5 de outubro de 2008

***

A única maravilha é um sorriso de mulher burra que diz que te ama.

O nome dela era Larissa e ela sorria muito e bebia muito pra minha sorte. Só sobrou ela e sua melhor amiga na mesa. A melhor amiga dela era uma velha conhecida e lésbica implacável, dessas que odeiam pau e têm discursos ótimos pra isso.
A Larissa só me olhou direito quando eu disse uma frase de efeito e cheia de desprezo: - não confio nessas mulheres que gozam na primeira vez que trepam comigo.
Ela se impressionou com isso e ficou feliz. Eu também fiquei feliz.
Quando a gente mudou de bar, foi a Larissa que disse: - vamos prum boteco que não feche. É melhor beber num pé sujo que não fecha que num lugar que te expulsem as 2.
Larissa sabia das coisas.
No bar o mesmo papo de sempre: sexo, vulgaridades e teatro. Minha velha conhecida reclamava dos paus que insistiam em ficar duros e refletia dizendo: paus duros são opressivos, eles ficam duros por qualquer coisa e são idiotas...beijo na boca não é motivo pra que fiquem duros, não é?
Eu apenas ficava calado e reparava na Larissa. Não era o momento de discordar da minha velha amiga. A Larissa dava trela pro papo e tinha mil opiniões, um inferno.
Eu estava com sorte e minha velha amiga foi embora antes. Ela morava pro outro lado e eu e Larissa ficamos tomando a saideira. Bebemos e bebemos. Larissa era boa de papo e eu também. Conversamos durante horas.
No táxi ela encostou na minha coxa e eu beijei a boca dela. Um beijo longo e sem alma. Muito esforço pra pouco resultado.
Quando ela desceu, me disse: uma pena.
Eu concordei e segui até a minha casa. Uma pena mesmo, eu pensei apenas um pouco antes de dormir. O mundo não era mesmo muito justo.

Nenhum comentário: