24 de fevereiro de 2011




  1. Ouvir música clássica como quem bebe uma cerveja. A intenção por trás da coisa é a mesma: sentir-se bem, viver melhor, essas bobagens.

  2. Música clássica é o fino. Será que um dia só ouvirei música clássica? Lembro do bom Buk falando de música clássica. Faz todo sentido. É como se tudo estivesse lá. É como se fosse uma arte superior. (e sim, sim, sei que esse papo de arte superior é algo velho e chato)

  3. Arte é do caralho. E nem toda manifestação artística é do caralho. Mas pra quem gosta de arte há momentos em que tudo é aquilo. Pode ser uma música do Lobão, dos Beatles, um trecho do Domingos Oliveira falando ou o início de O Idiota. Tanto faz. De repente, por algum mistério, a gente sabe que está diante de um treco fodão. Pode ser uma tela do Picasso ou a Laura de Vison no teatrinho gay que ficava Travessa dos Tamôios. O que quero dizer: Arte não é um monte de perguntadores malucos diante de um quadro. Arte é e é imediata: ocorre diante de todos.

  4. Esse papo de que todos são artistas potenciais é a coisa mais imbecil que já se disse. Um auto ajuda destrutivo, desses que supõe a solução ser a auto estima (outra falácia). Uma pessoa feia sabe-se feia e reconhece a feiúra e a beleza. Ela não precisa estimular sua auto estima diante do espelho. Ela sabe quem é e faz o que faz. E, caso esse/essa, seja artista ele fará um quadro fodão, como o bom anão Lautrec. (Ou alguém acha que as putas que serviram de modelo para nosso anão não cobravam por hora?)

  5. Que venham os anões fodões e as músicas clássicas. Que o Dostoievski continue ensinando as coisas pros seguidores de Freud e que o Bortolotto explique por quê é sem sentido querer ser famoso. Que Reinaldo Moraes mostre que o sexo é divertido (e constrangedor) pra caralho e que o Nelsão nos diga sobre a importância de ter manias, taras e obsessões em geral. Que haja Picasso pra mostrar a guerra e Oticica pra revelar que o Brasil consome os ícones americanos como quem consome cocaína. Que os sambinhas representem nossa dor de corno e melancolias de machos latinos, que a MPB seja nossa inteligência e que o Win Wenders nos mostre o jeito certo de olhar as paisagens.

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