15 de fevereiro de 2012

O álcool e aquela euforia.

Tão fácil sonhar, tão bom sonhar.
Mas o principal: tão importante sonhar.
Essa imensa quantidade de gente que não sonha e me deixa constrangido.
Porque acham que sonhar é coisa pouca.
Como se não houvesse sangue nos sonhos, como se não houvesse dor nos sonhos.
Sonhar é decente e, esquecer-se disso, é a tristeza do mundo.
É a garota que desistiu do príncipe e reclama da companhia do sapo.
(Os casamentos tristes que vi e vejo. Os casamentos que teimam por fraqueza. Os casamentos sem convicção. Os casamentos que enfraquecem casais e maltratam bebês. Os casamentos que ficaram cansados e agora se arrastam pela conveniência de dividir as contas do mês.)
Sonhar porque a outra opção é a morte em vida:
achar que é assim mesmo e que SÓ assim pode ser.
Como se nada mudasse, como se o mundo e o ser humano fossem os mesmos de 50 anos atrás.
Achar que a vida é apenas isso e tornar-se duro para poder ser forte.
Ser duro é triste, achar que não tem jeito é triste, manter a companhia de sapos é triste também.
Que princípes não precisam existir,
que o sonho tá aí e não depende da realidade.
A realidade nunca foi, ou será, uma boa conselheira.
A realidade é o plebiscito que aprova a pena de morte, é o foco da imprensa no alcoolismo do Sócrates-Magrão, é o PT fazendo aliança com o Kassab.
A realidade é uma mulher deslumbrante que te fez pensar em amor à primeira vista, e que já no fim da noite lhe oferece sexo anal à 60 Reais.
A realidade é uma puta linda e barata que insiste em dizer que ser puta foi sua única opção.
Então o sonho. Aquilo que sangra e dá dor. Aquilo que não põe preço no delicioso sexo anal.
É questão de gosto, de estilo, de ambição.
Prefiro o sonho.
A realidade é o inevitável
e existe por si.
A realidade não precisa de invenções
e jamais depende de mim.
E isso, em último caso,
é a mínima explicação necessária.

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