Ela é loira e grande. Tem as ancas largas e é levemente estrábica. Olhos claros. Desde a primeira vez que que a vi a achei tesuda. Tem sardas no rosto e as ancas são realmente muito largas, quase - eu disse quase - desproporcional ao conjunto. Se eu não me engano, ela tem 33 anos - o que, enfim, só a torna mais interessante.
Desde que nos conhecemos, nos cumprimentamos. Quer dizer, na verdade não nos conhecemos. Já estivemos na mesma mesa de bar 3 ou 4 vezes. E nos encontramos por aí: em filas, bancos, ruas e mercados. E sempre nos cumprimentamos. Somos muito educados.
Uma vez, numa mesa de bar, ela gostou da minha piada. Um treco besta que falei sobre a areia de Ipanema. Ela mora em Ipanema. Riu das minhas piadas que falam mal do mar sujo do Rio de Janeiro, disse até que nunca ia à praia no Rio de Janeiro.
Ela sempre está acompanhada por amigos gays e modernos. Sempre tenho a impressão de que ela se sente meio deslocada. Não por estar com amigos gays e modernos, mas porque ela faz menos barulho do que eles. Nas mesas de bar que partilhamos foi assim: amigos gays e modernos e falantes, e ela - que eu nunca paro de olhar - várias vezes com o pensamento longe e a cabeça baixa. Um charme, uma coisa. E também as ancas enormes.
Ela é uma dessas mulheres que eu acho que me dariam. Não sei explicar por que. Mas acho que ela me daria. Tenho essa impressão com algumas mulheres. Penso em segredo quando as vejo: essa mulher me daria.
(E isso não quer dizer que essas mulheres realmente me dariam. Quer dizer apenas que eu acho que elas me dariam. E como eu não acho que todas as mulheres me dariam, tá tudo certo.)
Na última mesa de bar que dividimos fiquei olhando pra ela ostensivamente. Estava na vibe-vaidosa queroqueelavejaqueeuaestouolhando. De modo que ostentei e ostentei. Mirei as ancas, o decote, a cruzada de pernas e até a boca. Ela notou e eu me dei por satisfeito.
Pensei em segredo novamente: essa mulher me daria.
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