A loucura é grande e eu é que não me meto.
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Ela chorava e ficava satisfeita. Achava bonito chorar e sofrer. Ria depois. Mas o riso era bem mais oco do que o choro. O choro, as vezes, era sem som. Mas o choro mesmo, daqueles verdadeiros e inquestionáveis, era grosso e saia num gemido rouco e insano.
Ela tinha a mania de escrever em versos. Achava rimar uma proeza. Passava dias procurando a rima perfeita e depois me mostrava os versinhos. Eu geralmente não gostava, mas sorria e dizia legal. Não havia porque lhe dizer que achava, na grande média, versos rimados um saco. Deturpar a escrita por uma determinada sonoridade me soa como frieza. E se é pra ser frio que seja o João Cabral. Sem modismos e extremamente racional.
Apesar disso tudo ela era gentil. Fazia afagos no meu pau e, ocasionalmente, lambia meu rêgo. A língua molhada e lenta passeando nas minhas nádegas. Eu gostava disso. Da calma da coisa. Ela, ao contrário da maioria, não chupava pau pra mostrar que chupa pau. Até o contrário. Nem sempre chupava, mas quando fazia, fazia sem pressa e cheia de perfeccionismos: língua na glande, língua no freio, língua nas bolas e no períneo. Depois só boca. Depois boca e língua. E depois só dentes - como que brincando com a ameaça da situação. E sempre, sempre depois de chupar, ela vinha por cima. De alguma maneira eu entendia seu raciocínio: quando eu chupo, eu mando e estabeleço o ritmo. Era justo.
A coisa desandou por causa dos versos e do choro. A busca pelas rimas perfeitas era cada vez mais longa e mais chata. Queria achar rima pra mãe que não fosse champanhe.
Eu só observava sem falar nada e esperava o choro. Sem som, sem alma e sem nenhuma lágrima. Um choro chato que nem sabia porque chorava.
E eu lá: sem ter meu pau chupado ou meu rêgo lambido. Eu não chorava, mas, por dentro, sentia uma tristeza sem tamanho - como se eu pressentisse que mãe não tem outra rima além de champanhe.
E deu no que deu:
O fim de tudo,
a casa vazia e
a eterna lembrança de ter tido meu rêgo
lambido por sua língua.
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