16 de março de 2010

sobre a paz possível.

Ouço meu blues lento e profundo que vem da TV que serve de som. O nome do cara que ouço agora é T. Bone Walker. Nome de macho de preto americano. Decorei o nome dele pra escrever aqui. Infelizmente não sou desses que sabem os nomes dos caras de Blues que se ouve por aí. Até queria ser. É sempre bom saber os nomes daqueles que se consome.
Dos livros que leio até gravo os nomes dos autores. Nem sempre dos livros, mas dos autores. E do autor que li mais de 2 livros confundo facilmente um livro com outro. Até porque eu não leio um livro. Geralmente eu leio um cara. Seja homem, seja mulher.
Penso em 30 coisas e não penso em nada. Estou satisfeito e idiota. Há qualquer bem estar estranho no ar. Como se eu pudesse ter a paz que eu divulgo por aí. Hoje disse prum bom amigo: frita em paz. E ele riu, mas entendeu.
Acho que é disso que se trata: fritar em paz é a paz possível.
Esse chamado desse meu amigo me deu um toque. Ouço muito por aí sobre meu isolamento e esquisitice.
Agora tem uma - e não qualquer uma ou toda uma - que me perturba falando sobre isso.
E falar sobre isso é uma das coisas que mostra a esperteza que ela tem e desconhece, mas deixa pra lá.
O fato é que com esse chamado do meu bom amigo, percebi, vaidoso e feliz, que eu sou o amigo que pelo menos 3 dos que importam no RJ procuram quando é o caso de dar pitacos sobre suas profundas angustias.
E o mais incrível é que concluí que de fato sei o que falar pra esses poucos: coisas que os ajudam a pensar melhor e ter a tal paz possível. Essa mesma, cuja a síntese máxima é: frita em paz.
(Por o mundo ser estranho e cheio de loucas coincidências esse mesmo amigo me mandou um e-mail agora. Perguntei a frase que tinha lhe dito e, logo depois, lembrei por mim mesmo. Acho que essa é a grande sacanagem do mundo: age por meios estranhos para chegar naquilo à que se chegaria de qualquer jeito).
Saber que você é o bunker de alguns faz você se sentir bem. É loucura, eu sei. Mas mais do que a loucura há a sombra da imensa vaidade. Porém me defendo, concluindo pra mim mesmo que, como as recíprocas são verdadeiras, a paz possível ainda pode existir.
Sem consolar ninguém e sem bater nos ombros. Apenas mostrando saídas possíveis que só se vê por não estar perto e por querer o melhor praqueles que te procuram quando acham que você pode ajudar.
Desses 3 que importam sei segredos verdadeiramente secretos que nunca contei pra ninguém. Guardo comigo como uma prova de fidelidade incondicional e amor velado. São revelações e mesquinharias à que tive a honra de ser o sabedor. Sei disso e, por isso, guardo.
Pra mim só importa o que me é exclusivo. Exclusivo no sentido do bom da coisa: eles quiseram me dar o que eles não oferecem por aí. Eu entendo a generosidade deles e retribuo: cumplicidade em coisas profundas é toda intimidade que desejo. Seja com amigos, seja com super-mulheres.
E nesse estranho bem estar que me ronda agora, recebo um e-mail dum maluco da Espanha que visita meu blogue e que gostou de uma coisa que escrevi e resolveu traduzir. É uma dessas gratuídades que dão sentido pras coisas que penso: pessoas que não se conhecem e criam empatias espontâneas.
É por aí que tento levar minha vida. Sem fazer força pra ser simpático com todos porque todos, enfim, não importam nem nunca importaram. Busco apenas manter minha capacidade de entender que ter sangue acarreta em certos excessos. E nem sempre se acerta nos excessos, mas ter sangue, pra mim, é achar que há coisas que realmente valem a pena. E são por essas coisas que topo, e sempre toparei, sangrar.

PARA LER A TRADUÇÃO ESPONTÂNEA DO MALUCO DA ESPANHA CLIQUE AQUI.

2 comentários:

Sayonara Melo disse...

Empatia.. é isso aí.. me indentifico com muito do que pensas, me sinto bem lendo você. Um bom dia.. abraço

fmaatz disse...

abs.