1 de julho de 2009

minifisti - A Coisa.

Meus livros espalhados me consolam.
E me sinto como me sentia há 5 anos atrás,
quando acordava cedo e x me regulava o café antecipando minha morte.
Era só a ternura de x.
Só hoje eu vejo.
E nessa antiga tática reparo como eu sabia viver melhor do que sei hoje.
É assim: três livros na fita.
Como eu não tinha muitas 'obrigações', eu lia.
E ler, pra mim, é ser ativo.
Sinto - me radiante quando leio 100 ou 200 páginas num dia.
É algo que me basta, mesmo que seja inútil.

Há 5 anos atrás eu nunca questionava isso.
Era bom e útil ler, eu sabia.
E lia e lia.
Hoje leio também, assim como também não tenho muitas 'obrigações',
mas é uma diferença brutal.
Porque antes A Coisa era e tinha horizonte azul e de sol.
E hoje A Coisa pensa e faz contas querendo ser útil e eficiente.
Como se A Coisa pudesse ser premeditada e medida,
como se A Coisa tivesse que ser socialmente responsável,
como se um plano de marketing ou a auto promoção pudesse dar conta d' A Coisa.

Mas A Coisa não mora nesse lugar de auto controle e qualidade de vida.
A Coisa tá pensando em outros mundos possíveis.
A Coisa não sente culpa e nem tem medo de amar.
A Coisa não quer ser feliz ou salvar o mundo.
A Coisa quer ser.
A Coisa é.
A Coisa tem esperânça em chegar lá.

lá fora
os gritos
são os mesmos.
E aqui dentro também.
Gritar bem
é gritar com a voz que se tem
e não com a voz
que se deseja ter.

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