6 de abril de 2012

de todo o resto.

Falava de amor e novidades. Falava de tudo. Dizia que tudo mudava, que o mundo era enorme, que a intensidade doía. Explicava os astros e dizia que, mesmo sem saber, eu era uma pérola, um deus, um escolhido.
Me mostrou suas mãos e me explicou porque era assim, porque vivia assim, porque acreditava assim.
Gostava de homens, de mulheres, de flores, de cidades, de passarinhos, de ricos, de gente, de bairros pavimentados com árvores, de praias, de cinemas, de bares. Gostava de tudo.
Me explicou sobre saúde, sobre alimentação, sobre os índios esquecidos da Austrália. Disse não ter país, não ter lugar, não ter plano de saúde. Riu. Achou tudo que disse engraçado e riu.
Eu ri também.
E nos sarramos, e nos beijamos, e íamos trepar, mas meu pau não entendeu e ela disse seus clichês de mulher descolada: "não me importo", "super normal", "acontece".
Disse meu clichês: "nunca me ocorreu", "que merda", "a culpa não foi sua".
Mas a culpa - se culpa havia - era dela e eu sabia.
Mania de fêmea por cima, mania de fêmea 'levanta que eu corto', mania de fêmea de mil posições. Mania de fêmea meio macho antigo, que acha que estar no controle é estar bem.
(Lembro de um bom papo de bar, onde, ouvindo os outros, homens e/ou mulheres, cheguei a conclusão que toda brochada é culpa do outro, uma vez que mulheres também brocham, e que sempre, e sempre e sempre, antes da brochada em si, há um erro claro e transparente que, como sempre, jamais é percebido pelo 'errador')
Nosso hasta, nosso quem sabe, nosso eu te ligo. A discrição é uma arte e os travestis são confundidos com mulheres em lojas de sapatos femininos.
Meu amorzinho / meu tesão
eu não te espero
mas finjo que sim.
Aprendi:
é conveniente viver assim.

Um comentário:

Ju disse...

Adorei esse.