7 de março de 2008

Se eu te arrancasse de dentro e te virasse do avesso. Se eu te levasse daqui, se te trancasse numa casa escura. Se eu te fizesse parar. Se eu estragasse tua beleza e arranhasse tua cara. Se eu te matasse num delírio febril. Se eu te perdesse pra sempre, se nunca tivesse existido. Se te visse como antes, se pudesse arrancar teus sentidos. Que eu te queria sonâmbula, zumbi. Que eu te queria com mania de perseguição, com medo da morte. Que eu te queria pra mim. Que eu te queria liberta. Que eu te queria submissa. Que nada adiantasse, que nada abalasse, que ninguém interferisse. Se eu te arranco de mim e te engulo pra sempre. Se eu te cago e te amo. Que o que te parece estranho pode ser um milagre.

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