- É cruel e fatal. De repente vira pó. É como a música infantil. Era vidro e se quebrou. E fico quase chocado. Porque de tão claro e óbvio não poderia ser claro e óbvio. Como explicar? Impossível explicar. O tempo mais preciso do mundo, a coincidência mais surpreendente do planeta. O óbvio ulula e choca. Como um piano que só cairia na sua cabeça naquele exato segundo. Quase um desenho animado.
- Ele chorou, mas eu desconfiei. Ele chorou grosso demais. Ele até queria chorar, mas não conseguiu. Eu, alí, pra ele, era seu terapeuta cheio de consolos e soluções. Mas eu não sou seu terapeuta e desconfiei do choro com razão. Tentar chorar é legítimo. Chorar de verdade é outra história. Querer um cúmplice pro próprio choro é ainda mais em baixo. Eu entendi seu desespero, mas dizer pra ele que eu havia entendido isso seria um erro tremendo.
- Às vezes me sinto muito hábil. Há o mundo e há eu. A gente se estranha faz tempo. Mas estou no meio da turma e converso com todos. Fico surpreso e me sinto idiota. "É simples porque é besta", é a minha conclusão.
- Dançar com garotas lindas e pedir perdão. As mulheres do Século XXI adoram perdões. Elas se sentem femininas ao maltratarem homens. Elas dizem que são livres e mostram os dois dedos que usam para tocar siriricas.
- Contra tudo e contra todos, eu resolverei as merdas que eu tenho que resolver. A merda é o aspecto coletivo do maldito teatrinho que eu faço. Minhas migalhas eu garanto. Mas até aí.
- Cada vez mais penso em mulatas e negras. Mulatas e negras me parecem perfeitas. Deliro que suas bucetas rosas me trarão a glória da grande trepada que não tenho há a algum tempo. Claro está que todo sexo casual e tacanho é feito em busca cega pela grande trepada. A velha ilusão, afinal.
- A bicha gorda berra que precisa se expressar. A bicha gorda se sente estranha e capaz. Diz que gosta de tocar punheta pensando em mulheres mortas. A bicha gorda é um cavalo na minha coluna. Ela - a bicha gorda - me manda um torpedo onde diz eu te amo.
9 de julho de 2010
até 7.
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