eu mesmo com minha silhueta arredondada e riso bestial.
Combino de me encontrar com os caras. Papo de macho, jogo de futebol e os cambau.
Me sinto muito macho só de pensar.
Vislumbro a mesa cheia de garrafas, os papos sobre as piranhas e algum comentário sobre a última a matériabomba do Fantástico.
Serei feliz, eu sei. O mundo é besta, eu sei também. Extravasar o ego-falo e contar mentiras pros amigos mais íntimos é uma maravilha, eu vislumbro.
Chego e tá tudo errado.
Três fêmeas: uma ex-mulher-atual-mãe-da-filha-do-amigo, outra ruiva que mora em Curitiba desde os cinco anos, mas que se acha supercarioca e, finalmente, a filha linda e radiante do amigo com a sua ex-mulher-atual-mãe-da-filha.
Tudo certo. Eu me adapto. Eu até me adapto bem, por sinal.
A ruiva é gostosinha e se acha liberal. Eu, cá comigo, a acho travada. Supertravada, eu diria se supertravada eu dissesse.
Mas que seja: to adaptável e solto minhas frases de efeito. Solto as frasezinhas de um jeito que só um gordo convicto pode fazer, ou seja: sem achar que a tal ruiva chupará seu pau no fim da noite.
É divertido competir a atenção de uma ruiva com os amigos. Mesmo que ninguém a coma. É que isso não importa, sabe?
O que importa é você e seus bons amigos sendo cúmplices numa competição por um ruiva que, como mais tarde confessará, nem ruiva é. Se é que você me entende...
Então eu converso com todos. Sou sincero ao conversar com todos. É uma questão de saber onde se está e com quem se fala.
Com um amigo pergunto sobre a nova pauta no teatro paulista. Com outro, especulo sobre o futuro do mundo. Com a ex-atual-mãe tento entender o porque dos novos planos. Com a filha deslumbrante, digo apenas vou te pegar! e ela ri.
Já com a ruiva é mais complicado: pergunto como anda o Movimento Hippie e a ambição por um mundo auto suficiente.
A única regra que obedeço é: eles querem falar. Deixe eles falar.
E eles falam e tudo ótimo. Sou um bom ouvinte. Mesmo. Sem ironias.
A coisa anda e mudamos de lugar. Na esquina é possível ver o jogo e vamos que vamos.
A cerveja ajuda de novo. A cerveja ajuda sempre.
Os papos variam e, graças ao álcool, a ruiva fica mais divertida. Tenho mais sacadas de gordo-sacana e descubro, no papinho besta, que ela não é mesmo ruiva. Ela é esperta, devo confessar. Sabe, como pseudoruiva, que ruiva mesmo é as que têm todos os pêlos avermelhados.
Mais uma ilusão pra coleção, mas apenas isso. A diversão nem era os pêlos, mas as possibilidades dos pêlos.
(Agora me lembro das mulheres-depilação-a-laser e do tédio que elas representam. Poucos pêlos, poucas possibilidades, me diz meu desejo de variar com uma única e eterna buceta.)
A noite é longa e vão quase todos embora.
Botafogo ganhou do Flamengo e eu sei lá o que isso significa.
Sobra eu e mais um amigo. Há certos papos a se conversar e as saideiras são quase uma obrigação.
O papo é bom e vital, mas não pode ser reproduzido num blogue. Questão de confiança e elegância.
Na maioria das vezes, as saideiras são tudo que importam.
Assim como as ruivas verdadeiramente ruivas.
São as saideiras - e as ruivasnãoruivas - que causam a ressaca do dia seguinte.
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