Fazer teatro as vezes é sensacional. Não sempre, mas as vezes é. Você alí, na sala de ensaio, roendo o osso com um monte de cão amigo. E há osso à roer quando você entra numas e fica tentando entender o que existe naquele texto fodão que diz de maneira simples e sem frescura:
"Sem papai noel, sem xota, sem varinha de condão, sem gata borralheira, sem os grandes espíritos eternos; que loucura - só merda e cães e crianças que apanham, só merda e a limpeza da merda; só médicos sem pacientes, nuvens sem chuva, dias sem dia, ah, deus todo-poderoso que jogou tudo isso em cima de nós.".(bukowski)
E você tá alí entre grandes amigos. Você, um cão amigo também. Todos topando. Um tipo de desafio sendo compartilhado. A velha pergunta na cabeça martelando insistente: mas o que é isso? a gente lê, a gente entende. mas o que é isso?
E a loucura de tentar explicar isso que a gente não entende através de ações.
Quem faz teatro entende isso. É reto, é duro, é fatal. É mais ou menos assim: isso que a gente entende, mas não explica precisa ser feito. A gente não sabe direito como. Mas vamos tentar assim.
E todos topam porque são cães amigos entre si. É bom, é bem bom. Nem sempre, mas as vezes é realmente muito bom.
E tenho me sentido exausto depois dos ensaios. E tenho pensado nisso. E fico assim, como que lambendo meu próprio cu: o sentido da vida é descobrir o extraordinário.
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