5 de fevereiro de 2008

Eu preciso de almas gordas e fartas e suculentas,

almas generosas que me suguem com uma ternura louca e nunca vista.

Preciso daqueles olhos alucinantes e fundos e cinzas

olhando através de mim,

sabendo de como é simples agradar um fraco.

As pernas abertas, escancaradas, mas delicadas e decididas.

Eu não me interesso por esse sexo de coelho,

por esse orgasmo premeditado,

por esses gemidos que nem de longe lembram uma declaração.

Não me interessa o que você é,

mas o que eu sei que você pode ser,

o que eu vejo quando vejo o que você esconde é que me encanta.

A fêmea entregue, a buceta mãe, o mal humor charmoso,

o ser que pode sugir em boa companhia.

Eu e você, tanto faz,

mas nada que não me mude, que não me altere,

que não me estrague a rotina.

Não quero que as coisas sejam claras e calmas e lentas,

não quero que nada brote depois de agüado.

Eu quero o rompimento brusco,

o desespero real da necessidade de desejo único

e nunca antes vivido e

inédito e terrível e capaz de transformar o próprio sentido inexistente da vida.

O desejo que atravessa a carne e que arranca a alma

à faca, à porrada.

A violência que surge pelo instinto de preservação.

Nada de prazo, nada de conseqüencia, nada de medido.

A força que se tem que fazer para alcançar o infinito,

o esforço o suor o empenho.

A sobrecarga.


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