor, deseja, antes de tudo, a liberdade. Liberdade para ser louco, para não dever explicações. Liberdade para ser sem existir, para que sejamos, enfim, o ser puro que só existe como puro instinto, sem o lapso entre o pensar e o agir.

A nossa dureza de bicho homem é essa: temos a habilidade do espírito e da alma, mas sofremos por saber que essa habilidade existe.

Nesse sentido, somos um bicho dividido e isso nos constrange de maneira profunda e cruel, afinal o constrangimento só existe graças a nossa possiblidade de julgar as ações, sejam elas privadas ou públicas.

Nós pensamos sobre o mundo, mas o mundo não faz questão disso e, isso, isso de pensar sozinho e sem a participação do mundo, é uma dor sem fim, um constrangimento terrível que desafia a gente como ser humano e nos coloca no desprezível lugar de animal.

A ideia de ser só instinto pode ser muito bela, mas a partir do momento em que entendemos que toda e qualquer ideia é apenas resultado da nossa capacidade peculiar de julgar e pensar o mundo, entendemos que a ideia de viver só por instinto é impossível já que ela surge como uma ideia, ou seja, como uma manifestação daquilo que nos divide e dilacera: a velha e plene dor do ser que é espírito e corpo ao mesmo tempo.

Portanto, a liberdade, ou mesmo o desejo de loucura, são, ainda que por via negativa, coisas que afirmam nossa terrível condição humana: um ser dividido que se atrapalha entre o agir e o pensar. Um ser que com sua habilidade criou tudo que existe, para o bem ou para o mal, tudo que conhecemos: a guerra, a internet, a morte, a literatura, o amor, a inocência, as artes, a ciência e etc.

Não tem fim essa lista de coisas. Somos, ainda que contra nossos ideais, seres que criam seu próprio mundo. E esse é o nosso terror e o nosso encanto: temos todas as possibilidades, mas não podemos usar todas ao mesmo tempo.



relatinho.

Sonhei hoje com 3 crianças que se pareciam muito entre si, mas que eram primas e não irmãs. A gente tava num tipo de praia, mas o mar não importava muito porque era uma praia com muitos morros e declives. E a gente andava e as vezes elas saiam correndo na minha frente e tinha uma delas que sempre pegava na minha mão e me perguntava "elas vão voltar, né tio?" e eu dizia sim, mas apenas para tranquiliza-lá porque eu não sabia como elas apareciam e desapareciam assim. E toda vez que elas voltavam, elas apareciam correndo atrás da gente e a gente via as 2 correndo e elas corriam muito rápido e uma jogava areia na outra e a que tava comigo fazia um gesto que uma das minhas sobrinhas sempre faz, que é colocar a mão na testa, como que quem diz "dêr". E ela achava graça daquilo porque as 2 estavam lá, correndo e jogando areia uma na outra. E aí ela, essa que tava comigo, começou a apertar muito a minha mão, e apertava a minha mão e me olhava com uma cara triste como se quisesse que eu a ajudasse, mas eu não podia fazer nada e ela só apertava a minha mão e me olhava, e ela parou de andar e eu fiquei de mão dada com ela em silêncio. E nós 2 sentamos no chão e aí eu acordei. Então é que foi realmente estranho porque nunca tinha me acontecido isso, eu estava de pé ao lado da cama, assim, de pé, como se eu fosse um sonâmbulo ou sei lá o quê, eu tava de pé e segurava o copo d' água como se fosse brindar ou coisa assim. E eu acordei de pé e fiquei assustado por acordar assim e fui tomar banho e vim pra cá e escrevi no meu blogue idiota porque é um tipo de atividade que eu tenho e que me faz sentir bem. merda, eu disse quando eu notei que tava de pé.

31 de janeiro de 2009

aav v

Me reúno com os meu amigos.
Sento e bebo uma lá, lendo as cartinhas. Depois, já em em casa, me junto com outro. E me sinto bem.
Gosto quando outro me diz o que eu preciso ouvir. É bom ouvir certas coisas de boca alheia.
"Sem metafísica não há cultura", é um bordão que roubo de imediato. Sem culpa, sem dor. Mesmo o ladrão tem explicações para o seu roubo.
Essa gente aí é da pesada mesmo. Eles falam, eles berram, eles não têm medo de falar sobre o que realmente acreditam.
É claro que eu vou chupar eles, é claro que o sangue deles é o sangue que importa.
Até porque, qual é a outra opção?
Sugar o Zeca Camargo por que ele apresenta o Fantástico?
Mudar pro canal que tem mais Ibope?
Eu não. Não agora, enquanto tiver o meu luxo.
Fazer 10 coisas ao mesmo tempo só é mérito pra quem não faz nada de verdade.
Eu prefiro, enquanto posso, buscar essa gente. Essa gente que não viveu para curtir a vida. Essa gente que desejou tirar da vida o que decidiu como mais importante.
-
(A merda da situação atual é que tudo fica com cara de resposta, mas nem é esse o ponto. O lance, pra mim, é antigo e é o que sempre foi: o homem é do tamanho dos seus sonhos. Caga Regra velho e batido, mas, mesmo assim, pontual)

30 de janeiro de 2009

quando as unhas crescem

Finalmente as coisas podem começar a caminhar. Meus demônios foram soltos e agora, mesmo que me afetem, não moram mais dentro de mim. Todos os bichos e todas as loucuras soltas, aos berros, com toda alma que tenho, com toda alma que cultivo e com toda alma que preservo e alimento com leituras. Meu sangue continua correndo e na minha ânsia de viver tudo, soltar os demônios é parte da coisa, com toda intensidade que quero ter quando estiver falando das coisas grandes. Porque eu acredito em coisas grandes, porque eu me nego a ter medo das coisas grandes.
Agora sim há uma história, agora sim há um acontecimento. Nada daquela coisa morna habitual. Houve um pulo, houve um excesso, uma loucura plene e decente. Como deve ser, como eu acredito que deve ser.
Não seremos mais vomitados da boca de Deus.

29 de janeiro de 2009

28 de janeiro de 2009

Tipo Assim Blogue Fodão.

Tipo descolada, tipo independente, tipo que trepa bem.

Tem carro bacana, dança nas boates e entende tudo de moda e comportamento.

Tipo dessas mulheres que você quer distância.

Mora sozinha, é artistazinha e vê filmes cults e lê livros da lpm.

Sofre de insônia porque mora em São Paulo e pertence ao século XXI.

Filha única que se dá bem com os pais, tipo esperta que sabe se impor e que usa o mau humor pra fazer charme.

Não conheço, não quero conhecer e tenho raiva de quem conhece.

Tipo i-pod, tipo mp3, tipo que aproveita as novas tecnologias.

Sabe de tudo, tem muitos amigos, mas nunca precisa de ninguém.

Ótimos textos e péssima alma, é o que diz minha intuição.

-

Descobri o blogue dela e nem lembro como e, de vez em quando, ela escreve umas pérolas e uns textos realmente legais.




O blogue dela é:

27 de janeiro de 2009

_

queria escrever um treco fodão no meu blogue, mas nem consigo. tem já uns 7 rascunhos que desisto no meio. um parece idiota, outro é desnecessário e por aí vai. vontade de escrever e não conseguir é um tipo de merda sem fim. sua cabeça tosta, mas não chega a lugar nenhum. quando a cabeça tostar sem direção é um saco sem fundo.

25 de janeiro de 2009

qcqss

Meu puta merda chora baixinho e sabe do que diz.


Sem saco e com agressividade disponível para socar os bonecões de posto.


Por isso, eu digo.


E digo em paz:


  • Quem é não precisa dizer "eu sou". Quem precisa afirmar a si próprio se enfraquece. Hitler, demônio que acreditava ser anjo, nunca precisou dizer que ele era ele. Ele era ele, e ele, na cabeça dele, estava melhorando o mundo. Isso quer dizer que fazer o mal independe de ter consciência do mal que se faz. O mal geralmente é feito por motivações positivas. O velho ditado popular nos ensina isso de maneira simples e direta: de boas intenções o inferno está cheio.
  • Morremos a cada dia e isso é fato. Não é inteligente confundir fatos com novidades. O tempo passa e é terrível. Tão terrível que é o tempo um dia que nos matará. Nada suporta ao tempo. A carne será pó, a crença será lembrança e o conta gotas fatal do tempo é o único desafio real que temos.
  • Ganhar do tempo é o grande objetivo da especíe humana. Seja na ciência, na arte ou no amor. O curioso é que sabemos de antemão da nossa derrota, mas mesmo assim insistimos. Saber que a gente perde para o tempo não quer dizer que a gente desista da luta. Somos esse tipo de bicho que se identifica mais com David do que com Golias. Ou alguém acha que a gente se identifica com a 'causa Palestina'(argh, eu disse isso) à toa?
  • Agora tem um negão na Casa Branca e isso é realmente incrível. Ao mesmo tempo o lado incrível da coisa diz mais respeito ao nosso preconceito do que à nossa crença na 'evolução' da humanidade. É uma pena, mas de qualquer maneira eu acho supeerr legal ter um negão na Casa Branca.
  • As crianças são sempre bonitinhas e comoventes. Algumas delas serão pretas e chegarão a Casa Branca. Outras serão o maníaco do parque. Pra dar meu recado, eu simplifico: parecer criança não é, em si, um grande mérito. O que as crianças se tornam é sempre mais significativo do que o que elas aparentam. A vantagem de ser criança é que ela ainda não sabe que é ela, e não o destino, quem age no mundo.
  • Os jogos e brincadeiras foram, em princípio, feitos para nos preparar para a vida. Exemplo simples: brincamos de casinha para um dia termos nossa casinha. É uma compreensão das coisas que podemos classificar de ancestral. O banco imobiliário é isso, assim como o jogo da vida. O war é uma compreensão mais em baixo da coisa, mas, mesmo assim, ainda é. Deveríamos aprender mais com esses jogos e brincadeiras. Eles são mais significativos do que imaginamos. Basta lembrar qual era nossa brincadeira preferida.
  • Ter um blogue é sempre algo suspeito. Quem tem essa necessidade de dizer tudo, além dos inseguros? Claro está que ter um blogue é uma maneira discreta de chamar a atenção. Mas chamar atenção pra quem? Pros outros ou pra si mesmo é a grande questão. Eu me protejo quando penso que é chamar a atenção pra mim mesmo, mas isso não quer dizer que eu não esteja errado. Estar errado é parte da jogada. Saber que esteve errado é triste e inútil. Só se erra pra acertar, diz meu umbigo fraco.
  • Os dados estão na mesa e temos sempre 3 chances. Cada um reage como quer e como pode. Apesar de todo esforço, somos seres limitados. Isso é triste. Saber disso é triste. A tristeza também é parte da jogada, enfim.
  • O idiota se apega a sua idiotia. Eu me apego à mim mesmo. Sem solução, é tudo velho e chato. As minhas chances ainda são as mesmas. E as esperanças também. Pra mim, os milagres ainda são possíveis.

24 de janeiro de 2009

"só não posso perder meu rock and roll"




Cheio de ódio, raiva e desprezo. Cheio de Revolta.
A merda do meu computador tá preto, preto. Ligo e nada, nem a porra do apitinho. E tá tudo lá, tudo que eu precisava pra agora.
Sorte que sou um filhinho de mamãe que tem um laptot. Sorte que não me sinto culpado por sentir coisas negativas.
A merda tá espalhada e o cheiro tá ficando cada vez mais podre. Daqui a pouco ela seca, daqui a pouco ela ficará seca e então eu poderei a recolher com a mão. O bom da merda seca é que ela não fede nem suja. A merda seca é quase uma pedra, sem cor definida, sem forma clara, sem nada.

23 de janeiro de 2009

Relatinho.

A relação entre tristeza e beleza deveria ser estudada. Não por teóricos tacanhos e babacas, mas por teóricos da pesada, desses que conseguem raciocinar com sangue e cérebro ao mesmo tempo.
Hoje, enquanto ensaiava e dava sentido pra minha vida, tive essa sacada.
Eu precisava de uma alegria triste de bêbado. Aquele sorriso melancólico e pacifico que as vezes vemos nos bares. Era um tipo de estado que eu achava que daria pé ali praquela cena.
Eu falava um bocado de coisas pros atores, mas eles não me entendiam. A gente repetia e repetia a cena sem nada ser entendido.
Quem faz teatro sabe a merda que é isso. Há um lugar pra se chegar, você sabe que há e todos concordam contigo e tentam chegar lá. Mas os atores não entendem o que você tá dizendo. Não é culpa deles, nem sua. Eles também sabem que há esse lugar, embora não entendam qual é.
Bem, então, tava nesse momento, enquanto eles repetiam a cena e eu me torturava pensando em como, enfim, me faria claro.
E com o pau pra cima a coisa aconteceu. Foi um relâmpago, uma maravilha, uma milagre. Rápido e fugaz como só um milagre pode ser.
O nome veio na minha cabeça e o sentido se fez claro: Vinicius de Moraes!
- Vocês viram o filme sobre o Vinicius?
- Sim.
- Sim.
- Sim.
- Não...
- Não.
- Não.
- Não.
- Não.
Eu tava fudido. 4 contra 1. Eu achando que tinha descoberto a pérola, a trufa subterrânea.
Outro milagre aconteceu:
- Mas Garota de Ipanema a gente conhece, né?
- É.
- É.
- É.
- É.
- Então, pensem bem, qual o grande momento da música, aquele que é mais bonito e triste e que tem tudo a ver com essa coisa que precisamos pra aqui?
Um pequeno silêncio e eu pensei que tava fudido. Milagre só de um lado não serve pra nada. Precisa do milagreiro e do milagrado, por assim dizer. Eu quase resolvia tudo sozinho quando uma alma boa balbuciou:
- Ah...porque tudo é tão triste...ah...a beleza que existe...a beleza que não é só minha...que também passa sozinha...
E o milagre foi concretizado e tudo melhorou. E o mundo foi bom naqueles pequenos segundos. E eu senti a praga que é fazer teatro. E eu me senti feliz e triste ao mesmo tempo.
E toda pessoa de bom senso sabe que isso é possível.
Sim, sim, é possível.
- Entenderam?
- Acho que sim.
- É, entendi.
- É.
- Entendi.
- Vâmo lá!

22 de janeiro de 2009

lento e limpo é o som do vento.

Vou ficar tranquilo e morrer devagar, que é o jeito certo de morrer. Sem tontura, sem doença e sem precipitação. Morrer lento e decente.
A consciência em paz, os gritos sendo ouvidos, os calores percebidos e o tempo reinando em tudo que segue sem piedade ou perdão.
Porque, e isso infelizmente, é o tempo que passa e é o tempo que mata.
Até o dia em que nós mesmos, gente que existiu e que contou histórias, sejamos trespassados pelo tempo. E nossa morte será esquecida e nossa vida será esquecida também.
E não há nada de injusto nisso além de sermos seres conscientes que sabem que o tempo não liga pra quem vive nele.
A morte, pra mim, só dói quando compreendo a eternidade.
Porque a eternidade é do tempo e não minha.
Porque a eternidade revela o impossível da vida após a morte.
Porque a eternidade existe independente da gente a entender ou não.
E o fim será só meu e solitário.
E a solidão é uma condição e não um desejo.
E, tirando o resto, há aquilo tudo que não aconteceu dentro do tempo: as promessas de sol ainda existem em países distantes.

21 de janeiro de 2009

irresistível.

Ah...as músiquinhas que separei. Hum...que devo ter orgulho de mim. Uma mais legal que a outra e todas com um sentido. E viva o e-mule e a pirataria toda de toda internet.
Fiz meu arquivinho com um nome honesto e reto: fossa da boa. Maravilha, né?
Eu acho. E acho mesmo. E aproveitarei minha fossinha com todo meu tempo e meu direito. É justo. Eu acho. É o que eu quero. Fossa da boa. Clara, louca e honesta. Fossa que se usa e que traz um monte de coisa nova.
Maravilha:
merda espalhada é ruim,
mas não é merda fria.
Vou aí. Indo aí. Sentindo que o tempo é mesmo um troço e que mesmo assim é uma pena. Porque tudo se transforma e vira outra coisa. E isso é sempre e, por isso, por isso de ser sempre, eu preferia mesmo que não fosse.
Mas eu sei e eu repeti:
não se pode ter tudo.
Ainda é uma pena
pra mim
entrar calado e sair mudo.
E as cervejinhas são sempre fugas simples. E lá, lá onde está o resto, tem o eu que eu ainda não conheço. E olha, eu confesso, acho ele bem bonitinho. Tão delicado e sem alma que até parece estar morto. Ou seja, em outras palavras, perfeito.
E fico aqui. E baixei uma porrada de músicas boas daquelas que até você, meu bem triste, adoraria.
E seja que seja.
E vamo que vamo.
E pensar bem é pra fracos.
E escrever com gosto de vigancinha ainda é tática pra escrever.
E nem me acho tanto assim.
E vivo bem sempre que posso.
E nem sempre eu posso.
E muito menos com pouco.
E menos ainda sem força.
Mas mentir,
eu não minto.
E,
por isso,
vivo bem cá comigo.

20 de janeiro de 2009

¨:¨

Minhas doces gracinhas e meus bons amigos.
Vamos beber em um local diferente onde vemos o mar e pensamos que somos mesmo muito ousados.
É, pode ser. Quem sabe.
Cerveja gelada e alguma paz.
Quando a criança acorda eu me lembro de tudo e sorrio. Ela se agarra a mãe, mas não sem antes a procurar com os olhos. Mãe é mesmo imbatível.
Até tento fazer a brincadeira de 'ciúminho', mas nem cola. Ela ainda é muito nova pra isso. Tem certeza que a mãe é só dela e nem se importa com intrusos.
Depois o velho papo e as velhas verdades. É sempre bom confessar pecados: sabe aquele dia? Eu pensei que? etc. Maravilha. Liberdade é saber que não se ofende ninguém.
Agora um banho pra tirar o suor do maldito calor do Rio de Janeiro e uma noite boa onde me lembro, quase sem graça, que sim, sim, já tenho um diploma de professor.

18 de janeiro de 2009

domingo.

Os ônibus estão lotados e todos vão para a praia.
Me repito como há muito tempo não fazia: cerveja no boteco enquanto leio o jornal de domingo. Ler o jornal é uma atividade. Claro que não é o sentido da vida, mas, mesmo assim, é objetivo e simples.
As compras do mercado na cadeira vazia e eu mesmo alí. Calmo, sem pressa e observando o mundo entre uma virada ou outra de página.
A Emília fala comigo:
- Como é, bonitão?
- Opa.
- Tava sumido...
- É...tava com os meus...
- Casa de mamãe, né?
- Isso mesmo...em Curitiba...
- É bom, é bom mesmo. Pena eu não ter mais mãe...
- Pena mesmo...E no mais?...tudo bem...???
- Sim..., vou comer alí. Frango. Que bom que tá bem, bonitão. Beijo.
- Beijo.
- Se quiser eu tô alí.
- Tô lendo o jornal...
- Ah...
A Emília se vai e espera seu frango. As vezes me olha e dá tchau, eu sorrio e respondo o tchau. Continuo no jornal e observo alguns ônibus. Sempre que você olha prum ônibus lotado algum desconhecido lhe dá tchau. Reparo nisso e olho a Emília de novo que, de novo, me dá tchau. Um mistério.
A Emília é louca e sabe disso. Ela não bebe porque, segundo ela, não dá certo beber tomando os remédios. Ela já é avó e tem 3 filhos no orfanato que visita sempre que pode. Diz que o marido morreu de alcoolismo sem ela notar, que ela vende as coisinhas dela e que, mesmo sem criar os filhos, dá sempre conselhos pra eles.
- Eu não tenho as condições, entende? Mas eu sou a mãe deles...
A Emília come seu frango e para de me dar tchau.
Eu tomo a segunda e sigo pra casa. Empadão e salada, eu me lembro e sorrio sozinho.
Na casa verde a saideira e alguns preparos: louça lavada com cbn, salada picada e forno em pré aquecimento.
Tudo bem normal, enfim.
Quisera eu não saber que a normalidade é sempre assim.

relatinho.

Calor infernal no Rio de Janeiro.
Em casa o dia inteiro, pelado o dia inteiro.
Uma ou outra punhetinha que ninguém é de ferro e o "sair ou não sair, eis a questão".
Comprar azeite, suco no hortifrute e pensar no que comer.
Tudo lento, tudo bem lento que deve ser.
Pensar nas possibilidades, tentar pensar com calma. Pensar e pensar. Meu velho mal flertando comigo. Voltar, ir pra Nova York, ficar com o pau mais duro.
Fumar menos também é importante, mas isso só depois de segunda feira.

16 de janeiro de 2009

s m


Vou curtir minha fossa em paz.
Vou fazer tudo que eu tenho direito.
Não quero ter medo como eu sempre tive,
quero viver e
dar jeito e
seguir adiante.

Sem culpa pra nenhum lado
como a moda chata da Internet:
cada um no seu quadrado.

Vou continuar aqui,
tal qual eu sempre fui.
E vou tentar ganhar dinheiro
porque,
afinal,
é isso o que mais influi.

De resto um sonho despedaçado,
uma cabeça num prato
e as pernas curtas que não se abrirão.
No futuro o que eu ainda não sei,
mas que independente de tudo existirá
já que nunca pensei em me matar.

Laerte via D'Umbra



^^

Converso com a minha amiga F.
Muitos pontos em comum e bastante consolo nesse fato. Varamos a noite. É bem bom varar a noite assim, como a muito tempo não fazia. A gente também ri das nossas desgraças. Temos algum humor e fazemos um acordo que, mesmo dividindo dores e angustias, não seremos vampiros um do outro. Nós dois rimos porque não gostamos de vampiros. Nós dois rimos porque temos medo de virar vampiro.
Ela com as suas coisas e eu com as minhas. Uma delicadeza possível e sem compromisso. A gratuidade de uma ternura que se inventou. Com cartas, com esforço e com conselhos. Sem duplo interesse, sem falta modéstia, sem medo.
O dia começa a nascer e pescamos de sono deitados na cama. Eu comento pra ela sobre as imagens que surgem pouco antes de eu dormir: fileira de formigas, colher a caminho do pote, etc.
As 7 da manhã ela se vai. Vai viajar pra ver os dela. O ônibus sai as 9 e 1/2 e as 13:30 almoçará com o lado da família que ela nem aprecia tanto assim.
Acho que ela entende um pouco da vida. Assim como eu.
Felicidade, pra mim, passa por aí: sem grandes euforias, mas com uma cumplicidade que abranda os nervos.

15 de janeiro de 2009

Era uma bruma ou uma névoa.
O mundo acordava devagar e havia chance de manhãs de sol.
Era lento e delicado e,
as vezes,
havia a dança de dois passarinhos que nós assistíamos da janela.

14 de janeiro de 2009

d.s.j

te quero aberta
de quatro
com sua cara
dos anos 50.
quero ver as lágrimas
de medo
que me xingaram
de filho da puta.
quero desvendar essas coisas
matar os fantasmas
descobrir a liberdade
de morrer de amor
em paz.
não me interessa
a força e a sofisticação,
mas a coisa bela
que é apenas possível
em domingos de chuva
quando
por uma brincadeira infantil
sua gargalhada
me pede louca pra parar.

13 de janeiro de 2009

()

merda velha cansa. esse é o ponto.
as mesmas palavras. o mesmo jeitinho.
o velho e conhecido excesso de sorriso.
e mais uma coisinha na fita.
e mais uma histórinha pra contar.

24 de dezembro de 2008

gracinha de natal.




E que venha o bom velhinho com seu saco enorme, seu pau mole e sua risada de ho-ho-ho.
Quando eu era criança eu sentava no colo dele e recebia balas e presentes.
Minha família era cheia de crianças nessa época e sempre havia um papai noel bêbado e familiar que chegava em cima do capô de um carro.
Era divertido.
Agora existem poucas crianças e não haverá papai noel. Conta-se alguma mentira pra elas que têm a sorte de acreditar em tudo.
Com mais sorte emprestamos o papai noel bêbado do vizinho.
Ainda é divertido.

12 de dezembro de 2008

rio de janeiro, arredores da Pça. Tiradentes.

Cheiro de mijo e merda, gente feia pelas calçadas e, no entanto, há qualquer encanto no ar.
As garotas te chupam por 5 pratas e por 10 abrem as pernas. Não são tão ruins quanto o preço sugere. São garotas mais ou menos perdidas dando cabeçada pela vida como todo o resto do mundo. Algumas ainda guardam um frescor no fundo dos olhos e quase sorriem quando você recusa a oferta com um "não, obrigado".
Ninguém parece desesperado por ali. Executivos e burocratas almoçam em grupos, pretos elegantes distribuem panfletos e as meninas, bem, as meninas apenas sorriem.
Fico constrangido pensando em mim mesmo, fico constrangido pensando que todos estão vivos. Todos, todos estão vivos, um planeta inteiro de gente viva.
Fico constrangido sem nunca participar de fato. Me sinto bem, apesar de tudo.
4 livros novos, um passeio que nem durou 2 horas.
Na hora de voltar pra casa tento pongar no ônibus e quase me arrebento. Me sento com os pacotes na mão e sorrio. Ler ainda me parece a coisa mais sensata a ser feita.

11 de dezembro de 2008

*

Me sinto
perdido,
então fumo
um cigarro
atrás do outro.
Me disseram
que
a fumaça
consegue
preencher
o pedaço
que
falta
pouco.

contra mim mesmo.


um ódio ao extremo
revirando por dentro
e eu não sei o que fazer
porque eu só sei reclamar.
-
as esperanças que eu não acredito,
as felicidades frágeis e bestas,
os amores de conta gotas e palavras cruzadas.
minha raiva sem sentido
me envenena também.
-
você desperezando o mundo
que também lhe despreza.
1 idiota para cada lado
e a justiça que sempre tarda.

10 de dezembro de 2008

o fogo dentro das mãos.



Era tudo triste e lento. Não havia nada além da vida acontecendo, dia após dia, uma euforia aqui e uma tristezinha ali. Não era um encanto ou fantástico, mas era a vida. Desse jeito simples e besta que deve ser.
Tinha dias que eu me sentia muito bem porque eu tinha lido algo novo e cruel, uma sequência de palavras que logo na 1° vez eu sabia que me martelariam a cabeça por anos e anos. Eu tinha um prazer imenso nisso. Ler uma coisa que ficaria me revolvendo.
Teve também a época da Av. Paulista. Andava rápido com minha mochila nas costas. Era bom estar alí. São Paulo era a Nova Iorque tupiniquim, a Paulista era a Time Square e eu era um garoto que não tinha medo de nada e que se levava a sério como só os inocentes fazem.
Depois foi a fase das convicções. O grande amor, a profissão de fé, a redenção pelo esforço. As grandes ações e as pessoas que eu admirava, todos me confirmavam que a única saída era a radicalidade, que os grandes homens eram grandes radicais. Eu pensava isso com bastante prazer, mas ficava em silêncio. Ser incompreendido as vezes era um troço medonho.




9 de dezembro de 2008

mistério.

Aquela buceta cresce a olhos vistos.

Os pêlos agora são maiores e mais grossos. Protegem os lábios que também mudaram. Lá dentro ainda há alguma confusão, mas cada vez menos. Saem de lá os duendes e as fadas, mas um unicórnio ou outro ainda permanece.
Os unicórnios são chatos, mas inofensivos. Apenas conhecem os bons lugares pra se viver.

-

(do ótimo blogue E Deus Criou a Mulher)







Ah, essa maldita consciência que surge nas pessoas depois das desgraças! Isso é tortura. É só acontecer a merda para que todos fiquem engajados. Até a Fátima Bernardes e o William Bonner ficam.

4 de dezembro de 2008

CI


"Estamos exaustos,
mas a missão foi cumprida.
Agora só falta decidir
quem é o amor da nossa vida."


21:14
Sua mensagem foi enviada para os seguintes destinatários:
camilarhodi@hotmail.com
Já é um contato
fmaatz@hotmail.com
Já é um contato
documentacion.ccg@xunta.es
Ainda não é um contato
maildocumentacion.ccg@xunta.es
Ainda não é um contato

fernandinho é auto-ajuda.

Depois de muito pensar:

Muito esforço pra ser o que se é
é falta de charme
ou de alma.

1 de dezembro de 2008

¨¨

Se eu fosse Deus e decidisse
então estaria tudo pronto.
E tudo seria justo e decente
e os perigos seriam apenas diversões
para crianças entediadas.
Seria tudo certo e puro.
Tudo traria novidade e calma
e as almas
seriam bailarinas
dançando alegremente
e
sem nenhuma
preocupação
com o excesso de peso.

#

Minha dor sem tamanho se revirando. Há quem ache que eu goste de dor, mas não é verdade. É que eu queria aquelas coisas, aqueles milagres e aquelas grandezas. Eu tenho desde criança esse delírio. E sempre me consolo de duas maneiras: ou me masturbando muito ou escrevendo.
As duas punhetas praticadas com as mãos.
*
A casa era muito bonita e arejada. Ela costumava acordar antes de mim e me trazer coisas na cama: frutas, café e, um dia, até um cigarro aceso. Ficava sentada do meu lado e passava as mãos nas minhas costas pra me acordar.
Quando ela me trazia chá, geralmente de gengibre, ela, depois que eu tomava o tal chá, me beijava, ou melhor, puxava meu lábio inferior com os dentes e segurava meu lábio por um bom tempo, depois me dava instruções pra eu respirar fundo, soltando meu ar pela boca e fazendo com que os olhos dela lacrimejassem com o ardido do gengibre.
Ela sempre fazia isso, pelo menos uma vez por semana. Era estranho, mas eu gostava. Quanto mais ela lacrimejava mais ela apertava meu lábio com os dentes. As vezes até sangrar. Era um tipo de cumplicidade que ela tinha estabelecido e eu respeitava: ela com suas lágrimas e eu com meu sangue. Parecia honesto e verdadeiro, nós dois nos machucávamos, mas sem nunca nos separar.
Depois ela aprendeu a dirigir. Era sempre ela que dirigia nosso carro. E sempre, sempre, sem exceção, dirigia louca e veloz. Ficava com um sorriso na boca enquanto guiava com uma rapidez desnecessária e arriscada. Eu me cagava de medo, mas fazia o possível pra não demonstrar. Quando ela quase batia soltava uma gargalhada e apertava minha perna.
- Essa foi por pouco, neguinho...
- É, foi, foi.
Ela gargalhava com o rosto virado pra mim. Eu respondia sem tirar os olhos da estrada.
Quando nasceu o nosso primeiro filho a gente ficou 1 ano e 1 mês sem trepar. Ela dizia que depois que nosso filho tinha saído dela, ela não queria que nada mais entrasse. Dispunha-se a me masturbar sempre que eu quisesse, mas sem nenhuma penetração, nem oral nem nada. Depois de alguns meses ela me disse que estaria de acordo caso eu transasse com alguma mulher, mesmo uma puta, desde que eu tomasse as devidas precauções. Disse que entendia as necessidades físicas de um ser humano. Eu não disse nada.
13 meses depois a gente transou. Quando eu estava dentro dela, assim que eu enterrei meu pau o máximo que pude dentro dela, ela me disse muito séria: eu te odeio.
Tentei sair de dentro dela, mas ela não deixou. Disse que pra ela era importante me odiar, que ela não conseguiria trepar comigo caso me amasse.
A separação foi inevitável, mas demorou. Nossa segunda filha era surpreendemente loira e risonha. Um desses bêbes que quase nunca chora, que ri muito e parece um anjo. Quando nosso bêbe tinha 4 meses ela me disse, quase calma, que preferia ela. Que ela, nossa segunda filha, era a mais amada e que, se fosse o caso, ela preferia que nosso outro filho ou mesmo eu morresse. Inclusive disse que preferia perder os dois do que perder aquela anja loira e calma.
Um ano depois a gente se separou. O desgaste completo, a imbecilidade de dividir coisas que não haviam sido feitas pra dividir. O toma lá da cá.
As mágoas surgindo nos detalhes mais idiotas, a morte por sangramento de pequenas alfinetadas. O fim.
(...)

simples assim.

Não gosto de saltos ou pulos
e também
não gosto de caronas.
Não ligo,
no entanto,
quando me pedem cigarros.

30 de novembro de 2008

<>

Quando eu chego a porra do prédio tá sem luz. O porteiro que odeio tá lá, quase feliz.


- Que horas volta a luz?


- Umas 3 da tarde...mas nunca se sabe.


Esse porteiro é sádico e fuxiquiero, toda vez que to com compras sou obrigado a esconder as sacolas. Minha ex namorada caiu na besteira de dar sorvete pra ele um dia. Pago por isso até hoje. Merda.


Atravesso a rua e vou pro quintal. Fui por raiva. Não sou um tipo que vive bem sem luz elétrica. Eu adoro a luz elétrica e também o banheiro e seu maravilhoso mecanismo chamado de descarga. Por essas que odeio acampar, por essas que os naturebas me enchem.

Bebo só uma e faço a procissão de escadas. Muito escuro mesmo, um resmungo a cada degrau. Lavar louça pode e, quase milagre, a luz volta antes das 3. Deus é bom e Deus existe. Lar doce lar. Computador, cerveja gelada e domingo. Algum filme de sacanagem na Internet e me torno um novo homem.

27 de novembro de 2008

é da claudia ohana.



Nunca acreditei nessa coisa toda, nessa euforia. Tudo muitomuito bom ou tudo muitomuito mau. Essa coisa de ser intenso sempre me pareceu desespero. Eu e minha desconfiança de mãos dadas. É que eu não sei e, portanto, desconfio, assim:


  • o discurso articulado tende a ser falso,

  • a beleza excessiva é vulgar e/ou fútil &

  • a perfeição é coisa de Deus e eu, cá comigo, não acredito que ele realmente exista.

26 de novembro de 2008

'-'

Meu bom caralho balançando pra lá e pra cá. Quase raiva, quase tédio. Apesar de tudo sempre conto boas anedotas e sou super bem informado sobre os novos casais da TV. Mas o mais importante é que sempre digo bom dia e não, obrigado.

24 de novembro de 2008

@

Enquanto eu rôo um queijinho ela dorme do meu lado. É bom vê-la dormir. Aquela cara enorme e calma, como se o mundo nem existisse. As vezes ela solta algum som: peidinho delicado, lábio frouxo e gemidinhos idiotas nada excitantes. A vida calma. A paz possível.
Uma vez, no meio da noite e bastante bêbado, bati uma punhetinha enquanto afastava o lençol dela. Pensei em gozar na sua perna, mas não gozei. Sou um moralista de merda, apesar de tudo. E sempre acho estranho essa obsessão que eu tenho de ver minha própria porra.
Hoje, de novo, ela dorme. Daqui saco sua bundinha enquanto mexo no meu pau. Repito pra mim mesmo: a vida calma, a paz possível.

22 de novembro de 2008

dia sim dia não

depois de tudo e da velha repetição eu é que não tenho saco e que não quero ser legalzinho. por isso e por todos sempre penso o mesmo, sempre me repito. e hoje, enquanto pensava minhas verdades de merda, criei um caga regra que muito me agradou:
  • careta é aquele ser humano que tem medo de se contradizer.
  • careta é ser sempre fiel a si mesmo.
  • careta é não se trair por puro pavor da mudança.
e que se dane o resto. o resto de mim e das minhas escolas. e que se dane também o meu charme sem risco que nunca deseja sair do previsível. meu controle me agrada ainda assim.
então tiro meus sapatos e sento pra escrever. a casa não é minha e a vida também não. as coisas são diferentes apenas e isso nem é pior ou melhor. cada faz o que pode e todos precisamos de sorte. prefiro sorte do que Deus.
seja como for é apenas mais um dia. daqui a pouco as punhetinhas vêm e as garotas vulgares quase nunca acertam de primeira.

20 de novembro de 2008

o nome dela era Paula.

A louca dos cigarros morreu. Se matou pra ser mais exato. Era uma figura da Rua da Passagem. Nunca gostei dela. Ela era louca e folgada e não apenas louca. Pedia cigarros pra todos. Sem parar. As vezes guardava um cigarro que tinha acabado de ganhar. Parei de dar cigarro pra ela quando, depois de dar 1, ela pediu outro pra guardar. Nunca mais lhe dei cigarros.
Observei, de longe, seu processo de auto destruição. É um direito que se tem: querer se destruir. Um direito tão legítimo quanto qualquer outro. Despedida em Las Vegas.
Na primeira vez que a vi cheguei até a achar bonita. Não tinha 30 anos. Depois vi quando ela circulava com um namorado tão esquisito quanto ela. Sempre achei que ela fosse louca de farmácia e, se não me engano, um dia o Coimbra me disse que ela era filha de médica. Deduzi que a mãe fosse psiquiatra e somei dois e dois.
Louca de farmácia.
Hoje o Coimbra falou que ela tinha brincado de super homem, que tinha se jogado. Ele ainda disse graças a Deus que ela foi sozinha. Ele também não gostava dela. Tinha lá seus motivos. E, afinal, não é o fato dela se matar que a fará melhor. Eu não gostava dela também, sempre que podia eu era grosso com ela.
- Dá um cigarro?
- Não.
- Mas você tem cigarro.
- Eu sei.
- Por que não me dá?
- Porque eu não quero.
E ela me olhava feio e saia.
O Sorriso, um fudido que quer ser corredor de bicicleta, disse que quando ela tinha dinheiro ela pagava tudo pra todo mundo. Achei isso legal e surpreendente.
Eu não gostava dela, mas não queria que ela tivesse se matado. Se jogou do 5° andar pela área interna do prédio e conseguiu morrer. Os suicidas nem sempre são bem sucedidos. Ela foi.
Eu não gosto que as pessoas morram. Eu não gosto da idéia de que eu vou morrer. A morte é uma coisa que não tem nada de legal. Eu sei que a vida nem é tão fantástica assim, mas prefiro saber disso estando vivo. É mais simples e mais honesto. Mesmo a morte dessa desgraçada não é justa. Morrer é uma puta sacanagem, mas é isso aí. Dos que podiam morrer ela era das que menos me doem.
Mas de qualquer maneira é uma pena. Uma pena.

17 de novembro de 2008

-

Agora
sim,
semi-bêbado,
eu falo
num fôlego só.
-
é que há essa loucura e esse devaneio sem fim. sabe como é? todas as conquistas e histórias. e também as tragédias diárias e a morte sempre no calcanhar lembrando que tudo isso acaba e que nem adianta chorar. essas coisas assim: do dia à dia, da repetição, do tédio, do reclamar, da felicidade que não chega, do dinheiro que não cai, das sombras que surgem, do novo projetinho que pode dar pé. o dia à dia - sem culpa, sem jeito, sem opção.
mas daí, no meio desse abismo todo, você tem um belo final de semana com sua garota. e você nota, que lá de vez em quando, esses fins de semana vão ocorrer e você sente uma paz tranquila e nem se afoba. e você suga lento esses milagres que só ocorrem de vez em quando -porque são milagres e não podem ocorrer sempre.
e você se sente muito bem e pensa que nem precisa beber tanto. você acorda tarde todos os dias e sente uma preguiça sem culpa e abraça aquela garota bonita que tá do teu lado. vê a cara dela ainda com sono e passa a mão no seu corpo dela e deixa a mão alí na buceta. na buceta dela que é quase sua e que é mais quente que o resto do corpo. e você volta a dormir com a mão parada naquele seu inferno particular.
e você dorme muito bem e acorda às duas da tarde.
e tem o macarrão ruim que ela fez, mas que se torna uma boa lembrança porque o mundo pode ser bom as vezes, ainda que sem perfeição. ela sentada, as pernas juntas fazendo sua mea-culpa de má cozinheira e, secretamente, elaborando planos que a ajudam pensar na eternidade com menos medo.
ela calma sem querer fazer tudo. você vaidoso por confirmar suas intuições.
os teatros ruins que assistimos, a briga de bêbados, o idiota de sempre, o macarrão sem gosto, a casa suja e o imbatível sorvete de flocos: tudo perdendo o sentido quando, durante o gozo e quase em desespero, você ouve:
- eu te amo, eu te amo.

12 de novembro de 2008

Vaidade.

2 bobagens:
  • é bom ter certeza que os idiotas são idiotas desde que nasceram.
  • e é bom descobrir que os psicanalistas antigamente perguntavam aos esquizofrênicos: - qual a diferença entre um anão e uma criança?

11 de novembro de 2008

sobre a liberdade.

(de 1 umbigo honesto)

A gente é dono de si. Seja lá como for, a gente é dono de si. E é a partir disso que decidimos o que quer que seja. Não dá para culpar ninguém. Não vale responsabilizar Deus, ele existindo ou não. Eu repito: a gente é dono de si.

Pode-se querer ter o que seja, mas não se pode ter tudo. Eu também acho isso chato, mas me nego a lamentar. E sinto prazer em saber que sou eu quem decide aquilo que desejo ter. Claro que nem sempre o que eu quero ter é o que eu tenho, mas isso não importa. Eu sei o que eu quero e é só pelo meu desejo que eu faço o que faço, sendo bem ou mal sucedido. Tanto faz.

Não quero ser um velho que lamenta o que não teve. Acho isso besta e sem graça, além de que tem a coisa de insatisfação ser mais piedade do que coragem. É nessas que eu prefiro coragem. Peito aberto pra pedra que você já sabe, de antemão, que pode lhe atingir.

Ainda considero as vítimas como chatas, sempre reclamando que não são compreendidas. Ainda prefiro os arrogantes que berram, solitários, que o mundo é que não presta. Saber o que não se quer é parte do próprio desejo.

E por isso me considero livre. Por não acreditar em vítimas e por me reprimir ao sentir piedade de alguém. Nada mais egóico do que dizer: - tadinho dele. Tadinho dele é o caralho! Se alguém o maltratou ou/e se a natureza lhe foi injusta não é, afinal, por culpa minha. Liberdade é não sentir culpa, alguém já disse. Liberdade é se isentar de uma culpa que não lhe pertence. Liberdade é assumir a culpa que você mesmo criou.

Liberdade é uma decisão e não um estado de espírito. Ser livre é ser dono de si e assumir suas próprias escolhas. O resto é o imponderável e o destino, coisas que não controlamos. A liberdade só é real naquilo que nós decidimos. Ser joguete do mundo é coisa de macaco ou de criança, é achar que o mundo é seu.

As crianças e os macacos vivem melhores do que os adultos e do que os humanos.
Disso ninguém duvida.
E ninguém duvida que seja humano e adulto, embora deseje o contrário.
Sim!, eu respondo na minha autoridade de blogueiro idiota: - o mundo é mesmo cheio de gracinhas.





10 de novembro de 2008

-

daqui eu digo e repito: me sinto bem e não me incomodo com quem me incomoda. apenas porque sou infantil o suficiente pra achar que sou melhor que todo o mundo. eu sei me proteger. sempre soube. e que fique claro que nem tudo é verdade.


#

depois de 3 dias fico a vontade pra dizer: não posso mais com esses sonhos. essa coisa de sonho erótico faz mal pra quem sonha. você acorda e lembra de tudo e, quase imediato, você se pergunta: por que sonhei com tal pessoa? um inferno de pergunta sem resposta.

#

essas pessoas cheias de convicção me comovem e sempre me desafiam. como podem acreditar tanto em algo a ponto de se confundirem com aquilo em que acreditam? é bonito e patético ao mesmo tempo. essa crença cega é a felicidade. essa crença cega é a burrice. a ironia é você desejar isso pra si próprio.

#
e como não poderia deixar de ser, o idiota dentro de mim se manifesta: não dizer oi pra desconhecidos ainda é sinal de elegância.

9 de novembro de 2008

'

procurando sentido onde não há. o desespero nos comendo pelas beiradas. você tem o costume de ler e nem se lembra o porquê. parecia, não há muito tempo atrás, que ler lhe traria coisas. nem tudo é tão simples. e, no entanto, você quase afirma que tudo é parecido com o de sempre. você é meio velho e o mundo é meio óbvio. os alívios combatem o desespero, como um playboy idiota que paga cerveja pra todos porque acredita que é cheio de amigos. o repetido sistema de compensação:
- ao emanar energias positivas pro universo você também as recebe.
- é, pode ser, meu querido imbecil. nunca se sabe, não é? melhor prevenir.
- hahahaha.
entender uma piadinha é sempre importante. você segue. você reclama. você se repete. você tem uma idéia brilhante para sair do país.
- sonhar não custa nada.
- é, não custa.
e meu dia está ótimo, embora não tenha acontecido nada de mais.

6 de novembro de 2008

*


Ah! Que minha pica balança
mais do que imaginei.
Minha pica com olhos
procurando ovnis
na tarde ensolarada
antes da chuva.
Minha sorte
é que sou eu
quem ainda manda nela.
Antes da meia noite
eu sempre a ignoro,
é só uma maneira discreta
de dizer eu te amo.

3 de novembro de 2008

ANEDOTA DE UM FUTURO AMASSADO.

tem aquela garota bonita

que você ama

que você quer amar mais

que você deseja tornar única.




Aquela garota bonita
que você olha a buceta
por horas e horas
com a cabeça deitada
entre as coxas .
Enquanto a própia cabeça
ainda recebe cafunés.


E ela também:
lhe chupa a pica cada
vez melhor,
tem orgasmos cada vez maiores
e ganha mais viço com
suas aulas de Iôga.


Aquela garota bonita.


Aquela garota que as vezes
nem sabe porque é bonita.


Que deseja a solidão
que confunde amor e sofrimento
que cogita
lhe deixar,
como tantos outros,
na velha estante.


A garota bonita
que rasgou as dedicatórias
que queimou suas fotos
e trocou suas senhas...

A segunda mulher bonita
que voçe conheceu.

*
Dias desses vi essa garota na praia
passeando de mão dadas com um desconhecido.
Parecia estar feliz.

Mas depois
fiquei sabendo
que eles
não se amavam,
embora vivessem muito bem.

2 de novembro de 2008

pras gracinhas de sempre

Que se danem as fofocas. Eu quero mais do que posso ter. Sou óbvio e me repito, me sinto bem assim. - Mas, Fernando, você reclama demais. Como se isso dissesse alguma coisa, como se por isso eu não pudesse falar.
Com a graça do bom deus e da infalível terezinha eu sei de mim: meu ego me protege quanto maior ele se torna. Confiar em quem? Confiar em si.
Gente chata que quer se adequar à tudo, que quer ser amigo de todos. Gente chata que se repete: - Mas, Fernando, você reclama demais.
Li um bucado pra ser assim. Estudei pra ser chato e egocêntrico. Sou honesto nesse sentido.
Fiel a mim mesmo me torno imbatível. Imbatível e solitário, mas é melhor assim: nada de aceitar miudezas pra consolar os vazios, nada de punhetas que substituem bucetas. Sexo no seu lugar e masturbação também.
Sou melhor quando sou desagradável é a minha conclusão.
Sou um cara de conclusões.
Meu ego imenso se sente bem dessa maneira.
Sou honesto, eu repito.

*


Pra
mim
apenas
importa
a
alma.


O
resto
é fuga,
excesso
de calma.

31 de outubro de 2008

d.

  1. Sempre do mesmo. Eu. Pouca gente que passa. Um ou outro pra quem se dá bom dia. Ser egoísta é a solução pra viver em paz. Mas paz também cansa. Tudo cansa. Si mesmo cansa.
  2. Eu quero gostar de você. É uma cisma. Quero gostar porque sua história é boa e sua máscara é simples. Quero gostar por aquilo que você esconde. Minha mania é desconfiar de tudo. E isso é ruim e bom. No seu caso, é bom. Repito: quero gostar de você.
  3. O dia quase cheio. Eu, quase útil. Todos nós sonhando. Todos. Deveria ter um documentário sobre isso: os idiotas de editais que postam no Rio-Sul. Seria um documentário engraçado. Todos nós sonhando. Novo sonhozinho à vista! Estamos no páreo! Cavalo que paga bem é azarão! As conhecidas gracinhas do mundo. Nunca se sabe.
  4. A única coisa é auto-controle. Não sei ser mais claro do que isso. Auto-controle. O mundo vem e vai, tudo acontece independente da gente, mas mesmo assim, eu repito: auto-controle. São essas coisas raras que me importam. Tento sempre ser honesto, fui educado pra isso. Prefiro o mundo que depende de mim.

29 de outubro de 2008

Fidelidade.

Tinha beleza e loucura naquilo tudo. É tão difícil explicar. Uma delicadeza que transbordava e quase irritava. Não sei ser claro quando lembro disso. Minha memória é idiota e meu delírio de grandeza mais me prejudica do que me salva. É o que Aramis diria com aquele sorriso estúpido e familiar - o lábio superior segurando a boca em "v": Uma sinuca de bico!
É que eu tenho minhas manias e, embora seja graças a elas que eu sou quem eu sou, são elas mesmas que me fodem. Porque algum dia - não sei quando, mas é sempre em algum dia que as coisas ocorrem. Porque nesse dia eu decidi que seria do contra e que ia querer sempre mais e mais. Mais tudo, fosse o que fosse. E todo idiota sabe que querer mais é justamente a causa da insatisfação e do sofrimento. Blá-blá-blá. Sou mesmo um falador de merda.
Mas seja como for fico me perguntando se eu mesmo sou capaz de me transformar. Sabe como é: mudar tudo, virar outro, deixar tudo pra trás, viver o presente, não pensar, curtir mais, esquecer o futuro, ser só desejo, gostar das coisas simples, ser menos sério, ter mais amigos, sair mais, beber menos, fazer mais comida em casa, fumar menos, comedir a pornografia disponível na rede, ser mais condescendente, sorrir pra desconhecidos, mudar o nome do próprio blogue, ter mais ambição, desistir do que se é, virar viado, comer mais legumes, dançar nas festas, telefonar pros amigos no dia de aniversário, não se levar à sério, prestar concurso público, desenvolver a espiritualidade, ver menos House, fumar menos, ignorar a morte, pagar as contas em dia, abrir um negócio próprio, ir à praia, etc, etc, etc.
Mas isso também não me agrada e ainda me soa como fraqueza:. mudar quem você é para tentar viver melhor. Vive melhor: quem não pensa, quem não se leva à sério, quem apenas brinca sempre, quem esquece as mágoas, quem perdoa como se fosse simples, quem ignora a própria desgraça, quem tem sacadinhas prontas pros constrangimentos, quem vive o presente, quem sonha com melhoras, quem espera as soluções, quem faz exercícios diários, quem casa com a 1° namorada(o), quem não saiu do próprio quintal, quem esquece a própria morte, quem crê que todos são iguais, quem acha que todos são diferentes, quem vê o jornal da globo e dorme depois, quem acorda todos os dias no mesmo horário, quem quer a vida como ela é, quem se satisfaz apenas por ver o bem alheio, quem cora com piadas sexuais, quem acredita em Deus, quem faz sopas às sextas, etc, etc, etc.
E como essa merda é um blogue e não um livro eu posso acreditar que eu escrevo bem.
É simples. É idiota. E causa bem estar.
Conclusão: ter um blogue é a vaidade mais recalcada que pode existir.

28 de outubro de 2008

-

a bunda pra lua com o cu na reta.
Tem que ter tomada de postura e decisão. Não é nada abstrato, é direto e definitivo. Mesmo que sem a obrigação de ser fiel a si mesmo. Tem aquela merda que te revira, aquela merda que é a mola e que te faz falar de várias coisas. Mas que é uma só, uma de cada vez pelo menos.
Tem que ter obsessão. E obsessão não pode durar meses ou estações, tem que durar pelo menos 2 anos.
Há certas defesas que se devem fazer: das suas ideias, das suas taras, dos seus preconceitos. Gente sem preconceito não presta e quem aceita tudo não morre. E quem não morre não pode entender a merda da vida.
A merda. A mesma merda que te revira. A merda que é mola. A boa merda.
E tem mais: você tem que querer ser grande, não pode se bastar com pouco. Claro que pode, mas não deve, não se você tem a pretensão de ser artista. Porque ser artista é uma pretensão. Sempre será. E se essa é a sua pretensão, você tem que ter uma merda bem grande te revirando e te sujando por dentro.
Aqueles caras que você admira tinham essa merda, se remoíam por essa merda e alguns deles até morreram por essa merda. Por isso que aqueles caras eram aqueles caras, por isso que eles continuam por aí, invadindo a cabeça dos outros, espalhando a merda póstuma deles. E isso que faz deles gênios. Isso e outras coisas mais, mas que não vêm ao caso agora.
E é por essas que posso falar mal de quem faz teatro. Teatro tem sido a minha merda. É onde tenho, melhor ou pior, revirado minha merda-mola por dentro. E que fique claro que não estou falando de qualidade ou competência, mas de ambição e pretensão artística. É claro que a gente nem sempre emplaca e que quem muito fala pouco faz, mas dane-se. Minha merda também se manifesta assim.

27 de outubro de 2008

+

Você não vai ser a minha vítima. Não adianta fazer essa cara de lamentação quando me vê. Eu não me comovo, não por isso certamente. Suas desgraças são apenas suas e é assim que deve ser.
Nada demais, apenas o mundo funcionando.
Eu não lhe conheço e você me conhece mal, não há porque partilhar segredos com quem nos é indiferente. Questão de estilo e de zelo pela própria privacidade. Eu zelo pela minha e acho que isso é bem claro. Gosto apenas de quem quero gostar e não assumo amizades em conversas de bar.
Sou simples e óbvio.
Ser livre, pra mim, é poder lhe mandar a merda e, mesmo assim, não o fazer.

26 de outubro de 2008

'

o sentido da insistência.

tremor e desespero,
o mundo quase belo,
quase completo.
a cadência aumentando
lenta e compassada,
a força pra baixo -
a imbatível força pra baixo.
mais força e mais pressão.
a abertura maior do que o costume,
a velha sensação
de que uma buceta
pode mesmo engolir.
o choro convulsivo,
o riso histérico:
o equilíbrio combinado
entre dois extremos.


24 de outubro de 2008

a gratuidade pelo meu cu.

meu caralho não é grande, mas eu tenho lá algum vigor. é claro que eu reclamo, é claro que eu sofro, é claro que devo fazer exercícios físicos e cuidar da minha saúde. todos os idiotas têm. e eu estou entre eles, infelizmente. idiotas saem dos ralos e são como formigas perto do açúcar: sentem o cheiro e se aproximam. óbvio. os idiotas abusam do óbvio. por isso, e só por isso, sofro pela minha idiotez. sofrer disso é o óbvio, afinal. a tristeza é que caminhamos de mãos juntas para o abismo abaixo. a tristeza é que a queda é mais longa do que pensávamos.

23 de outubro de 2008

1 X 1

Maravilha.
A mesma estratégia, mas eu estava esperto.
Ele ameaça, fuxicando a pochete: - olha aqui, é bom você...
Não deixo ele nem terminar: - então mostra, porra, não fala, mostra...
Continuo andando e ele olha pra mim sem reação, me ameaça sem nenhuma crença, resmunga.
Eu, já distante, arrebato com os punhos em riste: - perdeu, filho da puta, perdeu! ou vai querer sair na porrada?
Céus! O mundo é bom! Mais um desse e saio do empate! Oiés, eu digo!!!

-

o bar estava extremamente triste hoje.
uma puta que dizia que pensar era ruim.
um casal de bêbados com um filho que brincava sozinho com 2 bonequinhos.

21 de outubro de 2008

diga 33.

Os inocentes morrem cedo
de câncer ou de doença cardíaca.
Eles rondam a própria vida
crendo que estão acertando,
assim como a maioria de nós.

Os inocentes se parecem com o seu vizinho
e até com você mesmo.
Eles têm os mesmos olhos
e a mesma esperança tola
que desde que cada um faça a sua parte
o mundo inteiro vai melhorar.
Como você.

Eles acreditam nas esperanças do amor,
na continuidade da especíe
e na tecnologia como meio
de rendeção sincera e possível da humanidade.
Os inocentes são inocentes, afinal.

Em momentos poéticos, eles berram bem alto.
Em momentos tristes, eles esperam uma surpresa.
Em outras horas,
eles bebem cervejas nos bares,
eles vão ao cinema com amigos,
eles valorizam o renascimento do samba na lapa.
Também podem assistir uma peça teatro,
apenas pra valorizar as coisas que não têm valor.

Os inocentes brigam contra Golias
e sempre perdem a briga.
São inocentes, afinal.

Nas esquinas tristes
de lua cheia
os inocentes
reparam na lua.
Acham que a lua pode mudar o ânimo
e acreditam que o ceú pode mudar de cor.
Os inocentes tapeiam a si mesmos
porque acham que sobreviver ainda é importante.

Os inocentes não sabem das coisas
e, apenas por isso,
são inocentes.