Ontem eu vi várias bundas e bundinhas. E ontem tava calor pacas e reparei que usar vestido tá na moda. Vários vestidos em várias mulheres. Vestidos com bolas desenhadas. Deve ser algum tipo de tendência dessas que falam na T.V.
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E têm mulheres que só deveriam usar vestidos. E têm mulheres, mais espertas ainda, que usam vestidos sem usar soutien. Sempre adorei mulheres sem soutien. Talvez porque minha mãe tenha essa mania, talvez porque a gente tenha a impressão de que está mais perto. Não sei, não importa.
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Teve uma peituda fantástica que fiquei olhando ostensivamente. Eu queria que ela visse eu vendo. Eu queria que ela notasse meus olhos no decote dela. Ela era meio feia, meio gorda, mas tinha esses peitos fantásticos. Ela precisa se notar sendo vista pra esquecer que é meio gorda e meio feia, eu pensei. E eu sabia que olhando assim eu tava fazendo um tipo de bem pra ela. Por mais vulgar que fosse, eu a olhava como um porco e ela se sentia melhor. Soltou o cabelo enquanto me atendia. Mexeu no cabelo enquanto me dava as instruções. Ela nem é tão feia e tão gorda, eu pensei.
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Depois vi um mendigo socando o outro. Dois bebuns da praça Saens Pena. Quando um caiu e o outro continuou batendo eu me manifestei. Não acho justo bater em quem tá no chão, tenho lá minha moral. E tinha uma senhora, que era dona de uma barraquinha que vendia tricô, que ria e gargalhava: que eles se matem, que eles se matem, ela berrava e ria e gargalhava. Depois sou eu que tenho humor negro, pensei.
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No metrô tinha uma coroa cheia de cacoetes e gostosa pra uma mulher de 50, 50 e poucos. Eu ainda tava no clima da peituda meio gorda e meio feia de antes. Fiquei secando a coroa. Eu era um macho porco que falava vulgaridades pras mulheres que passavam. Eu não acho isso certo, mas eu tava nesse clima. Fora que nunca mais vou ver essa coroa. E eu olhava pra ela querendo que ela me visse a olhando. Cada uma...mas foi mesmo assim. E teve essa hora incrível que ela cruzou as pernas de um jeito que deu pra ver as partes internas das coxas. Ela fez isso pra mim, eu pensei. Depois o metrô lotou e ela saiu sacudindo as chaves do carro.
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Em Copa eu lembrei da idéia que eu tenho de fazer uma peça cujo nome será COPACABANA. Porque Copacabana é uma das misturas mais loucas do Rio de Janeiro. Caos urbano e praia e putas e gringos e velhos aposentados. A Bossa Nova não têm nada a ver com o Rio de hoje. A Bossa Nova fala do Rio da Bele Époque. Uma coisa tão perfeita e chata que só comendo muita gente e amando muito pra fugir do tédio.
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No Cartório eu descubro que tem uma nova lei que proíbe os cartórios de fazerem xerox. No túnel eu entro numas porque é um lugar sufocante e chego a conclusão de que sou um bichinha. No Shopping eu reparo que todo mundo fica sorrindo quando está em um grupo com 3 ou mais pessoas. Em casa eu me sinto bem porque fiz um monte de coisas chatas, mas que têm a ver com a vida prática.
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Acho que foi um dia bom, eu penso.