29 de janeiro de 2012
Hamlet se finge de louco e faz justiça com as próprias mãos.
Agonia serena. Era isso que ela me falava. Eu tentava entender qual era o ponto, mas não havia ponto. Era apenas uma negação. Um NÃO sem sugestão de caminhos ou exigência de mudanças. NÃO redondo disfarçado em consciência: o velho medo da precipitação. A idéia de que um dia existirá o momento certo: pra casar, pra ter filhos, pra comprar a casa própria, pra se precipitar. Pensei em dizer "sacrifício é a vida cotidiana e não a arte", mas me calei porque a frase era piegas e também porque não era o caso de criar polêmicas. Queria entender, mas não sei se há o que entender. É o óbvio travestido de ousadia, uma idéia de que fazer a sua parte basta. Talvez em 2022 estejamos preparados, mas o mais provável é que não. Prefiro a frase do Hamlet fatal: "Estar pronto é tudo."
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