29 de maio de 2010

tédio talvez

Estalo uma cerveja e coço meu rabo com o dedo médio. Coçeira no cu é bem humilhante. Agradeço por morar sozinho e acendo um cigarro atrás do outro.
Meu putamerda é coisa velha e gasta. Nem eu aguento. Gordinho reclamão bebendo cervejinha antes do almoço.
Faço meu circuito na Internet e me irrito. Feeds cheios de otimismo desesperado. Quem aguenta? E que história é essa de perfeição e júbilo porque viu uma tartaruga comendo alface? Porque os feeds otimistas tem essa relação estranha com a natureza. Como se a natureza fosse uma coisa pacífica. Não é e nem existiria se fosse. A natureza é um sugando o outro. A planta suga o solo e será sugada por uma vaca que, por sua vez, virará um delicioso bife.
Lembro da explicação do J. Campbell sobre o porquê da culpa judaico-cristã ter emplacado tanto. Mais ou menos assim: "A culpa já existia porque a vida, bem ou mal, precisa sempre matar outra vida pra sua manutenção. A vida é feita dessas mortes necessárias à sobrevivência. Um come o outro. Não é à toa que a imagem de perfeição e absoluto é a cobra que come o próprio rabo."
Então invento minha auto suficiência e sinto raiva desse otimismo de gaveta. Prefiro viver na merda do que florear bostas e achar que tudo é uma maravilha.
Também quero, como todo mundo, morrer em paz.
Mas paz não é aceitar toda bosta que se impõe e muito menos achar que a natureza é perfeita.

2 comentários:

Thiago Alves disse...

Te imaginei uma mistura de Bukowski com Mutarelli!Adorei!

fmaatz disse...

nu! dizem os mineiros. abs.