23 de janeiro de 2011

Cerveja na Esquina e Jornal O Globo./s.r/

De novo e pra sempre. Imagino-me um velhinho idiota. E se aquilo e se isso. Só não sinto tédio porque bebo. E estou ali. E acho a repetição uma beleza, uma arte.
(O que não impede que eu eu pense: queria ser o Domingos Oliveira e seu otimismo, o Bukowski e seus olhos calmos já no fim da vida, o Zezé que limpa as calçadas como se contribuísse prum mundo melhor)
Jornal de Janeiro. Aquela coisa. O Caetano tem uma das piores colunas dos últimos tempos, mas ele é o Caetano. Prefiria ele antes. Quando era novo, morava com meu pais e apenas ouvia suas músicas. O Caetano e o gênio que fui ao 19 anos são da mesma ossada, aprendi com Mirisolão.
Mas é domingo e o Rio de Janeiro é ótimo. No facebook quase todos falam sobre praias, dias azuis e coisas que, ao serem comentadas, se tornam idiotas. Penso em culpar alguém, mas não consigo. O Rio é realmente lindo e o dia está de fato azul. As pessoas precisam compartilhar suas alegrias, não precisam? Até acho que sim, mas prefiro as mais discretas às que não fazem de qualquer movimento intestinal um feed atualizado. Questão de gosto e preconceito. Preconceito... meu amor. O papo bom que o facebook estragou: quem seria eu sem os meus preconceitos?
Então penso no meu cu inchado, na mistura de álcool e antibiótico e na minha irmã. Pensar é tão estúpido e sem sentido. Pensa-se em tudo, mas e daí? Tá lá o Zezé varrendo a rua e se sentindo ótimo. Eu, por ora, tenho o meu jornal.
Leio sobre economia criativa e concluo que isso é uma nova moda e que, por ser o que é, é uma chatice que ganhou status de conceito e secretaria no novo Ministério da Cultura. Meu Deus, eu não devia ler essas coisas. Me irrito, me confundo. Penso sobre velhas idiotias: o eterno lapso ente criar(inventar) e fazer(faz a invenção ocupar espaço).
E isso me lembra outros horrores como "viver no presente". Meu Deus. Como aguentar? "Viver no presente" como sacada contemporânea. E o presente que nem existe, que está esmagado entre o antes e o depois, como se o tempo fosse uma simples abstração capaz de ser manipulada por não-físicos. O tempo tão real... data de nascimento, hora do óbito, essas coisas. Porque o presente não existe, o presente está sempre passando, eu aprendi com o chato do Bergson.
Fecho o meu jornal e deixo o dinheiro na mesa porque estou no Rio e os atendentes não são tão atenciosos quanto a gente gostaria. Dou adeus pra Maria que me acena atrás dos seus óculos. A Maria vive no presente, pensado bem. Mas quem se importa? A Maria é uma bêbada de bar e óculos fundo de garrafa. Ela não faz nada, mas aparenta viver bem. Em outras palavras: a Maria não tem facebook.

Nenhum comentário: