- A gente inventa nossas fugas e por isso somos adultos. Sim, mentir pra si mesmo é decente e maduro. M-a-d-u-r-o, eu disse. E o grau de maturidade é definido por duas coisas: a elaboração da mentira e a consciência de quem mente. É isso: o adulto ideal é um mentiroso convicto. (Nota. Convicção: capacidade de elaborar uma crença, um modelo, um ideal.)
- A merda tá ali e é velha. Não dá pra não notar. A merda fede e é marrom. Você conhece a merda. Não há novidades, mas, mesmo assim, você fica puto quando pisa na merda. A merda melando seu sapato. A chatice de limpar a merda do próprio sapato. E o inevitável sempre e sempre: a merda fede.
- O erro da psicologia é a busca pela verdade. É em nome da verdade que as grandes cagadas são feitas. Aquele que diz "sou sincero" acha que "ser sincero" o legitima a dizer o que quer que seja. O Sincero esquece que nem todos querem ouvir o que ele diz. O Sincero é uma besta que se julga esperta, um egoísta que fala mal dos egoístas.
- Pra ser Sincero, eu digo: - queria ser o Mandrake. Fazer flexões pela manhã, desvendar casos, ganhar dinheiro, comer todas as sobrinhas-Mader e beber vinho toda à noite. Ter nome e pica enorme. Esquecer das fulanas com as quais se trepou por mais gostosas que sejam. Ser Mandrake e ser invenção: o mundo correto e preciso de um roteiro bem escrito.
- Os cretinos sempre sentem saudades. Sempre dizem: "muitas saudades". Os cretinos são os cretinos e também falam: "eu te amo" e " Deus te abençoe". Eles acreditam em Deus e no amor. Os cretinos são simpáticos e generosos. Eles são convincentes, os cretinos. Entendem tudo, são um poço de compreensão. Os cretinos são os melhores amigos de uma dúzia. São perigosos, os cretinos.
- Negar uma mulher bonita sempre será uma tristeza profunda. Só as feias não entendem o apelo que a beleza tem. Mas há as contas matemáticas: lindas e tristes, normais e radiantes, feias e sem jeito mesmo. A mulher ideal é bela e radiante. O homem ideal não existe: é, no máximo, lindo e burro. Mulheres são exigentes. Exigentes e tristes, eu insisto.
- Cagar regras é um prazer sem fim. Sentir o cuspe na cara não chega a ser uma surpresa. Meu engano e minha mentira: eu mesmo - com mais ou menos tolerância. Eu me acho, claro está.
- O telefone toca, mas eu não atendo. Vai que eu sei quem é que me liga. Eu me protejo e tenho as minhas fugas. O Aldir Blanc entende. Melhor o álcool do que o erro. Um versinho bem feito e o milagre tá na mesa. Só assim só. Eu mesmo até o fim.
26 de abril de 2010
de cá pra lá
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