9 de fevereiro de 2011

Relatinho: cinema antes das 18:00 é a solução.

Pouca e previsível gente e eu quase me emociono. À minha frente duas adolescentes e a avó. Tudo é suposição, mas não importa.
Estou em paz, estou até feliz... Bobagem... Dizer estou feliz sempre é bobagem.
Mas estou lá e me sinto bem, mesmo chegando a triste conclusão de que eu suo muito mais do que a maioria do mundo.
Ouço as adolescentes com a suposta avó. Doze anos de diferença fácil. Nem é tanto, mas é. 30 e 18: um mundo.
Harry Potter é uma referência que não tenho mesmo tendo lido dois (ou seriam três?) livros da série e gostado.
Malu de Bicicleta. Título fodão e, bem, eu gostarei, gosto e gostei. Questão de estilo, por assim dizer... seja lá o que isso for.
Lembrei do Marcelo Rubens Paiva dizendo que não gostava do rótulo 'comédia romântica' no blog dele. Mas quem se importa? Eu não. Sou dado à comédias românticas e nem acho que seja o caso, já que o final explicado e feliz tão característico ao gênero falta.
Não acho que seja O filme. Mas que filme é O filme? Dez entre duzentos, no máximo. E quem se importa?
(O Kafka, por exemplo. Não consigo embarcar no Kafka. Fico confuso, acho meio chato e penso que me falta a devida cultura. Quero dizer: sou um consumidor de Arte voltado pra empatia. Se não me causa empatia, eu estranho e acho suspeito. Não sei explicar, mas o Kafka é um bom exemplo: um cara que têm delírios de uma luta que não existiu é um puta mote, mas, no desenrolar da trama, esqueço o que acabei de ler e nem lembro da luta que parecia ser um puta mote. Empatia, em outras palavras).
No Malu de Bicleta (puta título!) o que me bate é superrrr empatia: Meu Deus, como dói amar. Porque é real: amar dói. Dói muito e ciúmes, meu Deus, ciúmes é o cúmulo da dor de amor: irracional, idiota, desnecessário, fatal, real e , sobretudo, dolorido pra caralho. Mas ciúmes, em si, nem vale. Ciúmes de amor dói. E é triste e terrível. E amor dói. Sempre e sempre. É nessas que me lembro de frases que defendem a solidão como uma maneira de ter mais paz. Faz sentido. Seja no MaluDeBicicleta, seja ao ver o inferno que minha família vive. Tanto faz. Paz só é possível em solidão.
O filme não tem fim e isso me agrada. É o que é. Têm coisas que não tem fim. Cisne Negro entende isso também. Deixar mal explicado pode ser uma arte. E que me abençoe o Cassavetes que nem sequer nos prepara para isso que chamamos de fim. E alguns filmes dele (Cassavetes) estão entre Os puta filmes.
Na volta do filme, reparo na paisagem do Rio. É realmente linda e perturbadora. Lembro da frase do Reinaldo Moraes "o Rio é uma paisagem na memória - ou seira "cabeça"? - do Paulista" e acho que tudo faz sentido.
Está calor e amar dói.
A gente sabe, mas precisa ser lembrado. É um dos motivos para existência das Artes.
Está claro, eu acho.

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