29 de abril de 2012

É domingo, molho minha boca com malbec e baixo discos.

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Ouço a Gal-Fatal e tento entender o que diabos aconteceu. Nos dois shows que vi dela não havia alma ou grito. Era uma voz. Não era uma pessoa que cantava, era uma voz que cantava: só uma boca vermelha e iluminada que mostrava uma refinada técnica.
E tem o bom do Caetano-Compositor nesse disco. E, diabos, o que foi que aconteceu com o Caetano? Tentei ouvir o penúltimo disco dele e nem e nada. E desisti porque queria manter o bom do Caetano no meu imaginário.
Penso se é o tempo, a ação do tempo. Se é inevitável que as pessoas piorem com o tempo. Tentei ouvir as músicas do último disco do Chico Buarque. E achei ruim. E tinha uma muito, muito chata. Que tinha uma pegada de blues e umas rimas que, meu Deus, onde estava o C. Buarque, afinal?
Há também a possibilidade de que a ação do tempo ocorra em mim: mais chato, mais implicante. E que seja só isso e que eu tenha perdido a inocência daqueles que acreditam em gênios e seres extraordinários.
O bigodon diz que a necessidade de acreditar em gênios é parecida com a necessidade de acreditar em Deus. Ele diz bem melhor e de um jeito bem mais convincente. El bigadon tem verve e escreve bem, eu repito.
E lembro do belo texto do Skylab sobre a nova mpb. E acho que ele acerta bem, que ele é bem preciso. E que você pode até discordar do que ele diz, mas, vá lá, tem sentido pra caralho aquela idéia. Inclusive no lance de faltar pau e buceta.
De forma que me pergunto: - onde foi parar a buceta da G. Costa? O pau do Chico? O cu do Caetano?
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Meto a mão no meu livro jamais lido pelos meus melhores amigos. E penso que merda de melhores amigos são esses. E tento entender por que não cobro deles isso e por que, enfim, isso me dá tanto prazer. Quero dizer: meter a mão no livro que nem sei se pode ser publicado e nem sei avaliar. E, vá lá, por que diabos se publica? Por mil motivos abstratos, eu sei. Mas como faz? Porque eu, eu mesmo, sou o travadinho da estrela e definitivamente não sei vender meu peixe. E isso me fode. E el bigadon também fala disso. Digo: dessa capacidade de vender o próprio peixe. E ele, como sempre, fala de um jeito fodão.
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Devo confessar que te amei - se te amei - porque você era triste. E sua tristeza, é bom saber, é toda a sua beleza. Você alegre jamais será linda. Porque sua tristeza é real e comove gente fraca e cristã como eu. E seus gemidos eram essa canção triste que faz a gente lembrar da infância. E sua alegria me deixava contente porque mostrava o quanto o abismo é profundo. E teve duas ou três tardes em que acho que te amei. Porque foram as raras vezes em que você não pensou se era feliz ou triste.
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Lembro da escritora hermética que um dia me disse que não escrevia muito no seu blogue porque temia ser roubada. E quando ela postava algo novo, apagava o antigo. De modo que seu blogue tinha sempre uma só página. Um dia li um texto que ela tinha escrito e pensei: - por que ela acha que será roubada?
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Tesão: dizer pra Japa Teen que ela deve trair seu namorado. Bobagem: dizer pra Japa Teen que ela deve trair namorado. Mistério: por que, sendo tão vaidosa, ela não faz o buço?
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A beleza do adeus cheio de choro na rodoviária.
Nunca mais uma mulher tão chorosa.
Nunca mais um amor tão decente.  

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