26 de janeiro de 2008

Agora eu sou uma criança abandonada e ninguém me entende por eu ser uma criança abandonada e incompreendida e triste e eufórica como todas as crianças são.
E eu me esforço pra lembrar da minha mãe e da sua teta pequena que um dia me bastou pra continuar vivendo. Mas eu não consigo lembrar, embora eu saiba que um dia isso ocorreu porque existem fotos onde eu não pareço em nada comigo mesmo e minha mãe sorri olhando praquele vermezinho minúsculo que lhe suga as mamas.
E dá uma puta vontade de chorar porque eu ainda era uma promessa e não um ser humano propriamente dito.
E toda e qualquer mulher é sempre minha mãe e isso é patético e ridículo e também psicologia barata, mas quando converso com meu bom amigo ele entende o que eu falo e eu me dou por satisfeito.
E quando o mundo é mau minha mãe sempre se impõe porque ela é a única mulher que nunca me comparou com ninguém, nem mesmo com o meu pai que ela ama loucamente e mais do que ele imagina.
Então eu procuro outras tetas pra ver se consigo sobreviver só delas, mas essas tetas não me bastam e eu sofro e constato que sou mesmo uma criança esperando que a mãe volte do trabalho pra falar pra ela o que só ela poderá entender.
Mas mamãe tá distante e a teta dela tá murcha e as outras tetas não. E sei que nem sou mais criança, mas, mesmo assim, não consigo entender porque eu não posso me alimentar só de tetas.

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