1 de fevereiro de 2011

minha visita excessiva.

Certezas estúpidas porque inúteis:
  1. Faltou trinta coisas, mas principalmente amor. Quando se ama! Ah... Quando se ama! Queríamos amor, acreditávamos no amor, desejávamos amor. Mas amor, amor mesmo, é. Não diz respeito a desejo ou impressão. Só um idiota diria: "acho que ele/ela me ama". Amor é certeza sem margem para achismos. A regra é clara: ou amou ou não amou, ou foi amado(a) ou não foi. O amor é real e palpável, não é um UFO que vemos no céu. É, no máximo, o balão à gás que soltamos e chamamos de UFO. Ñão é, definitivamente, um objeto voador não idenfiticado.
  2. O erro também é bastante claro: supôs-me apaixonado e não recebeu as delicadezas como simples delicadezas. Isso deturpa. Põe o tempo na frente sem nem sequer pensar no atrás. Erro. Meu, seu e nosso. Somos (seríamos) um casalzinho cheio desses defeitos que encantam a humanidade. Casalzinho que vira assunto de filme e teses de doutorado. Casalzinho moderno e estúpido como é, enfim, todo casal moderno.
  3. O amor é uma invenção, a gente sabe. O fato de sê-lo não o faz menos real e até o contrário. Leminskão falou disso com bem mais inspiração. Seja como for, digo: o amor é o que sempre foi desde inventado: uma teimosia, uma rejeição ao mundo apenas real. Amor não é o amor de hoje, amor é o amor de sempre. Não é mutável nesse sentido mesquinho de um dia após o outro ou de regar plantinhas. É fatal como uma planta carnívora, dessas que se alimentam de insetos voadores e outros sangues.
  4. Pra me culpar: meu erro é velho. Espero superar o primeiro-idealizado amor. Erro terrível e inevitável: ou você é melhor do que ela ou não é. Se não foi, a culpa é minha. Porque ela é minha e porque nem me deixei levar. Tem a ver com crença. E com teimosia. E, como não?, com insistência. Insistência que seria nossa, assim: por que essa mulher/homem me ama tanto? Resposta: porque o amor existe.
  5. Ao notar que seu afeto se manifestava por patadas e agressividades eu me senti feliz. Ora, eu havia entendido seu afeto. Mas entre entender e topar há um lapso enorme. O mesmo que separa o UFO do balão de gás que eu soltei. Se notei isso e te falei foi pra dizer "deixa disso" e não pra repetir "é um UFO, um UFO."
  6. Meu tesão existe porque você é bonita. Como explicar? Impossível. Mulher bonita é mulher bonita. E ser bonita é ser bela, gostosa e tesuda e, ainda assim, deixar um naco de alma transparecer. É por esse naco de alma que não serei seu amigo, seu bródinho ou seu confidente. E bonita é bom pra mim: sou gordo e pouco atraente. Sinto-me ótimo em desfilar com belezas que me dão ou querem me dar.
  7. Se você acha que o você desse texto é você, eu afirmo: você está errada e nunca entendeu o que digo. Eu falo de mim, apenas de mim. Por incompetência e limitação. E se misturo verdade e mentira é porque também dependo das minhas invenções. Fraquezas antigas e desejos bregas de ser original. Ser original? Sim, como a cerveja que todo mundo bebe e acha ser encorpada. Em outras palavras: uma imagem bem vendida.
  8. O UFO são meus sonhos e sua data de nascimento. Eu gostava daquilo: signos, cadomblés e Jesus Cristo no pacote. Um lindo exemplo de sincretismo, uma beleza mal disfarçada em insatisfação. Sua bela e irritante insatisfação. A gente amava quando queríamos amar e não quando estávamos juntos. Era inocente, pensando bem... como se amor fosse apenas desejo de amor.
  9. Pra terminar: o tempo avançando e nós deixando que o tempo passe. Como vítimas, como quem berra "as coisas mudam" sem perceber que a mudança ocorre também por causa da gente. Amor, nosso sonho. Sinceridade, nosso delírio. Erramos porque não houve nós, porque não soubemos de tudo aquilo que seria inventado. Porque, enfim, achávamos que o amor era natural e espontâneo.

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