- "Fugir das paranóias e dar tiros nas cabeças dos idiotas." Seria um título, uma invocação à felicidade. Mas não agora, não ainda. É que as paranóias me alimentam e os idiotas são meus amigos. Ou seja: instinto de auto preservação.
- Deveria escrever outro e-mail? Não deveria escrever outro e-mail. Mas, confesso, conferi pela 3° vez se o e-mail estava correto. É que tenho tendência a me culpar e o silêncio me mata. Imagino ter escrito algo que não devia, ter ofendido sem saber, essas coisas. Sou um bichinha, confesso. E o silêncio não me deixa atento, me maltrata.
- O óbvio pode ser cruel. E foi o que ocorreu: o óbvio berrou na minha cara e roubou o picolé de chicabon que eu tinha na mão. O óbvio é alto, altivo e está calmo porque estar calmo é uma maneira de não se afetar por essa coisa insignificante chamada mundo. O óbvio é óbvio e, por isso, já imaginávamos que agiria assim. De qualquer modo, não consigo deixar de me sentir triste ao constatar o óbvio.
- Não sou da turma e nem turmas tenho. Talvez dois bons amigos e, vá lá, uma família bacana. Penso no que fazer e, pra ser sincero - e lembro que sinceridade só é mérito para imbecis -, não creio que haja tanta coisa a ser feita. Ou pior: não creio que haja coisas que valham a pena serem feitas.
- Um diz: - talvez ela não te ame mais. Outro diz: - talvez ela precise repensar as coisas. O terceiro diz: - talvez ela nunca tenha te amado. É o pessimista, o otimista e o sincero falando. Quem duvida que o sincero é sempre o pior? É simples: o sincero adora tudo o que ele, o sincero, fala. É um egoísta. Um egoísta burro, é fato, mas um egoísta.
- A garota de muito amores caiu no golpe. O golpe é infantil: peço informações desnecessárias para que meu sotaque seja percebido. Dou um tempo e pergunto coisas sobre teatro. Daí que todos, no mundo inteiro, podem falar sobre teatro - porque, de alguma maneira, todos têm opinião sobre teatro. Hoje elevei o golpe e emplaquei um café. Nariguda típica, tesão simples e café é tão inofensivo, né? Descobri a morte. O café mais caro da minha vida. Nada inofensivo. Muitos amores pra pouco nariz, concluí. Quem, sendo relativamente decente, fala sobre tudo e todos em um simples café? Fugi. Expliquei que estava atrasado para um peça e quando ela perguntou qual, menti que tinha conseguido um ingresso de última hora, pois a peça estava esgotada. Ela lamentou. Eu lamentei também. Lamentamos por motivos diferentes e, por isso, não era amor.
- Esse sexo culpadinho que nos dá tanto tesão. Penso nas prostitutas de antigamente, que eram cortesãs e, supõe-se, guardavam segredos terríveis. Agora não. Toda garota triste leu na revista Nova as artimanhas do sexo e as aplicam, devo confessar, com surpreendente habilidade. Estou delirando, eu sei. Mas no delírio, digo: o papai-mamãe se tornou a grande ousadia, o último fetiche. - Cara, acredita que ela topou um papai e mamãe durante toda a transa? - Duvido, mulheres como ela jamais fazem isso!
9 de abril de 2012
Sabia que seu coração é seu pulso de mão fechada, sabia?
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