Os olhos cinzas dela não eram meus. Mas eu entendia a agonia e lembrava de mim mesmo e também das manhãs frias de Curitiba.
Levantava, sentia o frio na pele e limpava o rosto com as pontas dos dedos e um tíco de água fria. Escola, eu ía a escola. Tinha uniforme e, por conta do frio, eu usava ceroulas, toca e luvas. As manhãs de vento frio: mochila nas costas à caminho do ponto de ônibus. Eu estava vivo da maneira mais plena que se pode estar: não pensava em nada disso.
Era um desbravador, uma criança, um idiota que se sentia ousado por sair da vila. Mundo, vasto mundo, eu aprendia versinhos na aula de português e voltar de ônibus pra casa era um tipo de farra. Amigos andando no centro da cidade, pegando o ônibus pra vila no centro da cidade, sentando atrás, falando alto e as meninas que usavam calça jeans riam das nossas piadas. Tudo fantástico.
(...)
2 comentários:
tua sobrinha diz: temos que ser crianças sempre. acho que ela tem razão. A VIDA FICA MAIS LEVE.
não vale.
minha sobrinha é criança.
bjs
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