Um amigo sensato me disse quando reclamei da vida.
Mais ou menos assim (de memória):
"é claro que elas deram demais, pra homens demais e ficaram confusas. elas tão em guerra ainda, entende? repare bem: 30 anos atrás ter transado com 10 caras era coisa de puta. até hoje elas tão na guerra. então elas dão demais, dão pra imbecis, e coisas do tipo.
não porque elas gostem disso ou coisa parecida, não, nada disso. é que elas tão em guerra. e elas tem lá suas razões: claro que o mundo é machista e que é muito mais difícil ser mulher do que homem. eu volto do centro da cidade e tenho medo. sou homem, nem tenho cara de mauricinho, e mesmo assim, tenho medo. imagina uma mulher. ameaça de todos os lados. então elas se defendem.
a merda é que, às vezes, elas não entendem que a guerra não é com você. elas ficam achando que você e o mundo são iguais, a mesma merda. e não é.
porra, não é. meu avô cuspia dentro de casa e isso era normal, entende? porra. mudou. eu não sou meu avô e não sou o mundo.
acho que essa guerra e a libertação sexual como combate acaba fodendo a cabeça da garota. ela fica confusa. perde o prumo porque viver SEMPRE em guerra é confuso pra caralho. imagina só, ameaça de todos os lados o tempo todo. é bem mais difícil ser mulher, né?
não sei, as melhores mulheres que conheci estavam em guerra com o mundo, mas ficavam em paz comigo, entende? era uma coisa boa. e meio boba também. comigo elas assistiam t.v e ficavam abraçadas. comigo elas nem pensavam nas coisas da guerra.
mas talvez você devesse explicar isso pra ela. vai que ela concorda, né?
mulher é mesmo difícil de entender."
17 de julho de 2015
10 de março de 2015
16 de maio de 2014
anônimo.
eu
não
quero
ser
eu
embora
eu
goste
do
que
eu
sou
e
de
mim
mesmo.
Vou
brincar
de
outro,
que
é
só
outro
jeito
de
ser
eu
mesmo
ainda.
não
quero
ser
eu
embora
eu
goste
do
que
eu
sou
e
de
mim
mesmo.
Vou
brincar
de
outro,
que
é
só
outro
jeito
de
ser
eu
mesmo
ainda.
11 de maio de 2014
(s.r.)
Estar vivo é complicado e sempre será. Minha sobrinha, com 13 anos, já percebe isso. Ainda não sei se ela será um humano, demasiado humano ou um humano-animalizado. Tem a ver com estar vivo e ser cônscio de estar vivo.
Acho animalizado, por exemplo, os status do FB que exaltam mães no dia da mães. Como um mastigar de vômitos, um ruminar. O óbvio ulula triste em situações assim. Penso: diabos, a maioria da humanidade vive mal e exalta estupidez. Não defendo meu ponto de vista, não quero que concordem ou não comigo. Não é disso que se trata.
Há manhãs em que acordo e que sinto a vida como entidade fatal. Como algo grande, profundo. Nessas manhãs fico meio exaltado e penso que quero conversar com a humanidade sobre as grandes dores ou grandes alegrias. Que quero falar da vida, sobre a vida, com outros vivos; mas não do que se fala todo dia, se vive todo dia. Quero, em dias assim, conversar as grandes coisas. A vida não interessa sempre. Interessa em seus grandes momentos, quando se percebe uma Vida imensa e terrível.
Mas a gente tem que ter emprego, a gente tem que acordar cedo, dormir cedo, sentir cansaço; a gente tem que casar, que constituir família, que suar para ganhar nosso pão; a gente tem que achar a vida dura, tem que reclamar da vida, tem que ser ansioso pra demonstrar alguma paixão. A sociedade não tolera não ter emprego, não sofrer, não ter família ou não reclamar. É estranho, mas o mais intolerável para a sociedade é não sofrer.
Um exemplo vulgar: o assassino frio. A sociedade até entende que um mate o outro, é normal, faz parte da nossa história humana. O intolerável é o assassino que não liga por ter matado, que não pede perdão pelo seu crime, que não sente culpa e não sofre pelo ato que ele cometeu. Em 99% dos casos, nossa ideia de justiça segue uma única lógica: que ele sofra pelo seu ato; que seu sofrimento o torne melhor; que ele reconheça seu erro e pague por isso (ou peça perdão).
Minha sobrinha tem 13 anos e seus hormônios a atingem e ela vive em sociedade. Eu não lembro exatamente como era ter 13 anos; mas lembro que, nessa idade e até antes, sentia que ninguém entendia nada de nada do que se passava comigo. Aos 7 ou 8 eu chorava e chorava. Tem até uma foto minha nessa idade onde estou chorando. E toda vez que revejo essa foto, lembro dessa sensação: dor imensa, choro fundo e sincero de criança de 7 ou 8 anos.
Na adolescência comecei a articular os pensamentos. Entendi que vivia em sociedade. E que assim era. Mas na adolescência o lance era antagonizar e impor-se sempre que possível, desafiando àquela gente que queria dizer como a vida funcionava.
Agora sou adulto. Não choro e choro e nem antagonizo loucamente. Tenho lá meu equilíbrio e entendo da vida. Entender da vida, no meu caso, é meio entender que não há mesmo muita solução. Que a gente vive como pode, como dá. E que nossa receita de vida vale menos do que gostaríamos. Claro que há muitas vidas piores e muitas vidas melhores. Claro que esses melhores e piores dependem de valores e crenças que nunca são verdades absolutas.
A vida ta aí e eu penso. Sou um tipo que pensa. Que sente prazer em pensar. A vida é real e há blogues, amor, redes sociais, suor e grande alegrias. Grandes tristezas também. Não importa.
A vida ta aí. Tem um bocado de coisa. Não é simples, mas acontece no tempo e no espaço. A vida é real. ( e como é REAL não importa-se com bom-ruim, melhor-pior.)
Gosto da vida. Sei que estou vivo. E sei que estar vivo é uma coisa que passa.
Gosto de ter 32 anos e estar em 2014 e ter um blogue.
Um homem inventa suas coisas. Um homem sente prazer por inventar suas coisas. Um homem vive e, enquanto vive, pensa.
Gosto de imaginar que não estou caindo nas armadilhas mais óbvias. Espero que esteja certo e que tenha uma boa história pra contar entre meus 25 e 33 anos.
De todo modo, existi. Não peço desculpas por nada. Não gosto de quem pede desculpas. Implico com os motivos escolhidos para as desculpas; porque sou implicante e penso. Gosto de pensar, eu já disse.
A vida ta aí. E é imensa. O tamanho não é documento. Reconheço a vida ser imensa. Desejo a vida imensa.
5 de maio de 2014
À benção, sr.Crumb. (s.r.)
Eu mesmo. Como não? Dentes fortes e inteligência tinindo. Não vale pensar coisas vagas como 'quem é ele agora'. Ele, eu sou. Eu mesmo. Não acredite em gente que vira outro (a). Que muda muito, que muda demais. Eu mesmo. Ego forte quando pode e consegue. Variando. Dias cinzas e calmos também. Sem bobagens como alegria ou tristeza. Eu mesmo. E espio frestas e tento lembrar do passado sem mentir muito pra mim mesmo. Você linda, de quatro; ou então louca e desagradável, descontrolada por barulhos de obras ou do vizinho. Lembrar do passado sem cair na armadilha de achar que todas as lembranças são reais. É duro, duríssimo. Há vezes em que esqueço e cogito que casar e constituir família é a grande sacada. Ó que louco. Imaginar que correntes e bolas de ferro podem libertar. Ó que louco. Acreditar em libertação, coisas do tipo. A mesma estupidez dos que cogitam a liberdade como bem em si, como coisa, como virtude, como ambição de fortes. Liberdade, meu amor, você é da ordem do pensamento humano, demasiado humano. Não é pouco. O contrário.
Eu mesmo. 32 anos. Certeza que não se vitimizar é um esforço diário. Ver os olhos que me vêem, ouvir o que dizem os olhos que me vêem; entender que os olhos que me vêem, querem mesmo é falar. Como se falar fosse necessário ou importante. A ideia gasta dos espíritos fracos que insistem que TODA opinião é importante (ou válida). Não, não é. Não é mesmo.
Então eu. E meus dentes fortes. E o pau que faz de conta ter olhos e mirar. Opaumeutãobemvalorizadoporfêmeastãogenerosas. Tão generosas as fêmeas, de modo geral. Tão mais fácil ser macho. Mundo de incertezas: grelos falantes e tristes prepúcios, título de novela infanto juvenil à ser lançada sem sucesso no mercado editorial. As piadinhas que só eu acho graça, como um dom quixote que nem se importa com as frustrações e o mau humor engraçado de seu servil sancho.
A alegria de ter um cérebro que entra em livros, filmes e papos de bar. Eu mesmo. 32 anos e essa coisa teimosa e arrogante: Ah, Fernandinho, bem melhor ser você que qualquer outro ser que conheça. Meus dentes fortes, meu cérebro tinindo e leitura do Crumb.
Bundas, bundas vastas, somos todos pervertidos sexuais.
Eu mesmo. 32 anos. Certeza que não se vitimizar é um esforço diário. Ver os olhos que me vêem, ouvir o que dizem os olhos que me vêem; entender que os olhos que me vêem, querem mesmo é falar. Como se falar fosse necessário ou importante. A ideia gasta dos espíritos fracos que insistem que TODA opinião é importante (ou válida). Não, não é. Não é mesmo.
Então eu. E meus dentes fortes. E o pau que faz de conta ter olhos e mirar. Opaumeutãobemvalorizadoporfêmeastãogenerosas. Tão generosas as fêmeas, de modo geral. Tão mais fácil ser macho. Mundo de incertezas: grelos falantes e tristes prepúcios, título de novela infanto juvenil à ser lançada sem sucesso no mercado editorial. As piadinhas que só eu acho graça, como um dom quixote que nem se importa com as frustrações e o mau humor engraçado de seu servil sancho.
A alegria de ter um cérebro que entra em livros, filmes e papos de bar. Eu mesmo. 32 anos e essa coisa teimosa e arrogante: Ah, Fernandinho, bem melhor ser você que qualquer outro ser que conheça. Meus dentes fortes, meu cérebro tinindo e leitura do Crumb.
Bundas, bundas vastas, somos todos pervertidos sexuais.
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