3 de outubro de 2010

eu e meus dez dedos.

Roer o osso e ver as pessoas. Elas estão vivas e respiram. Poderia ser um milagre, mas não é. Na multidão de rostos engraçadinhos apenas dois se destacam: a moça à minha frente que usa blusa rosa e a mais simpática do oeste que parecia me conhecer, mas não me conhecia e ria e soltava gritinhos sem me irritar.
Sou simpático. Dou olá e dou adeus. Falo apenas com quem devo. E ouço e falo. E papo bom é pra poucos e raros. Sem desperdício, em outras palavras.
O álcool é um azeite e sorrimos. Estamos felizes, estamos tristes. Catamos nossas conchinhas e choramos pelo o único sofrimento real: estar vivo. E sorrimos pela única coisa chata: deixar de estar vivo. Marionetes usando as bebidas e a fala. Planos e países incríveis: sorrisos e desesperos de mão dadas.
Minha casinha e rádio uol. Música clássica e torturas em notas geniais. E também mistérios, tesões, tédios, perda de tempo e esperanças vãs.
Somos tristes, mas vivemos bem. O coração, a mente e o pau após o esporro. Vazamos, vazamos sempre. Há uma constância de qualquer forma... coerência torta e fatal.
O berro mais frágil e mais bonito, a criança mais feia e mais amada... a música cheia de notas loucas e climas terríveis... o tesão... o tesão...

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