2 de maio de 2011

Benedito tenha dó.

Os pretos dançavam enquanto pensavam em Deus.
Aquilo tinha sentido. Dançar ao invés de rezar. E a dança era uma reza.
Dava pra ver uns padres que não gostavam nada daquilo: cruzavam os braços, sorriam duros e, meio inconscientes, faziam gestos obscenos com as mãos.
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Os cigarrinhos dos católicos, as cervejinhas dos católicos. Lembro do J. Fante falando sobre catolicismo e acho tudo legal, bem legal. Que católicos dizem 'pecadinho' e sabem que a carne é fraca. O cordeiro de Deus deixando a gente a morrer tranquilo. Que católico bom vive pra morrer bem - a vida aqui não importa, eles ensinam. O lance, eu entendi, é a Nossa Senhora da Boa Morte.
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Nossa miséria brasileira dando lição pra todos eles. Que eles proíbem burca em local público e coisas do tipo. Que eles não entendem que tudo se mistura e tudo fica bem - e bem não é perfeito. E há batuques em igrejas, Nossa Senhora Pretinha e padres que, por trás do colarinho, têm um cordão de umbanda.
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Então vou dançar enquanto me lembro da frase que acho ser do Nietzsche: "não acredito em um deus que não dance".

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