Fazer o que não se faz e descobrir que as coisas são boas e inofensivas. Porque é bobagem, mas sei: muito dificilmente faria isso estando no RJ. E não é nada demais; e é saudável. E a decência passeia tranquila em casas pequenas e aconchegantes.
Ver as gurias, ouvir as gurias. Reparar em suas histórias, em um senso de nação e solidariedade que surge pelo fato de ser outro, de ser estrangeiro. Tentar não olhar muito os peitos, muito as coxas. Ou melhor: tentar olhar com discrição. Ou melhor ainda: tentar olhar apenas para a própria satisfação, sem o desejo de 'olhe como te olho.'
Ser calmo, beber lento, comer pizza e ouvir o caminhão de lixo e seu barulho universal.
Os panos das gurias, os urigâmes das gurias, a história da prenda que era caipira, da roubada com porteños escrotos, dos paus moles, do cigarro sem nicotina que diz que a fumaça alheia é prejudicial.
Voltar, pegar o ônibus, pensar que a pé era só mais 20 ou 30 min...
O Fernet, a beleza que é a mistura de doce com amargo na medida exata.
A satisfação simples, a vida besta, o sentido de estar onde estou.
2 de abril de 2012
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