- Tive uma vizinha que só percebi que era linda depois de muito tempo. Moramos 4 ou 5 anos porta à porta. Tratávamos-nos de maneira educada, mas jamais éramos esfuziantes. Vendo agora cogito sermos pessoas que correm o risco de serem parecidas demais; e, por tanto, jamais arriscam alguma intimidade. Preferem um estranho à um parecido demais.
- Ela era bonita de modo geral, mas era o tipo que se incomoda com barulho de criança e que acha divertido discutir com vizinhos de coluna. Bebia e fumava, tinha bunda, peitos e era Fêmea no F maiúsculo da coisa. Uma vez, por acaso, encontrei com ela que acabara de deixar o namorado no elevador. Ela estava feliz e apaixonada. Gemeu um ahhh longo pra mim e disse: tão bom estar amando. Nunca esqueci daquilo. Ela fugia do seu próprio esteriótipo.
- Não lembro como, mas ela disse que não queria ter filhos. Antes mesmo de poder reagir, ela disse: odeio esse desprezo que pessoas como você tem de quem não quer ter filhos.
- Nunca houve um papo que durasse meia hora. Então nem posso dizer que a conheço, embora saiba quem ela é, qual o seu nome e onde mora atualmente. Temos amigos comum e também um ou outro mesmo interesse. Mas nunca nos conhecemos. A loucura é que provavelmente nunca nos conheceremos.
28 de março de 2014
EX
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