Meu ódio é minha liberdade. Mas ela não entende isso e me acusa de piegas. Diz: “O lance é o amor, bonitão”. Meu cu, é o que eu penso e não falo. Amor sim é que é piegas. Até o cabeludo judeu falava isso em 00. Amor indiscriminado, Deus que me perdoe. Amar idiotas é pecado. Jesus, Judas e o Papa concordam.
Ela ainda me manda: “Quero ser feliz. Ser feliz é o que importa na vida”. Eu ouço e até sorrio, mas, por dentro meu ódio cresce e ganha um objeto. É você que eu odeio, benzinho. Mas ela nem desconfia. Tá serelepe porque acha que me deu uma letra. “Sacou a letra, né Bonitão?”.
Então eu falo pra ela sobre o amor. Ela acha lindo, diz “eu sabia que ai dentro morava um cristalzinho”. Falo bastante pra ver se ela cala a boca. Cristalzinho? O que vem depois? Na verdade eu to falando sobre o ódio, mas, por conveniência, troquei a palavra. Onde diria ódio, digo amor e ela se dá por satisfeita.
Amiga da minha prima. Gostosa e burra como a minha prima. Veio prestar concurso pra Marinha: assistente social. “Na Marinha tem vaga pra isso, é?” “Claro, TODO O MUNDO precisa de assistente social, ta ligado?” Claro que to, to super ligado. To tão ligado que penso que o mundo é mesmo uma bosta.